Gastroenterite infeciosa
Crianças, adolescentes, adultos... é difícil não se vir a ter gastroenterite pelo menos uma vez na vida. Ela representa a segunda causa de morte a nível mundial.1 Mas podemos ficar descansados, a gastroenterite infeciosa pode ser prevenida através de medidas de higiene. Está a ser, entretanto, cada vez melhor tratada.2 Além disso, mediante ação no sentido de restaurar a microbiota intestinal, a gravidade e a duração dos sintomas podem ser limitadas.3
- Descubra as microbiotas
- Microbiota e doenças associadas
- Aja sobre a sua microbiota
- Publicações
- Sobre o Instituto
Acesso a profissionais de saúde
Encontre aqui o seu espaço dedicadoen_sources_title
en_sources_text_start en_sources_text_end
Capítulos
Sobre este artigo
O que é a gastroenterite infeciosa? Qual a sua relação com a microbiota intestinal?
A gastroenterite é uma doença diarreica, com sintomas geralmente impressionantes e que desaparecem rapidamente na maioria dos casos.4 Observa-se um desequilíbrio da microbiota intestinal nos pacientes afetados.5 Este pode persistir após a resolução da infeção, e estar associado a um risco agravado de desenvolvimento de patologias crónicas.6
Já sabia?
A palavra "gastroenterite" vem das palavras gregas gastron, que significa "estômago", e enteron, que significa "intestino delgado". Este termo indica que se trata de uma inflamação do estômago e do intestino delgado.7
Geralmente benigna nos países ocidentais, a gastroenterite infeciosa é uma das principais causas de óbito nos países em desenvolvimento, principalmente entre as crianças menores de 5 anos,4 constituindo um grave problema de saúde pública, uma vez representa 10% das causas de morte infantil.1 A mais elevada taxa de mortalidade situa-se nos países em vias de desenvolvimento,8 onde a hospitalização está frequentemente9 ligada aos casos graves de desidratação por ela ocasionados. Qual a sua causa? A ingestão de um microrganismo (sidenote: Agente patogénico Um agente patogénico é um microrganismo que provoca ou pode provocar uma doença. Pirofski LA, Casadevall A. Q and A: What is a pathogen? A question that begs the point. BMC Biol. 2012 Jan 31;10:6. ) : um vírus – este é o caso mais frequente – tratando-se então de uma gastroenterite viral.
O rotavírus é, aliás, um dos principais vírus responsáveis por gastroenterites virais em todo o mundo e por diarreias fatais nas crianças dos países em vias de desenvolvimento, apesar da existência de uma vacina disponível.10 Claro que há outros vírus que também podem ser responsáveis (norovírus, adenovírus, etc.).4 Mas a gastroenterite também pode ser causada por bactérias (gastroenterite bacteriana) ou por parasitas, especialmente quando se viaja.7 No entanto, verifica-se que o agente patogénico raramente é confirmado.11
O contágio ocorre através de alimentos ou água contaminados, ou diretamente mediante o contacto físico de uma pessoa com outra, agravado por medidas de higiene inadequadas.6 Os dados que confirmam a associação entre a microbiota intestinal e a gastroenterite ainda são muito limitados. Contudo, verifica-se um desequilíbrio intestinal ( (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) ) nos pacientes durante a infeção, independentemente da causa da mesma.5,12,13 Há estudos que asseveram que as crianças afetadas por gastroenterite viral grave e complicada, e em particular as infetadas por rotavírus, apresentam diversidade reduzida no seio da sua microbiota intestinal em comparação com as crianças saudáveis.14 Por outro lado, outros estudos sugerem que as alterações na microbiota intestinal podem persistir a longo prazo e ter consequências perniciosas para a saúde, nomeadamente mediante a promoção do desenvolvimento da síndrome do intestino irritável.15 Contudo, os dados atuais sobre a contribuição da microbiota intestinal para o aparecimento, as complicações e a evolução da doença necessitam de investigação mais aprofundada.
Sintomas que às vezes são impressionantes, mas que não duram muito
Além de diarreias (que se definem como a emissão, pelo menos 3 vezes, de fezes moles ou líquidas num dia)6, outros sintomas podem surgir, como náuseas, vómitos, cólicas abdominais, febre ou ainda anorexia.16 Os sintomas de gastroenterite viral duram normalmente menos de uma semana, apresentando melhoras, regra geral, passados 1 a 3 dias.4 Deve ser prestada especial atenção às crianças, aos idosos e às pessoas imunodeprimidas, que apresentam maior risco de desidratação.4 Em alguns casos, o médico pode ter de prescrever exames complementares (análises às fezes, análises ao sangue, etc.) para excluir a possibilidade de outras patologias.4
Os antibióticos são muitas vezes inúteis ou mesmo contraproducentes
Independentemente da causa da gastroenterite infeciosa, a terapêutica é sintomática.4 A reidratação constitui o principal tratamento para a diarreia.6 Longe de ser indispensável, o tratamento por antibióticos só se justifica se for confirmada a origem bacteriana da diarreia.11 Se a causa for essencialmente viral, os antibióticos podem até ser contraproducentes.11 Pelo contrário, a toma de probióticos com o objetivo de restaurar a microbiota intestinal pode limitar a extensão e a duração dos sintomas7,17.
Este artigo recorre a fontes científicas homologadas, mas não substitui o aconselhamento médico. Em caso de sintomas, consulte o seu médico generalista ou o pediatra dos seus filhos.