Endolisinas recombinantes contra a vaginose bacteriana

Um estudo demonstra que, com recurso a endolisinas recombinantes derivadas de profagos, é possível eliminar o biofilme bacteriano responsável pela vaginose bacteriana sem se danificar as bactérias benéficas da microbiota vaginal. Resultados promissores.

A microbiota vaginal Microbiota vaginal: um marcador da progressão do vírus do papiloma? Acerca do papel das microbiotas vaginal, uterina e intestinal na endometriose

35% Apenas 1 em cada 3 mulheres sabe que a vaginose bacteriana está associada a um desequilíbrio da microbiota vaginal

Patologia vulgar nas mulheres em idade fértil, a vaginose bacteriana afeta 10 a 30% da população feminina mundial e está associada a um aumento do risco de infertilidade e de complicações durante a gravidez. É também um fator de risco de doenças sexualmente transmissíveis. Corresponde a um desequilíbrio da microbiota vaginal, acompanhado da formação de um biofilme caraterístico no epitélio vaginal, o qual é iniciado e dominado pela bactéria Gardnerella. Problema: o biofilme em questão é frequentemente resistente aos tratamentos por antibióticos. De facto, os antibióticos são eficazes na redução rápida dos sintomas, mas estão associados a uma taxa de recidiva de mais de 60% em seis meses de tratamento. Um novo estudo permitiu testar (sidenote: Endolisinas Endolisinas são enzimas de bacteriófagos que lisam as paredes das bactérias, permitindo a libertação de fagos )  do tipo 1,4-β-N-acetilmuramidase, provenientes de (sidenote: Profagos Profagos são genomas de bacteriófagos integrados no genoma do hospedeiro. (Saussereau and Debarbieux 2012) )  no genoma de Gardnerella como tratamento alternativo.

Um efeito bactericida 10 vezes superior ao do tipo natural

Para isso, os autores criaram várias endolisinas modificadas por rearranjo de domínio e testaram a sua atividade bactericida em estirpes de Gardnerella, comparando-a com a de endolisinas naturais. As endolisinas recombinadas apresentaram 10 vezes mais atividade bactericida do que as do tipo natural. A mais ativa, designada endolisina PM-477, foi testada face a um painel de 20 estirpes de Gardnerella (incluindo (sidenote: G. vaginalis, G. leopoldii, G. piotii e G. swidsinskii ) ) e demonstrou maior eficácia em comparação com os antibióticos também testados (metronidazol, tinidazol e clindamicina). Além disso, a PM-477 não teve quaisquer impactos nos lactobacilos ou em outras espécies de bactérias vaginais benéficas. Os autores concluíram que a endolisina PM-477 tinha um efeito altamente seletivo face à Gardnerella e matava as estirpes de cada uma das suas quatro principais espécies, sem afetar os lactobacilos benéficos nem outras espécies típicas da microbiota vaginal. Confirmaram ainda essa observação através de microscopia, em coculturas de Gardnerella e lactobacilos. A PM-477 (a 460 µg/ml durante 5 horas) lisou G. vaginalis e G. swidsinskii em monoculturas e também em cocultura, enquanto os lactobacilos das coculturas não foram afetados.

Eficaz em amostras colhidas de pacientes

Para irem mais longe e analisarem a eficácia da PM-477 em ambiente fisiológico próximo da situação in vivo, os investigadores trataram as amostras vaginais de 15 pacientes com vaginose bacteriana e analisaram-nas por hibridação in situ fluorescente (FISH). Demonstraram que, em 13 dos 15 casos, a PM-477 tinha matado a bactéria Gardnerella e dissolvido fisicamente os biofilmes sem afetar a microbiota vaginal. Para os autores, a utilização de endolisinas será uma opção terapêutica promissora para combater a vaginose bacteriana e dispensar os antibióticos, causadores de recidivas e de resistência.

 

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Autismo: quando o intestino dita a chuva e o bom tempo

O intestino é muitas vezes designado como o nosso segundo cérebro. E não é para menos, uma vez que estará intimamente ligado ao primeiro. A qualidade da nossa microbiota intestinal, indiciadora do nosso estado de espírito, do nosso comportamento e até mesmo da nossa saúde mental, estará em causa no que respeita à intensidade dos sintomas de determinadas doenças neurobiológicas, como as perturbações do espetro autístico.

