Acne severa: qual o papel da microbiota cutânea?

Os mecanismos que causam acne severa afetam 20% das pessoas com esta patologia, ainda são pouco compreendidos. Um novo caminho de investigação revela que a Cutibacterium acnes ou C. acnes, anteriormente chamada de Propionibacterium acnes, é uma bactéria que pode desempenhar um papel no seu desenvolvimento.

A microbiota da pele Acne e microbiota
Actu GP : Acné sévère : quel rôle joue le microbiote cutané ?

 

A acne é um verdadeiro flagelo para os adolescentes, afetando até 85% da população entre os 11 e os 30 anos. Essa doença inflamatória da pele, que pode ser mais ou menos grave, afeta várias partes do corpo, nomeadamente o rosto, as costas ou o peito. Será a microbiota da pele a culpada? Os estudos até agora realizados ainda não identificaram as bactérias responsáveis pela acne grave. Por isso, uma equipa de investigadores franceses decidiu conduzir o seu próprio estudo... com resultados surpreendentes!

Microbiota menos abundante, mas com mais Enterococcus

Foram recolhidas amostras da microbiota da pele de 24 pessoas com acne, das costas (área de acne grave) e do rosto (acne leve a moderada), sendo posteriormente comparadas com as de 12 voluntários saudáveis. A análise revelou que as costas das pessoas com acne hospedavam menos bactérias, mas possuíam um maior conteúdo de Enterococcus, entre outras espécies; já na zona da face, os estafilococos eram significativamente predominantes, ao contrário das bactérias da família Propionibacteriaceae, que eram menos abundantes em pessoas com acne, mas mais abundantes em pessoas saudáveis. A família Propionibacteriaceae parece, portanto, ser um marcador de pele saudável. Contudo, este fator é um verdadeiro paradoxo, pois a C. acnes, é conhecida por ser uma das bactérias responsáveis pela acne, faz parte dessa família!

Uma questão de equilíbrio

Desta forma, a acne parece estar relacionada com uma perturbação da microbiota da pele (ou disbiose) e sua gravidade associada a uma diminuição da diversidade e abundância bacteriana. Segundo os autores, mais do que a superabundância de C. acnes, é o desequilíbrio entre as famílias Propionibacteriaceae e estafilococos, competindo entre si, que induz a alterações no pH da pele e desencadeia o processo inflamatório. Esta descoberta abre caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos anti-acne baseados na restauração da microbiota da pele. Ao melhorar a qualidade será possível impedir a colonização por bactérias oportunistas.

 

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Dagnelie MA, Montassier E, Khammari A et al. Inflammatory skin is associated with changes in the skin microbiota composition on the back of severe acne patients. Exp Dermatol. 2019; doi.org/10.1111/exd.13988

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As infeções respiratórias agudas em crianças podem ser determinadas pela microbiota nasal?

Por que razão algumas crianças são mais vulneráveis do que outras a infeções respiratórias agudas em geral e, em particular, a infeções das vias aéreas inferiores (traqueia, brônquios, pulmões)? Os autores de um estudo publicado no British Medical Journal questionam o papel da microbiota nasal, cuja composição pode determinar a frequência e a gravidade destas infeções.

A microbiota ORL Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Les infections respiratoires aiguës infantiles, déterminées par le microbiote nasal ?

 

Seja uma simples constipação, ou uma doença mais grave, as infeções respiratórias agudas são muito frequentes nos primeiros anos de vida. As infeções das vias aéreas inferiores (principalmente pneumonia e bronquiolite) são a principal causa de hospitalização em crianças menores de 5 anos. Mas, enquanto algumas crianças têm infeções umas após as outras (5 a 7 por ano) ou contraem formas graves, outras são capazes de iludir os micróbios. Obviamente que há fatores de risco conhecidos (prematuridade, creche, idade) que podem explicar essa diferença de sensibilidade, mas apenas parcialmente. Será que a microbiota nasal pode ter um papel nesta questão?

