Dermatite atópica: a microbiota da pele tem cúmplice!

Embora já não existam dúvidas quanto à relação entre a microbiota da pele e a dermatite atópica, para a questão do envolvimento da microbiota nasal ainda não havia, até agora, respostas. Há um novo estudo que põe fim à incerteza!

A microbiota da pele
Photo : Atopic dermatitis: nasal and skin microbiomes associated with disease severity

A dermatite atópica (ou eczema atópico) é uma doença inflamatória crónica da pele que se manifesta muito precocemente na infância sob a forma de erupções cutâneas eczematosas recidivantes, a qual, no entanto, desaparece na maioria dos casos durante a adolescência. Foram associadas a esta doença e à gravidade da mesma determinadas alterações no seio da microbiota cutânea, constatando-se um excesso de Staphylococcus aureus e de S. epidermidis na zona das lesões, e uma quantidade menor de estreptococos durante os episódios inflamatórios. Suspeita-se também que a microbiota nasal serve de reservatório bacteriano e alimenta a autocontaminação entre a pele e o nariz, mas há poucos dados que permitam sustentar esta hipótese.

Nariz e pele: dois microbiotas interligados?

Um grupo de investigadores analisou amostras colhidas do nariz e da pele afetada de crianças com dermatite atópica. Enquanto as lesões da pele se encontravam colonizadas quase exclusivamente por estafilococos, estas espécies estavam longe de ser maioritárias na microbiota nasal, mais diversificada e dominada por outras bactérias (Moraxella, Corynebacterium, Dolosigranulum). Essas composições diferentes não servirão de impedimento à interação entre a microbiota nasal e a da pele, conforme sugere a associação estatística entre as espécies bacterianas das vias nasais e as presentes na pele, sem que os respetivos mecanismos sejam conhecidos.

Duas microbiotas associadas à gravidade

Por outro lado, tanto a composição da microbiota nasal como, ainda mais nitidamente, a da cutânea, manifestaram-se ambas associadas à severidade da doença. Essa relação entre as microbiotas e a gravidade constatou-se especificamente através da presença de estafilococos oriundos das microbiotas cutânea e nasal, mas também relativamente a outras espécies, como Moraxella no nariz. Estes resultados sugerem que as microbiotas da pele e do nariz poderão potencialmente desempenhar determinado papel no aumento da inflamação da dermatite atópica, concluem os autores. Incitam, além disso, a que a investigação prossiga no sentido de se identificar com maior precisão as espécies e as várias microbiotas envolvidas na doença.

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Fontes:

Totté JEE, Pardo LM, Fieten KB et al. Nasal and skin microbiomes are associated with disease severity in paediatric atopic dermatitis. Br J Dermatol. 2019 Oct;181(4):796-804.

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Espaços verdes urbanos, bons para as nossas microbiotas?

Alimentos, poluição, urbanização... Múltiplos fatores terão a possibilidade de influenciar a composição das nossas microbiotas e de estar associados com o aparecimento de doenças não transmissíveis. Em contrapartida, a exposição aos espaços verdes poderá permitir o acesso a microrganismos capazes de colonizar as nossas microbiotas e, potencialmente, de ajudá-las.

A microbiota ORL Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Actu GP : Les espaces verts urbains, bons pour nos microbiotes ?

O mundo microbiano que vive no ar, no solo e também nas plantas poderá ser muito importante para a nossa saúde. Há hipóteses que sugerem que a reduzida exposição aos espaços verdes e aos microrganismos que lá vivem poderá contribuir para o aumento da obesidade, da diabetes, ou ainda das alergias. Parece, por isso, fundamental compreender as interações entre o ser humano e a natureza, e em especial as microbiotas e o ambiente, no sentido de se lutar contra essas doenças não transmissíveis. Para isso, os cientistas avaliaram o impacto dos espaços verdes na composição e na diversidade da flora cutânea e nasal de 3 pessoas após estas visitarem espaços verdes, em cidades de 3 países diferentes: Austrália, Índia e Reino Unido.

