Abelhas: a microbiota intestinal, chave do odor identificativo da colmeia

As abelhas produtoras de mel pertencentes à mesma colmeia reconhecem-se entre si através do seu odor específico, que é influenciado pela sua microbiota intestinal. Que se cuidem as intrusas que se apresentem sem a microbiota correta e, portanto, com o cheiro errado!

Publicado em 02 Março 2021
Atualizado em 24 Dezembro 2021
Actu GP : Abeilles : le microbiote intestinal, clé du parfum identitaire de la ruche

Sobre este artigo

Publicado em 02 Março 2021
Atualizado em 24 Dezembro 2021

Sem dúvida que é já do conhecimento de todos: a abelha Maia vive rodeada de meias-irmãs. Efetivamente, a rainha passa a vida a produzir ovos para povoar a colmeia. No entanto, e apesar da proximidade genética da colónia, o reconhecimento entre elas faz-se... pelo cheiro! E, conforme este estudo sugere, o odor de cada abelha, que assinala a sua pertença à colmeia, estará diretamente ligado à microbiota intestinal partilhada por todos os membros.

Reconhecer os familiares pelo cheiro

O corpo da abelha produtora de mel encontra-se revestido de moléculas aromáticas. É isso que permite às guardas colocadas à entrada da colmeia reconhecer os seus membros... e repelir as intrusas que tentem entrar clandestinamente para surripiar comida. Uma equipa de investigadores acaba de demonstrar que esse odor não resulta da proximidade genética entre os indivíduos, mas sim da sua microbiota intestinal, ou seja, das bactérias, fungos e vírus que colonizam o seu sistema digestivo. Assim, as abelhas produtoras de mel da mesma colónia partilharão, nas suas entranhas, vários tipos idênticos de bactérias, do que resultará o odor que terão em comum. Inversamente, as abelhas de outras colónias, cuja microbiota alojará bactérias diferentes, emitirão um odor distinto.

Mecanismos envolvidos

Como se explica essa influência da microbiota? Várias hipóteses têm sido avançadas. Primeira teoria: esse cheiro identificativo resultará do odor da própria microbiota intestinal. No entanto, esta hipótese parece pouco provável: efetivamente, ela contradiz estudos anteriores que sugerem o envolvimento de moléculas segregadas por células localizadas sob a "pele" das abelhas e às quais as bactérias intestinais não têm acesso. Uma segunda hipótese revela-se, portanto, a mais aceitável: na abelha de apicultura, a ação da microbiota influenciará quantitativa e qualitativamente a produção das moléculas odoríferas, por exemplo ao fornecer (ou não) os ingredientes para a respetiva receita.

Este sistema de reconhecimento olfativo, muito útil às abelhas, não é destituído de benefícios para as suas bactérias intestinais: ao repelir os indivíduos com flora intestinal diferente, a colmeia limita também a entrada de outras bactérias. E isso termina por garantir aos componentes da microbiota, por sua vez, uma vida tranquila e pacífica, sem receio de concorrência...

Old sources

Fontes:

Vernier CL, Chin IM, Adu-Oppong BA et al. The gut microbiome defines social group membership in honey bee colonies. Science Advances. 2020. 6 (42), eabd3431.

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