Microbiota vaginal e papilomavírus humano (HPV): bactérias que fazem a limpeza!

Conhecer a composição da microbiota vaginal associada às infeções persistentes pelo papilomavírus pode ajudar a encontrar novas estratégias terapêuticas para prevenir os cancros do colo do útero, dos quais são a principal causa.

A microbiota vaginal Vaginose bacteriana - um desequilíbrio na microbiota vaginal Probióticos

A infeção vaginal pelo vírus do papiloma humano (HPV) é a doença sexualmente transmissível (DST) mais frequente e geralmente é assintomática. Habitualmente, o organismo elimina esses vírus naturalmente. No entanto, eles podem persistir em algumas mulheres, expondo-as ao risco de infeções que podem evoluir para cancro do colo do útero. Surgindo em (sidenote: https://www.who.int/fr/news-room/fact-sheets/detail/human-papillomavirus-(hpv)-and-cervical-cancer ) , este cancro, que continua atualmente incurável, representa um grave problema de saúde pública.

99 % Quase todos os casos de cancro do colo do útero estão relacionados com uma infeção pelo papilomavírus humano (HPV) de alto risco

11,7% a prevalência mundial da infeção pelo HPV é de 11,7%

Disbiose vaginal

Os fatores de risco de infeções persistentes por HPV são conhecidos: comportamentos (lavagens vaginais, relações sexuais) ou fatores biológicos (vaginose bacteriana, infeções sexualmente transmissíveis) que perturbam a microbiota vaginal (disbiose). Até agora, a maioria dos trabalhos tem-se concentrado na ligação entre a disbiose e as lesões pré-cancerosas ou cancerosas do colo do útero, mas nenhum tinha ainda visado a identificação de uma assinatura microbiana de infeção persistente por HPV que pudesse ser rastreada antes do aparecimento das lesões, prevenindo assim a evolução para cancro.

Investigadores chineses estudaram a composição da microbiota vaginal de 100 mulheres entre os 21 e os 64 anos, que dividiram em 3 grupos: as que sofriam de infeção persistente pelo HPV (grupo P), as que tinham eliminado o vírus (C) e, por sim, as que não tinham sido infetadas pelo HPV nos últimos dois anos (NC).

41% Apenas 41% das mulheres pesquisadas dizem tomar probióticos e/ou prebióticos (oral ou vaginalmente)

Probióticos na prevenção?

As análises mostram que a infeção pelo HPV está associada a uma perturbação da microbiota vaginal, observando-se diferenças entre as pacientes NC e as dos outros dois grupos P e C. As análises revelam que a infeção por HPV se carateriza por uma redução no número de bactérias e uma quebra na sua diversidade. A infeção, atual ou passada, surge relacionada com um aumento do número de Firmicutes e do filo Actinobacteriota, e com uma diminuição das Proteobactérias. Para os autores, tal estado "disbiótico" facilitará a aquisição do vírus e, inversamente, um aumento na abundância vaginal de Proteobactérias estabilizará a microbiota. Embora os 3 grupos de pacientes apresentem principalmente predominância de lactobacilos, a sua abundância aumenta nas pacientes que eliminaram o vírus (C) em comparação com as pacientes NC. Os investigadores observaram que, dependendo do tipo de vírus eliminado, há um maior aumento de lactobacilos ou bifidobactérias, o que sugere que essas bactérias exercem efeito protetor contra diferentes tipos de vírus. 

São descobertas ainda a confirmar, mas que abrem caminho ao desenvolvimento de probióticos para o tratamento precoce da infecção por HPV antes do aparecimento das lesões malignas do colo do útero, concluem os investigadores.

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Microbiota endometrial: novo marcador de sucesso da fecundação in vitro?

E se a microbiota que reveste a parede uterina estivesse envolvida na implantação do embrião e no decurso da gravidez em caso de fertilização in vitro? É isso que sugere um estudo realizado com 342 mulheres que recorreram à procriação medicamente assistida. Explicação.

Durante muito considerada estéril, a cavidade uterina abriga, de facto, uma microbiota composta de bactérias. Embora 100 a 10.000 vezes menos numerosas do que as presentes na vagina, elas estarão envolvidas de forma similar na saúde reprodutiva. Isso é indiciado por um estudo observacional, prospetivo e multicêntrico (13 centros localizados na Europa, América e Ásia) que analisou a composição da microbiota do endométrio de 342 mulheres inférteis incluídas em programas de fecundação in vitro (FIV).

Uma dupla amostragem da microbiota do endométrio

Foram colhidas 2 amostras antes da transferência do embrião para avaliar a composição da microbiota do endométrio: do fluido endometrial, aspirado na cavidade uterina, e da mucosa endometrial, a partir de uma biópsia. Os investigadores estudaram em seguida a relação entre a composição dessa microbiota, analisada por sequenciação de 16S rRNA, e os resultados da FIV, ou seja, gravidez a termo (41% das pacientes), gravidez bioquímica (8%), aborto espontâneo (8%), ou ausência de gravidez (42%).

