A microbiota da pele

Microbiota da pele: por que é tão importante?

skin microbiota

35% Apenas 1 em cada 3 pessoas sabe que seria preferível não se lavar duas vezes por dia para preservar a microbiota cutânea

O que é exatamente a microbiota da pele?

Vamos começar por nos focarmos na pele, o maior órgão do corpo humano e a sua primeira linha de defesa. A pele atua como uma barreira protetora tripla:1,2

  • uma barreira física que protege os órgãos internos do ambiente externo3
  • uma barreira química: seca e rica em sais e em compostos ácidos, a pele é um ambiente hostil para muitos microrganismos4
  • uma barreira imunitária, graças às células de defesa da pele que evitam a colonização e a infeção por micróbios patogénicos2

Apesar de tudo isto, a pele aloja a sua própria microbiota específica, que inclui bactérias (Cutibacterium acnes, Staphylococcus epidermidis, etc.), fungos (por exemplo Malassezia), vírus (por exemplo, papilomavírus) e parasitas (incluindo ácaros, como Demodex). Estes microrganismos vivem em perfeita harmonia e formam conjuntamente a microbiota da pele.1,5

Como já deve ter notado, a sua pele muda de uma zona do corpo para outra:

  • mais seca no antebraço e nas palmas das mãos1,5
  • mais oleosa no rosto, no peito e nas costas11,5
  • e mais húmida nas axilas, na dobra dos cotovelos, nas narinas, na parte de trás dos joelhos e nas virilhas.1,5

Cada uma dessas zonas da pele aloja uma microbiota diferente, adaptada ao seu ambiente específico.1Alguns investigadores fazem ainda a distinção de um quarto local nos pés (unhas, calcanhar e espaço entre os dedos).1

Para além destas variações ao longo da superfície cutânea, também existem alterações em função da profundidade ou da camada da pele: quanto mais profundamente se penetra na derme, cada vez menos (sidenote: Microrganismos Organismos vivos que são pequenos demais para serem vistos a olho nu. Eles incluem as bactérias, os vírus, os fungos, as arqueas, os protozoários, etc... E são comumente chamados de “micróbios” Fonte: What is microbiology? Microbiology Society.
 
)
nos surgem e mais semelhantes eles são de pessoa para pessoa.
6

Como é que a microbiota da pele se altera ao longo da vida?

A microbiota cutânea é relativamente estável ao longo do tempo1,5 e apenas se altera nas principais etapas da vida.

Ao nascerem, as crianças dadas à luz por parto normal recebem a transmissão de bactérias vaginais (Lactobacillus , C. albicans), enquanto as nascidas por cesariana acolhem os micróbios da pele da mãe (Estafilococos e Estreptococos). Na puberdade, a taxa de secreção das hormonas do crescimento multiplica-se. A pele torna-se mais oleosa e seleciona microrganismos mais bem adaptados, que se mantêm até a idade adulta. A pele modifica-se gradualmente à medida que envelhece, com o sistema imunitário a enfraquecer, a renovação celular a reduzir-se, menos suor e uma secreção de sebo alterada.7,8

Estas mudanças fisiológicas modificam o ambiente da pele e alteram o equilíbrio microbiano,que se torna mais diversificado e apresenta uma alteração no predomínio dos grupos bacterianos.8

Porque é que a microbiota da pele é um fator fundamental para a saúde cutânea?

A microbiota cutânea sabe como agradecer ao hospedeiro por lhe conceder alimento e abrigo. Ela protege-o dos agentes (sidenote: Agente patogénico Um agente patogénico é um microrganismo que provoca ou pode provocar uma doença Pirofski LA, Casadevall A. Q and A: What is a pathogen? A question that begs the point. BMC Biol. 2012 Jan 31;10:6. ) através da sua presença física na pele e da secreção de ácidos e moléculas antibacterianos.2 Mas não se limita a isso. Desempenha também um papel fundamental na imunidade: estimula os mecanismos de defesa imunitária da epiderme e do corpo em geral, e abranda a inflamação quando necessário.4

Que doenças estão associadas a uma microbiota cutânea desequilibrada?

