Resistência aos antibióticos: curiosos “souvenirs” relatados de viagens exóticas

Um avanço médico formidável que é vítima do seu sucesso. Depois da sua descoberta, no início do século XX, os antibióticos salvaram milhões de vidas. Mas a utilização massiva e, às vezes inadequada, destes tratamentos tornam-nos cada vez mais ineficazes para tratar as infeções. Resultados: hoje, numerosas bactérias são resistentes! Porém, o uso excessivo ou inadequado não é o único responsável por esta antibiorresistência.

Um estudo1 revela que as viagens internacionais favorecem a aquisição de genes de resistência aos antibióticos e poderiam contribuir para a propagação da antibiorresistência. Embarque imediato para algumas explicações.

Todos os anos, desde 2015, a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW) sensibiliza-nos relativamente ao aumento da resistência aos (sidenote: Antibiorresistência Fala-se de resistência aos microrganismos uma vez que as bactérias, os vírus, os fungos e os parasitas não respondem mais aos medicamentos devido à sua evolução no tempo. Os antibióticos e outros medicamentos antimicrobianos perdem a sua eficácia e as infeções tornam-se cada vez mais difíceis ou mesmo impossíveis de combater. Esta resistência aos microbianos aumenta o risco de propagação da forma grave da doença ou mesmo da morte. A antibiorresistência corresponde à resistência dos antibióticos às bactérias. Fonte: Résistance aux antimicrobiens. 26 de outubro de 2020. )  (também chamada de antibiorresistência). Este fenómeno, associado ao mau uso ou a um consumo excessivo de antibióticos, designa a capacidade de uma bactéria resistir à ação do antibiótico. Desde 2020, a WAAW ampliou o alcance da sua campanha aos (sidenote: Antimicrobianos Medicamentos - como os antibióticos, os antivirais, os antifúngicos e os antiparasitários - que são utilizados para prevenir e tratar infeções nos seres humanos, nos animais e nos vegetais. WHO Antimicrobial Resistance; Nov 2021 ) : antivirais, antifúngicos, antiparasitários... Ou seja, medicamentos indispensáveis para combater os (sidenote: Microrganismos Organismos vivos que são pequenos demais para serem vistos a olho nu. Eles incluem as bactérias, os vírus, os fungos, as arqueas, os protozoários, etc... E são comumente chamados de “micróbios” Fonte: What is microbiology? Microbiology Society.
 
)
  (sidenote: Agente patogénico Um agente patogénico é um microrganismo que provoca ou pode provocar uma doença Pirofski LA, Casadevall A. Q and A: What is a pathogen? A question that begs the point. BMC Biol. 2012 Jan 31;10:6. ) - Reduzindo as possibilidades de tratamento das infeções, a antibiorresistência ameaça a saúde de todos2. Numerosas pesquisas procuram compreender a sua expansão para controlá-la melhor ou mesmo pará-la.

Os antibióticos salvam vidas! Sabia que eles também têm impacto na sua microbiota? Sabia que a má utilização e o uso excessivo de antibióticos pode levar à resistência aos antibióticos? Já ouviu falar da Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW)? Todas as respostas nesta página: 

Antibióticos: que impacto na microbiota e na saúde?

Saiba mais

Uma antibiorresistência que passa sob os radares

Hoje todos sabemos que a antibiorresistência deve-se, principalmente, à utilização excessiva de antibióticos na medicina humana como também às criações e à agricultura2. Um recente estudo revela-nos, entretanto, um mecanismo de propagação desconhecido: as nossas férias e os nossos deslocamentos profissionais para países exóticos! Na verdade, as viagens internacionais favorecem a propagação de (sidenote: Gene Um gene é a unidade física e funcional básica da hereditariedade. Os genes são constituídos de DNA. Fonte: What is a gene?MedlinePlus.gov. 
 
)
 de resistência aos antimicrobianos no intestino. Pesquisadores reuniram 190 viajantes neerlandeses, distribuídos em 4 subgrupos em função do seu destino. Os locais de permanência foram escolhidos segundo as áreas de forte incidência de antibiorresistência: Sudeste da Ásia, sul da Ásia, norte e leste africano. Estes pesquisadores procuraram determinar se os deslocamentos internacionais para estas regiões poderiam facilitar a sua disseminação para regiões mais poupadas. Desta forma, para avaliar o transporte destes genes a nível intestinal, foi recolhida uma amostra de fezes de cada participante antes e depois da viagem.

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O uso inadequado dos antiblinóticos é responsável pela resistência aos antibióticos. De fato, entre todas as bactérias, apenas uma pequena parte são inicialmente resistentes a antibióticos, mas o uso de antibióticos elimina certas bactérias benéficas, não resistentes aos antibióticos. As bactérias resistentes proliferarão e assumirão, além disso, certas bactérias transmitem sua resistência aos antibióticos a outras bactérias, o que acentua os problemas.

Uma mala diplomática de antibiorresistência ao nível intestinal?