Disbiose do endométrio associada à falha na fertilização in vitro

Os investigadores observaram um aumento da abundância de Lactobacillus (nas amostras de fluido e da mucosa) nas pacientes com gravidez a termo. Pelo contrário, uma carência de Lactobacillus associada a uma assinatura específica de certos géneros bacterianos potencialmente patogénicos como Atopobium, Bifidobacterium, Chryseobacterium, Gardnerella, Haemophilus, Klebsiella, Neisseria, Staphylococcus e Streptococcus, surgiu em consonância com as falhas na fertilização in vitro ou com as gravidezes que não resultaram em parto viável. De notar que Gardnerella e Klebsiella apresentaram-se sobrerrepresentadas tanto no fluido endometrial como na mucosa endometrial das pacientes em que a FIV falhou.

Lactobacilos, baluarte contra os agentes patogénicos?

Estes dados apontam para o papel da microbiota do endométrio no sucesso ou insucesso da implantação embrionária e/ou no decorrer da gravidez nas pacientes submetidas à fertilização in vitro. Os investigadores suscitam a hipótese de ser a ausência de bactérias patogénicas no endométrio, mais do que a presença de bactérias benéficas (como os lactobacilos), a poder influenciar o resultado da fertilização in vitro. Assim, poderão ser os Lactobacillus a inibir a colonização da cavidade uterina por bactérias patogénicas. Entretanto, são necessários estudos complementares para se esclarecer os mecanismos de ação das bactérias patogénicas.

Recomendado pela nossa comunidade

"De facto é." - Comentário traduzido de Nyasha Alois Jr (Da Biocodex Microbiota Institute em X)

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Diagnóstico da endometriose: a microbiota ajuda?

Dar nomes aos males. O diagnóstico da endometriose é longo, complexo e incerto. Estudos indicam que a microbiota intestinal poderia estar implicada nesta doença inflamatória. A partir daí para ajudar no seu diagnóstico?

A microbiota vaginal A microbiota intestinal

86% das mulheres inquiridas gostariam de ter mais informações sobre a importância da microbiota vaginal e o respetivo impacto na saúde

Chegou o momento dos pacientes com endometriose, ou seja, (sidenote: Endometriosis, World Health Organization (2021 March). ) , de sair das sombras e, portanto, do limbo do diagnóstico? Parece que sim, uma vez que começa o mês da sensibilização sobre a endometriose e que o Presidente da República francesa, Emmanuel Macron anunciou o lançamento de uma (sidenote: https://www.elysee.fr/emmanuel-macron/2022/01/11/strategie-nationale-endometriose ) no dia 11 de janeiro de 2022. 

1 / 10 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva sofreria de endometriose

Já há alguns anos os investigadores destacam algumas das nossas microbiotas: a microbiota vaginal, que poderia ser útil como instrumento de previsão da gravidade mas também, segundo este recente estudo chinês, a microbiota intestinal, como também a do (sidenote: Líquido peritonial Líquido presente na cavidade peritonial, ou seja, no interior da membrana que envolve as vísceras abdominais. Ele tem uma função lubrificante evitando o atrito entre os órgãos durante a digestão. DiZerega GS, Rodgers KE, Peritoneal Fluid. The Peritoneum. 1992. pp 26-56 Springer New York ) para ajudar a fornecer o diagnóstico. 

Peritonite, intestino e colo do útero em estudo 

Segundo os seus resultados, as comunidades microbianas que vivem no intestino e no peritónio da mulheres com endometriose diferem das observadas nas mulheres que não sofrem desta doença. Nas pacientes com endometriose, algumas bactérias consideradas protetoras (particularmente a Ruminococcus) tornam-se mais raras no tubo digestivo enquanto que bactérias patogénicas (em particular a Pseudomonas) têm tendência a estar super-representadas no líquido peritonial. 

Em contrapartida, a composição do muco cervical recolhido no colo do útero mostra-se relativamente estável tanto nas mulheres que sofrem com a endometriose como nas que não sofrem de endometriose.

A microbiota intestinal, ajuda no diagnóstico? 

Esta diferença de composição das microbiotas intestinal e peritonial observada nas mulheres com endometriose poderia servir para diagnosticar precocemente a doença? A grande questão está aí! O resultado é a esperança para milhares de mulheres: desenvolver um teste diagnóstico mais rápido para a endometriose através da exploração da microbiota. Na verdade, a descoberta de um marcador intestinal torna-se particularmente interessante, visto que uma simples recolha das fezes permite analisar a microbiota intestinal. Uma pista que se anuncia promissora... 

A microbiota intestinal

Saiba mais

Recomendado pela nossa comunidade

"Obrigado por partilharem" - Comentário traduzido de Janet Bryant (Da My health, my microbiota)

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Os fagos que vêm em socorro das infeções multirresistentes?

