Revista da Imprensa #1: Microbiota na Menopausa
Dra. Nguyễn Bá Mỹ Nhi
Diretora do Centro de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Tam Anh, Cidade de Ho Chi Minh, Vietname
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Sobre este artigo
De que forma o microbioma na menopausa afeta a saúde geral das mulheres
As alterações provocadas pela menopausa diminuem a diversidade do microbioma intestinal e causam uma mudança para um microbioma que se assemelha mais a um microbioma intestinal masculino. Esta análise descreve em pormenor as consequências destas alterações para a saúde. Durante a perimenopausa, uma diminuição gradual dos níveis hormonais perturba o equilíbrio do microbioma intestinal e contribui para resultados adversos para a saúde, incluindo doenças cardiometabólicas e alterações no metabolismo do estrogénio. As flutuações hormonais durante a menopausa alteram o microbioma oral, aumentando o risco de cáries dentárias, de periodontite e de infeções orais como a candidíase. As alterações da microbiota vaginal provocadas pela menopausa aumentam a suscetibilidade à vaginose bacteriana, à atrofia vulvovaginal e às infeções recorrentes do trato urinário. A menopausa também altera a diversidade e a abundância da microbiota intestinal que tem sido associada à inflamação. A inflamação crónica provocada pela disbiose predispõe as mulheres na menopausa a distúrbios metabólicos e doenças autoimunes.
Este artigo faz a ponte entre a endocrinologia e a microbiologia e destaca o impacto sistémico da menopausa para além da saúde reprodutiva. Um ponto forte da revisão é a sua análise holística das flutuações hormonais relacionadas com a menopausa, com as correspondentes alterações na composição e diversidade microbiana intestinal e vaginal. Isto permite explorar biomarcadores baseados no microbioma para gerir os sintomas da menopausa, como a síndrome geniturinária, as alterações metabólicas ou a inflamação. A interpretação deste artigo relativamente às alterações relacionadas com a idade na saúde das mulheres enriquece o interesse crescente sobre o papel do microbioma humano na doença. Embora a terapia de substituição hormonal se tenha revelado promissora na atenuação de alguns dos efeitos adversos da deficiência de estrogénio, a sua aplicação mais generalizada é limitada pelos seus riscos sistémicos. A utilização direcionada de probióticos específicos para restabelecer o equilíbrio microbiano intestinal, associada a modificações na dieta e no estilo de vida, pode facultar alternativas mais seguras e individualizadas que atenuem os efeitos adversos da menopausa na saúde.
A investigação científica relativamente ao microbioma na menopausa está sobrerrepresentada com dados provenientes de populações ocidentais e apresenta uma lacuna de conhecimentos mecanísticos pormenorizados. Uma vez que a dieta, o estilo de vida e os fatores ambientais influenciam significativamente o microbioma, necessitamos de investigação étnica e geograficamente diversificada que incorpore abordagens “ómicas” avançadas para elucidar completamente estas influências. Surgirão então estratégias de tratamento mais eficazes e personalizadas que poderão melhorar a qualidade de vida das mulheres na menopausa.
Em suma, a menopausa é uma transição de todo o organismo que envolve mudanças significativas no ecossistema microbiano. A compreensão e a resposta a estas alterações podem melhorar os desfechos para os pacientes e promover um envelhecimento mais saudável nas mulheres.