Os espaços verdes aumentam a diversidade microbiana

Durante os seus passeios, os participantes realizaram colheitas de amostras de solo, de folhas e de ar no sentido de permitir a análise das bactérias ambientais. Antes e depois de cada exposição ambiental, colheram-se também amostras dos respetivos narizes e pele, a fim de se conhecer o impacto dos espaços verdes nas suas microbiotas. A análise revela que a flora cutânea se alterou após o passeio: ficou mais rica em bactérias, com maior diversidade e mais parecida com a do solo, o que prova que as bactérias ambientais colonizaram a pele. A composição da microbiota nasal, por sua vez, passou a assemelhar-se à das amostras de ar colhidas.

Alterações transitórias?

Ainda mais interessante é que as mudanças na diversidade e composição das microbiotas revelaram-se globalmente semelhantes nos 3 países visitados. No entanto, existem diversos fatores, como a poluição, a humidade ou o regime alimentar, que diferem entre os 3 países em questão e se sabe que influenciam a composição das microbiotas. Ainda se ignora por quanto tempo essas modificações da flora persistem, mas há estudos anteriores que sugerem que a maioria das bactérias ambientais que se transferem para o ser humano desaparecem passadas 2 horas, podendo outras, mais raras, manter se até 24 horas na pele. São necessários mais estudos para se analisar se essas alterações microbianas são benéficas para a saúde, mas nada nos impede, entretanto, de nos rebolarmos na relva!

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Fontes:

Selway CA, Mills JG, Weinstein P, et al. Transfer of environmental microbes to the skin and respiratory tract of humans after urban green space exposure. Environ Int. 2020 Dec;145:106084.

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Disbiose orofaríngea: tempo de hospitalização e medicamentos usados.

Um estudo revela que o risco de disbiose orofaríngea em pacientes hospitalizados aumenta proporcionalmente ao tempo de internamento, com o uso de certos tratamentos sendo as bactérias intestinais uma das causas mais frequente destes distúrbios.

A microbiota ORL Microbiota intestinal bloqueia os efeitos dos antidepressivos Exposição aos antibióticos entre os 0 e os 6 anos: microbiota intestinal alterada, desenvolvimento da criança perturbado E se a manipulação da microbiota puder melhorar a resposta à imunoterapia?
Photo : Length of hospital stay and certain medication linked to oropharyngeal disturbance

A microbiota orofaríngea (MO) inclui uma grande variedade de bactérias que ajudam a manter o meio local equilibrado. Algumas doenças e medicamentos, como os inibidores da bomba de protões (IBP) podem perturbar esse equilíbrio e permitir que agentes patógenos oportunistas colonizem o trato orofaríngeo. Durante o internamento, a microaspiração desses microrganismos nas vias respiratórias inferiores pode aumentar o risco de pneumonia nosocomial. A deteção precoce de disbiose orofaríngea pode ser o meio de reduzir a ocorrência dessa infeção. Assim, investigadores estudaram a probabilidade de ocorrência de disbiose orofaríngea durante o tempo de internamento e identificaram as características dos pacientes associados a esse desequilíbrio.

A disbiose orofaríngea aumenta proporcionalmente ao tempo de hospitalização

Amostras orofaríngeas de 134 pacientes internados foram recolhidas no dia da admissão, no 3° dia e, em seguida, de 4 em 4 dias durante a hospitalização. As amostras foram analisadas através de cultura bacteriana convencional e espectrometria de massa MALDI-TOF e os patógenos foram classificados em 3 categorias: provenientes do trato respiratório, espécies derivadas da microbiota intestinal e leveduras. Em 89% dos pacientes, o esfregaço recolhido no dia da admissão mostrou uma MO equilibrado. Os investigadores constatam que uma proporção significativa de pacientes desenvolve disbiose da MO durante a sua estadia no hospital, e que o número de pacientes que apresentam esse desequilíbrio aumenta proporcionalmente ao tempo de internamento.

Antibióticos e IPP responsáveis pelo desequilíbrio

A prescrição de antibióticos durante o internamente parece estar associada a esse desequilíbrio. Da mesma forma, tomar IBP e antibióticos antes da hospitalização seria preditivo de disbiose orofaríngea constituída por espécies bacterianas derivadas da microbiota intestinal. O estudo revelou que o risco de contrair pneumonia nosocomial aumentou nos pacientes tratados com IBP ou antibióticos antes do internamento hospitalar. Em contrapartida, os pacientes internados durante um curto período no hospital apresentaram menor risco de colonização orofaríngea por espécies intestinais. Os resultados reforçam a necessidade de vigilância no tratamento de pacientes com fatores de risco associados à disbiose orofaríngea. Os pacientes internados no hospital medicados previamente em IBP ou terapêutica antibiótica devem beneficiar de uma fisioterapia mais agressiva para maximizar a aeração pulmonar e minimizar a aspiração. Assim, a deteção precoce de um desequilíbrio de MO pode ser um meio de reduzir a ocorrência de pneumonia nosocomial.