Graças à utilização de uma técnica de ponta (a (sidenote: Metagenómica Método de estudo do conteúdo genéticode amostras de tecido vindos de ambientes complexos (intestino, oceano, solos, ar, etc.) recolhidas na natureza (por oposição às amostras cultivadas em laboratório). Esta abordagem permite uma descrição dos genes contidos numa amostra como também uma visão do potencial funcional de um ambiente. Fonte: Riesenfeld CS, Schloss PD, Handelsman J. Metagenomics: genomic analysis of microbial communities. Annu Rev Genet. 2004;38:525-52. ) ), a equipa constatou um aumento do número de genes de resistência aos antibióticos entre a partida e o regresso, particularmente nos viajantes vindos do sudeste da Ásia. No total, cerca de cinquenta genes de resistência aos antibióticos foram detetados durante a viagem. Entre eles, os genes de resistência aos antibióticos clássicos e bem conhecidos (entre eles a família das β-lactaminas, das tetraciclinas fluoroquinolonas entre outros) como também de novos genes nunca antes identificados.

Viajar: uma questão de saúde pública?

Os resultados deste estudo são claros: os viajantes internacionais colonizados pelos genes de resistência durante as suas viagens poderiam trazer nas suas malas, bactérias resistentes aos antibióticos. Face ao risco de propagação, os autores acionam o alarme e destacam a importância de se iniciarem rapidamente ações nos países particularmente afetados pela antibiorresistência. Uma chamada que ecoa com a campanha da OMS.

O que é a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM?

Todos os anos, desde 2015, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), que tem como objetivo aumentar a sensibilização para a resistência antimicrobiana mundial.

A resistência antimicrobiana ocorre quando as bactérias, vírus, parasitas e fungos alteram-se com o tempo e já não respondem aos medicamentos. Como resultado da resistência aos medicamentos, os antibióticos e outros medicamentos antimicrobianos tornam-se ineficazes e as infeções tornam-se cada vez mais difíceis ou impossíveis de tratar, aumentando o risco de propagação de doenças, doenças graves e morte.

Realizada entre 18 e 24 de novembro, esta campanha incentiva o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizar cuidadosamente antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasíticos, de forma a evitar o surgimento futuro de resistência antimicrobiana. 

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6 coisas a saber sobre os antibióticos

1. Os antibióticos salvam vidas 

Desde a descoberta da penicilina em 1928, o uso generalizado de antibióticos permitiu salvar milhões de vidas. Principal arma na luta contra as infeções bacterianas, os antibióticos ajudaram a ganhar quase 20 anos de esperança de vida conjuntamente com as vacinas.1

2. Os antibióticos destroem as espécies responsáveis pela infeções, mas também bactérias boas

Intestinos, vagina, pulmões, pele... Há várias partes do nosso corpo que abrigam (sidenote: Microrganismos Organismos vivos que são demasiado pequenos para serem vistos a olho nu. Incluem as bactérias, os vírus, os fungos, as arqueias, os protozoários, etc., e são vulgarmente designados "micróbios". What is microbiology? Microbiology Society. ) (bactérias, fungos e vírus). São as chamadas microbiotas2. Os antibióticos, embora erradiquem os germes patogénicos responsáveis pela nossa infeção, podem também destruir determinadas bactérias benéficas no seio da nossa microbiota e causar um desequilíbrio mais ou menos importante nesse ecossistema. É aquilo a que se chama uma (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) 3. Isto aplica-se a todas as microbiotas do corpo: a microbiota intestinal, mas também a microbiota da pele4, a pulmonar5, a ORL6, a urinária7 e a vaginal8.

O papel ambivalente dos antibióticos

Ao destruírem as bactérias responsáveis pelas infeções, também têm impacto na m…

3. Os antibióticos podem causar efeitos secundários 

Ao induzirem a disbiose, os antibióticos podem gerar impactos negativos para a saúde. A principal complicação a curto prazo é a alteração do trânsito intestinal em alguns pacientes. Na maioria das vezes, isto traduz-se em diarreia, estando a microbiota intestinal menos capaz de cumprir as suas funções protetoras. Essa diarreia associada aos antibióticos é geralmente de intensidade leve a moderada e a sua incidência varia de acordo com a idade, o tipo de antibióticos, o contexto, etc.. Pode afetar até 35%9,10,11 dos pacientes, sendo que, nas crianças, essa percentagem pode atingir 80%.9 Em 10 a 20% dos casos, a diarreia resulta de infeção por Clostridioides difficile (C. difficile)11: esta bactéria coloniza a microbiota intestinal e pode tornar-se patogénica sob a influência de determinados fatores (a toma de antibióticos, por exemplo). As consequências clínicas variam, desde diarreias ligeiras a sintomas muito mais graves ou mesmo morte.11 

 

35% Pode afetar até 35% dos pacientes

80% é até 80% nas crianças

4. Os antibióticos podem causar efeitos a longo prazo quando ocorre muito cedo na vida

A diarreia associada aos antibióticos não é a única manifestação de disbiose associada a antibióticos. Esta será também responsável por efeitos a longo prazo quando ocorre muito cedo na vida. Com efeito, o período perinatal, que se caracteriza pelo desenvolvimento da microbiota intestinal e pela maturação do sistema imunitário, constitui uma altura particularmente sensível : a disbiose induzida pela toma de antibióticos nesta fase parece ser um fator de risco de ocorrência de doenças crónicas (obesidade, diabetes, asma, doenças inflamatórias intestinais crónicas).13 

5. A utilização inadequada de antibióticos é responsável pela resistência aos mesmos

A resistência aos antibióticos consiste no facto de um tratamento por antibióticos deixar de ser eficaz contra uma infeção bacteriana1. A que é que isto se deve? Os antibióticos são eficazes apenas face a bactérias e não produzem efeito nos vírus (por exemplo, no da gripe)14. O seu uso inadequado (no caso de uma infeção viral, por exemplo) ou excessivo - tanto no ser humano como em animais - acelera esse fenómeno. A resistência aos antibióticos implica a estadias mais longas nos hospitais, aumento das despesas de saúde e aumento dos óbitos. É por isso que constitui, à escala global, um importante problema de saúde pública1.