5 perfis de microbiota

Uma equipa de investigadores finlandeses analisou os resultados um estudo de grande dimensão que incluiu 839 recém-nascidos saudáveis, monitorizados desde o nascimento até os dois anos de idade. Com base nas amostras da microbiota nasal recolhidas aos dois meses de idade, foram identificados 5 perfis diferentes, de acordo com o grupo bacteriano dominante: Moraxella (30,4%), Streptococcus (22,4%), Dolosigranulum (22,4%), Staphylococcus (17,9%) e Corynebacteriaceae (6,9%). Os cientistas concluíram que a frequência de infeções respiratórias agudas dependia de cada um dos perfis.

Mais Moraxella, mais infeções

Os resultados do estudo indicaram que as microbiotas dominadas pela bactéria Moraxella eram menos abundantes e menos diversificadas, estando associadas a uma maior incidência de infeções respiratórias agudas, principalmente infeções das vias aéreas inferiores, e a sintomas mais duradouros. As crianças afetadas também partilhavam outros fatores: tinham mais irmãos e eram mais propensas a ter sintomas respiratórios leves logo aos dois meses de idade. Foi também observado nas crianças cuja microbiota era dominada pelas bactérias Staphylococcus; em sentido inverso, as crianças com um perfil dominado pela bactéria Corynebacteriaceae ficavam doentes com menos frequência.

Identificação de crianças em risco

Apesar de alguns limites reconhecidos pelos autores, este estudo substancia uma ligação entre a microbiota nasal e incidência / gravidade das infeções respiratórias agudas. São agora necessários mais estudos para elucidar as complexas interações entre esse ecossistema, a imunidade e as infeções, com o objetivo de identificar as crianças que correm um maior risco.

 

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Toivonen L, Hasegawa K, Waris M et al. Early nasal microbiota and acute respiratory infections during the first years of life. Thorax. 2019 Jun;74(6):592-599.

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Será a microbiota da bexiga responsável por infeções recorrentes do trato urinário em mulheres na pós-menopausa?

Por que razão serão as mulheres na pós-menopausa mais suscetíveis a infeções recorrentes do trato urinário? Será que existe uma alternativa aos antibióticos, que muitas vezes não resolvem o problema? Para responder a estas perguntas, investigadores americanos descobriram um caminho promissor: a microbiota da bexiga (ou microbiota urinária).

A microbiota urinária Cistite e microbiota
Actu GP : Infections urinaires récurrentes a la ménopause, la faute au microbiote de la vessie ?

 

As infeções do trato urinário inferior (cistite) e superior (pielonefrite) são geralmente atribuídas à migração de bactérias nocivas do ânus para a vagina e depois para a bexiga. Estas são um verdadeiro problema de saúde, pois afetam anualmente pelo menos 150 milhões de mulheres em todo o mundo, particularmente as que estão na pós-menopausa. A (sidenote: Recaídas são definidas por mais de 3 episódios não complicados por ano ou pelo menos 2 num período de 6 meses. ) * chega a ser 55% contra 16-36% nas mulheres na pré-menopausa. O único tratamento disponível é a antibioterapia a longo prazo. Infelizmente, muitas vezes esta é um terapêutica ineficaz e mal tolerado por mulheres mais idosas, não previne as recaídas e contribui para a resistência aos antibióticos.

Bactérias incomuns

Para entender os mecanismos subjacentes, uma equipa de investigadores americana analisou 14 mulheres na pós-menopausa. As biópsias da bexiga revelaram a presença de várias espécies bacterianas, até as camadas mais profundas da parede da bexiga. Além de patogénicos urinários conhecidos, frequentemente observados em mulheres na pré-menopausa (principalmente Escherichia coli), os cientistas descobriram espécies raramente associadas a infeções do trato urinário. Na sua opinião, estas últimas são verdadeiros “reservatórios” que potenciam as recaídas e são responsáveis pela resistência ao tratamento.

Mecanismo de defesa mais específico

A resposta imunitária do organismo parece desempenhar um papel fundamental na predisposição de mulheres na pós-menopausa a infeções recorrentes do trato urinário. Porém, ao contrário das observações feitas em ratinhos, a inflamação crónica da parede da bexiga humana desencadeia uma resposta imunitária adaptativa, ou seja, uma segunda linha de defesa que é mais específica e envolve células especializadas no reconhecimento de alvos.