A composição da microbiota da pele é influenciada principalmente pelas características do hospedeiro (idade, sexo, genes, estado do sistema imunitário, dieta, níveis de stress) e ambientais (estilo de vida, higiene doméstica e pessoal, condições de vida, localização geográfica, exposição ao sol, etc.).2 Por vezes, fatores como o stress, uma mudança de estilo de vida, a toma de medicamentos (por exemplo, antibióticos) ou o uso de produtos de higiene pessoal perturbam o equilíbrio da microbiota: bactérias que anteriormente eram benéficas para o hospedeiro assumem o controlo e tornam-se patogénicas1. Muitas das doenças cutâneas vulgares estão associadas a alterações na microbiota. Esta situação designa-se (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) .1

A disbiose é frequentemente associada a afeções patológicas da pele, como o acne,a dermatite atópica,10 a psoríase,11 a dermatite seborreica,12 a rosácea13 ou o cancro da pele.14 Podem também observar-se alterações na microbiota da pele em problemas cutâneos não patológicos, como pele sensível, sensação de desconforto ou de irritação, ou assaduras. A pele encontra-se constantemente exposta a vários fatores externos relacionados com o estilo de vida (frio, calor, sol, UV, produtos de higiene, etc.) ou a própria pessoa (genes, sensibilidade, alergias, etc.) que podem afetar as propriedades físicas, mecânicas ou microbianas da barreira da pele.15 A microbiota participa também na cicatrização de feridas16 e contribui para o odor corporal.17

O eixo intestino-pele

O intestino e a pele estão intimamente ligados. O canal de comunicação entre ambos é conhecido por eixo intestino-pele. Várias doenças cutâneas vulgares, como o acne, a dermatite atópica, a psoríase e a rosácea, têm sido associadas à disbiose intestinal.8

Como podemos cuidar da nossa microbiota da pele?

Agora já sabemos a importância da microbiota da pele para a nossa saúde cutânea e que a microbiota intestinal também desempenha um papel nela. Então, como é que poderemos cuidar das nossas várias microbiotas para que a pele permaneça saudável? Muitos investigadores se têm debruçado sobre esta questão. Infelizmente, a resposta não é tão simples como usar bactérias ou fungos benéficos para repovoar ou enriquecer a microbiota existente ou para substituir uma microbiota que não está à altura da função. Em vez disso, a ideia é modificar a microbiota para que ela funcione corretamente, melhorando assim a saúde do hospedeiro. Como? Existem várias formas de melhorar o equilíbrio e a diversidade da microbiota intestinal, cada uma das quais com as suas características próprias:

Preparados orais:

A existência de um eixo intestino-pele aumenta a esperança de que possamos melhorar a saúde cutânea modulando a microbiota intestinal através da ingestão de suplementos probióticos, prebióticos e simbióticos, ou recorrendo a uma melhor dieta:

  • Probióticos são microrganismos vivos que oferecem benefícios para a saúde do hospedeiro quando aplicados em quantidades adequadas.19,20 Para determinadas doenças inflamatórias da pele, o recurso a probióticos específicos parece ser eficaz.14
  • Prebióticos são fibras alimentares não digeríveis específicas, que conferem determinados benefícios para a saúde. São usados seletivamente por microrganismos benéficos na microbiota do hospedeiro.21,22Os simbióticos23, combinações contendo prebióticos e probióticos, têm apresentado resultados promissores na dermatite atópica.24
  • Dieta,  a diversidade e a qualidade daquilo que comemos contribui para o equilíbrio da nossa microbiota intestinal.25,26Uma dieta desequilibrada pode afetar a composição microbiana do intestino e originar várias doenças27 Para manter nosso intestino em forma, temos de saber quais os alimentos que têm efeito negativo ou positivo nela.28

Preparados para uso tópico :

Embora existam poucos estudos, produtos de aplicação na pele contendo certos probióticos, prebióticos ou ambos, demonstraram resultados positivos na melhoria da saúde cutânea de pacientes com doenças de pele.14,24

No entanto, ainda são necessários ensaios clínicos para se otimizar a sua fórmula. Daí a importância de acompanhar as nossas novidades sobre a microbiota cutânea.

Todas as informações deste artigo são provenientes de fontes científicas aprovadas. Tenha em conta que não são exaustivas. Apresentamos aqui a totalidade dos estudos dos quais retirámos todas estas informações.

Fontes

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Egert M, Simmering R, Riedel CU. The Association of the Skin Microbiota With Health, Immunity, and Disease. Clin Pharmacol Ther. 2017 Jul;102(1):62-69.

Ederveen THA, Smits JPH, Boekhorst J et al. Skin microbiota in health and disease: From sequencing to biology. J Dermatol. 2020 Oct;47(10):1110-1118.

Flowers L, Grice EA. The Skin Microbiota: Balancing Risk and Reward. Cell Host Microbe. 2020;28(2):190-200.

Barnard E, Li H. Shaping of cutaneous function by encounters with commensals. J Physiol. 2017 Jan 15;595(2):437-450.

