Uma melhor previsão da resposta ao tratamento das DII através da microbiota intestinal?

DII

Compreender, prever a resposta ao tratamento e adequar-lhe a terapia. Um novo estudo indica que a microbiota intestinal dos pacientes com doença inflamatória crónica intestinal (DII) poderá ser usada para prever a eficácia do tratamento com agentes imunossupressores. Trata-se de um avanço significativo para um conjunto de patologias particularmente incapacitantes. 

Publicado em 13 Abril 2021
Atualizado em 28 Dezembro 2021

Sobre este artigo

Publicado em 13 Abril 2021
Atualizado em 28 Dezembro 2021

Chamam-se doença de Crohn ou colite ulcerosa, pertencem à família das DII, e têm uma coisa em comum: a inflamação descontrolada da camada interna da parede de uma parte do tubo digestivo, que causa diversos sintomas durante os surtos inflamatórios. Embora atualmente estas doenças ainda não tenham cura, existem tratamentos para reduzir a inflamação, como o (sidenote: Infliximab Uma bioterapia anti-TNF-α (proteína responsável pela inflamação dos tecidos). ) (IFX). O problema é que um terço dos pacientes não responde a esta terapia, e não existe qualquer (sidenote: Marcador biológico Uma caraterística biológica, medida objetivamente, que avalia a resposta a um tratamento. Essa resposta pode ser completa o parcial. )  para se prever a resposta ao tratamento. E é na microbiota intestinal que os investigadores deste estudo podem ter encontrado a solução.

Uma microbiota intestinal diferente antes do tratamento...

Vários estudos já demonstraram uma associação entre a composição da microbiota intestinal (bactérias e mais recentemente fungos), e as DII. Assim, e no sentido de identificarem marcadores de resposta adequada à terapia por IFX, os investigadores avaliaram o efeito do tratamento sobre a composição da microbiota intestinal de (sidenote: 25 pacientes com doença de Crohn (CD) e 47 com colite ulcerosa (CU). )  de DII tratados com Infliximab. Foi realizada a análise da microbiota intestinal (diversidade de bactérias e fungos) em amostras fecais recolhidas antes do tratamento e, posteriormente, até 1 ano após o início da terapia. Os pacientes foram classificados em três grupos, de acordo com o tipo de resposta ao tratamento. O estudo revela que, antes do início do tratamento, a composição em bactérias e fungos da microbiota nos pacientes com DII era significativamente divergente entre os 3 grupos de pacientes que posteriormente responderam de forma diferente à terapia.

…permitindo a previsão da resposta à terapia

Após início do tratamento, foram também observadas diferenças significativas entre os 3 grupos de pacientes: aqueles cuja resposta foi insatisfatória apresentavam quantidades reduzidas de bactérias detentoras de propriedades anti-inflamatórias e uma maior abundância de fungos (Candida) e de bactérias com capacidades pró-inflamatórias. Estes resultados sugerem, portanto, que a microbiota intestinal tem intervenção na resposta ao tratamento.

Com base nesta descoberta, os investigadores subsequentemente identificaram determinadas bactérias e fungos presentes antes do início do tratamento no intestinos dos pacientes e que poderão servir de indicadores para se calcular a resposta à terapia por IFX. A identificação precoce dos pacientes com ausência de resposta permitirá uma rápida alteração do tratamento, tendo como consequência a redução dos efeitos secundários e, igualmente, das despesas envolvidas. Uma abordagem integralmente positiva!

Old sources

Fontes:

Ventin-Holmberg R, Eberl A, Saqib S, et al. Bacterial and fungal profiles as markers of infliximab drug response in inflammatory bowel disease. J Crohns Colitis. 2020 Dec 10:jjaa252.

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