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A microbiota intestinal é um novo ator nas terapias contra o cancro da próstata?

Investigadores evidenciaram a interação da microbiota intestinal com um medicamento oral usado para o tratamento do cancro da próstata, demostrando uma influência significativa de certas bactérias na resposta ao tratamento.

A microbiota intestinal E se a manipulação da microbiota puder melhorar a resposta à imunoterapia? Antibióticos e microbiota intestinal: quais são os impactos a longo prazo?
Photo : Gut microbiota: a new player in prostate cancer therapies?

As terapias convencionais destinadas a privar o corpo de andrógenos, responsáveis pelo crescimento do cancro da próstata, nem sempre são eficazes. Neste caso, encara-se o uso de acetato de abiraterona (AA), o qual ao contrário dos outros tratamentos, é tomado por via oral. Como este tratamento é de baixa absorção, uma parcela significativa é excretada nas fezes interagindo provavelmente com a microbiota intestinal. Diversos estudos evidenciaram o papel da microbiota intestinal no desenvolvimento e progressão de certos cancros, bem como na eficácia dos tratamentos. Porém, o conhecimento sobre a implicação da microbiota intestinal no cancro da próstata permanece limitado. Assim, os investigadores procuraram demonstrar como o acetato de abiraterona (AA), muito eficaz neste tipo de câncer, resistente às terapias convencionais, tinha impacto na microbiota intestinal e se ele podia afetar a resposta ao tratamento.

A ausência de andrógenos induz a remodelação da microbiota intestinal

Para esse efeito, os investigadores examinaram a composição da microbiota intestinal sequenciando o ARN ribossómico 16S de 68 pacientes com cancro da próstata, divididos em três grupos:

- pacientes sem tratamento (n=33);

- pacientes tratados com terapia convencional (n=21);

- pacientes tratados com terapia convencional + o AA (n=14);

A privação de andrógenos por terapia convencional, isolada ou adicionada ao AA, levou a uma redução significativa das Corynebacterium, bactérias pró-inflamatórias que metabolizam os andrógenos, como a testosterona, comparativamente ao grupo de controlo. A toma de AA induzia um enriquecimento significativo de Akkermansia muciniphila, acompanhado por um aumento na produção de vitamina K2, conhecida pelas suas propriedades antitumorais.

O papel fundamental de A. muciniphila na resposta aos tratamentos

Esses resultados foram confirmados num modelo intestinal, excluindo assim a possibilidade de uma implicação imunológica. As investigações revelam que o AA seria metabolizado pelas bactérias intestinais. Os componentes resultantes dessa degradação teriam um impacto seletivo na microbiota intestinal caracterizado pelo crescimento de A. muciniphila. Esta espécie conhecida pelos seus benefícios para a saúde e pelas suas propriedades anti-inflamatórias, é suposta desempenhar um papel fundamental na resposta ao tratamento de acordo com os autores. Aliás, trabalhos anteriores já tinham evidenciado o seu papel benéfico na resposta aos tratamentos de certas imunoterapias. Este estudo põe em evidência o papel fundamental da microbiota intestinal na resposta à terapia anticancerígena oral, por meio de mecanismos que ainda devem ser analisados. Explorar as interações medicamento-microbiota poderia melhorar os resultados do tratamento de inúmeras doenças.

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Antibióticos e microbiota intestinal: quais são os impactos a longo prazo?

Num vasto estudo, uma equipa holandesa compara o impacto de 15 classes de antibióticos na composição da microbiota intestinal até 4 anos após a sua toma.

A microbiota intestinal Microbiota intestinal bloqueia os efeitos dos antidepressivos Exposição aos antibióticos entre os 0 e os 6 anos: microbiota intestinal alterada, desenvolvimento da criança perturbado Antibióticos e risco de DII: O que acontece nos adultos?
Actu PRO : Antibiotiques et microbiote intestinal : quels impacts sur le long terme ?

