Endometriose e microbiota: existe uma ligação?

Por ocasião do mês de consciencialização da endometriose, o Biocodex Microbiota Institute dá a palavra a três especialistas sobre esta patologia. Quais são os sintomas? Como diagnosticá-la? Qual o tratamento? Há uma relação com a microbiota? Todas as respostas às suas perguntas neste artigo.

Publicado em 24 Março 2022
Atualizado em 07 Março 2024

Sobre este artigo

Publicado em 24 Março 2022
Atualizado em 07 Março 2024

Sumário

Sumário

“Endometriose, 4000 anos de preconceitos e diagnósticos imprecisos”

Dr. Erick Petit

(sidenote: Dr. Erick Petit, médico radiologista, fundador e responsável do Centro de endometriose do grupo hospitalar Paris Saint-Joseph, presidente da RESENDO (Rede Hospital Público Endometriose), membro dos comités de direção do setor da endometriose EndoSud-IDF e da estratégia nacional contra a endometriose, coautor de: Tudo sobre a endometriose, aliviar a dor, tratar a doença (Edições Odile Jacob, 2019). )

Quando surgiram os primeiros traços da endometriose? 

Erick Petit: Há 4000 anos que essa doença atormenta a vida das mulheres... Mas apenas foi reconhecida há um século e meio! A primeira “paciente” oficialmente relatada é uma mulher egípcia que viveu há 1855 anos antes da nossa era. Encontra-se o rasto da endometriose nos séculos VI e V a.C., sob a pena de médicos hipocráticos que indicaram de forma precisa os seus sintomas. Passado esse período, caímos numa forma de obscurantismo médico. Até à Renascença, a endometriose era apenas uma faceta da psique feminina.

Etimologicamente falando, era coincidente. Uma vez que a palavra útero vinha do grego hysterikos, a comunidade médica facilmente derivou para a histeria, com a endometriose a assumir formas de uma doença imaginária, inventada do zero por mulheres, embora afetadas pela dor. Para ter a noção, foi preciso esperar até ao ano de 1860 para que Karel Rokitansky, um médico austríaco, demonstre que a doença vinha do (sidenote: Endométrio Tecido que reveste o interior do útero. NCI Dictionaries_Endometrium   ) , daí o seu nome, endometriose1. Hoje, estima-se que pelo menos uma em cada dez mulheres em idade fértil sofra de endometriose.  Seria mais uma em cada sete mulheres, ou mesmo cinco, em idade fértil2.

Saúde feminina

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Como diagnosticar a endometriose? Porque é tão complexo?

E.P.: Na verdade, o diagnóstico é bem simples: as pacientes respondem a um questionário clínico que eu defini e que propomos durante as consultas dentro da rede francesa Resendo. Este inclui um certo número de perguntas, entre outras sobre o tipo de dores encontradas. Em função dos resultados obtidos eu consigo estabelecer um diagnóstico confiável, sendo que cada 9 em 10 casos, o diagnóstico é confirmado. É um ganho de tempo, mas também é um conforto para a paciente. Hoje, a porta de entrada da endometriose é o diálogo, a escuta. Algumas mulheres passam muitos anos com um diagnóstico impreciso, às vezes mais de 10 anos2! Elas sofrem também com os velhos preconceitos de há 4000 anos, segundo os quais a menstruação feminina é obrigatoriamente dolorosa. A minha luta é acabar com esse mito e lembrar que a endometriose é uma patologia.

1 / 10 Estima-se que pelo menos uma em cada dez mulheres em idade fértil sofra de endometriose.

10 anos Algumas mulheres passam muitos anos com um diagnóstico impreciso, às vezes mais de 10 anos!

#1 A endometriose representa a 1.ª causa de hipofertilidade.

De seguida, o exame que eu qualificarei de referência, é com certeza o ultrassom transvaginal realizado por um especialista (ou uma (sidenote: IRM Imagem por Ressonância Magnética. ) , se a jovem for virgem, mas esse exame é menos sensível e menos específico). Esse exame permite visualizar as lesões da endometriose e as suas localizações. Mas, e eu insisto nesse ponto, apenas a imagem não basta. É preciso saber que, para essa doença, não há correlação entre os sintomas e as lesões. Ou seja, pode-se ter uma mulher com uma endometriose muito grave, mas que não sofre, ou, ao contrário, uma paciente com uma endometriose muito mais leve e que sofre um martírio. 