Bay L, Barnes CJ, Fritz BG et al. Universal Dermal Microbiome in Human Skin. mBio. 2020 Feb 11;11(1):e02945-19.

Bonté F, Girard D, Archambault JC, Desmoulière A. Skin Changes During Ageing. Subcell Biochem. 2019;91:249-280.

Shibagaki, N., Suda, W., Clavaud, C. et al. Aging-related changes in the diversity of women’s skin microbiomes associated with oral bacteria. Sci Rep 7, 10567 (2017).

Dreno B, Dagnelie MA, Khammari A, et al. The Skin Microbiome: A New Actor in Inflammatory Acne. Am J Clin Dermatol. 2020 Sep;21(Suppl 1):18-24.

10 Langan SM, Irvine AD, Weidinger S. Atopic dermatitis. Lancet. 2020 Aug 1;396(10247):345-360.

11 Rigon RB, de Freitas ACP, Bicas JL, et al. Skin microbiota as a therapeutic target for psoriasis treatment: Trends and perspectives. J Cosmet Dermatol. 2021;20(4):1066-1072.

12 Adalsteinsson JA, Kaushik S, Muzumdar S et al. An update on the microbiology, immunology and genetics of seborrheic dermatitis. Exp Dermatol. 2020;29(5):481-489

13 Tutka K, Żychowska M, Reich A. Diversity and Composition of the Skin, Blood and Gut Microbiome in Rosacea-A Systematic Review of the Literature. Microorganisms. 2020;8(11):1756.

14 Yu Y, Dunaway S, Champer J, et al.Changing our microbiome: probiotics in dermatology. Br J Dermatol. 2020;182(1):39-46.

15 Seite S, Misery L. Skin sensitivity and skin microbiota: Is there a link? Exp Dermatol. 2018 Sep;27(9):1061-1064.

16 Johnson TR, Gomez BI, McIntyre MK, et al. The Cutaneous Microbiome and Wounds: New Molecular Targets to Promote Wound Healing. Int J Mol Sci. 2018;19(9):2699.

17 Schneider AM, Nelson AM. Skin microbiota: Friend or foe in pediatric skin health and skin disease. Pediatr Dermatol. 2019 Nov;36(6):815-822.

18 Szántó M, Dózsa A, Antal D, et al. Targeting the gut-skin axis-Probiotics as new tools for skin disorder management? Exp Dermatol. 2019 Nov;28(11):1210-1218.

19 FAO/OMS, Joint Food and Agriculture Organization of the United Nations/ World Health Organization. Working Group. Report on drafting  guidelines for the evaluation of probiotics in food, 2002.

20 Hill C, Guarner F, Reid G, et al. The International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics consensus statement on the scope and appropriate use of the term probiotic. Nat Rev Gastroenterol Hepatol 11, 506–514 (2014).

21 Gibson GR, Roberfroid MB. Dietary modulation of the human colonic microbiota: introducing the concept of prebiotics .J Nutr, 1995; 125:1401-12.

22 Gibson G, Hutkins R, Sanders M, et al. Expert consensus document: The International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics (ISAPP) consensus statement on the definition and scope of prebiotics. Nat Rev Gastroenterol Hepatol 14, 491–502 (2017).

23  Markowiak P, Śliżewska K. Effects of Probiotics, Prebiotics, and Synbiotics on Human Health. Nutrients. 2017;9(9):1021. Published 2017 Sep 15.

24 Bustamante M, Oomah BD, Oliveira WP, et al. Probiotics and prebiotics potential for the care of skin, female urogenital tract, and respiratory tract. Folia Microbiol (Praha). 2020;65(2):245-264.

25 Tap J, Furet JP, Bensaada M, et al. Gut microbiota richness promotes its stability upon increased dietary fibre intake in healthy adults. Environ Microbiol. 2015 Dec;17(12):4954-64. 

26 Quigley EMM, Gajula P. Recent advances in modulating the microbiome. F1000Res. 2020 Jan 27;9:F1000 Faculty Rev-46.

27 Zmora N, Suez J, Elinav E. You are what you eat: diet, health and the gut microbiota. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2019 Jan;16(1):35-56.

28 Wilson AS, Koller KR, Ramaboli MC, et al. Diet and the Human Gut Microbiome: An International Review. Dig Dis Sci. 2020;65(3):723-740.

BMI-21.13
 
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Microbiota

A microbiota urinária

Microbiota urinária: o que é e porque é tão importante para a nossa saúde?