Por ocasião da Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos (18-24 de novembro de 2020), a OMS incentivou o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a adotarem as melhores práticas para prevenir o aparecimento e a expansão de resistências aos antimicrobianos. Embora os antibióticos sejam um dos maiores avanços terapêuticos do século XX, podem ter um impacto negativo nas várias microbiotas do corpo. Sendo conhecido o efeito a curto prazo de certas classes de antibióticos na microbiota intestinal, os efeitos a longo prazo ainda não foram bem determinados para algumas dessas classes. Um estudo de grande dimensão avaliou o impacto de 15 classes de antibióticos na composição da microbiota intestinal até um período 4 anos após a sua última toma.

Estudo de «larga escala»

O estudo avaliou a composição da microbiota intestinal de 1413 participantes (idade média: 62,6 anos que tomaram antibióticos) por avaliação do sequenciamento de ARN ribossómico 16S. A duração entre a última ingestão de antibióticos e a amostra de fezes foi calculada e classificada da seguinte forma: menos de um ano, entre 1 ano e 2 anos, entre 2 anos e 4 anos, mais de 4 anos. Os resultados foram ajustados levando em consideração certos fatores variáveis (sexo, idade, IMC, diabetes, certos medicamentos como estatinas, IPP, corticosteróides...).

Aclamados como um dos maiores avanços médicos do século XX, os antibióticos têm salvo milhões de vidas. Mas também têm impacto na nossa microbiota ao induzirem uma disbiose. Analisemos este seu papel ambivalente.

O papel ambivalente dos antibióticos

Ao destruírem as bactérias responsáveis pelas infeções, também têm impacto na m…

Consequente impacto de macrolídeos e lincosamidas

O maior e mais prolongado impacto na microbiota intestinal foi observado para macrolídeos e lincosamidas: diminuição do índice de Shannon que perdura 4 anos após a última toma e alteração significativa na estrutura da comunidade bacteriana (Índice de diversidade Bray-Curtis). Além disso, o uso de beta-lactamicos revela uma perda significativa de diversidade um ano após a tomada.

O que é a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM?

Todos os anos, desde 2015, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), que tem como objetivo aumentar a sensibilização para a resistência aos antimicrobianos a nível global.

Realizada entre 18 e 24 de novembro, esta campanha incentiva o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizarem cuidadosamente os antimicrobianos, a fim de evitar o surgimento de uma maior resistência aos antimicrobianos. 

Impacto de antibióticos com alta atividade anti-anaeróbica

Os resultados também demonstraram que o uso de antibióticos com alta atividade anti-anaeróbica (combinações de penicilina e inibidor da beta-lactamase, derivados do imidazolato, lincosamidas) tinha um impacto maior e prolongado na microbiota intestinal em comparação com outras classes de antibióticos. A relação Firmicutes/Bacteroidetes foi significativamente alterada em favor do filo Firmicutes até 1 ano após a toma. Em contrapartida, esta proporção foi significativamente alterada em favor de Bacteroidetes até 2 anos após a tomada de antibiótico sem atividade anti-anaeróbica.

Assim, o uso de macrolídeos e lincosamidas está associado à disbiose profunda e duradoura da microbiota intestinal. O impacto e a duração diferem segundo as classes de antibióticos utilizadas, e os autores salientam que esses efeitos devem ser considerados na altura da prescrição.

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F. nucleatum : marcador prognóstico no caso de cancro no esófago?

A carga tumoral de Fusobacterium nucleatum pode antecipar uma resposta menos eficaz à quimioterapia e ser um marcador de prognóstico desfavorável no caso de cancro no esófago. Esta constatação poderá inspirar novas terapias antibióticas perante esta bactéria?

A microbiota intestinal E se a manipulação da microbiota puder melhorar a resposta à imunoterapia? Antibióticos e microbiota intestinal: quais são os impactos a longo prazo?
Photo : F. nucleatum: prognostic marker for esophageal cancer?

