Será que a microbiota intestinal pode afetar os níveis de açúcar no sangue?

O nível de glicose no sangue após uma refeição varia de pessoa para pessoa, pois depende em grande parte de características individuais. A composição da microbiota intestinal pode desempenhar um papel importante nesse aspeto, segundo um novo estudo que confirma a relevância do desenvolvimento de abordagens personalizadas para prevenir a diabetes mellitus.

A microbiota intestinal Síndrome metabólica
Actu GP : Le microbiote intestinal influencerait-il notre glycémie ?

É sabido que para prevenir a diabetes mellitus através da regulação dos níveis de açúcar no sangue deve apostar-se principalmente numa alimentação com menos calorias e menos açúcar. No entanto, pensa-se que os níveis pós-prandiais de glicose no sangue (após a ingestão de alimentos) não dependem apenas da composição dos alimentos ingeridos, mas também dos parâmetros individuais de cada pessoa (fisiológicos, genéticos ou relacionados com a microbiota intestinal).

Com ou sem diabetes, todos investigados!

De acordo com um estudo de uma equipa de investigadores de Israel, realizado em 2015, em pessoas com predisposição para a diabetes (com excesso de peso ou obesidade), as intervenções dietéticas adaptadas, tendo em conta as características individuais (incluindo microbiota intestinal) reduziram os níveis de glicose com mais eficácia do que o modelo-padrão, baseado exclusivamente em baixas calorias e ingestão de glicose. E quanto às pessoas sem diabetes? Investigadores americanos da Mayo Clinic testaram este mesmo modelo personalizado em 327 adultos saudáveis da região Centro-Oeste. Enquanto mantinham certos hábitos alimentares (exceto o pequeno-almoço que foi padrão), os participantes monitorizaram permanentemente os níveis de glicose no sangue e registaram, numa aplicação, os valores nutricionais das suas refeições. Todos os dados foram então comparados com as previsões obtidas através do modelo personalizado e do modelo-padrão.

Microbiota e controlo dos níveis de glicose no sangue

Até certo ponto, os resultados do estudo de Israel foram confirmados: o mesmo alimento pode desencadear respostas glicémicas muito diferentes de uma pessoa para outra, enquanto a resposta do mesmo indivíduo ao longo do tempo permanece relativamente constante. Além disso, os níveis de glicose pós-prandial previstos pelo modelo personalizado estavam mais próximos dos dados relatados pelos participantes do que os previstos pelo modelo-padrão. Essa diferença pode ser parcialmente explicada pela composição da microbiota intestinal, que pode desempenhar um papel importante na manutenção da glicose em níveis normais (homeostase da glicose). Todos estas descobertas tendem a apoiar uma abordagem dietética personalizada para prevenir as doenças associadas a níveis anormalmente elevados de açúcar no sangue (hiperglicemia).

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Fontes:

H Mendes-Soares, T Raveh-Sadka, S Azulay et al. Assessment of a Personalized Approach to Predicting Postprandial Glycemic Responses to Food Among Individuals Without Diabetes. JAMA Network Open. 2019;2(2):e188102.

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Microplásticos: um verdadeiro banquete para as bactérias!

As bactérias tóxicas que colonizam as micropartículas plásticas que poluem os oceanos – de forma mais acentuada nas áreas com forte atividade humana e elevado tráfego marítimo - podem causar o branqueamento dos recifes de coral e infeções nos seres humanos.

Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Actu GP : Microplastiques : un régal pour les bactéries !

 

Cerca de um terço da produção anual de plástico do mundo acaba como poluente terrestre ou marinho, ou seja, mais de (sidenote: https://www.wwf.fr/sites/default/files/doc-2019-03/20190305_Rapport_Pollution-plastique_a_qui_la_faute_WWF.pdf ) . Entre esses resíduos, as micropartículas plásticas provenientes das indústrias da cosmética, petroquímica e de vestuário são um sério problema ambiental. Com menos de 5 mm, estas micropartículas conseguem evitam os sistemas de filtragem e são libertadas em ambientes aquáticos, onde são necessários vários séculos para que desapareçam devido à elevada salinidade e baixas temperaturas. Como resultado, estas são colonizadas por todos o tipo de bactérias (às vezes tóxicas), antes de acabarem no estômago de alguns habitantes marinhos que são enganados com uma falsa refeição.

