Dr. Wauters (vencedor da Bélgica 2018): microbioma duodenal e dispepsia

Para comemorar o Dia Mundial da Microbiota (#WorldMicrobiomeDay), o Biocodex Microbiota Institute passa a palavra aos beneficiários de Bolsas nacionais.

Publicado em 17 Junho 2022
Atualizado em 13 Julho 2022

Sobre este artigo

Publicado em 17 Junho 2022
Atualizado em 13 Julho 2022

Dr. Wauters, Lucas

Investigador clínico com experiência em imunologia, microbiologia e ensaios clínicos com incidência no intestino delgado e na nutrição.

Imagem

O que é que a bolsa nacional permitiu descobrir na sua área de investigação da microbiota?

A microbiota intestinal humana é hoje em dia amplamente reconhecida como exercendo uma das principais contribuições para a saúde, mas a presença de uma microbiota proximal do intestino delgado o dou duodeno é ainda bastante subestimada. Com o apoio da bolsa nacional, estudámos a microbiota luminal e da mucosa  duodenal em pacientes com dispepsia funcional e em voluntários saudáveis. Foi encontrada uma relação entre bactérias específicas e os sintomas nos pacientes, tendo sido possível associar alterações bacterianas geradas pelos inibidores da bomba de protões (IBP) a potenciais efeitos indesejáveis desses medicamentos nos voluntários saudáveis. 

 

Quais são as consequências para os pacientes? 

A descoberta de potenciais biomarcadores microbianos e alvos terapêuticos pode, em última análise, contribuir para o diagnóstico e para tratamentos inovadores visando a dispepsia funcional. Além disso, as alterações microbianas provocadas pelos IBP constituem argumentos adicionais para não se iniciar ou continuar a toma desses medicamentos sem indicação clara, e para se limitar a sua prescrição inadequada.

Want to know more about Dr. Wauters

Do seu ponto de vista, qual foi o maior avanço dos últimos anos relacionado com a microbiota? 

       Uma melhor caracterização da microbiota intestinal saudável, por exemplo, os efeitos da consistência das fezes e da perfilagem quantitativa da microbiota (Vandeputte et al., Gut 2016 e Nature 2017) no sentido de se definir as alterações na mesma verdadeiramente relacionadas com doença (por exemplo, as não relativas apenas a diferenças no tempo de trânsito).

 

Pensa que existe recentemente um interesse crescente pela microbiota?

       Sim, mas é necessária uma maior normalização para que se possa comparar diferentes estudos.

 

Tem alguma sugestão para cuidarmos da nossa microbiota?

       Cuidar do intestino, utilizando alimentos à base de plantas com prebióticos naturais.

 

Há alguma situação curiosa ou facto/história surpreendente que possa partilhar sobre a sua investigação?

       As amostras de fezes não fornecem informações detalhadas sobre a microbiota do intestino delgado, cujas técnicas de amostragem ideais ainda estão a ser estudadas.

 

Qual é, para si, a bactéria mais fascinante? 

       Os lactobacilos, devido ao seu elevado potencial de fermentação. 

 

Lembra-se de alguém que lhe sirva de exemplo? (na área de investigação? / na medicina? / em geral?)

       Andreas Vesalius, por ser suficientemente ousado para questionar os dogmas e realizar investigação original em Lovaina.

Os vencedores da Fundação

Descubra outros testemunhos