 6. Todos os anos, há uma Semana mundial para promover a utilização adequada dos antibióticos 

Todos os anos, de 18 a 24 de novembro, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM, que visa aumentar a consciencialização para o fenómeno da resistência aos (sidenote: Antimicrobianos Categorias de medicamentos que reúnem os antibióticos (ação contra as bactérias), os antivirais (contra os vírus), os antiparasitários (contra os parasitas) e os antifúngicos (contra os fungos)   WHO Antimicrobial Resistance; Oct 2020 ) e incentivar o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores políticos a adotarem as melhores práticas para combaterem o surgimento e a disseminação das resistências. Na qualidade de especialista em microbiota, o Biocodex Microbiota Institute adere a esta iniciativa.

O que é a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM?

Todos os anos, desde 2015, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), que tem como objetivo aumentar a sensibilização para a resistência aos antimicrobianos a nível global.

Realizada entre 18 e 24 de novembro, esta campanha incentiva o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizarem cuidadosamente os antimicrobianos, a fim de evitar o surgimento de uma maior resistência aos antimicrobianos. 

Fontes

1. WHO Antimicrobial Resistance; Oct 2020; https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/antimicrobial-resistance 

2. Kho ZY, Lal SK. The Human Gut Microbiome - A Potential Controller of Wellness and Disease. Front Microbiol. 2018 Aug 14;9:1835. 

3. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. 

4. Park SY, Kim HS, Lee SH, et al. Characterization and Analysis of the Skin Microbiota in Acne: Impact of Systemic Antibiotics. J Clin Med. 2020;9(1):168. 

5. Chung KF. Airway microbial dysbiosis in asthmatic patients: A target for prevention and treatment? J Allergy Clin Immunol. 2017;139(4):1071- 1081. 

6. Teo SM, Mok D, Pham K, et al. The infant nasopharyngeal microbiome impacts severity of lower respiratory infection and risk of asthma development. Cell Host Microbe. 2015;17(5):704-715. 

7. Klein RD, Hultgren SJ. Urinary tract infections: microbial pathogenesis, host-pathogen interactions and new treatment strategies. Nat Rev Microbiol. 2020;18(4):211-226. 

8. Shukla A, Sobel JD. Vulvovaginitis Caused by Candida Species Following Antibiotic Exposure. Curr Infect Dis Rep. 2019 Nov 9;21(11):44. 

9. McFarland LV, Ozen M, Dinleyici EC et al. Comparison of pediatric and adult antibiotic-associated diarrhea and Clostridium difficile infections. World J Gastroenterol. 2016;22(11):3078-3104. 

10. Bartlett JG. Clinical practice. Antibiotic-associated diarrhea. N Engl J Med2002;346:334-9.

11. Theriot CM, Young VB. Interactions Between the Gastrointestinal Microbiome and Clostridium difficile.Annu Rev Microbiol. 2015;69:445-461.  

12. Aires J. First 1000 Days of Life: Consequences of Antibiotics on Gut Microbiota. Front Microbiol. 2021 May 19; 

13. Queen J, Zhang J, Sears CL. Oral antibiotic use and chronic disease: long-term health impact beyond antimicrobial resistance and Clostridioides difficile. Gut Microbes. 2020;11(4):1092-1103

14. Centers for Disease Control and Prevention; Patient Education and Promotional Resources https://www.cdc.gov/antibiotic-use/community/pdfs/aaw/au_improving-antibiotics-infographic_8_5x11_508.pdf 

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6 coisas essenciais sobre os antibióticos

Por um lado, eles são um pilar do nosso arsenal terapêutico e salvam milhões de vidas todos os anos. Por outro lado, eles perturbam a microbiota e podem ter pesadas consequências na nossa saúde. Revisão dos 6 pontos essenciais a utilizar com bom senso.

1. Os antibióticos salvam vidas 

Desde a descoberta da penicilina em 1928, o uso generalizado de antibióticos permitiu salvar milhões de vidas. Principal arma na luta contra as infeções bacterianas, os antibióticos ajudaram a ganhar quase 20 anos de esperança de vida conjuntamente com as vacinas.1

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Antibióticos PT

2. Os antibióticos destroem as espécies responsáveis pela infeções, mas também bactérias boas

Intestinos, vagina, pulmões, pele... Há várias partes do nosso corpo que abrigam (sidenote: Microrganismos Organismos vivos que são demasiado pequenos para serem vistos a olho nu. Incluem as bactérias, os vírus, os fungos, as arqueias, os protozoários, etc., e são vulgarmente designados "micróbios". What is microbiology? Microbiology Society. ) (bactérias, fungos e vírus). São as chamadas microbiotas2. Os antibióticos, embora erradiquem os germes patogénicos responsáveis pela nossa infeção, podem também destruir determinadas bactérias benéficas no seio da nossa microbiota e causar um desequilíbrio mais ou menos importante nesse ecossistema. É aquilo a que se chama uma (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) .

