Antibióticos: qual o impacto sobre a microbiota intestinal?
Ponto de viragem clínico do século XX, os antibióticos salvaram milhões de vidas. No entanto, a sua utilização excessiva e muitas vezes inadequada levou ao surgimento de um grande número de resistências à sua ação. A OMS tomou a iniciativa, em novembro passado, de lembrar a importância de uma utilização mais racional destes medicamentos*.
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Sobre este artigo
Entre 2000 e 2015, o consumo de antibióticos aumentou 65%. Embora erradiquem os agentes patogénicos responsáveis pelas infeções, os antibióticos podem também destruir determinadas bactérias benéficas da microbiota intestinal e causar desequilíbrio (disbiose) no seio deste ecossistema, o que pode ter consequências a curto e longo prazo.
Se estiver interessado nos efeitos dos antibióticos na sua saúde e na sua microbiota, ou se quiser saber mais sobre a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), recomendamos-lhe que vá a esta outra página:
Antibióticos: que impacto na microbiota e na saúde?
Dos efeitos negativos na microbiota a curto e médio prazo...
Primeira constatação, os antibióticos destroem o equilíbrio existente na microbiota intestinal. Ao eliminarem determinadas bactérias, eles permitem que outros agentes patogénicos ocupem o espaço deixado livre e assim se multipliquem. Uma das consequências é a diarreia associada aos antibióticos, que atinge entre 5 e 35% dos doentes tratados, e que se resolve espontaneamente passados alguns dias. No entanto, algumas diarreias podem atingir maior gravidade e ser mesmo potencialmente mortais, quando causadas pela bactéria Clostridioides difficile.
Segunda constatação, a toma de antibióticos está associada a uma redução na diversidade da microbiota, e o retorno ao equilíbrio é mais ou menos longo: algumas bactérias podem mesmo continuar ausentes passados vários meses. Finalmente, a toma repetida ou inadequada de antibióticos leva as bactérias a desenvolverem estratégias para superarem os seus efeitos: elas podem tornar-se resistentes, fazendo com que os tratamentos percam a eficácia. As previsões dos peritos são de arrepiar: sem medidas drásticas contra o recurso abusivo aos antibióticos, estes podem vir a causar 10 milhões de mortes em todo o mundo até 2050.
+65% Entre 2000 e 2015, o consumo de antibióticos aumentou 65%
5%-35% A diarreia associada aos antibióticos atinge entre 5 e 35% dos doentes tratados
…às pesadas consequências a longo prazo
Os antibióticos continuam a ser demasiado amplamente utilizados de forma sistémica em crianças de tenra idade e lactentes, e essa utilização pode estar associada ao aparecimento de doenças mais tarde ao longo da vida (obesidade, asma, alergias, doença inflamatória crónica do intestino). Embora a batalha esteja longe de ser ganha, a comunidade científica está empenhada na busca de novas estratégias para restaurar a microbiota intestinal através de múltiplas vias de modulação (dieta, probióticos, prebióticos).
A microbiota intestinal
Todos os anos, desde 2015, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), que tem como objetivo aumentar a sensibilização para a resistência antimicrobiana mundial.
A resistência antimicrobiana ocorre quando as bactérias, vírus, parasitas e fungos alteram-se com o tempo e já não respondem aos medicamentos. Como resultado da resistência aos medicamentos, os antibióticos e outros medicamentos antimicrobianos tornam-se ineficazes e as infeções tornam-se cada vez mais difíceis ou impossíveis de tratar, aumentando o risco de propagação de doenças, doenças graves e morte.
Realizada entre 18 e 24 de novembro, esta campanha incentiva o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizar cuidadosamente antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasíticos, de forma a evitar o surgimento futuro de resistência antimicrobiana. "