Vaginose bacteriana: transmissão sexual e conhecimentos genómicos
Um novo estudo investiga a propagação da vaginose bacteriana através do contacto sexual, utilizando uma análise genética pormenorizada e um método de recrutamento único para detetar as bactérias nas redes pessoais.
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Sobre este artigo
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Normalmente, a (sidenote: Vaginose bacteriana A vaginose bacteriana (VB) é um tipo de inflamação vaginal causada por um desequilíbrio das espécies bacterianas que estão normalmente presentes na vagina. ) (VB) revela um desequilíbrio na microbiota vaginal, uma condição que pode resultar da transmissão sexual de bactérias. Apesar da comunidade científica reconhecer o potencial desta transmissão, continua a ser difícil obter uma compreensão definitiva. Investigadores americanos da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland examinaram a semelhança das estirpes bacterianas entre parceiros sexuais e redes sexuais alargadas, para compreender melhor a transmissão sexual e melhorar a gestão da doença para ambos os parceiros. 1
O efeito bola de neve explicado
A investigação clínica utilizou um método conhecido como "recrutamento em bola de neve", uma técnica onde os participantes iniciais do estudo recrutam futuros participantes a partir das suas redes pessoais. Esta abordagem assegura uma amostragem natural da população que reflete as interações no mundo real. Neste caso, o estudo estendeu-se a quatro vagas e incluiu 138 participantes, predominantemente jovens afro-americanos de ambos os sexos, todos com resultados positivos em testes de infeções sexualmente transmissíveis tais como clamídia ou gonorreia.
Os investigadores recolheram e analisaram amostras de esfregaços vaginais e penianos utilizando a sequenciação do metagenoma completo – um método que lê as sequências completas de ADN presentes numa amostra, de forma a permitir uma análise detalhada da comunidade microbiana. Também utilizaram ferramentas como o inStrain para avaliar a "concordância de estirpes", ou o grau de semelhança genética, entre as bactérias encontradas em diferentes indivíduos, para identificar se as estirpes estão a ser partilhadas através do contacto sexual.
Apenas 1 em cada 2 mulheres tinha conhecimento das variações na composição da microbiota vaginal nas diferentes fases da sua vida.
Padrões de transmissão
Dos 54 participantes, o estudo registou 115 casos de sobreposição de estirpes bacterianas em 25 espécies. Notavelmente, o Lactobacillus iners foi transmitido entre 6% das participantes do sexo feminino, indicando vias de transmissão direta em interações entre pessoas do mesmo sexo. As comparações diretas revelaram uma taxa significativamente mais elevada de partilha de estirpes bacterianas entre os contactos sexuais do que entre os não-contactos.
A maioria dos eventos de concordância (94%) ocorreu entre contactos não sexuais, incluindo a partilha extensiva de estirpes de Gardnerella swidsinskii e Lactobacillus crispatus entre as mulheres, contra 6% entre os contactos, o que sublinha o papel preponderante da atividade sexual na disseminação de estirpes bacterianas específicas. O inesperado elevado grau de concordância entre os contactos não sexuais sugere que a comunidade e os fatores ambientais desempenham um papel substancial na transmissão de bactérias, sugerindo uma rede de intercâmbio bacteriano mais complexa do que o anteriormente conhecido.
Implicações clínicas: um apelo à ação para os profissionais de saúde
Consideravelmente, um inquérito do Observatório Internacional das Microbiotas revelou que, de um total de 6500 participantes, apenas 18% compreendiam totalmente o que é a microbiota vaginal; apenas 1 em cada 3 mulheres sabe que as bactérias da microbiota vaginal são seguras para a vagina das mulheres (37%) e que a vaginose bacteriana está associada a um desequilíbrio na microbiota vaginal (35%). 2 Esta falta de sensibilização sublinha a necessidade de uma abordagem transformadora na gestão da vaginose bacteriana (VB) e das doenças relacionadas.