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Antibióticos são bem conhecidos por destruir patógenos, mas poucos sabem que eles também podem eliminar certas bactérias benéficas, chamadas comensais de nossa microbiota

Isto aplica-se a todas as microbiotas do corpo:

3. Os antibióticos podem causar efeitos secundários 

Ao induzirem a disbiose, os antibióticos podem gerar impactos negativos para a saúde. A principal complicação a curto prazo é a alteração do trânsito intestinal em alguns pacientes. Na maioria das vezes, isto traduz-se em diarreia, estando a microbiota intestinal menos capaz de cumprir as suas funções protetoras. Essa diarreia associada aos antibióticos é geralmente de intensidade leve a moderada e a sua incidência varia de acordo com a idade, o tipo de antibióticos, o contexto, etc.. Pode afetar até 35%9,10,11 dos pacientes, sendo que, nas crianças, essa percentagem pode atingir 80%.9 Em 10 a 20% dos casos, a diarreia resulta de infeção por Clostridioides difficile (C. difficile)11: esta bactéria coloniza a microbiota intestinal e pode tornar-se patogénica sob a influência de determinados fatores (a toma de antibióticos, por exemplo). As consequências clínicas variam, desde diarreias ligeiras a sintomas muito mais graves ou mesmo morte.11 

35% A diarreia associada a antibióticos pode afetar até 35% dos pacientes

80% e até 80% se os pacientes forem crianças

4. Os antibióticos podem causar efeitos a longo prazo quando ocorre muito cedo na vida

A diarreia associada aos antibióticos não é a única manifestação de disbiose associada a antibióticos. Esta será também responsável por efeitos a longo prazo quando ocorre muito cedo na vida. Com efeito, o período perinatal, que se caracteriza pelo desenvolvimento da microbiota intestinal e pela maturação do sistema imunitário, constitui uma altura particularmente sensível : a disbiose induzida pela toma de antibióticos nesta fase parece ser um fator de risco de ocorrência de doenças crónicas (obesidade, diabetes, asma, doenças inflamatórias intestinais crónicas).13 

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A antibioticoterapia está associada a um aumento na suscetibilidade a várias doenças crônicas, como obesidade, diabetes, síndrome do intestino irritável, câncer colorretal, asma ou dermatite atópica. Durante os 2 anos após o nascimento, é ainda mais perigoso usar antibióticos, pois é o período de desenvolvimento de nosso sistema intestinal e imunológico.

5. A utilização inadequada de antibióticos é responsável pela resistência aos mesmos

A resistência aos antibióticos consiste no facto de um tratamento por antibióticos deixar de ser eficaz contra uma infeção bacteriana1. A que é que isto se deve? Os antibióticos são eficazes apenas face a bactérias e não produzem efeito nos vírus (por exemplo, no da gripe)14. O seu uso inadequado (no caso de uma infeção viral, por exemplo) ou excessivo - tanto no ser humano como em animais - acelera esse fenómeno. A resistência aos antibióticos implica a estadias mais longas nos hospitais, aumento das despesas de saúde e aumento dos óbitos. É por isso que constitui, à escala global, um importante problema de saúde pública1.

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O uso inadequado dos antiblinóticos é responsável pela resistência aos antibióticos. De fato, entre todas as bactérias, apenas uma pequena parte são inicialmente resistentes a antibióticos, mas o uso de antibióticos elimina certas bactérias benéficas, não resistentes aos antibióticos. As bactérias resistentes proliferarão e assumirão, além disso, certas bactérias transmitem sua resistência aos antibióticos a outras bactérias, o que acentua os problemas.

 6. Todos os anos, há uma Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM

Todos os anos, de 18 a 24 de novembro, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM, que visa aumentar a consciencialização para o fenómeno da resistência aos (sidenote: Antimicrobianos Categorias de medicamentos que reúnem os antibióticos (ação contra as bactérias), os antivirais (contra os vírus), os antiparasitários (contra os parasitas) e os antifúngicos (contra os fungos)   WHO Antimicrobial Resistance; Oct 2020 ) e incentivar o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores políticos a adotarem as melhores práticas para combaterem o surgimento e a disseminação das resistências. Na qualidade de especialista em microbiota, o Biocodex Microbiota Institute adere a esta iniciativa.

Se estiver interessado nos efeitos dos antibióticos na sua saúde e na sua microbiota, ou se quiser saber mais sobre a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), recomendamos-lhe que vá a esta outra página:

Antibióticos: que impacto na microbiota e na saúde?

Saiba mais
O que é a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM?

Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), que tem como objetivo aumentar a sensibilização para a resistência antimicrobiana mundial. 

A resistência antimicrobiana ocorre quando as bactérias, vírus, parasitas e fungos alteram-se com o tempo e já não respondem aos medicamentos. Como resultado da resistência aos medicamentos, os antibióticos e outros medicamentos antimicrobianos tornam-se ineficazes e as infeções tornam-se cada vez mais difíceis ou impossíveis de tratar, aumentando o risco de propagação de doenças, doenças graves e morte.
Realizada entre 18 e 24 de novembro, esta campanha incentiva o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizar cuidadosamente antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasíticos, de forma a evitar o surgimento futuro de resistência antimicrobiana. 

Fontes

1. WHO Antimicrobial Resistance; Oct 2020; https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/antimicrobial-resistance 

2. Kho ZY, Lal SK. The Human Gut Microbiome - A Potential Controller of Wellness and Disease. Front Microbiol. 2018 Aug 14;9:1835. 

3. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. 

4. Park SY, Kim HS, Lee SH, et al. Characterization and Analysis of the Skin Microbiota in Acne: Impact of Systemic Antibiotics. J Clin Med. 2020;9(1):168. 

5. Chung KF. Airway microbial dysbiosis in asthmatic patients: A target for prevention and treatment? J Allergy Clin Immunol. 2017;139(4):1071- 1081. 

6. Teo SM, Mok D, Pham K, et al. The infant nasopharyngeal microbiome impacts severity of lower respiratory infection and risk of asthma development. Cell Host Microbe. 2015;17(5):704-715. 

7. Klein RD, Hultgren SJ. Urinary tract infections: microbial pathogenesis, host-pathogen interactions and new treatment strategies. Nat Rev Microbiol. 2020;18(4):211-226. 

8. Shukla A, Sobel JD. Vulvovaginitis Caused by Candida Species Following Antibiotic Exposure. Curr Infect Dis Rep. 2019 Nov 9;21(11):44. 

9. McFarland LV, Ozen M, Dinleyici EC et al.Comparison of pediatric and adult antibiotic-associated diarrhea and Clostridium difficile infections. World J Gastroenterol. 2016;22(11):3078-3104. 

10. Bartlett JG. Clinical practice. Antibiotic-associated diarrhea. N Engl J Med 2002;346:334-9.

11. Theriot CM, Young VB. Interactions Between the Gastrointestinal Microbiome and Clostridium difficile.Annu Rev Microbiol. 2015;69:445-461.  

12. Aires J. First 1000 Days of Life: Consequences of Antibiotics on Gut Microbiota. Front Microbiol. 2021 May 19; 

13. Queen J, Zhang J, Sears CL. Oral antibiotic use and chronic disease: long-term health impact beyond antimicrobial resistance and Clostridioides difficile. Gut Microbes. 2020;11(4):1092-1103

14. Centers for Disease Control and Prevention; Patient Education and Promotional Resources https://www.cdc.gov/antibiotic-use/community/pdfs/aaw/au_improving-antibiotics-infographic_8_5x11_508.pdf 

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Resistência aos antibióticos: uma ameaça mundial, uma resposta global

No futuro, a resistência aos antibióticos pode comprometer um século de progresso médico.1 É uma verdadeira bomba-relógio sanitária, estando, desde 2015, na mira da OMS, que organiza todos os anos a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (18–24 de novembro). O Microbiota Institute participa ativamente nesta iniciativa durante todo o mês de novembro com a difusão e partilha de conteúdos exclusivos sobre o impacto dos antimicrobianos na microbiota intestinal. Visão geral. 

Por um lado, surge uma descoberta científica extraordinária que permite salvar milhões de vidas. Por outro lado, observa-se uma utilização excessiva e, por vezes, inadequada que pode fazer com que surjam muitas resistências nos micro-organismos (por exemplo, nas bactérias, nos vírus, nos parasitas e nos fungos). Isto faz com que os antimicrobianos, que foram concebidos para curar, sejam cada vez menos eficazes e com que haja o risco de estes deixarem de conseguir curar-nos de infeções, no futuro, se não se fizer nada para o evitar.  

10 milhões A resistência antimicrobiana tornar-se-ia responsável por quase 10 milhões de mortes em todo o mundo até 2050

A resistência aos antimicrobianos será, desta forma, responsável por cerca de 700 000 mortes a nível mundial todos os anos.2  Se nada mudar, as doenças infeciosas poderão tornar-se, em 2050, uma das principais causas de mortalidade no mundo, provocando até 10 milhões de mortes.2

Perante este flagelo, a OMS organiza a resposta mundial. Desde 2015, entre os dias 18 e 24 de novembro, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM, com o objetivo de dar a conhecer melhor este fenómeno mundial e incentivar o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizarem razoavelmente os antibióticos para evitar que a resistência aos antibióticos ganhe terreno. 

O Microbiota Institute, verdadeiro ponto de confluência de conhecimentos dedicado à microbiota, é um parceiro ativo do evento deste 2020. Ao longo de todo o mês de novembro, este instituto convida-o a aprofundar os seus conhecimentos e a descobrir as consequências a médio e longo prazo dos antibióticos para a microbiota humana através de artigos, notícias, vídeos de especialistas e dossiês temáticos. Eis um exemplo. Apesar da eficácia reconhecida dos antibióticos contra as bactérias (são inúteis em caso de infeção viral)3, muitas vezes estes medicamentos dão origem a uma disbiose. Esta condição está associada a alguns problemas bem conhecidos, tais como a diarreia associada a antibióticos.

Pedra angular do moderno arsenal terapêutico, os antibióticos salvaram milhões de vidas. Por outro lado, a sua utilização excessiva e por vezes inadequada pode levar ao aparecimento de múltiplas formas de resistência dos microrganismos. Todos os anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW) para aumentar a sensibilização para este problema de saúde pública. Leia a página dedicada.