A microbiota intestinal Transtornos do espetro do autismo
Actu GP : Autisme : quand l’intestin fait la pluie et le beau temps

Como explicar as “PEA”, Perturbações do Espetro Autístico? A questão ativa a comunidade científica há várias décadas. O intestino poderá ser uma das respostas, embora sem explicar tudo sobre a origem da doença, a qual se caracteriza por dificuldades na socialização e na comunicação ou ainda pela perturbação obsessivo-compulsiva (POC, ou OCD em inglês). E, muito em especial, os milhares de milhões de bactérias e de outros microrganismos que o habitam... para o melhor ou para o pior...

Ligação perigosa: perturbações intestinais e PEA

Após a descrição deste distúrbio em 1943, já foi identificada uma longa lista de sintomas associados às PEA. Entre outras, as perturbações intestinais (diarreia, obstipação, cólon irritável, etc.) fazem parte das afeções biológicas clássicas. As crianças com PEA sofrem 3 a 4 vezes mais de perturbações gastrointestinais. E a gravidade com que se manifesta o autismo corresponde frequentemente aos distúrbios intestinais mais severos, e vice versa. Como corolário, os investigadores conseguiram mesmo demonstrar que, quando as perturbações gastrointestinais são tratadas, os pacientes autistas apresentam melhoras no seu comportamento. Por isso, têm-se interessado pelos mecanismos na origem desses problemas gastrointestinais e voltado a sua atenção para a microbiota intestinal.

Uma microbiota que se toma por cérebro?

Primeira constatação: os pacientes autistas apresentam frequentemente uma flora intestinal alterada (disbiose) e pobre em bactérias benéficas, mas rica em micróbios implicados em algumas afeções intestinais (diarreia, obstipação, etc.). E estes não se limitam a atacar os intestinos, mas produzem também moléculas ditas "sinalizadoras", que são usadas na comunicação entre o intestino e o cérebro. Em termos simples, quando produzidas em grandes quantidades, estas moléculas poderão perturbar essa comunicação e provocar os problemas comportamentais caraterísticos das PEA.

Um passador em vez do intestino?

Segunda constatação: a barreira intestinal deixa de desempenhar a sua função, que consiste em impedir os micróbios, os alérgenos e outras moléculas estranhas de entrarem no sangue. Consequência: a ativação do sistema imunitário, que conduz a reações inflamatórias. Com efeito, muitos pacientes autistas apresentam permeabilidade intestinal, inflamação intestinal e perturbações intestinais e neurológicas associadas a uma resposta exacerbada ao stress. Embora estes dados sustentem a existência de uma forte ligação entre o intestino e o cérebro nas PEA, a verdade é que os mecanismos através dos quais as perturbações gastrointestinais contribuem para as PEA continuam ainda difíceis de compreender. São necessários estudos complementares para se identificarem abordagens terapêuticas capazes de tratar esses problemas intestinais e de melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

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Fontes :

Bjørklund G, Pivina L, Dadar M, et al. Gastrointestinal alterations in autism spectrum disorder: What do we know? Neurosci Biobehav Rev. 2020 Nov;118:111-120. doi: 10.1016/j.neubiorev.2020.06.033. Epub 2020 Jul 1.

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Microbiota oral, fator de risco de cancro do pulmão?

Um primeiro estudo prospetivo, realizado com pacientes que nunca fumaram, poderá revelar uma relação entre a diversidade da microbiota oral e o risco de se vir a sofrer de cancro do pulmão. Uma nova perspetiva que necessita ainda de confirmação.

A microbiota ORL Transplante pulmonar: a microbiota pulmonar, um indicador fiável para se prever a rejeição? Microbiota pulmonar: um marcador do prognóstico da DPOC? A microbiota intestinal está relacionada com o cancro de pulmão

O cancro do pulmão é a principal causa de morte por cancro em todo o mundo. Embora o consumo ativo de tabaco surja como o maior fator de risco, 25% dos casos da doença ocorrem entre não fumadores. Trata-se de uma percentagem elevada, que não pode ser totalmente explicada pelos principais riscos identificados: tabagismo passivo, poluição, antecedentes familiares, etc. Para além da microbiota intestinal e do seu papel no aparecimento de alguns cancros gastrointestinais, outros ecossistemas microbianos foram já também associados a riscos oncológicos. Neste estudo, os autores visaram a microbiota oral, cuja composição e cuja capacidade de colonizar o trato respiratório poderão contribuir para o aparecimento do carcinoma brônquico.

