Dra. Queen (vencedor dos EUA em 2020): Microbiota e cancro colorrectal

Para comemorar o Dia Mundial da Microbiota (#WorldMicrobiomeDay), o Biocodex Microbiota Institute passa a palavra aos beneficiários de Bolsas nacionais.

Publicado em 16 Junho 2022
Atualizado em 13 Julho 2022
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Sobre este artigo

Publicado em 16 Junho 2022
Atualizado em 13 Julho 2022

Dra. Jessica Queen

Enquanto médica investigadora, tem por objetivo combinar o seu discernimento clínico com os seus empreendimentos de investigação para melhorar a saúde dos pacientes no que se refere a organismos comensais e agentes patogénicos entéricos no trato gastrointestinal. Recorrendo a amostras de pacientes e a modelos animais, estuda como a microbiota intestinal contribui para o desenvolvimento do cancro do cólon e altera ou prediz as respostas dos pacientes a terapias anticancerosas.

O que é que a bolsa nacional permitiu descobrir na sua área de investigação da microbiota?

O meu projeto envolve isolar e caraterizar cepas de Fusobacterium a partir de biópsias de cancro do cólon. É um projeto verdadeiramente translacional que me atrai enquanto médica investigadora porque me permite trabalhar diretamente com amostras de pacientes no sentido de investigar uma observação importante, o micróbio oral Fusobacterium nucleatum surge enriquecido na microbiota de muitos pacientes com cancro do cólon. Já possuía alguns dados-piloto interessantes, mas necessitava de fundos de investigação adicionais e de apoio técnico para expandir o projeto. A bolsa permitiu-nos concluir a sequenciação 16S rRNA da nossa coorte de biópsia cirúrgica de cancro de cólon, possibilitando-nos uma visão alargada da composição bacteriana da microbiota tumoral. Estamos agora a analisar esses dados no contexto das caraterísticas específicas dos pacientes (por exemplo, estadio do tumor, localização do mesmo, dados demográficos do paciente). Em paralelo, estamos a isolar cepas individuais de Fusobacterium e a realizar a sequenciação de todo o genoma, e a testar essas cepas nos nossos modelos de ratos, disponibilizando dados quantitativos sobre como esses organismos podem contribuir para a doença no cólon. Os nossos dados preliminares permitiram até agora destacar a diversidade genómica de F. nucleatum e fenótipos específicos de cepa em modelos de rato de cancreo colorectal (CCR) (dados estes recentemente descritos em mBio1), e dispomos alguns dados preliminares entusiasmantes que demonstram um potencial novo efeito pró-carcinogénico de outras espécies de Fusobacterium.

Quais são as consequências para os pacientes?

A nossa análise aprofundada desta coorte de CCR proporcionará dados com mais elevada resolução sobre a microbiota do tumor, uma vez que estamos a combinar sequenciação, cultura e modelos in vivo para investigar os organismos comensais ao nível da cepa e da subespécie, de uma forma como nunca antes se tinha feito para a Fusobacterium nucleatum. Essencialmente, a nossa esperança é que uma melhor compreensão da microbiota associada ao cancro proporcione oportunidades de desenvolvimento de novas intervenções preventivas e terapêuticas, e que permita uma abordagem medicamentosa personalizada do tratamento.

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Tem alguma sugestão para cuidarmos da nossa microbiota?

      Penso que uma das coisas mais importantes que podemos fazer, tanto individual como coletivamente, é limitar a exposição desnecessária aos antibióticos, os quais podem perturbar a nossa microbiota intestinal saudável. Enquanto médica investigadora, enfatizo muito a gestão parcimoniosa dos antibióticos, que acarretam consequências a longo prazo da disbiose e têm implicações graves no desenvolvimento de organismos resistentes aos antibióticos.
 

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