As costas de Singapura foram examinadas de perto

Por todo o mundo foram já realizados vários estudos para identificar a natureza dos microrganismos que proliferam na superfície dos microplásticos. E quanto a Singapura? Será que os resíduos poluentes nas águas mais frequentadas das praias têm o mesmo perfil bacteriano que o das praias imaculadas, muito raramente “pisadas” pelas pessoas? Dois investigadores da Universidade de Singapura (Malásia) decidiram investigar. Entre abril e julho de 2018, estes recolheram e analisaram um total de 275 amostras de microplásticos - desde fragmentos, fibras, espumas, granulados, películas - de três praias diferentes, com diferentes afluências turísticas.

Humanos são culpados

Os resultados não surpreenderam: quanto mais frequentada a praia, mais poluída esta era. Contudo, a natureza dos microplásticos e a das espécies bacterianas que os cobriam eram significativamente diferentes em cada praia. Esta observação confirmou o impacto das atividades humanas sobre essa poluição, também modulada por ventos e marés. A boa notícia é que os investigadores concluíram que o ecossistema se adapta aos poluentes, promovendo o desenvolvimento de espécies bacterianas capazes de os desfazer. A má notícia é que o ecossistema também favorece o surgimento de agentes patogénicos, responsáveis por infeções de feridas ou doenças gastrointestinais. Ou seja, ao ingerir inadvertidamente esses microplásticos, os organismos marinhos também podem desencadear a acumulação e a subsequente transferência de agentes patogénicos para a cadeia alimentar.

 

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Fontes:

E Curren, S Chee, Y Leong. Profiles of bacterial assemblages from microplastics of tropical coastal environments. Science of the Total Environment 2019 Mar 10;655:313-320.

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A relação entre a Ruminococcus gnavus e o lúpus

Calcula-se que a microbiota influencie o lúpus (pelo menos na sua forma mais comum denominada lúpus eritematoso sistémico ou LES), uma doença autoimune crónica, rara e difícil de diagnosticar. Graças ao trabalho recente de uma equipa de investigadores americana, foi identificada uma bactéria específica: a Ruminococcus gnavus.

A microbiota intestinal Lúpus - uma doença autoimune
Actu GP : Ruminococcus gnavus, le grand méchant loup du lupus ?

"Lúpus?" Os fãs do Dr. House estão de certeza familiarizados com o nome desta doença rara. A patologia foi assim denominada devido às lesões em forma de lobo que apresentam os doentes. Esta é uma doença que não é facilmente diagnosticada porque os sintomas não são específicos, entre os quais se encontram a fadiga, as erupções cutâneas, a dor nas articulações, a perda de cabelo, a febre. Nas formas mais graves da doença pode mesmo causar danos nos órgãos vitais, como os rins ou coração. É por isso que a equipa do famoso médico da televisão hesita frequentemente no seu diagnóstico. Mas por que razão os sintomas são tão diversos? Porque a doença está relacionada com a desregulação do sistema imunológico, que ataca as células do próprio organismo, e que se manifesta entre outros aspetos em erupções que podem surgir em diferentes partes do corpo. E a microbiota intestinal parece estar envolvida.

Crises e desequilíbrios da microbiota

Os investigadores já sabiam que os doentes com lúpus geralmente têm pouca diversidade bacteriana no trato gastrointestinal, geralmente associada a um desequilíbrio nos níveis bacterianos (ou seja, "disbiose") em comparação com os indivíduos saudáveis. Mas, até agora, a microbiota de doentes com crises de lúpus raramente havia sido caracterizada. Entretanto, isso já foi feito graças ao trabalho recente realizado em cerca de sessenta mulheres com lúpus. Os resultados revelaram que os períodos de desequilíbrio da microbiota coincidiram com as crises de lúpus.

O Ruminococcus gnavus é o culpado?