Resistência aos antibióticos: a microbiota em primeiro plano

O uso maciço e por vezes inadequado de antibióticos torna-os cada vez mais inef…

Mas ainda há mais! Também se suspeita de que a toma de antibióticos aumenta o risco de desenvolvimento de muitas doenças crónicas4 (alergias, asma, obesidade, doenças inflamatórias crónicas do intestino, etc.), principalmente se os antibióticos forem prescritos numa fase precoce durante a infância. É possível resolver esta situação? Sim! Para tal, é preciso promover a prescrição adequada para garantir a boa utilização dos antibióticos, bem como informar o paciente sobre os riscos de disbiose associados à utilização excessiva e inadequada de antibióticos. Todos temos de ser responsáveis e de nos mobilizar para reduzir a resistência aos antimicrobianos! 

Apresentamos-lhe o Professor Sørensen, galardoado com a bolsa Internacional 2022 da Biocodex Microbiota Foundation.

A sua equipa foi pioneira num estudo ambicioso sobre o resistoma de 700 crianças que permitirá um avanço na compreensão da evolução e disseminação da resistência antimicrobiana no intestino humano dos primeiros anos de vida.

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Resistência aos antibióticos: uma ameaça mundial, uma resposta internacional

No futuro, a resistência aos antibióticos pode comprometer um século de progresso médico.1 É uma verdadeira bomba-relógio sanitária, estando, desde 2015, na mira da OMS, que organiza todos os anos a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (18–24 de novembro). O Microbiota Institute participa ativamente nesta iniciativa durante todo o mês de novembro com a difusão e partilha de conteúdos exclusivos sobre o impacto dos antimicrobianos na microbiota intestinal. Visão geral.  

Por um lado, surge uma descoberta científica extraordinária que permite salvar milhões de vidas. Por outro lado, observa-se uma utilização excessiva e, por vezes, inadequada que pode fazer com que surjam muitas resistências nos micro-organismos (por exemplo, nas bactérias, nos vírus, nos parasitas e nos fungos). Isto faz com que os antimicrobianos, que foram concebidos para curar, sejam cada vez menos eficazes e com que haja o risco de estes deixarem de conseguir curar-nos de infeções, no futuro, se não se fizer nada para o evitar. 

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Antibióticos são bem conhecidos por destruir patógenos, mas poucos sabem que eles também podem eliminar certas bactérias benéficas, chamadas comensais de nossa microbiota

A resistência aos antimicrobianos será, desta forma, responsável por cerca de 700 000 mortes a nível mundial todos os anos.2  Se nada mudar, as doenças infeciosas poderão tornar-se, em 2050, uma das principais causas de mortalidade no mundo, provocando até 10 milhões de mortes.2

10 milhões A resistência antimicrobiana se tornaria responsável por quase 10 milhões de mortes em todo o mundo até 2050

Perante este flagelo, a OMS organiza a resposta mundial. Desde 2015, entre os dias 18 e 24 de novembro, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM, com o objetivo de dar a conhecer melhor este fenómeno mundial e incentivar o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizarem razoavelmente os antibióticos para evitar que a resistência aos antibióticos ganhe terreno. 

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O uso inadequado dos antiblinóticos é responsável pela resistência aos antibióticos. De fato, entre todas as bactérias, apenas uma pequena parte são inicialmente resistentes a antibióticos, mas o uso de antibióticos elimina certas bactérias benéficas, não resistentes aos antibióticos. As bactérias resistentes proliferarão e assumirão, além disso, certas bactérias transmitem sua resistência aos antibióticos a outras bactérias, o que acentua os problemas.

O Microbiota Institute, verdadeiro ponto de confluência de conhecimentos dedicado à microbiota, é um parceiro ativo do evento deste 2020. Ao longo de todo o mês de novembro, este instituto convida-o a descobrir as consequências a médio e longo prazo dos antibióticos para a microbiota humana através de artigos, notícias e vídeos de especialistas. Eis um exemplo. Vejamos o exemplo dos antibióticos. Apesar da eficácia reconhecida dos antibióticos contra as bactérias (são inúteis em caso de infeção viral)3, estes medicamentos afetam negativamente o equilíbrio da nossa microbiota intestinal. Este desequilíbrio, mais conhecido como (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) , está associado a alguns problemas bem conhecidos, tais como a diarreia associada a antibióticos. Mas ainda há mais! Também se suspeita de que a toma de antibióticos aumenta o risco de desenvolvimento de muitas doenças crónicas (alergias, asma, obesidade, doenças inflamatórias crónicas do intestino, etc.), principalmente se os antibióticos forem prescritos numa fase precoce durante a infância.

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A antibioticoterapia está associada a um aumento na suscetibilidade a várias doenças crônicas, como obesidade, diabetes, síndrome do intestino irritável, câncer colorretal, asma ou dermatite atópica. Durante os 2 anos após o nascimento, é ainda mais perigoso usar antibióticos, pois é o período de desenvolvimento de nosso sistema intestinal e imunológico.

É possível resolver esta situação? Sim! Em primeiro lugar, é preciso privilegiar a utilização certa e adequada. Não tome estes medicamentos se não tiverem sido prescritos por um profissional de saúde. Respeite a dose, a posologia e a duração do tratamento e não os partilhe com outra pessoa.4

Além disso, lembre-se de que os antibióticos não são automáticos!

Se estiver interessado nos efeitos dos antibióticos na sua saúde e na sua microbiota, ou se quiser saber mais sobre a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), recomendamos-lhe que vá a esta outra página:

Antibióticos: que impacto na microbiota e na saúde?

Saiba mais
O que é a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM?

Todos os anos, desde 2015, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), que tem como objetivo aumentar a sensibilização para a resistência antimicrobiana mundial. 