Com uma microbiota depauperada, o risco intensifica-se

O referido estudo prospetivo baseou-se numa monitorização a longo prazo de mais de 136.000 habitantes de Xangai que nunca fumaram (61.500 homens e 75.000 mulheres), com consultas de controlo a cada 2 a 3 anos. Foi analisada uma amostra de saliva, recolhida na linha de base, de todos os participantes que posteriormente contraíram cancro do pulmão, e também de um grupo de controlo com igual número de elementos possuidores das mesmas características dos primeiros quanto a sexo, idade, data e hora de recolha das amostras, tratamentos prévios com antibióticos, etc. Em termos finais, a comparação, realizada mediante sequenciação metagenómica, incidiu sobre 114 pacientes e número idêntico de controlos. O que nela ficou demonstrado foi que quanto menor é a diversidade bacteriana existente na microbiota oral, maior é o risco de aparecimento de cancro do pulmão.

Quando a abundância (de Firmicutes) é moléstia...

A composição intrínseca do microbioma oral também parece desempenhar um papel importante. No âmbito desta população de não fumadores, o aumento da abundância relativa de Spirochaetes (espiroquetas) e / ou de Bacteroidetes poderá corresponder a um menor risco. Pelo contrário, um número mais abundante de bactérias pertencentes ao filo das Firmicutes, e em especial da ordem das Lactobacillales, estará associado a um aumento da probabilidade de desenvolvimento de cancro do pulmão. E coube ainda aos autores especificar que estes resultados coincidem com estudos anteriores ao demonstrarem a existência de relação entre as Firmicutes e algumas doenças respiratórias (doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), carcinoma de células escamosas da cabeça e pescoço, cancro do pulmão, etc.).

Microbiota ORL (otorrinolaringológica): investigações complementares para esclarecer o seu âmbito

Esta caraterização em grande escala da microbiota oral proporciona novas perspetivas sobre a etiologia do cancro do pulmão nos não fumadores. A homogeneidade geográfica do estudo reforça a relevância das suas conclusões, mas limita simultaneamente o seu alcance. Trabalhos complementares, a realizar com outras populações e em outras localizações, deverão permitir esclarecer o papel da microbiota ORL no desenvolvimento do carcinoma brônquico e de outras patologias respiratórias.

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Uma melhor previsão da resposta ao tratamento das DII através da microbiota intestinal?

Compreender, prever a resposta ao tratamento e adequar-lhe a terapia. Um novo estudo indica que a microbiota intestinal dos pacientes com doença inflamatória crónica intestinal (DII) poderá ser usada para prever a eficácia do tratamento com agentes imunossupressores. Trata-se de um avanço significativo para um conjunto de patologias particularmente incapacitantes. 

A microbiota intestinal Doenças inflamatórias do intestino (DII)
DII

Chamam-se doença de Crohn ou colite ulcerosa, pertencem à família das DII, e têm uma coisa em comum: a inflamação descontrolada da camada interna da parede de uma parte do tubo digestivo, que causa diversos sintomas durante os surtos inflamatórios. Embora atualmente estas doenças ainda não tenham cura, existem tratamentos para reduzir a inflamação, como o (sidenote: Infliximab Uma bioterapia anti-TNF-α (proteína responsável pela inflamação dos tecidos). ) (IFX). O problema é que um terço dos pacientes não responde a esta terapia, e não existe qualquer (sidenote: Marcador biológico Uma caraterística biológica, medida objetivamente, que avalia a resposta a um tratamento. Essa resposta pode ser completa o parcial. )  para se prever a resposta ao tratamento. E é na microbiota intestinal que os investigadores deste estudo podem ter encontrado a solução.

Uma microbiota intestinal diferente antes do tratamento...

Vários estudos já demonstraram uma associação entre a composição da microbiota intestinal (bactérias e mais recentemente fungos), e as DII. Assim, e no sentido de identificarem marcadores de resposta adequada à terapia por IFX, os investigadores avaliaram o efeito do tratamento sobre a composição da microbiota intestinal de (sidenote: 25 pacientes com doença de Crohn (CD) e 47 com colite ulcerosa (CU). )  de DII tratados com Infliximab. Foi realizada a análise da microbiota intestinal (diversidade de bactérias e fungos) em amostras fecais recolhidas antes do tratamento e, posteriormente, até 1 ano após o início da terapia. Os pacientes foram classificados em três grupos, de acordo com o tipo de resposta ao tratamento. O estudo revela que, antes do início do tratamento, a composição em bactérias e fungos da microbiota nos pacientes com DII era significativamente divergente entre os 3 grupos de pacientes que posteriormente responderam de forma diferente à terapia.

