Disbiose orofaríngea: tempo de hospitalização e medicamentos usados.

Um estudo revela que o risco de disbiose orofaríngea em pacientes hospitalizados aumenta proporcionalmente ao tempo de internamento, com o uso de certos tratamentos sendo as bactérias intestinais uma das causas mais frequente destes distúrbios.

Publicado em 19 Janeiro 2021
Atualizado em 18 Fevereiro 2022
Photo : Length of hospital stay and certain medication linked to oropharyngeal disturbance

Sobre este artigo

Publicado em 19 Janeiro 2021
Atualizado em 18 Fevereiro 2022

A microbiota orofaríngea (MO) inclui uma grande variedade de bactérias que ajudam a manter o meio local equilibrado. Algumas doenças e medicamentos, como os inibidores da bomba de protões (IBP) podem perturbar esse equilíbrio e permitir que agentes patógenos oportunistas colonizem o trato orofaríngeo. Durante o internamento, a microaspiração desses microrganismos nas vias respiratórias inferiores pode aumentar o risco de pneumonia nosocomial. A deteção precoce de disbiose orofaríngea pode ser o meio de reduzir a ocorrência dessa infeção. Assim, investigadores estudaram a probabilidade de ocorrência de disbiose orofaríngea durante o tempo de internamento e identificaram as características dos pacientes associados a esse desequilíbrio.

A disbiose orofaríngea aumenta proporcionalmente ao tempo de hospitalização

Amostras orofaríngeas de 134 pacientes internados foram recolhidas no dia da admissão, no 3° dia e, em seguida, de 4 em 4 dias durante a hospitalização. As amostras foram analisadas através de cultura bacteriana convencional e espectrometria de massa MALDI-TOF e os patógenos foram classificados em 3 categorias: provenientes do trato respiratório, espécies derivadas da microbiota intestinal e leveduras. Em 89% dos pacientes, o esfregaço recolhido no dia da admissão mostrou uma MO equilibrado. Os investigadores constatam que uma proporção significativa de pacientes desenvolve disbiose da MO durante a sua estadia no hospital, e que o número de pacientes que apresentam esse desequilíbrio aumenta proporcionalmente ao tempo de internamento.

Antibióticos e IPP responsáveis pelo desequilíbrio

A prescrição de antibióticos durante o internamente parece estar associada a esse desequilíbrio. Da mesma forma, tomar IBP e antibióticos antes da hospitalização seria preditivo de disbiose orofaríngea constituída por espécies bacterianas derivadas da microbiota intestinal. O estudo revelou que o risco de contrair pneumonia nosocomial aumentou nos pacientes tratados com IBP ou antibióticos antes do internamento hospitalar. Em contrapartida, os pacientes internados durante um curto período no hospital apresentaram menor risco de colonização orofaríngea por espécies intestinais. Os resultados reforçam a necessidade de vigilância no tratamento de pacientes com fatores de risco associados à disbiose orofaríngea. Os pacientes internados no hospital medicados previamente em IBP ou terapêutica antibiótica devem beneficiar de uma fisioterapia mais agressiva para maximizar a aeração pulmonar e minimizar a aspiração. Assim, a deteção precoce de um desequilíbrio de MO pode ser um meio de reduzir a ocorrência de pneumonia nosocomial.