Artrose: quando a disbiose intestinal “gripa” as articulações

Todos os anos, a 17 de setembro, celebra-se o Dia Mundial da Artrose, uma doença que ataca e deforma as articulações. E se a cura para a doença se encontrar na nossa microbiota intestinal, como sugerem trabalhos recentes realizados junto de mulheres idosas?

Publicado em 25 Outubro 2021
Atualizado em 02 Novembro 2021
Tempo de leitura 2min

Sobre este artigo

Publicado em 25 Outubro 2021
Atualizado em 02 Novembro 2021
Tempo de leitura 2min

Articulações que emperram e depois se deformam: a artrose assola a vida de mais de 3% da população mundial e em especial dos mais idosos. 10% dos homens e 18% das mulheres com mais de 60 anos são vítimas desta doença articular dolorosa e incapacitante. As suas causas são múltiplas: fatores genéticos, o sexo, a idade, a obesidade, o estilo de vida sedentário... e talvez a microbiota intestinal. Com participação já confirmada em numerosas doenças inflamatórias, as bactérias dos nossos intestinos desempenharão também um papel na inflamação que acompanha a artrose.

Uma microbiota intestinal carente em caso de artrose

Para saber mais sobre a relação entre a microbiota intestinal e a artrose nas mulheres idosas, investigadores compararam a composição bacteriana das fezes de 57 mulheres com 65 anos de média de idades e com artrose, com a de outras 57 da mesma idade e saudáveis (controlos). Nas doentes, a microbiota intestinal é geralmente menos rica e menos diversificada. Algumas bactérias benéficas surgem em menor quantidade, casos de uma bactéria que regula o sistema imunitário, a Bifidobacterium longum, ou da bactéria anti-inflamatória Faecalibacterium prausnitzii, conhecida pelos seus benefícios para o ser humano. Em contrapartida, certas bactérias patogénicas, como a Clostridium ramosum, conquistam mais terreno. Certas funções da microbiota intestinal também parecem surgir alteradas nos casos de artrose, o que permite supor uma menor capacidade de se tirar partido da alimentação.

Será que a flora intestinal auxilia o diagnóstico, ou mesmo o tratamento?

Como a flora intestinal das pacientes com artrose difere da dos controlos – o que indica que a microbiota intestinal pode ser um fator de risco para a doença – a equipa tentou criar uma ferramenta preditiva da doença com base na presença de 9 bactérias nas respetivas fezes. O modelo preditivo elaborado foi considerado fiável nas mulheres idosas estudadas, mas não foi ainda verificado em outros grupos de pacientes. Consequentemente, talvez a presença dessas bactérias possa auxiliar ao diagnóstico. Esses microrganismos poderão também conduzir à descoberta de novos tratamentos, à base de prebióticos ou probióticos, para combater a artrose. E tudo isto com a ideia de se alcançar o alívio da dor e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes de artrose.

 

Fontes:

Chen J, Wang A, Wang Q. Dysbiosis of the gut microbiome is a risk factor for osteoarthritis in older female adults: a case control study. BMC Bioinformatics. 2021 Jun 3;22(1):299.

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