…permitindo a previsão da resposta à terapia

Após início do tratamento, foram também observadas diferenças significativas entre os 3 grupos de pacientes: aqueles cuja resposta foi insatisfatória apresentavam quantidades reduzidas de bactérias detentoras de propriedades anti-inflamatórias e uma maior abundância de fungos (Candida) e de bactérias com capacidades pró-inflamatórias. Estes resultados sugerem, portanto, que a microbiota intestinal tem intervenção na resposta ao tratamento.

Com base nesta descoberta, os investigadores subsequentemente identificaram determinadas bactérias e fungos presentes antes do início do tratamento no intestinos dos pacientes e que poderão servir de indicadores para se calcular a resposta à terapia por IFX. A identificação precoce dos pacientes com ausência de resposta permitirá uma rápida alteração do tratamento, tendo como consequência a redução dos efeitos secundários e, igualmente, das despesas envolvidas. Uma abordagem integralmente positiva!

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Fontes:

Ventin-Holmberg R, Eberl A, Saqib S, et al. Bacterial and fungal profiles as markers of infliximab drug response in inflammatory bowel disease. J Crohns Colitis. 2020 Dec 10:jjaa252.

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Quando a função renal se degrada, o chocolate negro pode protegê-la?

Alguns pedaços de chocolate negro por dia poderão ajudar a combater as complicações em caso de doença renal crónica (DRC)? Pode muito bem ser o caso, tendo em vista os efeitos benéficos do cacau para a saúde cardiovascular, a microbiota ou o cérebro.

A microbiota intestinal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Actu GP : Quand la fonction rénale s’altère, le chocolat noir fait-il barrière ?

Já sabia? Theobroma cacao, o nome botânico que designa o cacaueiro, é composto por cacao, cacau, e theobroma, que em grego significa "alimento dos deuses". Iguaria outrora reservada a sacerdotes e a reis, o chocolate, felizmente para nós, democratizou-se. É hoje consumido e apreciado em todo o mundo pelo seu sabor delicioso e pelos seus efeitos benéficos para o organismo. Com um teor de cacau superior a 80%, o chocolate negro é, sem dúvida, o que mais benefícios apresenta para a saúde. E quais são esses benefícios? Contém compostos específicos que poderão atenuar as complicações nos pacientes com doença renal crónica (DRC).

Chocolate negro e microbiota intestinal: uma combinação vencedora?

Os pacientes com DRC sofrem uma redução da capacidade funcional dos seus rins, que deixam de filtrar adequadamente o sangue que circula no organismo. Essa disfunção resulta numa acumulação anómala de moléculas no sangue, nomeadamente toxinas urémicas1. Estes pacientes apresentam uma microbiota intestinal desequilibrada ( (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) ) e que pode contribuir para a produção dessas toxinas. A ingestão de cacau permitirá regular a microbiota intestinal, promovendo a colonização do intestino por bactérias conhecidas pelos seus efeitos benéficos (Lactobacillus e Bifidobacterium). Uma série de estudos indica, igualmente, que comer chocolate, graças à modulação que este realiza da microbiota intestinal, melhora a integridade da barreira intestinal, diminui a inflamação e reduz as toxinas urémicas.

O chocolate negro, paladino imaculado do nosso sistema cardiovascular

Os doentes com DRC apresentam um risco mais elevado de doença cardiovascular e de morte prematura. Vários estudos já demonstraram que o consumo regular de chocolate negro terá efeitos cardioprotetores para as pessoas saudáveis. Como? Ao melhorar a circulação sanguínea (melhora o funcionamento dos vasos sanguíneos e reduz a tensão arterial). Essas melhorias permitirão, também, uma redução do risco de acidente vascular cerebral (AVC).