O trato urinário humano é habitado por inúmeros microrganismos que podem desempenhar um papel protetor para a nossa saúde.1 Uma diversidade reduzida na flora urinária pode constituir também um fator de risco de doenças.2 De facto, já se pensou que a urina era estéril, mas estudos científicos recentes demonstraram o contrário.2 Continue a ler para saber como a investigação sobre a microbiota urinária está a avançar.

Urinary microbiota

O que é exatamente a microbiota urinária humana?

Advances in detection technologies have led to the discovery of additional bacteria in the urinary microbiota. The genus Lactobacillus is frequently identified, while Gardnerella, Streptococcus, and Corynebacterium also tend to be present, although to a lesser degree.3 In addition, communities of fungi have also been observed.6 

É provável que tenha ouvido falar menos na microbiota urinária do que sobre as suas congéneres mais conhecidas, a microbiota intestinal e a microbiota vaginal. Tal não surpreende, uma vez que se trata de um ambiente menos rico e diversificado4 e cujo papel necessita de mais investigação.1

No entanto, estudos recentes demonstraram que o trato urinário aloja uma microbiota urinária exclusiva.4,5 As análises à urina baseadas em métodos dependentes de cultura já tradicionalmente identificavam agentes patogénicos responsáveis por infeções do trato urinário (ITUs), como Escherichia coli.

Os avanços nas tecnologias de deteção levaram à descoberta de outras bactérias na microbiota urinária. O género Lactobacillus é frequentemente identificado, enquanto Gardnerella, Streptococcus e Corynebacterium também tendem a surgir, embora em menor grau.3 Adicionalmente, também já foram observadas comunidades de fungos.6

Além do mais, embora o número de estudos na área ainda seja limitado, a composição da microbiota urinária das mulheres parece ser diferente da dos homens,7 o que não é nada de surpreendente dadas as diferenças anatómicas e hormonais entre os dois sexos.

Porque é que a microbiota urinária é um fator fundamental para a nossa saúde?

Os (sidenote: Microrganismos Organismos vivos que são demasiado pequenos para serem vistos a olho nu. Incluem as bactérias, os vírus, os fungos, as arqueias, os protozoários, etc., e são vulgarmente designados "micróbios". What is microbiology? Microbiology Society. ) que habitam a microbiota urinária podem desempenhar um papel protetor para a nossa saúde1. No entanto, em determinadas situações, podem também contribuir para infeções do trato urinário.2

Vários mecanismos foram já descritos: por exemplo, os géneros bacterianos Lactobacillus e Streptococcus segregam ácido láctico, que se acredita ter uma função protetora contra os agentes patogénicos.8 O ácido lático reduz o pH da urina (≈ 4,5), criando um microambiente hostil para a maioria das bactérias patogénicas.

Além disso, os (sidenote: Lactobacilos Bactérias em forma de bastonete cuja característica principal é a de produzirem ácido láctico. É por essa razão que se fala em “bactérias do ácido láctico”. 
Estas bactérias estão presentes no ser humano ao nível das microbiotas oral, vaginal e intestinal, mas também nas plantas ou nos animais. Podem ser consumidas nos produtos fermentados: em produtos lácteos, como o iogurte e alguns queijos, e também em outros tipos de alimentos fermentados – picles, chucrute, etc..
Os lactobacilos são também consumidos em produtos que contêm probióticos, com algumas espécies a serem conhecidas pelas suas propriedades benéficas.   W. H. Holzapfel et B. J. Wood, The Genera of Lactic Acid Bacteria, 2, Springer-Verlag, 1st ed. 1995 (2012), 411 p. « The genus Lactobacillus par W. P. Hammes, R. F. Vogel Tannock GW. A special fondness for lactobacilli. Appl Environ Microbiol. 2004 Jun;70(6):3189-94. Smith TJ, Rigassio-Radler D, Denmark R, et al. Effect of Lactobacillus rhamnosus LGG® and Bifidobacterium animalis ssp. lactis BB-12® on health-related quality of life in college students affected by upper respiratory infections. Br J Nutr. 2013 Jun;109(11):1999-2007.
)
produzem outras substâncias, metabólitos antibacterianos, como o peróxido de hidrogénio, que também protegem contra agentes patogénicos.9 Assim, e tal como acontece com a microbiota intestinal, a microbiota urinária atua como barreira contra organismos patogénicos.1

Que doenças estão associadas a uma microbiota urinária desequilibrada?