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Existem várias formas de endometriose? Algumas formas são mais graves do que outras?

E.P.: Existem tantas formas quanto mulheres! Daí a importância de identificar bem as dores para determinar o diagnóstico e o tratamento. A consequência principal da doença é a infertilidade de acordo com a localização das lesões. De facto, existe uma correlação entre a importância anatómica da doença e a fertilidade. Mas que não está obrigatoriamente ligada à dor. A endometriose representa a 1.ª causa de hipofertilidade2!

Quais são os sinais precoces?

E.P.: A doença aparece logo na primeira menstruação. Convém observar bem a jovem durante esse período, identificar a intensidade das dores, se a jovem tem de ficar de cama, se ela está incapacitada fisicamente para ir às aulas... Sabe-se que a menstruação precoce antes dos 11 anos é um fator de risco da doença, assim como ter uma mãe ou uma irmã afetada (fatores genéticos). É por isso que luto para consciencializar precocemente as jovens entre os 11 e os 13 anos sobre a endometriose: apenas desta maneira é possível diminuir a imprecisão do diagnóstico. Por outro lado, existem consequências digestivas que não devem ser minimizadas: a quase maioria das minhas pacientes tem a síndrome do cólon irritável. Daí a importância de consciencializar também os gastroenterologistas sobre a doença!

Em que se baseia o tratamento das pacientes?

E.P.: O tratamento permanece muito imperfeito e baseia-se numa abordagem multidisciplinar:

Tratamento hormonal (um contracetivo)

Primeiro, prescreve-se um tratamento hormonal (um contracetivo), que permite cortar a válvula principal da menstruação dolorosa. Parando a menstruação, para-se as dores, assim como a evolução da doença.

Cirurgia

Nas formas mais graves, recorremos à cirurgia para retirar as lesões de endometriose. Assim, 30% das nossas pacientes são operadas todos os anos.

Tratamento da dor

O terceiro pilar centra-se no tratamento da dor. Pode ser um tratamento medicamentoso, e orientamos igualmente as pacientes para métodos da medicina alternativa, muito eficazes: acupuntura, hipnose, fisioterapia...

Nutrição

O último pilar baseia-se no tratamento das dores intestinais, pelo ponto de vista da nutrição

«A microbiota intestinal, sem dúvidas uma das chaves do enigma da endometriose.»

Vanessa Gouyot 

(sidenote: Vanessa Gouyot: dietista há 20 anos, micronutricionista especializada no tratamento nutricional da endometriose na rede RESENDO. Detentora de uma experiência hospitalar desde 2003 e de uma colaboração em projetos de pesquisa, asseguro uma consulta liberal em Levallois-Perret, assim como na Clinique du Landy, na cidade de Saint Ouen sur Seine. Bioquímica diplomada pela Universidade Paris XII e micronutricionista diplomada pela Faculdade de Medicina de Dijon, também sou especialista nos meios de comunicação em nutrição e participei na escrita de 2 livros sobre endometriose com a RESENDO. )

Existe uma relação entre a endometriose e a microbiota?  

Vanessa Gouyot: Não dispomos hoje de estudos científicos que estabelecem relações comprovadas entre a endometriose e um desequilíbrio das diferentes microbiotas (intestinal, vaginal por exemplo) do corpo humano. Entretanto, alguns sinais clínicos vêm reforçar essa hipótese. Sabemos hoje que 90% das mulheres afetadas pela endometriose têm também problemas digestivos associados (principalmente síndrome do intestino irritável). Este número verifica-se nas consultas onde eu encontro cada vez mais pacientes que parecem ter um desequilíbrio intestinal, chamado de disbiose, ao nível do tubo digestivo: às vezes essa (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) é bucal, às vezes gástrica e/ou intestinal.

90% das mulheres afetadas pela endometriose sofrem de problemas digestivos

O papel da nossa microbiota é de nos proteger e funcionar como barreira. Mas se 90% das mulheres que sofrem de endometriose têm problemas digestivos, o que significa que há uma inflamação digestiva a esse nível. A minha missão é fazer com que as minhas pacientes compreendam que o tubo digestivo é uma zona de passagem que é agredida permanentemente (pela alimentação, entre outros). Essas agressões podem levar a uma alteração do sistema digestivo e gerar inflamações. É preciso ver o corpo humano como um grande quartel de bombeiros que intervêm regularmente para apagar os incêndios.