Os investigadores conseguiram identificar uma bactéria, Ruminococcus gnavus, cuja superabundância estava correlacionada com a atividade da doença, especialmente nos doentes com inflamação renal (nefrite), e consequente diminuição de bactérias benéficas conhecidas pelo seu efeito anti-inflamatório. Esse desequilíbrio anda de mãos dadas com uma alteração da barreira intestinal, que expõe ainda mais o sistema imunológico às bactérias intestinais, algumas das quais se tornam patogénicas. Estas descobertas preliminares são a base para que no futuro o Dr. House possa diagnosticar e monitorizar casos de lúpus com facilidade graças ao desenvolvimento de um biomarcador relacionado com a R. gnavus.

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Azzouz D, Omarbekova A, Heguy A et al. Lupus nephritis is linked to disease-activity associated expansions and immunity to a gut commensal. Ann Rheum Dis 2019.

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Microbiota pulmonar: um marcador do prognóstico da DPOC?

A composição da microbiota pulmonar poderá tornar-se um marcador da gravidade das doenças pulmonares obstrutivas crónicas. Uma equipa demonstrou a correlação entre a presença de algumas bactérias e o prognóstico no primeiro ano.

A microbiota pulmonar Transplante pulmonar: a microbiota pulmonar, um indicador fiável para se prever a rejeição? A dupla face dos antibióticos, salva-vidas e desreguladores da microbiota

A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) afetou 3,5 milhões de pessoas em França em 2010. É responsável por mais de 100000 hospitalizações por ano por exacerbações agudas (EA)*. Estes episódios estão associados ao aumento das taxas de mortalidade a curto e médio prazo. Estudos demonstraram que os doentes com DPOC apresentam uma redução da diversidade da microbiota pulmonar, e esta disbiose tem sido citada como uma causa potencial de inflamação das vias aéreas e de uma diminuição da imunidade local.

A diversidade garante um melhor prognóstico

Um novo estudo internacional descobriu recentemente um possível marcador da gravidade da DPOC, capaz de identificar doentes em risco elevado de morte. 102 doentes hospitalizados por EA foram incluídos no estudo e a sua expetoração foi recolhida no Dia 1. O microbioma foi analisado através da sequenciação de 16S rARN, mas, infelizmente, não pôde ser comparado às culturas standard de expetoração (exame citobacteriológico). Os doentes foram então monitorizados para determinar a sua taxa de sobrevivência um ano após esta hospitalização. De acordo com diferentes índices, existe uma correlação linear inversa entre a diversidade da microbiota e a mortalidade ao fim de um ano: quanto mais diversa for a microbiota, menor a mortalidade ao fim de um ano.

Uma combinação bacteriana perigosa

Neste estudo, foram descobertos dois géneros** como tendo um forte potencial de prognóstico. A primeira – Veillonella – é uma bactéria da flora oral comensal encontrada nos pulmões dos adultos. A sua ausência na expetoração dos doentes está associada a um risco de morte ao fim de um ano 13 vezes maior, e os doentes positivos para Veillonella (V+) têm, em média, um tempo de internamento menor que os doentes negativos para Veillonella (V-). Além disso, a presença de espécies do género Staphylococcus (S+) na expetoração está associada a um risco de morte ao fim de um ano 7 vezes maior e a hospitalizações mais longas. Não foi detetada uma maior comorbidade nos doentes com V/S+: a combinação destes dois critérios é extremamente desfavorável, pois os doentes com V-/S+ têm 85 vezes mais hipóteses de morrer no primeiro ano do que os doentes com V+/S-. Se estes resultados forem confirmados por outros estudos, a triagem para estes dois géneros bacterianos pode tornar-se um teste "standard" para identificar doentes com maior risco.

*Dados da Haute Autorité de Santé (HAS) Francesa
**A técnica utilizada não permitiu identificar espécies relevantes destes dois géneros.

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O chá verde é bom para a sua microbiota!

Beber chá, seja verde ou preto, pode preservar ou ajudar a restabelecer o equilíbrio da microbiota intestinal, podendo desta forma compensar alguns aspetos da disbiose causada pela obesidade ou por uma dieta rica em gorduras, de acordo com um estudo feito na Grã-Bretanha.

A microbiota intestinal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Green tea is good for your microbiota!