Como sucede com todas as microbiotas (microbiota intestinal, microbiota pulmonar, etc.), quando a composição da microbiota urinária é perturbada, ocorre um desequilíbrio, ou “ (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) .9 Estudos a comparar a microbiota urinária de pessoas saudáveis com a de pacientes com várias doenças urinárias identificaram uma ligação entre essas doenças e a composição da microbiota urinária.

De facto, os estudos publicados até à data demonstraram uma intervenção clara da microbiota urinária nas infeções do trato urinário (ITUs).8,10 Por exemplo, uma diminuição da diversidade na microbiota urinária pode ser um fator de risco de infeções do trato urinário.11

Além disso, doenças como a incontinência urinária de urgência12, a cistite intersticial13 e as infeções sexualmente transmissíveis14 têm também sido associadas a uma microbiota urinária alterada.

Como podemos cuidar da nossa microbiota? Podemos exercer influência direta sobre ela.

  • Dieta: é do conhecimento geral que há fatores dietéticos que podem influenciar o risco de infeções do trato urinário. Determinados produtos e alimentos dietéticos (como o sumo de arando ou os laticínios fermentados contendo probióticos) podem ajudar a reduzir o risco de infeções recorrentes, ao regularem a microbiota.8
  • Probióticosos probióticos orais e vaginais têm sido utilizados com êxito na redução das taxas de recorrência de ITUs.15
  • Água: beber muita água é importante, mas os investigadores ainda não confirmaram se isso pode efetivamente curar infeções do trato urinário.1

Todas as informações deste artigo são provenientes de fontes científicas aprovadas. Tenha em conta que não são exaustivas. Apresentamos aqui a totalidade dos estudos dos quais retirámos todas estas informações.

Fontes

Whiteside SA, Razvi H, Dave S, et al. The microbiome of the urinary tract--a role beyond infection. Nat Rev Urol. 2015 Feb;12(2):81-90.

2 Morand A, Cornu F, Dufour JC, et al. Human Bacterial Repertoire of the Urinary Tract: a Potential Paradigm Shift. J Clin Microbiol. 2019 Feb 27;57(3). 

Brubaker L, Wolfe AJ. The female urinary microbiota, urinary health and common urinary disorders. Ann Transl Med. 2017 Jan;5(2):34.

4 Hilt EE, McKinley K, Pearce MM, et al. Urine is not sterile: use of enhanced urine culture techniques to detect resident bacterial flora in the adult female bladder. J Clin Microbiol. 2014 Mar;52(3):871-6.

Pearce MM, Hilt EE, Rosenfeld AB, et al. The female urinary microbiome: a comparison of women with and without urgency urinary incontinence. mBio. 2014 Jul 8;5(4):e01283-14.

6 Ackerman AL, Underhill DM. The mycobiome of the human urinary tract: potential roles for fungi in urology. Ann Transl Med. 2017 Jan;5(2):31. 

Lewis DA, Brown R, Williams J, et al. The human urinary microbiome; bacterial DNA in voided urine of asymptomatic adults. Front Cell Infect Microbiol. 2013 Aug 15;3:41.

8 Aragón IM, Herrera-Imbroda B, Queipo-Ortuño MI, et al. The Urinary Tract Microbiome in Health and Disease. Eur Urol Focus. 2018 Jan;4(1):128-138. 

9 Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232

10 Antunes-Lopes T, Vale L, Coelho AM, et al. The Role of Urinary Microbiota in Lower Urinary Tract Dysfunction: A Systematic Review. Eur Urol Focus. 2020 Mar 15;6(2):361-369. 

11 Horwitz D, McCue T, Mapes AC, et al. Decreased microbiota diversity associated with urinary tract infection in a trial of bacterial interference. J Infect. 2015 Sep;71(3):358-367.

12 Pearce MM, Hilt EE, Rosenfeld AB, et al. The female urinary microbiome: a comparison of women with and without urgency urinary incontinence. mBio. 2014 Jul 8;5(4):e01283-14.

13 Siddiqui H, Lagesen K, Nederbragt AJ, et al. Alterations of microbiota in urine from women with interstitial cystitis. BMC Microbiol. 2012 Sep 13;12:205.

14 Nelson DE, Van Der Pol B, Dong Q, et al. Characteristic male urine microbiomes associate with asymptomatic sexually transmitted infection. PLoS One. 2010 Nov 24;5(11):e14116.

15 Stapleton AE, Au-Yeung M, Hooton TM, et al. Randomized, placebo-controlled phase 2 trial of a Lactobacillus crispatus probiotic given intravaginally for prevention of recurrent urinary tract infection. Clin Infect Dis. 2011 May;52(10):1212-7.

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