Vanessa Gouyot:

 «A pesquisa sobre a microbiota progride e vai, no final, melhorar significantemente a qualidade de vida das pacientes afetadas pela endometriose e que sofrem de problemas digestivos»

Mas se todos esses bombeiros estão mobilizados para resolver uma inflamação permanente a nível intestinal, eles não podem responder a todas as situações. Todas essas situações são “barulho de fundo” inflamatório, ou seja, uma inflamação crónica, que facilitaria o desenvolvimento de outras patologias, como a endometriose.

Considerando os sintomas digestivos observados nas pacientes que sofrem de endometriose, a microbiota poderia ajudar a diagnosticar mais rapidamente a doença?

V.G.: Diante da endometriose, doença por natureza complexa e particularmente difícil de diagnosticar, convém agir com grande humildade e uma certa prudência. Os mecanismos da doença envolvem diversas hipóteses sem que se possa determinar a mais bem-sucedida. A microbiota é uma hipótese entre tantas outras. É um facto: a pesquisa sobre a microbiota avança e traz muitas esperanças para as pacientes, mas não saltemos as várias etapas. O que se poderia imaginar é que não é obrigatoriamente uma avaliação da endometriose via microbiota, mas sim uma avaliação da microbiota para um melhor diagnóstico da inflamação digestiva e dos seus problemas digestivos3. A endometriose necessita de uma abordagem global e pluridisciplinar.

Hoje em dia, quando eu trato uma nova paciente que sofre de endometriose, passamos a pente fino não só a sua alimentação, o que ela bebe, mas também o seu estilo de vida, todos os fatores que podem levar a uma agressão digestiva, a um desequilíbrio da microbiota intestinal.

A microbiota intestinal

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A microbiota poderia ser útil para futuros tratamentos?

V.G.:  A pesquisa sobre a microbiota progride4,5 e vai, no final, melhorar significantemente a qualidade de vida das pacientes afetadas pela endometriose e que sofrem de problemas digestivos6. À espera de futuras descobertas médicas, a ingestão de probióticos continua a ser um dos elementos para reestabelecer o bom funcionamento da microbiota intestinal e reduzir a inflamação. O problema é a falta de informação. Eu tenho pacientes que não veem essa necessidade, outras que tomam de forma esporádica, outras ainda que voltam e dizem que o tratamento não funciona...

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41% Apenas 41% das mulheres pesquisadas dizem tomar probióticos e/ou prebióticos (oral ou vaginalmente)

Diferentes cenários que exigem um trabalho explicativo com cada paciente. É preciso lembrar que o contexto da ingestão é importante, que o consumo de um probiótico deve ser endossado pela opinião de um especialista... Existe uma grande variedade de probióticos que podem ter um efeito benéfico em caso de endometriose. O que se procura num tratamento por probióticos é devolver a autonomia à nossa paciente, que ela escute mais os sinais enviados pelo seu organismo e que ela encontre, enfim, o conforto de vida. O facto de voltar a uma vida normal, uma melhora das dores é, para nós, uma vitória.

Probióticos

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«Sim, a alimentação pode aliviar as dores digestivas em caso de endometriose»

Dr. Laetitia Viaud Poubeau

(sidenote: Dra. Laetitia Viaud Poubeau, Doutorada em medicina, especializada em medicina funcional e nutricional. Com um doutoramento em medicina geral, enriqueceu o seu currículo com diversas formações em micronutrição. A descoberta da relação entre o impacto da saúde da microbiota e as diversas patologias ditas de civilização tornaram-se uma paixão. O conjunto dessas competências adquiridas permitem-lhe satisfazer mais eficazmente as necessidades dos seus pacientes. )

Uma boa alimentação permite reequilibrar a microbiota intestinal das mulheres que sofrem de endometriose?  