Com o aparecimento da resistência aos antibióticos, os bacteriófagos fazem o seu grande regresso. Estes vírus da microbiota intestinal poderiam, entre outras coisas, tratar de modo mais focado, as infeções multirresistentes. Um artigo da Nature Reviews Gastroenterology& Hepatology revê a história, o futuro e os desafios da fagoterapia.

 

Os bacteriófagos ou “fagos” são as entidades biológicas mais abundantes e variadas da Terra. Predadores naturais das bactérias, eles são omnipresentes no solo, nos oceanos... e na microbiota intestinal humana, onde são o tipo de vírus dominante. As disbioses bacterianas intestinais associadas a patologias gastrintestinais como na doença de Crohn ou a síndrome do intestino irritável, são acompanhadas de modificações na composição destes vírus.

Pedra angular do moderno arsenal terapêutico, os antibióticos salvaram milhões de vidas. Por outro lado, a sua utilização excessiva e por vezes inadequada pode levar ao aparecimento de múltiplas formas de resistência dos microrganismos. Todos os anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW) para aumentar a sensibilização para este problema de saúde pública. Leia a página dedicada.

Resistência aos antibióticos: a microbiota em primeiro plano

O uso maciço e por vezes inadequado de antibióticos torna-os cada vez mais inef…

Cem anos mais tarde, o regresso sob os holofotes

Desde a década de 20, experiências sobre os fagos para avaliar o seu potencial de tratamento, produziram alguns resultados promissores em pacientes com shigellose, disenteria e cólera. Esta (sidenote: Summers WC. The strange history of phage therapy. Bacteriophage. 2012 Apr 1;2(2):130-133. ) foi abandonada com a chegada dos antibióticos nos anos 40. Embora alguns testes, infelizmente mal documentados, ainda tenham continuado nos países da Europa Oriental, os bacteriófagos foram colocados em segundo plano. Porém, as recentes preocupações sobre as infeções multirresistentes, assim como o acumular de conhecimentos sobre o impacto dos antibióticos no equilíbirio da microbiota intestinal, originaram novos estudos sobre a fagoterapia. Como cada espécie de fago tem, geralmente, por alvo uma única espécie bacteriana, estes vírus poderiam trazer uma solução “precisa” onde os antibióticos de largo espectro são uma preocupação. Entretanto, apesar de suscitarem grandes esperanças, os fagos ainda não são um tratamento autorizado pelas autoridades de saúde (salvo no caso de exceções muito raras).

O que é a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM?

Todos os anos, desde 2015, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), que tem como objetivo aumentar a sensibilização para a resistência aos antimicrobianos a nível global. Realizada entre 18 e 24 de novembro, esta campanha incentiva o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizarem cuidadosamente os antimicrobianos, a fim de evitar o surgimento de uma maior resistência aos antimicrobianos. 

Resistência a antibióticos, disbiose, direcionamento terapêutico...: múltiplos potenciais

(sidenote: Schooley RT, Biswas B, Gill JJ, et al. Development and Use of Personalized Bacteriophage-Based Therapeutic Cocktails To Treat a Patient with a Disseminated Resistant Acinetobacter baumannii Infection. Antimicrob Agents Chemother. 2017 Sep 22;61(10):e00954-17.  ) de caso chamou a atenção: um paciente diabético de 68 anos, infetado com uma bactéria multirresistente (Acinetobacter baumannii) e a sofre com uma pancreatite, recuperou a saúde em 5 meses graças à fagoterapia, após vários tratamentos infrutíferos com antibióticos. Outros sucessos foram relatados com infeções por (sidenote: Jennes S, Merabishvili M, Soentjens P, et al. Use of bacteriophages in the treatment of colistin-only-sensitive Pseudomonas aeruginosa septicaemia in a patient with acute kidney injury-a case report. Crit Care. 2017 Jun 4;21(1):129.  ) e (sidenote: Dedrick RM, Guerrero-Bustamante CA, Garlena RA, et al. Engineered bacteriophages for treatment of a patient with a disseminated drug-resistant Mycobacterium abscessus. Nat Med. 2019 May;25(5):730-733. ) , com a esperança de alternativas promissoras para o tratamento de bactérias multirresistentes. A fagoterapia como modulador da microbiota intestinal também interessa aos cientistas. Um estudo em ratos mostrou que um tratamento com fagos para a Enterococcus fecalis, bactéria associada a um mau prognóstico no caso da hepatite alcoólica, poderia levar à melhoria da doença.

Outras utilizações potenciais dos fagos são atualmente apontadas, sobretudo para a medicina de precisão. Estes fagos permitem o transporte de medicamentos anticancerosos ou de antibióticos potentes para uma área precisa do corpo, permitindo, assim, aumentar as doses e diminuir a toxicidade do tratamento nos tecidos vizinhos.