Vários fatores

Embora este estudo explique parcialmente os mecanismos subjacentes, o papel das bactérias envolvidas na microbiota urinária ainda não foi completamente esclarecido, bem como o do processo inflamatório e da imunidade adaptativa. Além disso, como lembram os autores, existem outros fatores de risco, nomeadamente o número de gestações, alterações hormonais associadas à menopausa (déficit de estrogénios) e a presença de algumas bactérias na flora vaginal.

 

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N.J. De Nisco, M. Neugent, J. Mull, et al. Direct Detection of Tissue-Resident Bacteria and Chronic Inflammation in the Bladder Wall of Postmenopausal Women with Recurrent Urinary Tract Infection. Journal of Molecular Biology, 2019 Oct 4;431(21):4368-4379.

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Dietas vegetarianas e vegans são saudáveis?

Uma dieta saudável é essencial para o desenvolvimento e proteção da microbiota intestinal, que transforma os nutrientes absorvidos. Contudo, para proteger o nosso intestino e a nossa saúde, devemos comer um pouco de tudo ou apostar nos vegetais e restringir - ou até eliminar - os produtos animais da nossa alimentação? A resposta a esta pergunta pode ser encontrada na literatura científica.

A microbiota intestinal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal

 

Será que Pitágoras estava certo? O “pai” do vegetarianismo (e do veganismo, livre de qualquer produto de origem animal) ainda não sabia que uma microbiota intestinal saudável é o resultado do equilíbrio entre dois grandes grupos de bactérias: Bacteroidetes e Firmicutes. Contudo, sabemos atualmente que uma microbiota equilibrada é tipicamente associada a uma alimentação rica em frutas, vegetais e cereais e pobre em açúcares, gorduras e proteínas animais. Já a dieta ocidental, que inclui alimentos opostos, pode ser prejudicial à microbiota e promover a obesidade.

Cuidado com as crenças populares!

Contudo, a realidade não é tão simples: um extenso trabalho sobre as Bacteroidetes e as Firmicutes demonstrou que, se algumas espécies desse grupo bacteriano são verdadeiramente mais abundantes nas pessoas vegetarianas e vegans (Prevotella e Ruminococcus), outras (como as Bacteroides) são mais abundantes em pessoas que comem com frequência proteínas e gorduras animais. É por esse motivo que vários estudos demonstraram que um desequilíbrio entre Bacteroidetes e Firmicutes afeta o índice de massa corporal e o peso, mas com resultados contraditórios!

Fibras benéficas

As fibras são elementos que favorecem a existência de bactérias "boas" na microbiota intestinal. Estas também promovem o crescimento de espécies que degradam fibras em ácidos gordos de cadeia curta, isto é, moléculas com propriedades anti-inflamatórias. Além disso, os polifenóis, antioxidantes muito abundantes em frutas como maçãs e uvas, também promovem o crescimento de algumas espécies bacterianas com efeitos protetores (Bifidobacterium e Lactobacillus). Em conclusão: Se a microbiota intestinal de vegetarianos e vegans for mais abundante e diversificada, pode ajudar a prevenir doenças inflamatórias, cardiovasculares e também o surgimento da obesidade.

Interações precisam de ser mais exploradas

A longo prazo, as dietas vegetarianas e vegans parecem ser a forma mais eficaz de garantir a diversidade e a abundância na microbiota intestinal, um pré-requisito para uma boa saúde. No entanto, os investigadores concluíram que devido às diferenças entre os indivíduos (etnia, por exemplo) e por ser um assunto complexo, são necessários estudos adicionais de forma a caracterizar as interações entre a dieta e a microbiota intestinal e medir melhor o seu impacto na saúde.

 

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Tomova A, Bukovsky I, Rembert E et al. The Effects of Vegetarian and Vegan Diets on Gut Microbiota. Front. Nutr. 2019 Apr 17;6:47.

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Existe uma relação entre o aborto recorrente e a microbiota vaginal?

Um desequilíbrio bacteriano na microbiota vaginal está presente em mulheres que abortam de forma recorrente e inexplicável, segundo um pequeno estudo chinês que contempla novas perspetivas para prevenir esse doloroso acontecimento.

A microbiota vaginal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Actu GP : Fausses couches à répétition : un lien avec le microbiote vaginal ?