A nossa microbiota intestinal é dominada por dois grupos de bactérias, Bacteroidetes e Firmicutes com uma relação relativamente estável. Uma perturbação deste equilíbrio (disbiose) abre caminho ao desenvolvimento de uma variedade de perturbações (doenças inflamatórias ou infeciosas) e mesmo da obesidade. Sabe-se que uma composição microbiana equilibrada é um elemento chave para o bem-estar e a boa saúde de um indivíduo. Entre os principais influenciadores da nossa microbiota intestinal, a alimentação é, de longe, a mais influente. Mas parece que o que nós bebemos é igualmente importante.

A importância dos polifenóis

Além da água, o chá é a bebida mais consumida no mundo. O seu elevado teor em polifenóis reduz o número de algumas bactérias patogénicas e impede o seu crescimento. Para determinar com precisão toda a gama de efeitos do chá sobre as bactérias intestinais, dois investigadores ingleses reviram a literatura científica sobre este assunto. De acordo com os resultados, o consumo diário de chá verde (entre 400 e 1000 ml) modifica favoravelmente a composição do nosso ecossistema microbiano, levando a alterações que suportam o equilíbrio de Bacteroidetes/Firmicutes. Ao prevenir a disbiose, o chá poderá neutralizar os efeitos negativos da obesidade ou da dieta rica em gorduras, o que poderia explicar nos diversos estudos realizados, o consumo de chá está associado à perda de peso. Embora a maioria dos estudos se tenha centrado no chá verde, os aficionados do chá preto ou dos tipos de chá menos conhecidos como o Fuzhuan, Pu-erh ou Oolong, revelaram benefícios semelhantes.

São necessários mais estudos para comprovar as evidências científicas

É necessário compreender como os diferentes chás influenciam a microbiota intestinal e que níveis do consumo regular de chá são necessários nos adultos saudáveis e com peso normal. O papel do consumo de chá como objetivo de aliviar os sintomas de alguns distúrbios gastrointestinais deverá ser analisado mais detalhadamente, de acordo com os estudos.

 

Recomendado pela nossa comunidade

"Obrigado" - Martha Pineda (Da My health, my microbiota)

"Adoro chá verde com mel e limão" - Nelly Gustilo (Da My health, my microbiota)

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Fontes:

Bond Timothy, Derbyshire Emma. Tea Compounds and the Gut Microbiome:Findings from Trials and Mechanistic Studies. Reproductive Health. Nutrients 2019, 11, 2364; doi:10.3390/nu11102364

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Leite materno: a dieta durante a gravidez é crucial

O impacto da dieta na composição do leite materno é maior durante a gravidez do que durante a lactação e essa composição é conhecida por desempenhar um papel no desenvolvimento da microbiota intestinal dos recém-nascidos.

A microbiota intestinal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Actu GP : Lait maternel : l’alimentation pendant la grossesse est capitale

O método de alimentação utilizado influenciará diretamente a composição da microbiota intestinal dos recém-nascidos. O trato gastrointestinal de recém-nascidos alimentados por amamentação contém mais bifidobactérias e lactobacilos do que o de bebés alimentados com suplemento. Mas como é modulada a microbiota do leite materno? Vários estudos indicam que a dieta da mãe durante a gravidez e a lactação influencia a sua composição. Recentemente, outra hipótese sugere que as bactérias encontradas na microbiota intestinal da mãe migram para a glândula mamária.

Dois géneros bacterianos dominantes

Para se ter uma imagem mais clara, uma equipa de investigadores brasileiros analisou a composição microbiana do leite materno de 94 mulheres que tinham dado recentemente à luz. Dos 85 géneros bacterianos identificados, 3 estavam sistematicamente presentes e 10 foram encontrados na composição de pelo menos 90% das amostras de leite analisadas. Dois géneros eram maioritariamente dominantes: estreptococos e estafilococos, acreditando-se que estes desencadeiem a colonização do trato gastrointestinal dos bebés. As bifidobactérias e os lactobacilos, abundantes na microbiota intestinal de bebés amamentados, também estavam presentes, mas em quantidades mais baixas.