Chocolate, a solução contra a depressão

Muitas vezes esquecemo-nos, mas uma doença crónica tem frequentemente impacto psicológico para o paciente. Para além do simples prazer de saborear, o consumo regular de chocolate escuro pode proporcionar conforto psicológico ao estimular a produção de serotonina (neurotransmissor envolvido no controlo dos comportamentos), a qual possui efeitos antidepressivos. Embora a ingestão de chocolate negro (contendo um mínimo de 80% de cacau) pareça constituir uma alternativa interessante para os pacientes que sofrem de DRC, os potenciais impactos desse consumo regular na inflamação e no risco cardiovascular e os seus efeitos sobre a microbiota intestinal nessas doenças ainda não foram estudados no âmbito de qualquer estudo clínico prospetivo. Mas que não seja isso que nos impeça de cedermos à volúpia de um bom chocolate!

1 No total, há mais de 80 moléculas que são consideradas toxinas urémicas: trata-se de hormonas, péptidos e até mesmo compostos orgânicos.

Recomendado pela nossa comunidade

"Obrigado pela vossa partilha!" - Comentário traduzido de Suzanne Kohler

"É muito bom saber!!!! Obrigado por esta informação!!!" - Comentário traduzido de Melissa Beyer

"Obrigado por partilharem isto comigo" - Comentário traduzido de Donna Tatum

(Da My health, my microbiota)

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Fanton S, Cardozo LFMF, Combet E, Shiels PG, Stenvinkel P, Vieira IO, Narciso HR, Schmitz J, Mafra D. The sweet side of dark chocolate for chronic kidney disease patients. Clin Nutr. 2021 Jan;40(1):15-26. doi: 10.1016/j.clnu.2020.06.039.

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Exposição aos antibióticos entre os 0 e os 6 anos: microbiota intestinal alterada, desenvolvimento da criança perturbado

Um recente estudo demonstra que a exposição a antibióticos durante os primeiros 6 anos de vida poderá alterar a longo prazo a microbiota intestinal e afetar o desenvolvimento das crianças.

A microbiota intestinal Microbiota intestinal bloqueia os efeitos dos antidepressivos Antibióticos e risco de DII: O que acontece nos adultos? Antibióticos e microbiota intestinal: quais são os impactos a longo prazo?

Os recém-nascidos submetidos a tratamento com antibióticos durante as primeiras semanas de vida apresentam alterações na composição da microbiota intestinal. No entanto, os efeitos microbiológicos e clínicos a longo prazo dessa exposição são ainda desconhecidos. Dadas as ligações entre causa e efeito que relacionam a microbiota intestinal com o crescimento, a obesidade ou as doenças metabólicas, os investigadores aventaram a hipótese de os antibióticos tomados durante os primeiros dias de vida poderem vir a exercer efeitos duradouros no crescimento das crianças, por perturbarem o processo natural de colonização da microbiota intestinal.

Desenvolvimento afetado…

Um estudo, realizado junto de 12.422 crianças nascidas de gravidez única a termo, é esclarecedor. Os lactentes estudados não apresentavam quaisquer anomalias conhecidas que pudessem afetar o crescimento, e não tiveram necessidade de qualquer tratamento profilático a longo prazo com antibióticos. 9,3% dos recém-nascidos desta coorte receberam (sidenote: Combinação de benzilpenicilina e gentamicina por via intravenosa no caso da maioria dos recém-nascidos )  nos primeiros 14 dias de vida. Entre os lactentes expostos, apenas os do sexo masculino apresentaram um peso significativamente inferior ao dos recém-nascidos não expostos durante os primeiros 6 anos de vida. Por outro lado, também se constatou que tinham uma altura e um índice de massa corporal (IMC) nitidamente menores entre os 2 e os 6 anos. Este resultado foi confirmado numa coorte alemã de 1.707 crianças acompanhadas desde o nascimento até aos 5 anos. Em contraste, a exposição a antibióticos durante os primeiros 6 anos de vida mas fora do período neonatal foi associada a um IMC significativamente mais elevado, tanto nos rapazes como nas raparigas.

Os antibióticos são uma descoberta científica extraordinária que salva milhões de vidas, mas a sua utilização excessiva e inapropriada tem agora suscitado sérias preocupações para a saúde, nomeadamente com a resistência aos antibióticos e a disbiose. Vejamos a sua página dedicada.