Entre 1 a 2% das mulheres que engravidam sofrem de aborto recorrente (pelo menos três gestações interrompidas sucessivas antes de 12 semanas de gestação). Na esmagadora maioria dos casos a causa é desconhecida, mas suspeita-se que um desequilíbrio da microbiota vaginal (disbiose) tenha um papel no assunto, tendo esta já sido reconhecida como fator de risco para parto prematuro e baixo peso ao nascer. Pelo contrário, é sabido que uma flora vaginal saudável, dominada por lactobacilos, previne infeções do trato urogenital (vaginose bacteriana, micoses, infeções do trato urinário ou infeções sexualmente transmissíveis).

Menor abundância de lactobacilos

Para testar essa hipótese, os investigadores estudaram dois grupos com 10 pessoas cada, um com mulheres que abortam de forma recorrente e outro com voluntárias saudáveis. Foram recolhidas e analisadas amostras vaginais e os resultados descreveram que existe uma diferença significativa na composição da microbiota. A microbiota das mulheres que sofrem de abortos recorrentes apresentou, em comparação com a das mulheres do grupo de “controlo”, um conteúdo mais elevado de três tipos de bactérias. Os autores também observaram diferenças na expressão de algumas vias funcionais celulares (metabolismo das vitaminas, motilidade celular), que embora pouco significativas, levantam questões e devem ser mais exploradas.

Disbiose vaginal: causa ou consequência?

Análises posteriores mostraram que um aborto espontâneo pode provocar uma alteração significativa da composição da microbiota vaginal e que os desequilíbrios nesse ecossistema podem, por sua vez, promover o risco de aborto. Embora não tenham sido capazes de determinar se a disbiose vaginal foi causa ou consequência do aborto, os investigadores chineses sugerem que o equilíbrio bacteriano de mulheres em risco deve ser restaurado através de melhores práticas de saúde ou do uso de probióticos.

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Zhang F, Zhang T,  Yingying M et al. Alteration of vaginal microbiota in patients with unexplained recurrent miscarriage. Exp Ther Med. 2019 May;17(5):3307-3316. 

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Antibióticos durante o primeiro ano de vida aumentam risco de desenvolver doença celíaca

Crianças expostas a antibióticos no início da vida correm um risco maior de desenvolver doença celíaca, um distúrbio intestinal desencadeado pela absorção de glúten, segundo um estudo de grande dimensão realizado na Dinamarca e na Noruega.

A microbiota intestinal Diarreia associada a antibióticos Doença celíaca

A doença celíaca é uma patologia digestiva autoimune causada pela ingestão de glúten, uma proteína que se encontrada em alguns cereais. Embora seja necessária uma predisposição genética para o desenvolvimento desse distúrbio autoimune (relacionado com um sistema imunológico hiperativo) – que é diferente da intolerância ao glúten -, outros fatores estão envolvidos. Sabe-se que os antibióticos são frequentemente responsáveis, por causarem um desequilíbrio na microbiota intestinal (envolvida na maturação do sistema imunológico).

Se estiver interessado nos efeitos dos antibióticos na sua saúde e na sua microbiota, ou se quiser saber mais sobre a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), recomendamos-lhe que vá a esta outra página:

Antibióticos: que impacto na microbiota e na saúde?

Saiba mais

Análise maciça

Uma equipa de investigadores escandinava analisou os dados dos registos de nascimento na Dinamarca (de 1995 a 2012) e na Noruega (de 2004 a 2012), bem como as prescrições de antibióticos em crianças com menos de 2 anos. No total, mais de 1,7 milhão de crianças, incluindo 3.346 com doença celíaca, foram incluídas no estudo. Os cientistas também examinaram vários parâmetros maternos (tais como a idade da gravidez, a duração da amamentação, a presença de tabagismo materno ou o índice de massa corporal antes da gravidez). Por fim, questionou-se as mães que doenças afetaram os seus filhos quando estes tinham menos de 18 meses e foi investigado todo os registos hospitalares de infeções prevalentes em bebés com menos de um ano de idade.

Mais antibióticos = aumento do risco!