Laetitia Viaud Poubeau: Em caso de endometriose, uma alimentação do tipo mediterrânea, ou seja, rica em legumes, frutas, leguminosas, cereais integrais, mas também em ácidos gordos ômega 3, que são ao mesmo tempo prebióticos e anti-inflamatórios, só pode ser benéfica para a microbiota intestinal. Essa alimentação com propriedades anti-inflamatórias proporciona o desenvolvimento de uma (sidenote: Flora eubiótica Flora chamada “de equilíbrio”. Iebba V, Totino V, Gagliardi A, et al. Eubiosis and dysbiosis: the two sides of the microbiota. New Microbiol. 2016 Jan;39(1):1-12. ) , rica em bifidobactérias e lactobacilos7-9. O benefício dessa alimentação é múltiplo: permite reequilibrar a microbiota intestinal, combater eficazmente a permeabilidade intestinal e também reduzir a inflamação.

Dieta

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Quais são os alimentos a evitar quando se sofre de endometriose?


L. V.-P.: O que chamamos de “Western Diet8,10, ou seja, uma alimentação ocidental rica em alimentos processados, em açúcar refinado, em sal, em gorduras saturadas (carne vermelha, por exemplo) e gorduras trans (produtos panificados, por exemplo)11, é particularmente prejudicial à microbiota intestinal. A Western Diet pode provocar uma disbiose intestinal com, no final, complicações mais ou menos significativas para o organismo. Nessa lista de alimentos a banir, convém acrescentar as bebidas destiladas, as bebidas tipo refrigerantes, xaropes, sumos de frutas, particularmente ricas em açúcar e/ou edulcorantes. Alguns estudos mostram também o benefício de diminuir o consumo de glúten que reforçaria a inflamação da doença8, 12, 13.

Em contrapartida, as opiniões são mais divididas sobre o consumo de produtos lácteos de origem animal. Esses últimos não parecem favorecer um risco aumentado de endometriose14,15. Entretanto, sua concentração de hormônio do crescimento pode reforçar o terreno do (sidenote: Hiperestrogenismo Secreção de estrogénio normal ou alta, porém prolongada em relação à secreção de progesterona. Norman Lavin (1 April 2009). Manual of Endocrinology and Metabolism. Lippincott Williams & Wilkins. p. 274. ISBN 978-0-7817-6886-3. Retrieved 5 June 2012 ) nas pacientes que sofrem de endometriose16. Além disso, uma hipersensibilidade às proteínas do leite mantém uma situação inflamatória subclínica8: ou seja, uma inflamação permanente, crónica.

Deve ser tido em conta o mesmo cuidado com os aditivos, antibióticos agroalimentares, desreguladores endócrinos, pesticidas e outros poluentes químicos encontrados na nossa alimentação e que podem alterar o equilíbrio das nossas microbiotas.

Alimentos a evitar em caso de endometriose

  • alimentos processados
  • açúcar refinado
  • sal
  • gorduras saturadas (carne vermelha...)
  • gorduras trans (produtos panificados...)
  • refrigerantes, xaropes, sumos de frutas
  • bebidas destiladas
  • reduzir o consumo de glúten

Quais são as consequências do regime tipo ocidental (“Western Diet”) na microbiota intestinal? Quais são as alternativas em termos de alimentação?

L. V.-P.: A disbiose intestinal causada pelo regime ocidental vai traduzir-se no desconforto intestinal, que pode ir da obstipação à diarreia. Observa-se também, em muitas mulheres que sofrem de endometriose, inchaço, espasmos intestinais, gases com mais ou menos odor.

Aconselhamos então um regime sem (sidenote: “Fermentable Oligo, Di, Monosaccharides And Polyols”: Glucides fermentescibles. ) ou de fácil digestão para aliviar rapidamente as pacientes17. O regime de fácil digestão baseia-se em regras higienodietéticas simples: excluir alimentos e frutas cruas, a lactose e o glúten, bebidas irritantes como o café, bebidas destiladas, refrigerantes, limitar os citrinos e as frutas cítricas... Ele pode ser mantido de entre 4 a 6 semanas, revelando-se menos restritivo do que o regime sem FODMAPs e, sobretudo, não alterando o equilíbrio da flora intestinal18.

Durante todo o mês de Março em França, o Microbiota Institute e a (sidenote: https://www.fondation-endometriose.org/en/homepage/ ) mobilizam-se para sensibilizar o público em geral e os profissionais de saúde sobre as possíveis ligações entre a microbiota e a endometriose. A Fondation pour la Recherche sur l'Endométriose apoia projectos de investigação sobre endometriose. Ao fazer uma doação à Fondation pour la Recherche sur l'Endométriose, contribui para a abertura de novos projectos de investigação, necessários para melhor compreender a doença e potencialmente as ligações com a microbiota. 