O efeito da vitamina C e dos ácidos gordos polinsaturados

Os investigadores examinaram os efeitos da dieta na microbiota durante a gravidez e durante o primeiro mês de amamentação. As duas principais descobertas foram:
- Apenas o consumo de vitamina C durante a gestação foi associado a um perfil bacteriano específico, dominado por estafilococos, sugerindo que tem impacto na microbiota do leite materno.
- O consumo de ácidos gordos polinsaturados (salmão, atum, entre outros) durante o período de lactação modificou ligeiramente a abundância de bifidobactérias.

Uma influência diferente antes e depois do parto

A dieta da mulher parece ter um efeito na diversidade microbiana e do leite. Contudo, essa influência parece ser mais forte durante a gravidez do que durante o período de lactação.

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Padilha Marina, Danneskiold-Samsøe Niels Banhos, Brejnrod Asker et al. The Human Milk Microbiota is Modulated by Maternal Diet. Reproductive Health. Microorganisms 2019, 7, 502

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A prevenção da vaginose bacteriana pode depender do que come

De acordo com um estudo, a ingestão reduzida de betaína, encontrada na beterraba, marisco, sêmea de trigo e espinafres, pode aumentar o risco de vaginose. A betaína também desempenha um papel fundamental na saúde hepática, cardiovascular e renal.

A microbiota vaginal Vaginose bacteriana - um desequilíbrio na microbiota vaginal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Actu GP : La prévention des vaginoses bactériennes pourrait passer par l’assiette

45% Quase 1 em cada 2 mulheres afirmam fazer duches vaginais, apesar de serem prejudiciais para a sua microbiota vaginal

 

A vaginose bacteriana é uma perturbação feminina frequente e difícil de tratar causada por um desequilíbrio na microbiota vaginal e caracterizada por uma diminuição de lactobacilos e um aumento de bactérias potencialmente prejudiciais, especialmente a Gardnerella vaginalis. Apesar do tratamento com antibióticos, cerca de 60% das mulheres afetadas terão uma reincidência no ano seguinte.

Mudança de método

Uma vez que se suspeita que existe uma ligação entre os níveis de alguns nutrientes no sangue e o risco de vaginose bacteriana, foram realizados vários estudos, mas os resultados tendem a ser inconsistentes. Um novo estudo publicado na Reproductive Health aponta nesse sentido e adotando novos métodos, que têm por base zaragatoas vaginais ou endpoints clínicos que se focam principalmente na vitamina D. Para examinar a associação entre a utilização de suplementos alimentares e a vaginose bacteriana, analisaram a composição da microbiota vaginal de 104 mulheres jovens, 25% das quais com vaginose bacteriana. Os investigadores também analisaram a sua ingestão diária de micro e macronutrientes com base nas respostas a um questionário de referência. Os investigadores também fizeram uma revisão da literatura científica sobre o tema.

Maior ingestão de betaína?

Os cientistas conseguiram criar o perfil das mulheres com vaginose: estas mulheres fazem duches vaginais mais frequentemente, têm um alto índice de massa corporal e usam menos frequentemente um método de contraceção hormonal, em comparação com mulheres com uma microbiota vaginal equilibrada. Em geral, as que ingerem menos nutrientes têm um risco menor de vaginose. No entanto, a betaína é a única exceção, uma vez que a sua ingestão reduzida aumenta o risco. In vitro, essa substância parece estimular a sobrevivência de lactobacilos e a produção de ácido láctico, prevenindo a colonização por agentes patogénicos. Segundo este estudo, a microbiota vaginal promove o equilíbrio bacteriano direta ou indiretamente através da microbiota intestinal. Esta descoberta abre novas perspetivas para limitar o risco de vaginose, como aumentar a ingestão de betaína alterando a dieta ou usando suplementos alimentares.

 

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Tuddendham Susan, Ghanem Laura E., Rovner Lisha J. et al. Associations between dietary micronutrient intake and molecular-Bacterial Vaginosis. Reproductive Health.2019 Oct 22;16(1):151

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A nossa microbioita intestinal pode descender dos babuínos?

De acordo com um estudo que está a agitar as nossas convicções em termos de evolução da microbiota, a microbiota intestinal é significativamente influenciada pelo meio ambiente e pela dieta e não resulta da coevolução entre o ecossistema microbiano e seu hospedeiro.