O papel ambivalente dos antibióticos

Ao destruírem as bactérias responsáveis pelas infeções, também têm impacto na m…

... e uma microbiota intestinal alterada

Para se estudar o efeito da exposição neonatal aos antibióticos sobre a microbiota intestinal, foram recolhidas amostras fecais aos 1, 6, 12 e 24 meses de idade num novo grupo de 33 recém-nascidos, treze dos quais receberam benzilpenicilina e gentamicina por via intravenosa durante as primeiras 48 horas de vida. O grupo de controlo integrou 20 recém-nascidos saudáveis e não expostos a antibióticos durante o período neonatal. A microbiota fecal foi analisada por sequenciação do gene do ARN ribossómico 16S. Após 1 e 6 meses, foram observadas diferenças significativas entre a composição da microbiota intestinal do grupo tratado com antibióticos e a do grupo de controlo, o que demonstra a persistência na microbiota dos efeitos da exposição aos antibióticos. Além disso, o género Bifidobacterium surgiu como sendo o mais afetado, e sua abundância surgiu significativamente reduzida até 24 meses após a exposição dos recém-nascidos.

O que é a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM?

Todos os anos, desde 2015, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), que tem como objetivo aumentar a sensibilização para a resistência aos antimicrobianos a nível global.

Realizada entre 18 e 24 de novembro, esta campanha incentiva o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizarem cuidadosamente os antimicrobianos, a fim de evitar o surgimento de uma maior resistência aos antimicrobianos. 

A disbiose intestinal implicada?

Para estudarem as relações de causa-efeito entre a exposição neonatal a antibióticos, a disbiose intestinal e o impacto para o desenvolvimento das crianças, os investigadores realizaram um estudo complementar com (sidenote: Ratos axénicos Ratos sem germes, criados em ambiente estéril ) . Estes receberam um transplante de microbiota fecal (TMF) de crianças 1 mês e 2 anos após a exposição neonatal das mesmas a antibióticos. Observou-se uma redução significativa no aumento de peso dos ratos macho que receberam o TMF das crianças 1 mês e até 2 anos após a exposição neonatal, em comparação com os ratos não expostos. Em contrapartida, o desenvolvimento dos ratos fêmea não surgiu afetado. Estes dados sugerem que o potencial nexo de causalidade entre a exposição a antibióticos nos primeiros 6 anos de vida e os distúrbios do crescimento na infância poderá ser induzido pela disbiose intestinal gerada durante o desenvolvimento da microbiota intestinal.

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Noticias Pediatria Gastroenterologia

Depressão: um diagnóstico mais preciso através da microbiota intestinal?

Dois estudos recentes oferecem novas perspetivas para o diagnóstico e tratamento dos estados depressivos, centrando-se na composição da microbiota intestinal e no metaboloma desta.

A microbiota intestinal Depressão geriátrica: a microbiota intestinal envolvida na remissão? Depressão: com vista à confirmação de um diálogo intestino-cérebro? A dupla face dos antibióticos, salva-vidas e desreguladores da microbiota
Actu PRO : Dépression : un diagnostic plus précis grâce au microbiote intestinal ?

Têm surgido, nos últimos anos, numerosos estudos que examinam a relação entre a disbiose intestinal e a depressão, uma patologia que afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Dois novos estudos confirmam o papel da microbiota intestinal na depressão.

Sistema endocanabinóide: o elo entre a depressão e a microbiota intestinal:

Num estudo realizado pelo Instituto Pasteur, INSERM e CNRS, ratos ingénuos receberam transplantes de microbiota fecal (TMF) de ratos saudáveis ou de ratos tornados depressivos mediante recurso ao modelo de stress crónico imprevisível (UCMS, em inglês). A microbiota intestinal, o metabolismo dos ácidos gordos polinsaturados e a neurogénese no hipocampo (região do cérebro fortemente envolvida no desenvolvimento de sintomas depressivos) foram em seguida analisados. Este estudo indica que os sintomas dos ratos UCMS (nos quais se observa uma diminuição da neurogénese no hipocampo e transtornos do humor) se transferiram para os ratos transplantados. A análise metabolómica destes ratos mostra uma alteração do metabolismo dos ácidos gordos: mais especificamente, défices em precursores de lípidos dos canabinóides endógenos, levando a uma alteração na atividade do sistema endocanabinóide no cérebro, o que irá, por seu turno, induzir a depressão. O aumento dos canabinóides endógenos, quer através de bloqueio farmacológico das enzimas que os degradam, quer através da alimentação, permite uma redução dos sintomas depressivos nos ratos que receberam o TMF de ratos UCMS. Este aumento dos canabinóides endógenos induz também um restabelecimento da neurogénese no hipocampo destes ratos. Finalmente, tanto nos ratos UCMS como nos recetores do transplante, observa-se disbiose intestinal caracterizada por uma diminuição da abundância de Lactobacilli. A ingestão pelos ratos UCMS de uma estirpe de Lactobacilli restaura igualmente os níveis de canabinóides endógenos do cérebro e a neurogénese no hipocampo, reduzindo assim os transtornos do humor. Estes estudos com roedores estabelecem um novo cenário de explicação do papel da microbiota intestinal na depressão através do sistema canabinóides endógeno. Outra conclusão deste estudo é que as intervenções dietéticas ou a ingestão de probióticos serão instrumentos eficazes na luta contra os sintomas desta doença.