A procura de respostas para os desafios da utilização clínica

A investigação deve, a partir de agora, responder às numerosas perguntas da prática clínica. A fagoterapia é sempre segura? Pode substituir um tratamento com antibióticos? Quais são o modo de administração e a dose corretos? Qual e o efeito a longo prazo sobre a microbiota e a saúde em geral? Segundo os autores, são necessários ensaios clínicos aleatórios em duplo cegos e controlados com placebo para legitimar a fagoterapia, uma prática secular que poderia abordar os vários desafios da medicina atual.

Apresentamos-lhe o Professor Sørensen, galardoado com a Bolsa Internacional 2022 da Biocodex Microbiota Foundation.

A sua equipa foi pioneira num estudo ambicioso sobre o resistoma de 700 crianças que permitirá um avanço na compreensão da evolução e disseminação da resistência antimicrobiana no intestino humano dos primeiros anos de vida.

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DPOC: a microbiota intestinal no banco dos réus

Já ouviu falar da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, ou DPOC? Trata-se de uma doença respiratória que se agrava ao longo do tempo e pode tornar-se muito debilitante. Sabe-se agora que a inflamação associada à DPOC não afeta “apenas” os pulmões, mas também outros órgãos. E, como outras doenças respiratórias, a DPOC é acompanhada por um desequilíbrio da microbiota intestinal, segundo revela um estudo recente1

A microbiota intestinal A microbiota pulmonar A microbiota ORL Problemas respiratórios Asma e microbiota

(sidenote: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/chronic-obstructive-pulmonary-disease-(copd). ) . Por detrás da sigla, surge uma doença respiratória crónica que se caracteriza por uma diminuição progressiva da capacidade respiratória. No estágio "leve", os pacientes apresentam um desconforto respiratório limitado. Na fase "muito grave", apresentam falta de ar ao menor esforço - mesmo em repouso - o que impede uma atividade normal. Atualmente, é possível retardar o agravamento da DPOC com anti-inflamatórios, (sidenote: Broncodilatadores Medicamentos que diminuem a obstrução brônquica ) e exercícios respiratórios, mas não se sabe como curá-la. Embora o tabaco e a poluição constituam os principais fatores de risco da doença, os seus mecanismos continuam a ser pouco conhecidos.

3o. DPOC é a terceira causa de morte a nível mundial

3,23 milhões Foi a causa de 3,23 milhões de óbitos em 2019

Contudo, foi descoberta recentemente uma ligação entre um desequilíbrio da microbiota intestinal e doenças respiratórias como a asma alérgica ou a pneumonia: os cientistas falam de um "eixo intestino-pulmão". Poderá esse eixo estar envolvido na DPOC?

Um desequilíbrio da microbiota que reflete a inflamação nos pacientes…

Para responder a isso, investigadores chineses analisaram a microbiota intestinal de cerca de cem pessoas com DPOC em vários estágios de gravidade e compararam-na com a de indivíduos saudáveis. E descobriram que a flora intestinal dos pacientes com DPOC era diferente. Especificamente, a espécie bacteriana Prevotella, suspeita de promover a inflamação, surgia dominante nas suas microbiotas intestinais. Além disso, a sua taxa de (sidenote: Ácidos Gordos de Cadeia Curta (AGCC) Os Ácidos Gordos de Cadeia Curta são uma fonte de energia (carburante) das células do indivíduo, interagem com o sistema imunitário e estão envolvidos na comunicação entre o intestino e o cérebro. Silva YP, Bernardi A, Frozza RL. The Role of Short-Chain Fatty Acids From Gut Microbiota in Gut-Brain Communication. Front Endocrinol (Lausanne). 2020;11:25. )  mostrava-se inferior, especialmente nos pacientes mais gravemente afetados. Ora os AGCC, substâncias produzidas pelas bactérias na microbiota a partir das fibras alimentares, são conhecidos pelas suas propriedades anti-inflamatórias.

… e aumenta a vulnerabilidade à poluição

Os investigadores realizaram depois um transplante de microbiota fecal dos participantes em ratos. Quatro semanas depois, os pulmões dos ratos transplantados com microbiota de pacientes com DPOC apresentaram forte inflamação e hipersecreção de muco. Sabendo-se que a DPOC surge acompanhada de hipersensibilidade aos poluentes atmosféricos, os ratos foram depois expostos aos fumos de combustíveis durante 20 semanas. Resultado: o estado dos seus pulmões deteriorou-se mais rapidamente que o dos ratos não expostos.

Este estudo comprova que o desequilíbrio da microbiota intestinal nos pacientes com DPOC está de facto associado à inflamação dos pulmões e que acelera a evolução da doença em ratos.  Perante dos resultados, dever-se-á aumentar o consumo de AGCC, optando por uma dieta rica em fibras, para retardar a evolução da doença? Os autores encaram essa possibilidade, como outros investigadores antes deles2, mas continua por provar…

A acompanhar…

Recomendado pela nossa comunidade

"Excelente, obrigado, falarei certamente com o meu médico sobre isso também" - Comentário traduzido de Nancy L Hebert (Da My health, my microbiota)

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Tuberculose: a microbiota e o eixo intestino-pulmão no fulcro da infeção?