Sexta causa de morte por cancro, o cancro do esófago permanece altamente mortal, com taxas de sobrevivência durante 5 anos entre 15 e 20%. O cancro no esófago com células escamosas (COCS) é o subtipo mais comum. Os tratamentos atuais assentam, nomeadamente, na (sidenote: Quimioterapia neoadjuvante (NAC) com a finalidade de reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia )  (NAC) antes da resseção esofágica. Emboraos pacientes que respondem favoravelmente à NAC tenham mais chances de sobrevivência, a maioria dos tumores desenvolve resistência à NAC. Compreender os mecanismos que causam essa resistência é , importante, para melhorar as respostas ao tratamento e, subsequentemente, a sobrevivência do paciente.

Fusobacterium nucleatum: qual é o seu papel na formação do tumor?

A composição da microbiota intestinal já demonstrou ser capaz de influenciar a resposta a certos tratamentos do cancro como a imunoterapia e a quimioterapia. Além disso, a carga tumoral de Fusobacterium nucleatum foi recentemente associada à redução da sobrevida e/ou a taxas de recidiva acrescidas do câncer colorretal e também no caso de COCS. Foi o que motivou os investigadores a avaliar, pela primeira vez, o valor prognóstico dos níveis de F. nucleatum em tumores de pacientes COCS e a sua capacidade de antever a resposta à NAC em 2 coortes japonesas independentes, reunindo 551 indivíduos.

Marcador preditivo de sobrevivência reduzida...

Primeira constatação: maior quantidade de F. nucleatum, medida nos tecidos tumorais, comparada com a existente nos tecidos saudáveis adjacentes. Além disso, a carga tumoral de F. nucleatum está associada ao estágio de progressão do tumor e à redução da taxa de sobrevivência sem recidiva. A associação entre F. nucleatum e sobrevida reduzida é observadam esmo nos pacientes em estágio precoce , sugerindo que a bactéria poderia favorecer aagressividade do tumor. A taxa intra-tumoral de F. nucleatum poderia, portanto, ser um biomarcador prognóstico.

... com má resposta à quimioterapia

Finalmente, análises num subgrupo de 101 pacientes sob NAC demonstraram respostas tumorais menos eficazes ao tratamento em pacientes com níveis superiores de F. nucleatum. Embora os mecanismos suscetíveis de explicar o papel de F. nucleatum no aumento da resistência tumoral permaneçam especulativos (ativação de vias metabólicas conduzindo à autofagia celular? desativação de substâncias quimioterápicas?), os investigadores encaram uma pista terapêutica promissora: a antibioterapia direcionada para F. nucleatum poderia melhorar as respostas à quimioterapia?

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No espaço a microbiota está sobre stress

Viver no espaço expõe o corpo dos astronautas, incluindo a microbiota, a condições difíceis. Ao ponto da microbiota intestinal poder necessitar de ajuda para manter o seu hospedeiro em forma, voar e retornar à Terra.

A microbiota intestinal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Actu GP : Le microbiote à rude épreuve dans l’espace

É melhor saber isso antes de embarcar numa expedição a Marte: as missões espaciais não são só experiências agradáveis. A microgravidade atrofia os músculos inativos e submete os ossos a uma osteoporose precoce; o trânsito intestinal diminui; a alteração dos ciclos dia-noite perturbam o sono; o isolamento afeta a saúde mental. E como se isso não bastasse, a microbiota intestinal desequilibra-se, e as microbiotas da pele, do nariz e da língua tendem a copiar as dos outros companheiros de viagem. e se tudo estivesse ligado? Se as modificações de microbiota contribuirem para o aparecimento de outras perturbações? É o que sugere uma revisão recente que faz o balanço das preocupações de saúde dos homens e das mulheres no espaço.

A microbiota é o cerne de tudo?

A Microbiota é conhecida por produzir pequenas moléculas ( (sidenote: AGCC Ácidos gordos de cadeia curta ) ) que interferem no apetite e saciedade. Abalada pela vida espacial, submetida a uma dieta menos rica em fibras, a flora intestinal poderia assim restringir o apetite dos cosmonautas sintetizando compostos supressores do apetite. Da mesma forma, a alteração da microbiota intestinal poderia induzir uma absorção menor dos minerais e vitaminas e contribuir para a degradação do sistema músculo-esquelético. As funções psicomotoras e o desempenho neurocognitivo, que se deterioram dia após dia no espaço, também podem ser influenciados pela microbiota intestinal, a qual atua, entre outras coisas, no humor, stress, cognição e comportamento. Mesmo o declínio das funções imunitárias dos astronautas poderia ser parcialmente explicado pela microbiota.