Os resultados revelaram que existe uma relação positiva entre a exposição a antibióticos durante o primeiro ano de vida e o risco de desenvolver doença celíaca nos dois grupos. Esse risco aumenta proporcionalmente consoante a quantidade de antibióticos ingeridos. Contudo, não foi encontrada uma relação com o tipo de antibióticos usados ou com a idade do bebé durante o tratamento. Os resultados também excluem qualquer ligação com outras doenças - sejam elas autoimunes ou não - e com a amamentação. Os autores consideram que resta determinar se é um efeito independente ou uma interação com outros fatores de risco, como infeções, e encorajam outras investigações a prosseguir com seu trabalho.

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A antibioticoterapia está associada a um aumento na suscetibilidade a várias doenças crônicas, como obesidade, diabetes, síndrome do intestino irritável, câncer colorretal, asma ou dermatite atópica. Durante os 2 anos após o nascimento, é ainda mais perigoso usar antibióticos, pois é o período de desenvolvimento de nosso sistema intestinal e imunológico.

O que é a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM?

Todos os anos, desde 2015, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), que tem como objetivo aumentar a sensibilização para a resistência antimicrobiana mundial.

A resistência antimicrobiana ocorre quando as bactérias, vírus, parasitas e fungos alteram-se com o tempo e já não respondem aos medicamentos. Como resultado da resistência aos medicamentos, os antibióticos e outros medicamentos antimicrobianos tornam-se ineficazes e as infeções tornam-se cada vez mais difíceis ou impossíveis de tratar, aumentando o risco de propagação de doenças, doenças graves e morte.

Realizada entre 18 e 24 de novembro, esta campanha incentiva o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizar cuidadosamente antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasíticos, de forma a evitar o surgimento futuro de resistência antimicrobiana. 

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No Japão, as famílias partilham as suas microbiotas no banho!

Partilhar a água da banheira é uma tradição singular, mas profundamente enraizada na terra do sol nascente. Esta partilha pode favorecer as trocas bacterianas entre os membros da família e desempenhar um papel no desenvolvimento de uma “microbiota familiar” com muitas características comuns.

A microbiota intestinal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Actu GP : Au japon, le microbiote se partage dans le bain !

 

Fatores ambientais, como a alimentação ou o contacto com microrganismos maternos (da vagina e da pele) durante o parto ou nos primeiros momentos da vida, são fundamentais para o desenvolvimento da microbiota intestinal desde o nascimento e, posteriormente, na sua composição ao longo da vida. Contudo, há alguns fatores que podem ser muito surpreendentes!

No Japão, as famílias tomam banho juntas!

Um desses fatores é o facto de a família partilhar as suas bactérias! É sabido que cada habitação hospeda o seu próprio ecossistema bacteriano, modulado principalmente pelos membros da família. Mas isso é ainda mais evidente no Japão, país onde a partilha do banho é uma prática comum que não está exclusivamente relacionada com a higiene. Trata-se sobretudo de um ritual de relaxamento que ajuda a fortalecer os laços familiares através das gerações. Segundo a tradição, pais e filhos precisam de se lavar com sabão e enxaguar antes de tomar banho, juntos ou um a seguir ao outro. Estes entram na banheira limpos e essa água é depois usada por todos os membros da família. Desta forma, é reunida de forma sucessiva parte das bactérias intestinais - especialmente as bifidobactérias, que se encontram em maior quantidade no povo japonês.

Troca de bactérias

Algumas bactérias não resistem ao calor da água ou imersão prolongada (durante uma ou mais horas). Mas as análises realizadas em 5 famílias japonesas - 21 pessoas no total - concluíram que cerca de 10% dos microrganismos identificados na água do banho e na microbiota intestinal dos participantes eram os mesmos. Como descoberta adicional, percebeu-se que a composição da microbiota intestinal é mais semelhante entre os membros da família que tomam banho juntos. Os investigadores concluíram que, assim como a transmissão de bactérias de mãe para filho, pode ocorrer pela partilha da água do banho, que funciona como um fator ambiental bidirecional da colonização da microbiota intestinal.

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Odamaki T, Bottacini F, Mitsuyama E et al. Impact of a bathing tradition on shared gut microbe among Japanese families. Nature. Scientific Reports (2019) 9:4380

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Microbiota infantil: as desvantagens de uma cesariana podem ser atenuadas através da amamentação?