As microbiotas intestinal e pulmonar poderão desempenhar um papel importante na patogénese da tuberculose e na eficácia do tratamento. De tal forma que os probióticos e pós-bióticos podem ser ponderados como complementos às terapias atuais ou como estratégias de otimização de medicamentos.

(sidenote: Tuberculosis_WHO Oct 2021 ) (OMS, 2020), a tuberculose continua a ser um grave problema de saúde pública. Essa doença infeciosa e altamente transmissível é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. E, como nos recorda uma revisão recente, vários estudos sugerem o possível envolvimento nela de várias microbiotas.

Disbiose intestinal...

A microbiota intestinal participa na modulação do sistema imunitário do hospedeiro.  Vários trabalhos detetaram uma diferença na composição entre os pacientes com tuberculose e os indivíduos saudáveis, com assinaturas intestinais específicas nos doentes (diminuição da diversidade, menor abundância de Bacteroides, etc.), no entanto variável de acordo com as fases de evolução da doença. 

1,4 milhões Em 2019, morreram 1,4 milhões de pessoas devido à tuberculose (OMS, 2020).

Além disso, de acordo com alguns estudos em modelos de ratos, a disbiose intestinal pode reduzir a eficácia dos medicamentos contra a tuberculose. Consequência direta: o reequilíbrio da microbiota intestinal com probióticos e pós-bióticos pode aumentar a eficácia desses medicamentos e também melhorar a imunidade do hospedeiro contra a bactéria responsável pela tuberculose. De fato, a atividade antituberculosa in vitro e in vivo desses bióticos coloca em destaque o seu potencial.

…e pulmonar

No que respeita à microbiota pulmonar, os estudos são mais raros. Realizados mediante lavagem broncoalveolar ou através de amostras de expetoração, reportam geralmente uma diminuição da diversidade da microbiota dos pacientes, com alteração das espécies dominantes. Além disso, esses estudos também sugerem um importante papel da microbiota pulmonar na patogénese da tuberculose e na eficácia do tratamento. Daí a perspetiva de se utilizar determinadas bactérias respiratórias comensais como probióticos de próxima geração no tratamento das infeções respiratórias resistentes.

Um eixo intestino-pulmão na infeção

As microbiotas intestinal e pulmonar parecem participar na prevenção, patogénese e tratamento da tuberculose. Como? Atuando sobre a quantidade de células imunitárias e as respetivas funções, produzindo bacteriocinas e bacteriolisinas que combatem o crescimento de M.tuberculosis, e/ou influenciando a biodisponibilidade e farmacocinética dos medicamentos contra a tuberculose. Afinal, existem fortes associações entre a microbiota intestinal e a microbiota pulmonar, através de uma interação bidirecional: as alterações na primeira podem afetar a segunda e vice-versa. Assim, o eixo intestino-pulmão terá um papel fundamental na prevenção e tratamento da tuberculose, ao afetar a resposta imunitária do hospedeiro contra a M. tuberculosis

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Fagos, pequenos vírus com elevado potencial

Quando alguém diz “microbiota intestinal”, pensamos logo em “bactérias aos milhões”. Mas há também uma vasta comunidade de vírus designados bacteriófagos (conhecidos por “fagos”) que desempenham um papel fundamental no equilíbrio da flora. Capazes de atacar especificamente bactérias, os fagos podem, entre outras coisas, ser úteis no combate às infeções resistentes aos antibióticos.   

A microbiota intestinal Diabetes do tipo 2 Doenças gastrointestinais funcionais

Ainda mal compreendidos, os fagos são, no entanto, as entidades biológicas mais abundantes e variadas do nosso planeta. Predadores naturais de bactérias, eles estão por toda parte nos solos, nos mares... e na microbiota intestinal humana, onde são o tipo dominante de vírus. Convivemos com eles durante toda a vida em perfeita harmonia. Mais ainda, eles demonstram um forte potencial para o tratamento de determinadas doenças gastrointestinais.

Uma descoberta promissora caída no esquecimento 

Logo que foram descobertos em 1915, os fagos despertaram imediatamente grande interesse pela sua capacidade de destruírem certas bactérias responsáveis por infeções. E mais, por fazerem-no de forma específica: cada espécie de fago tem uma única espécie bacteriana como sua “presa”, ou seja, cada vírus só pode infetar determinada bactéria. A partir do final da década de 1920, foram realizadas experiências e surgiram tratamentos baseados em fagos que apresentaram resultados satisfatórios em pacientes com disenteria ou cólera. A “fagoterapia” foi seriamente encarada para o combate a certas infeções bacterianas que então causavam estragos, até que os antibióticos arrumaram a questão nos anos 40. Mais práticos e mais eficazes, estes relegaram os fagos para a prateleira das curiosidades. Mas não em todo o lado: eles continuam a ser usados em alguns países do leste. No entanto, trata-se de tratamentos pouco documentados cientificamente.