Biomarcadores intestinais: rumo a um diagnóstico mais preciso?

Num segundo estudo sino-americano, os investigadores identificaram três bacteriófagos, 47 espécies bacterianas e 50 metabolitos cuja abundância fecal diferia numa primeira coorte constituída por 118 pacientes com transtorno depressivo maior (TDM) e não tratados, em comparação com 118 indivíduos saudáveis. A análise efetuada numa segunda coorte de validação (38 pacientes de TDM e 38 indivíduos saudáveis) revelou que a utilização de 6 biomarcadores (2 bactérias, 2 fagos e 2 metabolitos) permitia distinguir, com uma precisão de mais de 90%, os pacientes com TDM dos indivíduos saudáveis em ambas as coortes. Finalmente, os investigadores demonstraram que os níveis fecais de GABA e de alguns dos seus metabolitos surgiam reduzidos nos pacientes com TDM. Estes resultados sugerem que o nível de GABA fecal dos pacientes poderá ser modulado por um conjunto de bactérias intestinais que, por sua vez, poderão contribuir conjuntamente para o desenvolvimento do TDM. Estes resultados abrem novas perspetivas para a compreensão da patogénese da doença. Vêm também ajudar a melhorar o diagnóstico do TDM, que é atualmente inexato ou incompleto, com base na microbiota intestinal.

Recomendado pela nossa comunidade

"A importância da microbiota intestinal" - Comentário traduzido de buzocaperuzo (Da Biocodex Microbiota Institute em X)

"Parabéns por finalmente divulgar esta informação..." -@GloriaR56965767 (Da Biocodex Microbiota Institute em X)

"Incrível!!" -@fmoral1959 (Da Biocodex Microbiota Institute em X)

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Noticias Psiquiatria Gastroenterologia

Depressão: será que a microbiota intestinal detém a chave para o diagnóstico?

Ao elaborarem um mapeamento rigoroso dos microrganismos e compostos que habitam a microbiota intestinal, os investigadores desenvolveram um novo método de diagnóstico para o transtorno depressivo maior.

A microbiota intestinal é povoada por múltiplos microrganismos que sintetizam compostos chamados metabolitos, os quais são essenciais para o correto funcionamento do organismo humano. Ao longo da última década, os investigadores determinaram a existência de uma relação entre as perturbações da microbiota e várias doenças, entre as quais o transtorno depressivo maior (TDM), uma doença psiquiátrica com importantes consequências sociais. Um estudo recente confirma essa relação, e vai mais longe, ao utilizar a microbiota intestinal como instrumento de diagnóstico.

Uma topologia mais precisa da microbiota

O diagnóstico do TDM, caraterizado pela ausência de marcadores biológicos facilmente mensuráveis e por se basear apenas numa entrevista com o paciente, é, frequentemente, incorreto ou incompleto. No sentido de obterem uma imagem exata da microbiota intestinal nos casos de depressão, os investigadores estudaram simultaneamente as bactérias, os vírus e os respetivos metabolitos contidos nas fezes de uma centena de pacientes com TDM e de outros tantos controlos saudáveis. Identificaram três bacteriófagos (vírus que infetam bactérias), 47 espécies bacterianas e 50 metabolitos fecais que apresentavam diferenças significativas em termos de abundância nos pacientes com TDM relativamente aos controlos saudáveis. Segundo eles, esses marcadores biológicos constituirão um meio complementar de diagnóstico da depressão, coadjuvante das entrevistas clínicas. A análise efetuada numa segunda coorte indica que a utilização dos referidos marcadores biológicos torna possível a deteção dos pacientes de TDM com uma precisão de mais de 90% em ambos os grupos.

