Parto prematuro: L. iners no banco dos réus Microbiota vaginal: indicador-chave do risco de prematuridade?
A existência da bactéria Lactobacillus iners na microbiota vaginal no início da gravidez parece estar relacionada com um maior risco de recorrência de partos prematuros. Será que algumas bactérias do grupo dos lactobacilos têm “duas caras”?
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Sobre este artigo
Com 1,1 milhões de óbitos por ano, a prematuridade é a principal causa de morte entre as crianças com menos de 5 anos. Infelizmente, como o mal nunca vem só, o risco de a mulher dar à luz outro bebé prematuro é elevado, variando entre 15% e mais de 50%: quanto mais precoce tiver sido o último (sidenote: Parto prematuro Bebé nado vivo antes das 37 semanas de gravidez. Existem subcategorias de nascimentos prematuros, em função da idade gestacional: - Prematuridade extrema (menos de 28 semanas); - Grande prematuridade (entre a 28.ª e a 32.ª semana); - Prematuridade média ou tardia (entre a 32.ª e a 37.ª semana). https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/preterm-birth ) , maior será o risco de recorrência.
4 a 16% Em 2020, a taxa de nascimentos prematuros variava entre 4% e 16%, dependendo do país. ¹
N.º 1 A prematuridade é a principal causa de óbito nas crianças com menos de 5 anos. ²
A ciência médica esforça-se por encontrar soluções, mas o conhecimento insuficiente das causas, provavelmente multifatoriais, dessas recorrências limita a eficácia dos tratamentos propostos ( (sidenote: Progesterona Hormona sexual feminina que é segregada depois da ovulação e durante a gravidez. ) , (sidenote: Cerclagem A cerclagem do colo do útero é um procedimento cirúrgico executado durante a gravidez que consiste em colocar um fio ao redor do colo do útero quando existe o risco de ele se abrir com excessiva facilidade. ) ,…). E se a solução estiver, em parte, na flora vaginal da mulher?
Foi esta a hipótese de um grupo de investigadores que acompanhou 152 mulheres grávidas chinesas com alto risco de aborto espontâneo... e a microbiota das respetivas vaginas, recolhida com um cotonete no início da gravidez (antes das 16 semanas) e depois entre as 16 e as 24 semanas.
A microbiota vaginal
Um risco relacionado com a bactéria L. iners
A monitorização destas mulheres mostra que uma microbiota vaginal dominada por Lactobacillus iners antes das 16 semanas de gestação se encontra associada a um risco acrescido de parto prematuro. Como explicar tal ligação? Para os autores, uma flora vaginal dominada por L. iners será menos estável do que uma flora dominada pelo lactobacilo L. crispatus: ela tenderá a evoluir facilmente para uma situação na qual os lactobacilos benéficos deixam de ser predominantes. Por outras palavras, terá menos capacidade de manter afastadas as bactérias patogénicas, como já foi comprovado para o estreptococo B.
15 a 50% O parto prematuro espontâneo tende a recidivar com uma taxa de recorrência de 15 a 50% e mostra uma correlação inversa com o número de semanas de gestação do parto prematuro anterior mais recente.
No entanto, essa ligação entre L. iners e a prematuridade deixa de ser observada entre as 16 e as 24 semanas de gestação, o que demonstra que tudo se decide no início da gravidez... incluindo, talvez um dia, uma intervenção na microbiota vaginal para tentar reduzir o risco de recorrência de partos prematuros. Neste caso, vale lembrar que esta operação já não é ficção científica: uma jovem mãe de 30 anos que, desde o seu primeiro filho, sofria abortos espontâneos repetidos, pôde beneficiar de um transplante de microbiota vaginal... e tornar-se mãe novamente!
Lactobacillus iners: a exceção que confirma a regra de os lactobacilos serem benéficos?
De um modo geral, considera-se saudável uma vagina cuja flora é essencialmente povoada por lactobacilos. Mas contrariamente a outros lactobacilos, o L. iners revela-se incapaz de produzir certas moléculas ( (sidenote: Àcido D-láctico Essencial à proteção da zona íntima, mantém um pH baixo que estimula o crescimento de lactobacilos e previne infeções. ) , (sidenote: Peróxido de hidrogénio e bacteriocinas Impedem a aderência de agentes patogénicos através de biotensioativos: graças às suas propriedades anfifílicas ou “detergentes”, os biotensioativos agem sobre as tensões superficiais, criando assim uma barreira que limita a capacidade de aderência dos agentes patogénicos. ) , (sidenote: Peróxido de hidrogénio e bacteriocinas Impedem a aderência de agentes patogénicos através de biotensioativos: graças às suas propriedades anfifílicas ou “detergentes”, os biotensioativos agem sobre as tensões superficiais, criando assim uma barreira que limita a capacidade de aderência dos agentes patogénicos. ) , etc.) destinadas a repelir os agentes patogénicos.
Consequentemente, este lactobacilo tem uma eficácia muito menor na prevenção da proliferação de bactérias indesejáveis. Outro problema: esta bactéria tende a interagir com o nosso sistema imunitário e a fazer com que ele baixe a guarda, o que não é boa ideia se um organismo indesejável aparecer! Isto já para não falar da sua capacidade de remodelar o colo do útero, o que também propicia a invasão de agentes patogénicos. Cúmulo do azar, a bactéria L. iners também é muito persistente na vagina: cola-se fortemente à sua parede e é muito resistente, inclusive aos antibióticos. 2
O Biocodex Microbiota Institute apoia a SOS Préma
Fundada em 2004 por iniciativa de Charlotte Bouvard, também ela mãe de um bebé prematuro, a SOS Préma, uma associação sem fins lucrativos reconhecida como de interesse geral e associação de utilizadores pelo Ministério da Saúde francês, tem por objetivo proporcionar a todas as crianças prematuras as melhores condições para crescerem saudáveis. Apoia os pais que enfrentam a prematuridade e/ou a hospitalização do seu bebé recém-nascido: informação, aconselhamento e orientação, apoio psicológico, acompanhamento social e jurídico, visitas voluntárias aos hospitais, formação dos profissionais de saúde, etc.
Por fim, SOS Préma representa as famílias e defende os seus direitos: a associação mobiliza a sociedade, a classe médica e as autoridades governamentais para uma melhor compreensão das questões relacionadas com a prematuridade e para um melhor acompanhamento das famílias.
Mais informações em https://www.sosprema.com