O regresso dos fagos 

Atualmente, o aumento da resistência aos antibióticos tornou-se numa ameaça sanitária à escala global. O impacto dos antibióticos no equilíbrio da microbiota intestinal, cuja importância para a saúde é já hoje conhecida, é também preocupante. Resultado: os fagos estão de volta à ribalta! Passados 20 anos, reiniciaram-se os ensaios de fagoterapia.  Depois de algumas tentativas precoces, houve um estudo que causou alvoroço em 2017. Um paciente diabético infetado com uma bactéria multirresistente e a sofrer de pancreatite recuperou em 5 meses graças à fagoterapia, após vários tratamentos falhados com antibióticos. Foram depois reportados outros êxitos em casos de infeções multirresistentes. Embora suscitem grandes esperanças, os fagos ainda não se encontram enquadrados em terapêuticas autorizadas pelas autoridades de saúde (salvo raríssimas exceções). 

Mas o potencial da fagoterapia não se limita ao tratamento de infeções bacterianas. Também poderá ser útil para corrigir desequilíbrios da microbiota (“ (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) ”) associados a certas doenças digestivas, mesmo que não infeciosas. Por exemplo, um estudo em ratos demonstrou o interesse dos fagos na destruição de uma bactéria intestinal específica associada a um mau prognóstico na hepatite alcoólica. Por fim, os fagos são motivo de esperança no domínio da medicina de “precisão”. Eles poderão servir de “transportadores” de medicamentos potentes (quimioterapia por exemplo) diretamente para uma zona específica do corpo, possibilitando assim ministrar o tratamento exclusivamente nas células/bactérias que dele necessitem. A passagem do medicamento para a corrente sanguínea será assim menor, reduzindo-se os efeitos secundários e a toxicidade nos órgãos circundantes.

A investigação está ativa visando tornar os fagos em nossos aliados 

Há agora um vasto campo de pesquisa que se abre para dar resposta a múltiplas questões, um século após a sua descoberta. A fagoterapia é sempre segura? Pode substituir o tratamento por antibióticos? Qual é o modo correto de administração e a dose adequada? Qual é o seu efeito a longo prazo na microbiota? Além destas inúmeras questões clínicas, existem restrições legislativas… e, em alguns países, um vazio legal que é, no mínimo, surpreendente. De facto, os fagos não são medicamentos, nem vacinas, nem dispositivos médicos… o que os torna atualmente inacessíveis. Há muito trabalho pela frente, portanto, mas, segundo os autores, é algo que vale a pena!

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Microbiota vaginal #12

Pelo Prof. Markku Voutilainen
Faculdade de Medicina da Universidade de Turku, Gastroenterologia, Hospital Universitário de Turku, Finlândia

Coloured scanning electron micrograph (SEM) of Prevotella melaninogenica, formerly known as Bacteroides melaninogenicus, is Gram-negative, anaerobic, rod to coccobacillus shaped, prokaryote (bacterium)

Coloured scanning electron micrograph (SEM) of Prevotella melaninogenica, formerly known as Bacteroides melaninogenicus, is Gram-negative, anaerobic, rod to coccobacillus shaped, prokaryote (bacterium).

PRÉ-ECLAMPSIA GRAVE E MICROBIOTA

Lin CY, Lin CY, Yeh YM, et al. Severe preeclampsia is associated with a higher relative abundance of Prevotella bivia in the vaginal microbiota. Sci Rep 2020; 10: 18249.

A pré-eclampsia grave (SPE) é um distúrbio hipertensor da gravidez que pode ter consequências graves tanto para a mãe como para a criança. Caracteriza-se por hipertensão e manifestações de um distúrbio multissistémico. O papel que a microbiota vaginal pode desempenhar na patogénese da SPE continua a ser desconhecido. O presente estudo revelou que as mulheres com SPE tinham uma maior abundância relativa de Prevotella bivia (Pb) vaginal. Pb é uma espécie bacteriana gram-negativa anaeróbica que estava anteriormente associada a doença inflamatória pélvica e vaginose bacteriana. Estudos anteriores mostraram que a obesidade é um fator de risco para a SPE e que a microbiota vaginal das mulheres obesas se caracterizava por uma maior diversidade e predominância de Prevotella spp. Neste estudo, o Índice de Massa Corporal (IMC) foi o preditor mais forte da SPE e os autores sugerem que a maior abundância relativa de Pb no microbial vaginal, que é fortemente regulado pelo IMC, pode estar envolvida na patogénese da SPE.