A microbiota intestinal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal

O estudo da evolução da microbiota intestinal levou muitos investigadores a compararem humanos com primatas. Os seus trabalhos, desenvolvidos num número limitado de espécies, indicaram que as bactérias encontradas na nossa microbiota intestinal descendem de bactérias que colonizaram o trato gastrointestinal dos nossos antepassados comuns e que co evoluíram. No entanto, embora os humanos estejam geneticamente próximos dos grandes primatas (bonobos, chimpanzés), o sistema digestivo é mais próximo do dos macacos do Velho Mundo (babuínos, macacos do género Macaca) cujo ambiente e hábitos alimentares são bastante semelhantes aos dos humanos.

Uma microbiota mais próxima da dos macacos do Velho Mundo

Para corroborar a hipótese de que estes dois parâmetros têm um impacto muito maior na composição da microbiota intestinal do que se acreditava, uma equipa americana comparou a flora bacteriana e as suas diferentes funções em populações humanas que viviam em países industrializados ou não industrializados com a de 18 espécies de primatas selvagens. Embora a microbiota intestinal das populações que viviam em países industrializados fosse muito diferente da dos primatas, a das populações que viviam em países não industrializados era, pelo contrário, muito semelhante. Havia, no entanto, diferenças: quando comparada à microbiota de outros primatas, a dos humanos tem características microbianas únicas (contém algumas espécies, mas outras estão em falta), vias funcionais específicas e uma maior variabilidade inter individual. Este último parâmetro pode explicar a adaptabilidade superior dos humanos a novos ambientes. Mais surpreendentemente, a microbiota intestinal dos humanos tem mais semelhanças com a dos babuínos do que com a dos seus antepassados macacos.

A influência do meio ambiente é subestimada

Estes resultados enfatizam a influência do ambiente, da dieta e das adaptações fisiológicas na composição da microbiota intestinal, especialmente nas suas capacidades funcionais e desmentem a ideia de que é, quase exclusivamente, o resultado da coevolução das bactérias e do seu hospedeiro. Os investigadores acreditam que estas descobertas fornecem uma nova perspetiva sobre o papel da microbiota intestinal na evolução da humanidade.

 

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Amato Katherine R., Mallott Elizabeth K., McDonald Daniel et al. Convergence of human and Old World monkey gut microbiomes demonstrates the importance of human ecology over phylogeny. Genome Biology. 20:201 2019

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Quando uma bactéria produz álcool, o fígado sofre!

A esteato-hepatite não alcoólica, ou doença hepática gordurosa não alcoólica, pode ocorrer parcialmente devido à produção de álcool por uma espécie bacteriana que invade a microbiota intestinal.

A microbiota intestinal Síndrome metabólica
Actu GP : Quand une bactérie produit de l’alcool, c’est votre foie qui trinque !

A esteato-hepatite não alcoólica é caracterizada pelo excesso de gordura no fígado, não estando relacionada com o consumo excessivo de álcool. Sem tratamento, o fígado fica inflamado e deteriora-se progressivamente: essa disfunção é então nomeada esteato-hepatite não alcoólica (NASH) e pode evoluir para fibrose, cirrose e, por fim, carcinoma hepatocelular. Está frequentemente associada a doenças metabólicas como a obesidade e a perturbações da microbiota intestinal. No entanto, não conhecemos os mecanismos exatos responsáveis pelo início desta doença.

Bactérias produtoras de álcool

Enquanto estudavam o caso de um doente com NASH e (sidenote: A síndrome da fermentação intestinal é caracterizada por um estado de intoxicação após uma refeição com alto teor de açúcar e sem o consumo de álcool. ) , investigadores chineses descobriram que as bactérias poderiam ser a sua causa, atribuída a leveduras até então. A análise das fezes revelou a presença de bactérias Klebsiella pneumoniae, capazes de produzir grandes quantidades de álcool, em valores até 900 vezes superiores ao normal. O estudo foi ampliado para incluir 43 doentes com esteato-hepatite não alcoólica e mostrou que 60% deles hospedavam esse tipo de bactérias na sua microbiota intestinal, versus apenas 6% dos indivíduos saudáveis. Para além de outros dados, os investigadores fizeram com que ratinhos saudáveis absorvessem essas bactérias: após 4 semanas, os ratinhos também desenvolveram doença hepática gordurosa. Os danos hepáticos foram tão pronunciados quanto os induzidos pelo consumo excessivo de álcool também em ratinhos. Finalmente, observaram que a administração de glicose a ratinhos doentes que hospedavam este tipo de bactéria poderia ser uma forma viável para a deteção de álcool no sangue. Com efeito, as bactérias precisam de açúcar para produzir álcool; e este é o principio base para a fermentação alcoólica!