Embora o nascimento por cesariana afete a estrutura e a composição da microbiota intestinal dos recém-nascidos, a amamentação exclusiva pode restaurá-la parcialmente, de acordo com um estudo chinês publicado na revista Frontiers in Microbiology.

A microbiota intestinal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Actu GP : Microbiote infantile : les inconvénients de la césarienne réduits par l’allaitement ?

A cesariana, o leite artificial e os antibióticos estão regularmente associados ao aumento dos riscos de obesidade, de alergias ou mesmo de diabetes mellitus. O que é que todos estes aspetos têm em comum? Todos parecem perturbar a colonização bacteriana do trato gastrointestinal que começa logo após o nascimento. Contudo, ainda são desconhecidos os efeitos individuais de cada um desses parâmetros, bem como o seu impacto combinado, sobre a estrutura e a composição da microbiota intestinal. Para tentar encontrar uma resposta, investigadores analisaram a flora bacteriana de 120 bebés com seis semanas de vida, divididos em grupos tendo em conta o tipo de parto, o tipo de aleitamento materno (alimentação exclusiva ou mista) e a exposição a antibióticos desde o nascimento.

Baixo conteúdo de bifidobactérias

Os cientistas observaram que a microbiota intestinal dos recém-nascidos nascidos através de cesariana tinham significativamente menos bifidobactérias (que promovem uma boa saúde intestinal e imunológica) e um conteúdo aumentado de dois tipos de bactérias potencialmente prejudiciais, quando comparada com a das crianças nascidas de parto vaginal. A microbiota intestinal das crianças amamentadas foi, no entanto, semelhante entre os bebés que alternaram entre o leite materno e a fórmula. Mas, ao combinar essas duas variáveis, os autores concluíram que o tipo de alimentação apenas teve impacto nas crianças nascidas por cesariana. E se a microbiota desses bebés foi alterada pelo leite materno? Ao testar essa hipótese, os investigadores observaram que a microbiota de bebés nascidos por cesariana e amamentados exclusivamente a leite materno era muito semelhante à dos bebés nascidos de parto normal. A exposição a antibióticos, no entanto, não teve impacto na flora intestinal. Os investigadores acreditam se deve, provavelmente, ao facto de os medicamentos terem sido administrados por um curto período de tempo e em doses baixas.

Cesariana + leite materno = microbiota saudável

Este estudo fornece novas perspetivas sobre uma questão controversa, uma vez que apenas o tipo de parto parece ter impacto na estrutura e composição da microbiota intestinal dos recém-nascidos. Também revela que, em caso de nascimento por cesariana, a microbiota dos recém-nascidos pode ser parcialmente restaurada através do aleitamento materno exclusivo, revelando novos benefícios dessa prática fortemente recomendada pela Organização Mundial da Saúde.

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Liu Y, Qin S, Song Y et al. The Perturbation of Infant Gut Microbiota Caused by Cesarean Delivery Is Partially Restored by Exclusive Breastfeeding. Front. Microbiol. 10:598.

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Poderá a pele do sopa ser uma nova arma contra as micoses?

Bactérias isoladas da pele de um sapo do Panamá podem ser a nova arma contra a aspergilose, uma micose causada por fungos do género Aspergillus. Em humanos, esta micose pode, por vezes, provocar infeções respiratórias graves, cada vez mais resistentes aos chamados tratamentos "antifúngicos" padrão.

A microbiota da pele Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal

 

Como é que algumas espécies de sapos resistiram ao surto de quitridiomicose, uma infeção fúngica que dizimou as populações de anfíbios em todo o mundo? Pensa-se que pode ter sido graças à presença, na microbiota da sua pele, de bactérias capazes de combater o fungo Batrachochytrium dendrobatidis, responsável por esta doença.

Uma liderança terapêutica contra a aspergilose?