MUCO CERVICAL ESSENCIAL PARA A SAÚDE REPRODUTIVA FEMININA

Lacroix G, Gouyer V, Gottrand F, Desseyn JL. The cervicovaginal mucus barrier. Int J Mol Sci 2020; 21: 8266.

Esta revisão aborda os conhecimentos atuais sobre o muco cervicovaginal (MC) e o tampão do muco cervical (TMC)) e as interações entre o muco do trato genital feminino e as comunidades microbianas tanto no estado fisiológico como na vaginose bacteriana. O muco cervical (MC) é fundamental para a saúde das mulheres: protege o epitélio vaginal, ajuda a manter a fertilidade e a fecundidade. Neste estudo, os autores avaliaram o seu papel tanto no estado fisiológico como na vaginose bacteriana. Durante a gravidez, forma-se um tampão de muco cervical (TMC ) para evitar que os micróbios vaginais subam para o útero, o que protege o feto dos agentes patogénicos. O CMP contém muco, compostos antimicrobianos e células imunitárias. A microbiota vaginal normal caracteriza- se pela dominância de Lactobacillus spp. Para a saúde vaginal é necessária uma cooperação sem perturbações entre a microbiota vaginal, o MC e as células hospedeiras. Isto inclui acidificação por ácido láctico, produção de espécies reativas de oxigénio, interação entre mucinas e células, e difusão de células sinalizadoras. A vaginose bacteriana, que pode causar o nascimento pré-termo, caracteriza-se pelo esgotamento dos Lactobacilos, levando a um comprometimento da função da barreira vaginal. Foi encontrado um TMC mais curto, mais permeável e menos muco-adesivo em mulheres em alto risco de parto pré-termo, em comparação com as de baixo risco. Para além dos antibióticos administrados por via oral ou vaginal, a vaginose bacteriana pode ser tratada restaurando a microbiota lora Lactobacilo vaginal. Em conclusão, o MC é essencial para a fertilidade e protege contra a vaginose bacteriana e infeções sexualmente transmissíveis, o que aumenta o risco de infertilidade e partos pré-termo.

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Revista de imprensa

Microbiota cutânea #12

Pelo Prof. Markku Voutilainen
Faculdade de Medicina da Universidade de Turku, Gastroenterologia, Hospital Universitário de Turku, Finlândia

Scanning Electron Micrograph (SEM) depicting large numbers of Staphylococcus aureus bacteria, which were found on the luminal surface of an indwelling catheter.

PERFIS DE MICROBIOTA CUTÂNEA RELACIONADOS COM A IDADE

Li Z, Bai X, Peng T, et al. New insights into the skin microbial communities and skin aging. Front Microbiol 2020: 11: 565549.

O envelhecimento intrínseco da pele é um processo natural determinado por fatores internos, enquanto o fotoenvelhecimento é o envelhecimento acelerado da pele devido à exposição repetida à radiação ultravioleta (UV). Sabe-se pouco sobre como a microbiota cutânea como influência no processo de envelhecimento (seja natural ou por fotoenvelhecimento), e os efeitos dos micróbios cutâneos relacionados com o envelhecimento nos dois diferentes processos de envelhecimento. Para responder a esta pergunta, os autores analisaram 160 amostras de pele da bochecha da face e do abdómen de 80 indivíduos de idades variadas para desenvolver perfis de microbiota relacionados com o envelhecimento. Verificaram que a abundância de Cianobactérias era maior no grupo das crianças e estava associada a uma diminuição das lesões cutâneas e pigmentação induzidas pelos raios UV. Em pessoas jovens e de meia idade, espécies como Staphycococcus, Cutibacterium e Lactobacillus melhoraram a barreira cutânea e protegeram do fotoenvelhecimento. A Cutibacterium pode modular as respostas imunitárias e suprimir a inflamação e retardar os processos de envelhecimento. Em pessoas jovens e de meia idade, o Staphylococcus pode proteger do envelhecimento cutâneo intrínseco e manter a homeostase da microbiota cutânea. Os autores sugerem que estas descobertas podem ter grande valor de inovação e clínico, e que o desenvolvimento e utilização de reguladores da homeostase cutânea microbiana pode reduzir a incidência de doenças cutâneas relacionadas com a idade.

O ISOMERATO DE SACARÍDEO MODULA A MICROBIOTA CUTÂNEA

Sfriso R, Claypool J. Microbial reference frames reveal distinct shifts in the skin microbiota after cleansing. Microorganisms 2020; 8: 1634.