Um teste à base de açúcar?

Estas descobertas podem levar ao desenvolvimento de testes de diagnóstico simples e eficazes baseado no açúcar. Os investigadores acreditam que detetar álcool no sangue após a absorção de glicose pode indicar a presença de quantidades excessivas desta bactéria e pode conduzir ao desenvolvimento de um tratamento antibiótico direcionado a K. pneumoniae.

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Yuan Jing, Chen Chen, Cui Jinghua et al. Fatty Liver Disease Caused by High-Alcohol-Producing Klebsiella pneumoniae. Cell Metab. 2019; Volume: 30(4):675-688.e7.

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Vaginose bacteriana: poderá haver em breve um transplante de microbiota vaginal?

O sucesso do transplante de microbiota fecal no tratamento de infeções recorrentes por Clostridium difficile poderá se estender ao transplante de microbiota vaginal no tratamento da vaginose bacteriana? Esse é o objetivo de uma equipa de investigadores americanos que espera conseguir explicar.

A microbiota vaginal Vaginose bacteriana - um desequilíbrio na microbiota vaginal
Actu GP : Vaginose bactérienne : bientôt une greffe de microbiote vaginal ?

35% Apenas 1 em cada 3 mulheres sabe que a vaginose bacteriana está associada a um desequilíbrio da microbiota vaginal

 

Uma microbiota vaginal saudável é caracterizada por uma diversidade bacteriana muito baixa e pela predominância de uma ou de algumas espécies de lactobacilos. Como se sabe, uma elevada diversidade e níveis reduzidos de lactobacilos desequilibram a microbiota, o que acontece no caso da vaginose bacteriana. Trata-se de uma infeção benigna, mas predispõe para infeções sexualmente transmissíveis, infeções do trato urinário, que aumentam o risco de parto prematuro. Embora eficazes a curto prazo, os antibióticos não previnem reincidências, que atingem uma taxa de 70% em 3 meses. Poderá o transplante de microbiota vaginal ser a solução?

Doadoras cuidadosamente selecionadas

Uma equipa americana pediu a 20 voluntárias que preenchessem um questionário-padrão com questões adicionais relacionadas com saúde e sexo: infeções vaginais, número de parceiros, uso de preservativos e método de contraceção. Após a conclusão de exames clínicos e biológicos que determinaram o seu estado infecioso, os investigadores analisaram a composição da sua microbiota vaginal. Este cuidadoso protocolo de seleção de doadoras permitiu-lhes determinar o “enxerto” ideal: secreções vaginais com um alto teor de lactobacilos, que levam a um pH ácido e garantem uma melhor proteção contra germes infeciosos.

Critérios de inclusão rigorosos

Os autores sugeriram estender o processo de seleção a muitas outras infeções, além das geralmente previstas em transplantes padrão e também recomendaram vários critérios de exclusão: exposição prévia ao vírus do herpes, historial de infeções recorrentes do trato urinário, presença de bactérias "estranhas" na microbiota vaginal. As doadoras também deveriam abster-se de relações sexuais durante pelo menos 30 dias antes da colheita da amostra, e não poderiam fazer nenhum tratamento hormonal. Assim, a proporção de mulheres elegíveis foi reduzida para 35% – um número que deveria ser ainda menor em condições reais. Além disso, as potenciais recetoras não devem ser dispensadas do despiste de IST, não como critério de exclusão, mas para garantir que recebem o acompanhamento pós-transplante mais seguro possível.

 

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Fontes

DeLong K, Bensouda S, Zulfiqar F et al. Conceptual Design of a Universal Donor Screening Approach for Vaginal Microbiota Transplant. Front. Cell. Infect. Microbiol. 2019 Aug 28;9:306.

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