Para se ter certeza, os investigadores isolaram várias cepas bacterianas que colonizam a pele de 7 espécies de sapos que vivem no Panamá, um país particularmente afetado pela epidemia. Estes decidiram então investigar se a bactéria B. dendrobatidis conseguiria interromper o desenvolvimento do fungo e bloquear o crescimento de Aspergillus fumigatus, um fungo que causa mais de 80% da aspergilose humana. O objetivo dos autores era desenvolver terapias alternativas assentes em mecanismos de ação diferentes dos agentes antifúngicos padrão.

Salvando a própria pele... graças à pele!

A bactéria Pseudomonas cichorii, presente na pele de sapos, ocupa o primeiro lugar como o antifúngico mais potente, graças à produção de dois compostos ativos, um dos quais demonstrou, em testes de laboratório, ter uma forte capacidade de interromper o crescimento de fungos patogénicos B. dendrobatidis e A. fumigatus. Esta descoberta ainda precisa de confirmação em organismos vivos para demonstrar que a Pseudomonas cichorii impede realmente o desenvolvimento das infeções fúngicas. Perante isto, os sapos do Panamá podem ter escapado de uma extinção maciça causada por um fungo assassino, graças à sua pele! As bactérias da pele responsáveis pela sua sobrevivência poderiam perfeitamente ser usadas para desenvolver novos fármacos naturais contra a aspergilose humana.

 

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Martin HC, Ibáñez R, Nothias LF, et al. Viscosin-like lipopeptides from frog skin bacteria inhibit Aspergillus fumigatus and Batrachochytrium dendrobatidis detected by imaging mass spectrometry and molecular networking. Scientific Reports 2019 Feb 28;9(1):3019.

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Esquizofrenia e microbiota: uma relação confirmada?

Um estudo realizado na China coloca a hipótese da existência de uma relação entre o desequilíbrio da microbiota intestinal (disbiose) e a esquizofrenia, uma perturbação psiquiátrica que afeta entre 0,5 e 1% da população mundial.

A microbiota intestinal Esquizofrenia e eixo intestino-cérebro Transplante fecal
Actu GP : Schizophrénie et microbiote : un lien confirmé ?

São inúmeros os estudos que confirmam a existência de uma correlação entre a (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) intestinal e a esquizofrenia, tendo em conta fatores já conhecidos, nomeadamente o risco de desenvolver a doença (10 a 20 vezes superior) em caso de infeção pré-natal; perturbações gastrointestinais frequentes associadas a uma disbiose nos doentes esquizofrénicos; bem como perturbações nos sistemas neurológico, imunológico e hormonal, cuja maturação está intimamente ligada à microbiota intestinal. Desta forma, os investigadores chineses compararam a microbiota de indivíduos saudáveis com a de doentes esquizofrénicos, antes de transferirem a flora humana "esquizofrénica" e desequilibrada em ratinhos com uma microbiota saudável.

A microbiota está relacionada com a doença e sua gravidade

A microbiota de doentes com esquizofrenia não é apenas menos abundante e menos diversificada. Sabe-se também que predominam 23 espécies (das 77 que foram identificadas) e as 54 restantes estão sub-representadas. Essa disbiose é específica da esquizofrenia, de acordo com os autores, que também identificaram um conjunto de bactérias composta por 5 famílias. Esse conjunto de microrganismos é capaz de fazer a discriminação entre indivíduos saudáveis e doentes esquizofrénicos, e é diferente da que é encontrada noutras patologias psiquiátricas (como a depressão). Além de se perceber que existem dois grandes grupos bacterianos que podem ser especificamente relacionáveis com a gravidade dos sintomas esquizofrénicos.

Transplante de microbiota e início da doença

Com esta experiência do transplante da microbiota intestinal, os investigadores concluíram que as espécies bacterianas de doadores humanos foram encontradas nos ratinhos recetores, que começaram a apresentar um comportamento semelhante ao das pessoas com esquizofrenia: hiperatividade, diminuição da ansiedade e depressão. Também foram observadas variações anormais em alguns níveis de neurotransmissores (substâncias químicas que permitem que os neurónios enviem mensagens), indicando assim que a comunicação entre o intestino e o cérebro estaria alterada. Os investigadores concluíram que a disbiose intestinal pode, então, desempenhar um papel no desenvolvimento da esquizofrenia através desse mesmo caminho. Esta descoberta abre perspetivas para potenciais novas estratégias diagnósticas e terapêuticas.

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