Asma: a felicidade (respiratória) reside em viver no campo!

Crescer na aldeia terá um efeito protetor contra a asma. E será durante os primeiros 12 meses de vida que tudo se decidirá, em parte devido a um ambiente benéfico para a microbiota intestinal e à existência de um eixo intestino-pulmões.

Publicado em 02 Março 2021
Atualizado em 08 Agosto 2023

Sobre este artigo

Publicado em 02 Março 2021
Atualizado em 08 Agosto 2023

Numa altura em que muitos habitantes das cidades pensam em abandoná-las em favor do campo, há uma publicação que poderá apoiar essa sua escolha, relativa ao efeito de proteção contra a asma conferido por uma infância passada fora do meio urbano. Os seus autores já tinham demonstrado o papel protetor dos microrganismos do ambiente interior das casas. Neste novo estudo, visaram um período fundamental para o desenvolvimento da criança: o seu primeiro ano de vida. Antes mesmo de os nossos bebés poderem apagar a vela do seu primeiro aniversário, a exposição ao ambiente externo moldará o desenvolvimento da sua microbiota intestinal, com potenciais consequências a longo prazo. Entre elas, o risco de virem a ter asma.

Campo 1, asma 0

Para testarem a sua hipótese, os investigadores acompanharam uma população de cerca de 1.000 crianças residentes em regiões rurais da Europa, metade delas nascidas no campo, e de entre as quais 8% manifestaram asma entre os 0 e os 6 anos. Foram colhidas amostras das fezes aos 2 e aos 12 meses, e foram avaliadas as alterações da microbiota intestinal durante esse período.

Ares do campo: a maturação da microbiota

Os resultados confirmam: passar o primeiro ano de vida na aldeia reduz o risco de se vir a ter asma mais tarde durante a infância. Como se explica este fenómeno? 19% dos efeitos protetores do ambiente "campestre" parecem estar associados a uma maior maturação da microbiota intestinal. Os investigadores conseguiram, até, identificar alguns grupos de bactérias particularmente implicados nisso. Estes produzirão, especificamente, um determinado composto benéfico, o butirato, conhecido pelas suas propriedades anti-inflamatórias. Paralelamente, embora nenhuma bactéria se evidenciasse pelo seu efeito protetor, outras surgiram associadas a um aumento do risco de asma.

Estes resultados confirmam o conceito da existência de um eixo de comunicação entre o intestino e os pulmões, à semelhança do famoso eixo intestino-cérebro, e incentivam a implementação de medidas de prevenção das doenças respiratórias e alérgicas durante o primeiro ano de vida. E poderão ainda, porque não, vir a impelir algumas famílias urbanas a responderem ao apelo da vida rural ou, pelo menos, a adotarem um estilo de vida menos "higienizado".

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