Para salvar a microbiota

Assim, as viagens espaciais alterariam significativamente a microbiota dos astronautas, nomeadamente a sua microbiota intestinal. O que poderia repercurtir-se na saúde dos ossos e dos músculos, no metabolismo, na imunidade deles e até afetar os seus nervos. Deve-se salvar a microbiota dos astronautas com prebióticos para nutri-la, ou mesmo com probióticos para adicionar-lhe bactérias benéficas? A questão vale a pena ser analisada, e ensaios clínicos deverão ser realizados.

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Fontes:

Turroni S, Magnani M, Pukar KC et al. Gut Microbiome and Space Travelers' Health: State of the Art and Possible Pro/Prebiotic Strategies for Long-Term Space Missions. Front Physiol. 2020 Sep 8;11:553929.

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Usar a inteligência artificial para diagnosticar doenças cardiovasculares através das fezes?

Usar máquinas para "lerem" fezes para diagnosticar doenças cardiovasculares, é uma utopia? Talvez não, se acreditarmos nos resultados de um novo estudo, segundo o qual esta abordagem original seria quase tão eficaz como os exames atuais, e sobretudo muito mais rápida.

A microbiota intestinal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo. Até 2030, o número de mortes deveria atingir os 23,6 milhões. Atualmente, o seu diagnóstico baseia-se numa bateria de testes exaustivos e dispendiosos (testes clínicos, eletrocardiograma, raio-X do tórax, ecocardiograma). Ora, uma alteração da microbiota intestinal (disbiose) está associada a várias destas doenças, incluindo a pressão arterial alta, insuficiência cardíaca e aterosclerose. Portanto, por que não confiar na inteligência artificial e conceber um teste de diagnóstico baseado na sua composição?

"Presença" de indicadores de doença cardiovascular nas fezes!

Machine Learning (aprendizagem automática) é um campo de estudo da inteligência artificial que fornece dados a um computador para permitir-lhe aprender a resolver um problema. Na área da saúde, tem sido usado com sucesso para diagnosticar e prever várias doenças (cancro, diabetes, doenças inflamatórias intestinais). Para testar o seu interesse no diagnóstico de doenças cardiovasculares, os investigadores compararam diferentes modelos para analisar as fezes de 478 pacientes e de 473 indivíduos saudáveis e identificar "assinaturas" característicos dessas doenças. Descobriram que a abundância intestinal de 39 bactérias era muito diferente entre os dois grupos.

Forte capacidade de diagnóstico

Os investigadores identificaram um algoritmo específico que, ao visar 25 famílias bacterianas dentro da microbiota intestinal, permitiria discriminar os dois grupos com 70% de precisão; ou seja um pouco menos do que a abordagem convencional, que diagnostica 76% dos pacientes, mas requer uma infinidade de dados clínicos (idade, sexo, tabagismo, pressão arterial, níveis de colesterol, etc.). Para os investigadores, a identificação automática da disbiose intestinal característica da doença cardiovascular oferece um potencial muito promissor em matéria de diagnóstico, no âmbito de uma avaliação de rotina.

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Fontes:

Aryal S, Alimadadi A, Manandhar I, et al. Machine Learning Strategy for Gut Microbiome-Based Diagnostic Screening of Cardiovascular Disease. Hypertension. 2020 Nov;76(5):1555-1562.

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Será a microbiota intestinal, o novo segredo de juventude?

E se bastasse rejuvenescer a nossa microbiota intestinal para preservar algumas das nossas capacidades cerebrais? Esta hipótese foi colocada por cientistas que esperam impedir o desenvolvimento de distúrbios da memória relacionados com a idade.

A microbiota intestinal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal

Perda de memória, dificuldade em se situar no espaço, transtornos de ansiedade... O envelhecimento é frequentemente associado a um declínio psicológico e cognitivo. Ora, a microbiota intestinal desempenha um papel importante no desenvolvimento de áreas do cérebro dedicadas à aprendizagem e à memorização (especialmente o hipocampo). Daí a afirmar que o envelhecimento da microbiota leva a um declínio cognitivo através do eixo intestino-cérebro, falta apenas um passo que a ciência está prestes a ultrapassar...