Visite https://www.fondation-endometriose.org/en/homepage/

Eles apoiam este artigo:
BMI 22.05
Fontes

1. Nezhat C, Nezhat F, Nezhat C. Endometriosis: ancient disease, ancient treatments. Fertil Steril 2012 ; 98 (6 Suppl) : S1-62

2. Kvaskoff M. Epidémiologie de l’endométriose. In : Petit E, Lhuillery D, Loriau J, Sauvanet E. Endométriose : Diagnostic et prise en charge. Issy-les-Moulineaux : Elsevier Masson ; 2020. P.9-14

3. Jayashree B, Bibin YS, Prabhu D, et al. Increased circulatory levels of lipopolysaccharide (LPS) and zonulin signify novel biomarkers of proinflammation in patients with type 2 diabetes. Mol Cell Biochem. 2014 Mar;388(1-2):203-10

4. Jiang I, Yong PJ, Allaire C, et al. Intricate Connections between the Microbiota and Endometriosis. Int J Mol Sci. 2021 May 26;22(11):5644

5. Ata B, Yildiz S, Turkgeldi E, et al. The Endobiota Study: Comparison of Vaginal, Cervical and Gut Microbiota Between Women with Stage 3/4 Endometriosis and Healthy Controls. Sci Rep. 2019 Feb 18;9(1):2204

6. Cani PD, Delzenne NM. The gut microbiome as therapeutic target. Pharmacology & Therapeutics. 2011. Vol 130, Issue 2: 202-12

7. Holscher HD, Dietary fiber and prebiotics and the gastrointestinal microbiota. Gut Microbes. 2017 Mar 4;8(2):172-184.

8. Panizza D. L’intestin et le poids. De la dysbiose au surpoids, de l’inflammation à l’obésité. Muret: Edition Géo Reflet; 2017. 

9. Missmer SA, Chavarro JE, Hankinson SE, et al. A prospective study of dietary fat consumption and endometriosis risk. Hum Reprod. 2010 Jun; 25(6): 1528-35.

10. Zinöcker MK, Lindseth IA. The Western Diet-Microbiome-Host Interaction and Its Role in Metabolic Disease. Nutrients. 2018 Mar 17;10(3):365. 

11. Yamamoto A, Harris HR, Vitonis A et al. A prospective cohort study of meat and fish consumption and endometriosis risk. Am J Obstet Gynecol. 2018 Aug; 219(2):178.e1-178.e10.

12. Marziali M, Venza M, Stolfi VM. Gluten-free diet: a new strategy for management of painful endometriosis related symptoms? Minerva chir. 2012 Dec; 67(6):499-504.

13. Marziali M, Capozzolo T. Role of Gluten-Free Diet in the Management of Chronic Pelvic Pain of Deep Infiltranting Endometriosis. J Minim Invasive Gynecol. Nov-Dec 2015; 22(6S):S51-S52.

14. Xiangying Qi, Wenyan Zhang, Mingxiu Ge, et al. Relationship Between Dairy Products Intake and Risk of Endometriosis: A Systematic Review and Dose-Response Meta-Analysis. Front nutr. 2021 Jul 22;8:701860.

15. Nodler JL, Harris HR, Chavarro JE, et al. Dairy consumption during adolescence and endometriosis risk. Am J obstet Gynecol. 2020 Mar;222(3):257.e1-257.e16.

16. Maruyama K, Oshima T, Ohyama K. Exposure to exogenous estrogen through intake of commercial milk produced from pregnant cows. Pediatr int. 2010 Feb; 52(1):33-8.

17. Moore JS, Gibson PR, Burgell RE et al. Endometriosis in patients with irritable bowel syndrome: Specific symptomatic and demographic profile, and response to the low FODMAP diet. Aust NZJ Obstet Gynaecol. 2017 Apr; 57(2):201-205. 

18. Heidi Maria Staudacher. Nutritional, microbiological and psychosocial implications of the low FODMAP diet. J Gastroenterol Hepatol. 2017 Mar; 32 Suppl 1:16-19.

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