O eixo intestino-cérebro no cerne da depressão?

Uma outra conclusão retirada deste mapeamento é de que o GABA, neurotransmissor que reduz a atividade cerebral, foi encontrado em quantidades inferiores nas fezes dos pacientes com TDM. Segundo os investigadores, essa redução será regulada pela composição alterada da microbiota bacteriana desses pacientes, e poderá estar na origem do TDM. Os autores sustentam a hipótese de que a redução de GABA ao nível intestinal poderá estar correlacionada com uma desregulação da função de neurotransmissão do mesmo no cérebro dos pacientes com TDM. Esta hipótese tende a confirmar a participação do eixo intestino-cérebro no transtorno depressivo maior. O estudo vem, assim, abrir uma nova esperança para o correto diagnóstico do TDM.

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Fontes:

Yang J, Zheng P, Li Y et al. Landscapes of bacterial and metabolic signatures and their interaction in major depressive disorders. Sci Adv. 2020 Dec 2;6(49):eaba8555. doi: 10.1126/sciadv.aba8555

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Abacate, o meu parceiro para o emagrecimento?

Um fruto rico em gorduras com virtudes dietéticas? Ao modificar a nossa microbiota intestinal, o abacate, conhecido pelas suas virtudes para o sistema cardiovascular, promoverá a excreção das gorduras ingeridas em pessoas com excesso de peso ou obesas.

A microbiota intestinal Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal
Actu GenPu: L’avocat, mon partenaire minceur ?

Apesar dos seus elevados níveis de gorduras e de valor calórico, o abacate será um aliado para o emagrecimento. O seu segredo residirá na riqueza em fibras e ácidos gordos monoinsaturados que aumentam a sensação de saciedade e reduzem a concentração de gorduras no sangue. Mas qual será o impacto do seu consumo nas bactérias da microbiota intestinal e nos produtos resultantes da fermentação dos alimentos ingeridos, especialmente em pessoas obesas ou com (sidenote: O excesso de peso define-se por um índice de massa corporal (IMC) entre 25 e 30; a obesidade corresponde a um IMC> 30 ) ?

Um abacate por dia durante 3 meses

Para responder à pergunta, um grupo de investigadores acompanhou, durante 12 semanas, 157 adultos com idades entre os 25 e os 45 anos, obesos ou com excesso de peso mas saudáveis, divididos em dois grupos. Todos tiveram de consumir uma vez por dia, em substituição do pequeno-almoço, do almoço ou do jantar, uma refeição fornecida pelos investigadores: apenas a de um dos dois grupos continha um abacate, cujo conteúdo calórico era compensado por outros alimentos na do outro grupo. Com exceção deste fruto, os ingredientes da refeição obrigatória eram semelhantes em mais de 90%. Para as outras refeições, os participantes foram instruídos a manter os seus hábitos alimentares, respeitando as porções diárias habituais.

Mais gorduras nas fezes, menos no organismo

Resultados: no grupo "abacate", a ingestão de ácidos gordos monoinsaturados (a denominada "gordura boa") foi superior em 20 g, enquanto no que respeita a fibras o foi em 14 g. Os participantes receberam também um excedente calórico diário de 300 kcal. No entanto, no fim do estudo, eles não tinham ganho nem um grama! Em contrapartida, a sua microbiota intestinal tinha-se diversificado e enriquecido com bactérias capazes de degradar as fibras. As respetivas fezes, por sua vez, continham menos ácidos biliares (moléculas segregadas pelo sistema digestivo que permitem absorver as gorduras) e mais gorduras. Ao modificar a microbiota intestinal, o consumo de abacate influencia o metabolismo do hospedeiro e aumenta a excreção de gorduras, concluem os autores, que já imaginam novas abordagens dietéticas para melhorar a saúde das pessoas obesas ou com excesso de peso, as quais são cada vez mais numerosas.

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Fontes:

Thompson S. V., Bailey M.A., Taylor A.M. et al. Avocado Consumption Alters Gastrointestinal Bacteria Abundance and Microbial Metabolite Concentrations among Adults with Overweight or Obesity: A Randomized Controlled Trial. J Nutr 2020;00:1–10.

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