Ratos jovens... que se comportam como velhos!

Para avaliar esta hipótese, investigadores analisaram a microbiota intestinal de ratos adultos nos quais enxertaram bactérias retiradas do intestino de congéneres da mesma idade ou do trato digestivo de roedores mais velhos. No final deste transplante de microbiota fecal (ou TMF), a composição bacteriana era substancialmente a mesma, com exceção de 4 géneros bacterianos cuja abundância foi significativamente reduzida em roedores tendo recebido a microbiota idosa. Nesses mesmos ratos, a nível do hipocampo, a expressão de muitas proteínas implicadas em funções cerebrais importantes, como a aprendizagem e a cognição, foi alterada.

Ratos que perdem a memória

Os ratos foram de seguida submetidos a dois testes - um avaliando a capacidade de aprender e lembrar-se de uma viagem através de um labirinto, o outro medindo a sua capacidade de recordar um objeto: em ambos os casos, os roedores com uma microbiota de ratos velhos eram menos eficazes do que os outros. Em contrapartida, o enxerto de fezes “idosas” não teve efeito sobre outros aspetos do envelhecimento, como a atividade locomotora e a ansiedade.

Restaurar a microbiota para conter o declínio cognitivo?

O facto do declínio cognitivo induzido pela enxertia de uma microbiota idosa ser semelhante ao declínio fisiológico observado durante o envelhecimento sugere que o eixo intestino-cérebro desempenharia um papel importante no envelhecimento. Para os investigadores, esses resultados sustêm abordagens terapêuticas que visam restaurar a microbiota intestinal para melhorar as funções cognitivas e, consequentemente, a qualidade de vida dos idosos.

Recomendado pela nossa comunidade

"A investigação provou que é verdade" - Comentário traduzido de Shirley Cousineau (Da My health, my microbiota)

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Fontes: 

D'Amato A, Di Cesare Mannelli L, Lucarini E, et al. Faecal microbiota transplant from aged donor mice affects spatial learning and memory via modulating hippocampal synaptic plasticity- and neurotransmission-related proteins in young recipients. Microbiome. 2020 Oct 1;8(1):140.

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Transplante fecal

O transplante fecal consiste na introdução de fezes de outra pessoa saudável no trato digestivo do paciente, para reconstituir a sua flora intestinal e ajudar no combate de bactérias patogénicas.

O equilíbrio entre a “boa” e a “má” microbiota bacteriana pode ser perturbada por várias ocorrências. Este desequilíbrio, conhecido como (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) , pode provocar várias doenças de gravidade variável. O transplante fecal (também designado de bacterioterapia fecal) é uma solução terapêutica possível.


Transplante fecal: uma solução com mais de um século

O transplante fecal é um tratamento muito antigo, uma vez que já era realizado na China no século IV! A sua efetividade só foi reconhecida pelas sociedades informadas da Europa em 2013. Até à data, só foi indicado em infeções recorrentes por bactérias patogénicas C. difficile, que cura em 90% dos casos.
No entanto, o envolvimento da microbiota em muitas outras doenças (Doenças Inflamatórias Intestinais, diabetes, obesidade, distúrbios neuropsiquiátricos, etc.) sugere que a indicação para transplante fecal poderá rapidamente expandir.


O procedimento

Após seleção, o dador prepara-se através da toma de laxantes. As suas fezes são diluídas numa solução estéril e filtradas para posterior administração no recetor. O recetor ingere uma preparação semelhante à que é utilizada nas colonoscopias, por forma a eliminar a microbiota alterada.
Existem várias vias de administração das fezes: introdução de uma sonda através do nariz até ao estômago ou duodeno, colonoscopia, enema ou, mais raramente, ingestão de cápsulas gastrorresistentes. A decisão é tomada pelo paciente com o médio, de acordo com a via que melhor se adequar à sua situação. 

A única indicação validada para TMF é a infecção recorrente associada ao Clostridioides difficile. Esta prática pode apresentar riscos para a saúde e deve ser realizada sob supervisão médica, não se reproduzir em casa!

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