A caminho de um tratamento para as infeções vaginais à base de óleo essencial de manjericão?
O óleo essencial de manjericão pode em breve fazer parte das soluções naturais para o tratamento das infeções vaginais. De acordo com um novo estudo, este contém compostos capazes de erradicar os agentes patogénicos, respeitando simultaneamente o equilíbrio da microbiota vaginal.
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Sobre este artigo
Os extratos de manjericão apresentam efeitos antimicrobianos potentes que podem ser utilizados para reparar os desequilíbrios da flora vaginal responsáveis pela vaginose bacteriana e pela candidíase vaginal. É isto o que um novo estudo realizado na Coreia acaba de colocar em evidência. 1
Lactobacilos vaginais: frágeis, mas valiosos
A vagina acolhe uma microbiota composta por várias centenas de espécies bacterianas e por um pequeno número de fungos, incluindo leveduras do género Candida. Esse conjunto contribui para manter um ambiente adequado à saúde. A título de exemplo, os lactobacilos segregam ácido láctico que, ao acidificar o ambiente vaginal (mantendo um pH entre 3,8 e 4,5), contribui para manter afastados múltiplos microrganismos patogénicos.
Quando a acidez natural da vagina é alterada ou os lactobacilos começam a escassear, pode ocorrer um desequilíbrio (disbiose) que favorece a proliferação de microrganismos associados à vaginose bacteriana (VB) e à candidíase vulvovaginal (CVV) ou "micose vaginal" (ver caixa).
Quais são as diferenças entre vaginose bacteriana e candidíase vulvovaginal?
Vaginose bacteriana
- Causa: proliferação anormal de bactérias patogénicas (Gardnerella vaginalis, Fannyhessea vaginae, Chryseobacterium gleum, etc.) com redução dos lactobacilos.
- Frequência: um quarto das mulheres afetadas 2.
- Sintomas: corrimento vaginal anormal e malcheiroso, prurido, irritação e sensação de ardor ao urinar.
Candidíase vulvovaginal (micose vaginal)
- Causa: proliferação anormal de Candida albicans, um fungo naturalmente presente na flora vaginal.
- Frequência: 75% das mulheres afetadas em qualquer altura das suas vidas 3.
- Sintomas: prurido, irritação, sensação de ardor e corrimento vaginal anormal.
Em busca de alternativas terapêuticas
O tratamento dessas infeções continua a apoiar-se frequentemente no recurso a antimicrobianos, como antibióticos ou antifúngicos. Contudo, o emprego excessivo destes tratamentos propicia o desenvolvimento de bactérias e fungos resistentes e pode afetar as populações das bactérias lácticas vaginais, debilitando assim a microbiota vaginal.
Que alternativas terapêuticas, simultaneamente eficazes e que respeitem a microbiota, poderão ser utilizadas para tratar e prevenir as infeções vaginais? Foi este o desafio que uma equipa de investigadores coreanos se propôs enfrentar, estudando preferencialmente o manjericão.
O manjericão, um remédio tradicional contra as infeções
O manjericão ou basílico (Ocimum basilicum L.) é uma planta medicinal tradicionalmente utilizada na medicina popular de muitas culturas para tratar infeções respiratórias, e apresenta poderosos efeitos antibacterianos devido ao seu elevado teor de compostos bioativos.
Com o objetivo de comprovarem os seus efeitos sobre os microrganismos da vagina, os cientistas testaram a ação de várias concentrações de óleo essencial de manjericão em culturas in vitro dos microrganismos responsáveis pela vaginite: Gardnerella vaginalis, Fannyhessea vaginae, Chryseobacterium gleum e Candida albicans.
Os resultados obtidos demonstram que o óleo essencial de manjericão, mesmo em baixa concentração, possui uma potente atividade antimicrobiana face aos quatro agentes patogénicos testados, sem apresentar toxicidade nem para os lactobacilos benéficos (Lactobacillus crispatus) nem para as células cutâneas (fibroblastos dérmicos).
Manjericão, uma planta com potencial comprovado contra as infeções
Vários estudos analisaram as propriedades antimicrobianas do óleo essencial de manjericão. O mesmo demonstra potencial contra:
- Infeções do trato urinário: ativo face a Escherichia coli, Enterococcus spp. e Candida albicans 4;
- Infeções respiratórias e pulmonares: ação contra as bactérias associadas à pneumonia (Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii, etc.) 5;
- Infeções nosocomiais: estirpes multirresistentes de E. coli em pacientes com infeções respiratórias, urinárias, cutâneas, etc 6;
- Candidíase: bloqueia a Candida albicans, interrompendo o seu metabolismo e a integridade da sua membrana.
Nunca utilizar puro sobre a pele! Informe-se junto de um profissional de saúde.
Efeito sinergético
Há um composto específico, designado transcinamato de metilo, que aparentemente explica parte dos efeitos, mas os investigadores presumem que exista uma sinergia entre as várias moléculas presentes no óleo essencial de manjericão.
Estes resultados são animadores, mas são provenientes apenas de ensaios laboratoriais. A eficácia — e, sobretudo, a inocuidade — do óleo de manjericão carecem ainda de confirmação através de estudos clínicos em mulheres. Entretanto, evite a automedicação e consulte o seu médico ou farmacêutico. As plantas continuam a ser uma linha de investigação interessante, sem que substituam os tratamentos recomendados.