A resistência antimicrobiana ocorre quando as bactérias, vírus, parasitas e fungos alteram-se com o tempo e já não respondem aos medicamentos. Como resultado da resistência aos medicamentos, os antibióticos e outros medicamentos antimicrobianos tornam-se ineficazes e as infeções tornam-se cada vez mais difíceis ou impossíveis de tratar, aumentando o risco de propagação de doenças, doenças graves e morte.

Realizada entre 18 e 24 de novembro, esta campanha incentiva o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizar cuidadosamente antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasíticos, de forma a evitar o surgimento futuro de resistência antimicrobiana. 

Fontes

1. No Time to Wait: Securing the future from drug-resistant infections. Report to the secretary-general of the united nations. Avril 2019. 

2. Tackling drug-resistant infections globally: final report and recommendations; May 2016. 

3. Improving Antibiotic Use. Material Developed by CDC Using CDC materials does not imply endorsement or recommendation by CDC, ATSDR, HHS or the United States Government

4. Taking your Antibiotics. Material Developed by CDC  Using CDC materials does not imply endorsement or recommendation by CDC, ATSDR, HHS or the United States Government 

Recomendado pela nossa comunidade

"Obrigado por compartilhar!" -Gigi Snook (Da My health, my microbiota)

"Legal 👍🏾" -Lucy Ofreneo (Da My health, my microbiota)

"Interessante!"Rémi Fresnel (Da Biocodex Microbiota Institute em LinkedIn)

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Prever a evolução do cancro da próstata através da microbiota intestinal?

Há uma ligação entre a microbiota (os milhões de bactérias) do seu intestino e o cancro da próstata? É mais do que provável, indica um estudo recente publicado na Cancer Science.

2min A microbiota intestinal

Uma ambição: examinar a ligação entre o cancro da próstata e a microbiota intestinal num grupo de homens japoneses. Uma metodologia: os perfis da microbiota intestinal de homens com ou sem cancro da próstata grave foram comparados. Um objetivo: determinar se a composição da microbiota intestinal pode ser utilizada como novo marcador não invasivo do cancro da próstata grave.

Em busca de um novo marcador…

O diagnóstico do cancro é feito por toque retal, mas também com vários exames médicos que vão permitir avaliar a gravidade do cancro e o risco de progressão e determinar (sidenote: Mohler JL, Antonarakis ES, Armstrong AJ, et al. Prostate Cancer, Version 2.2019, NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology. J Natl Compr Canc Netw. 2019;17(5):479-505. ) O exame essencial para o rastreio e o acompanhamento do cancro da próstata é a dosagem do PSA (antigénio específico da próstata) que não permite distinguir com rigor o grau de gravidade do cancro. É avaliado através de níveis que vão do grau 1 ao grau 5 após um exame de amostras de tecido recolhidas na próstata. No grau 1, sendo o prognóstico dos pacientes geralmente favorável, é recomendado que não sejam tratados para evitar um sobretratamento muitas vezes prejudicial.  Pelo contrário, os pacientes com cancro da próstata de grau 2 e superior precisam de um tratamento rápido e apropriado. Para completar a análise serológica do PSA e evitar um exame invasivo, é essencial desenvolver um novo método para determinar o grau dos cancros da próstata. 

… na microbiota intestinal


Num estudo anterior, os autores mostraram em ratinhos que a obesidade, uma dieta rica em gorduras ou ainda determinadas moléculas produzidas pela microbiota intestinal favorecem a proliferação de células cancerígenas na próstata.  Estes resultados parecem indicar que a microbiota intestinal poderia ser utilizada como biomarcador para determinar a evolução deste cancro. Durante a análise da microbiota de pacientes sujeitos a uma biópsia da próstata, os investigadores observaram que três grupos bacterianos eram mais abundantes nos pacientes com cancro da próstata grave. Para aumentar o rigor do diagnóstico, os autores utilizaram um modelo matemático e identificaram 18 tipos de bactérias suplementares para criar um índice microbiano fecal da próstata chamado "FMPI" (Fecal Microbiome Prostate Index). Este FMPI permite distinguir os pacientes com cancro da próstata grave com um rigor mais importante do que a dosagem tradicional do PSA. 
Embora muito encorajador, este estudo é fragmentado e tem um âmbito de investigação limitado. Com efeito, apenas foram incluídos no estudo homens japoneses urbanos. Deve ser realizado com outros pacientes com perfis diferentes. E assim confirmar os resultados auspiciosos. 
 

Fontes:

Matsushita M, Fujita K, Motooka D, et al. The gut microbiota associated with high-Gleason prostate cancer. Cancer Sci. 2021.

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Artrose: quando a disbiose intestinal “gripa” as articulações

Todos os anos, a 17 de setembro, celebra-se o Dia Mundial da Artrose, uma doença que ataca e deforma as articulações. E se a cura para a doença se encontrar na nossa microbiota intestinal, como sugerem trabalhos recentes realizados junto de mulheres idosas?

2min A microbiota intestinal

Articulações que emperram e depois se deformam: a artrose assola a vida de mais de 3% da população mundial e em especial dos mais idosos. 10% dos homens e 18% das mulheres com mais de 60 anos são vítimas desta doença articular dolorosa e incapacitante. As suas causas são múltiplas: fatores genéticos, o sexo, a idade, a obesidade, o estilo de vida sedentário... e talvez a microbiota intestinal. Com participação já confirmada em numerosas doenças inflamatórias, as bactérias dos nossos intestinos desempenharão também um papel na inflamação que acompanha a artrose.