Muitos fatores intrínsecos, extrínsecos e relacionados com o hospedeiro modulam a microbiota cutânea. Produtos de limpeza da pele, tais como sabões em barra ou líquidos e detergentes, têm impacto na microbiota cutânea. O isomerato de sacarídeo (SI) é um hidratante derivado de plantas que se assemelha à fração de hidratos de carbono naturais da camada superior da pele. O SI liga-se à pele de forma mais forte do que outros ingredientes hidratantes e mantém a pele hidratada durante mais tempo do que o habitual. Os investigadores realizaram um estudo clínico controlado por placebo, em ocultação simples e aleatorizado para investigar como a limpeza da pele com sabão líquido contendo SI afeta a microbiota da pele ao longo do tempo. Dos organismos potencialmente benéficos, Paracoccus marcusii foi positivamente associado à formulação ativa. Esta bactéria produz naturalmente astaxantina, um potente carotenoide antioxidante com potenciais efeitos positivos na saúde. P. mercusii é também um degradador de hidrocarbonetos poliaromático potencialmente carcinogénico e um produtor de biosurfactantes, e pode ter um papel fundamental na manutenção de uma pele saudável. A lavagem com SI também reduziu a abundância de “corineformes” (Brevibacterium casei e Rothia mucilaginosa) ligados a infeções cutâneas e representa um benefício não caracterizado da formulação ativa da lavagem. Estes resultados sugerem que a lavagem de pele com SI pode ter efeitos benéficos na microbiota cutânea.

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Microbiota intestinal #12

Pelo Prof. Markku Voutilainen
Faculdade de Medicina da Universidade de Turku, Gastroenterologia, Hospital Universitário de Turku, Finlândia

TRANSPLANTE DE MICROBIOTA FECAL (FMT) PARA LACTENTES NASCIDOS POR CESARIANA PARA RESTAURO DA MICROBIOTA INTESTINAL

Korpela K, Helve O, Kolho K-L, et al. Maternal fecal microbiota transplantation in cesarean-born infants rapidly restores normal gut microbial development: a proof-of concept study. Cell 2020; 183: 324-34.

A microbiota intestinal dos lactentes nascidos por via vaginal difere da dos lactentes nascidos de Cesariana (CS), uma vez que não são expostos a micróbios maternos durante o parto. Vários estudos relataram que a CS pode estar associada a consequências a curto e longo prazo, incluindo um risco maior de doenças imunitárias crónicas. Neste estudo, a eficácia e segurança do Transplante de Microbiota Fecal (em inglês FMT) foi avaliada com o objetivo de restaurar a microbiota intestinal de bebés nascidos por CS. Sete lactentes que nascerem via CS receberam um transplante de fezes da própria mãe na primeira alimentação com leite, e a composição da sua microbiota intestinal foi comparada com a de 82 bebés nascidos por via vaginal ou por CS que não se submeteram a FMT. Durante o seguimento de 3 meses, não foram comunicados efeitos adversos. Uma semana após o FMT, a microbiota intestinal dos lactentes CSD foi semelhante à dos lactentes nascidos por via vaginal, enquanto os lactentes CS sem FMT apresentaram uma menor diversidade microbiana. O FMT corrigiu a microbiota bacteriana dos lactentes nascidos por CS através da rápida normalização de Bacteroidales, que foi mais baixa no grupo CSe também reduziu os potenciais agentes patogénicos típicos dos lactentes CS. Este estudo de prova de conceito mostrou que o FMT normaliza o desenvolvimento de microbiota intestinal em bebés CS.

CESARIANA E RISCO DE ASMA INFANTIL

Stokholm J, Thorsen J, Blaser MJ, et al. Delivery mode and gut microbial changes correlate with an increased risk of childhood asthma. Sci Transl Med 2020; 12, eaax9929.

Os autores analisaram os efeitos do parto por Cesariana (CS) na composição da microbiota intestinal durante o primeiro ano de vida e estudaram se as perturbaçõesestariam associadas a um risco de desenvolvimento de asma nos primeiros 6 anos de vida. Incluíram 700 crianças da coorte COPSAC2010 (Copenhagen Prospective Studies on Asthma in Childhood2010), das quais 22% (151) nascidas por CS e 78% (549) por parto vaginal. A composição da microbiota intestinal variou com o modo de parto: os bebés nascidos por CS tiveram uma menor abundância de Bacteroidetes e Actinobacteria com 1 semana de idade, mas a abundância de Firmicutes e Proteobactérias foi maior em comparação às crianças nascidas por via vaginal. Quanto ao género, apenas 3 crianças de um 1 ano de idade e de parto por CS foi associado a uma maior abundância relativa de um género pertencente à família Enterobacteriaceae e Escherichia/Shigella. Foi identificado um perfil microbiano que previa o tipode parto com uma semana, um mês e um ano de idade, e as crianças nascidas de CS mantiveram uma microbiota intestinal com com um risco três vezes maior de desenvolver asma aos 6 anos de idade. Este aumento do risco de asma melhorou nas crianças nascidas de CS cuja microbiota intestinal com 1 ano de idade se assemelhava à das crianças nascidas por via vaginal, indicando que a maturação saudável de uma microbiota intestinal, CS disbiótica poderia melhorar parte do risco de asma associado ao parto por CS.

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