Uma microbiota intestinal carente em caso de artrose

Para saber mais sobre a relação entre a microbiota intestinal e a artrose nas mulheres idosas, investigadores compararam a composição bacteriana das fezes de 57 mulheres com 65 anos de média de idades e com artrose, com a de outras 57 da mesma idade e saudáveis (controlos). Nas doentes, a microbiota intestinal é geralmente menos rica e menos diversificada. Algumas bactérias benéficas surgem em menor quantidade, casos de uma bactéria que regula o sistema imunitário, a Bifidobacterium longum, ou da bactéria anti-inflamatória Faecalibacterium prausnitzii, conhecida pelos seus benefícios para o ser humano. Em contrapartida, certas bactérias patogénicas, como a Clostridium ramosum, conquistam mais terreno. Certas funções da microbiota intestinal também parecem surgir alteradas nos casos de artrose, o que permite supor uma menor capacidade de se tirar partido da alimentação.

Será que a flora intestinal auxilia o diagnóstico, ou mesmo o tratamento?

Como a flora intestinal das pacientes com artrose difere da dos controlos – o que indica que a microbiota intestinal pode ser um fator de risco para a doença – a equipa tentou criar uma ferramenta preditiva da doença com base na presença de 9 bactérias nas respetivas fezes. O modelo preditivo elaborado foi considerado fiável nas mulheres idosas estudadas, mas não foi ainda verificado em outros grupos de pacientes. Consequentemente, talvez a presença dessas bactérias possa auxiliar ao diagnóstico. Esses microrganismos poderão também conduzir à descoberta de novos tratamentos, à base de prebióticos ou probióticos, para combater a artrose. E tudo isto com a ideia de se alcançar o alívio da dor e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes de artrose.

Recomendado pela nossa comunidade

"Um artigo muito interessante. Pode valer a pena analisar melhor. Tenho osteoartrite e SCI. Pergunto-me se existe uma correlação!" - Comentário traduzido de Patricia Benner

"Obrigado por esta informação!" - Comentário traduzido de Shirley Dorion

"Interessante! Acho que o intestino está ligado a muitos problemas de saúde!" - Comentário traduzido de Anita Randmaa Clarke

(Da My health, my microbiota)

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Excesso de peso: identificar pacientes com risco de artrose graças à microbiota intestinal?

A microbiota intestinal dos pacientes com excesso de peso que sofrem de artrose é menos rica e diversificada. A tal ponto que, recorrendo apenas a 7 géneros microbianos, será possível prever com precisão o risco de artrose em caso de excesso de peso.

As pessoas com excesso de peso, devido à sobrecarga nas articulações, têm maior propensão para contraírem artrose. Mas como é que se poderá detetar os pacientes mais expostos a esse risco? Talvez através da sua microbiota intestinal, que tem uma participação em muitas doenças inflamatórias, incluindo a artrose.

Menor diversidade intestinal em caso de artrose nos pacientes com excesso de peso

Foi realizado um estudo prospetivo junto de uma população com excesso de peso (25<IMC1<30): foram sequenciadas (por ARN ribossómico 16S) 182 amostras de fezes de 86 pacientes com excesso de peso e artrose (25 homens e 61 mulheres com idade entre 50 e 72 anos) e 96 pessoas com excesso de peso e sem artrose (40 homens e 56 mulheres com idade entre 50 e 76 anos), no sentido de se caraterizar a respetiva composição microbiana. Resultados? A diversidade e a riqueza das microbiotas intestinais desses pacientes com excesso de peso surgiram diminuídas nos casos de artrose, o que pode refletir, segundo os autores, uma disbiose associada à doença. Apurou-se que a presença de 9 filos bacterianos se encontrava significativamente modificada (em alta ou em baixa, dependendo do filo) nos casos de artrose: entre eles destacam-se as Firmicutes e Bacteroidetes, cuja proporção, usada como indicador de disbiose, se comprovou ser significativamente mais elevada nos doentes com artrose. Por outro lado, 87 géneros bacterianos apresentaram diferenças entre os pacientes com excesso de peso com artrose e os que não o tinham. Todas essas bactérias permitiram aos investigadores testar biomarcadores de interesse para a doença.

Prever o risco de artrose recorrendo a 7 biomarcadores

Assim, com base nos resultados anteriores, os investigadores identificaram 7 biomarcadores oriundos da microbiota intestinal que poderão permitir o desenvolvimento de um meio não invasivo de avaliação precoce do risco de artrose em pessoas com excesso de peso: 3 géneros bacterianos sobre-representados nos pacientes com artrose (Gemmiger, Klebsiella e Akkermansia) e 4 sub-representados nestes mesmos pacientes (Bacteroides, Prevotella, Alistipes e Parabacteroides). Juntos, esses biomarcadores permitem prever com precisão o risco de artrose (área abaixo da curva de 83,36%). Entre eles, o género Bacteroides poderá desempenhar um papel preponderante, de tal maneira que é também visto pelos autores como um possível alvo para o tratamento da artrose.

1IMC: índice de massa corporal

Fontes

Wang Z, Zhu H, Jiang Q et al. The gut microbiome as non-invasive biomarkers for identifying overweight people at risk for osteoarthritis. Microb Pathog. 2021 Aug;157:104976.

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