Diagnóstico mais precoce da diabetes gestacional graças à microbiota

Há alterações associadas à diabetes gestacional presentes na microbiota das gestantes desde o primeiro trimestre de gravidez. Isto poderá vir a permitir uma deteção mais precoce e uma melhor assistência às mães e aos seus bebés. 1

A microbiota intestinal Diabetes do tipo 2 Obesidade
Photo: Earlier diagnosis of gestational diabetes thanks to microbiota

Existe uma crença comum que perdura: a diabetes gestacional (DG) desencadear-se-ia no segundo ou no terceiro trimestre de gravidez. Errado, proclama um estudo recente publicado na revista Gut. As alterações da microbiota intestinal ligadas a esta disfunção do metabolismo dos açúcares surgirão já claramente a partir do primeiro trimestre de gravidez, o que poderá abrir as portas a novos instrumentos de previsão.

Cerca de 400 mulheres grávidas monitorizadas durante várias semanas

Para comprovarem estes resultados, investigadores da Faculdade de Medicina de Safed, em Israel, recrutaram 394 mulheres grávidas há menos de 3 meses e com idades entre os 18 e os 40 anos. Os cientistas recolheram fezes das participantes para analisar a sua microbiota e amostras de sangue para medirem os níveis de inflamação, entre outros parâmetros. As mulheres, voluntárias, foram depois acompanhadas ao longo de várias semanas. Durante o referido acompanhamento, 44 mulheres (11%) desenvolveram DG.

O que é a diabetes gestacional?

A diabetes gestacional, por vezes chamada "diabetes de gravidez", é uma perturbação metabólica caracterizada por um excesso de açúcar no sangue, e desaparece após o parto. Surge acompanhada de múltiplos riscos para a mãe (pré-eclâmpsia, complicações durante o parto, risco de diabetes tipo 2, etc.) e para o bebé (peso elevado ao nascer, hiperglicemia, etc.).
Verdadeiro problema de saúde pública, a diabetes gestacional atinge em média 10% das gestantes 2. O diagnóstico faz-se geralmente entre a vigésima quarta e a vigésima oitava semana de amenorreia. 
O excesso de peso, a idade avançada (mais de 35 anos), o histórico familiar de diabetes, o facto de já ter dado à luz um bebé de peso elevado ou possuir pele negra agravam o risco. 
O tratamento é baseado principalmente em atividade física, dieta e ingestão de insulina. De notar que a toma de probióticos no início da gravidez poderá também evitar o risco de diabetes gestacional.

Diabetes: a microbiota envolvida na inflamação

Comparando os resultados das análises ao sangue das participantes afetadas com os das não afetadas, os investigadores descobriram que, logo no primeiro trimestre, as mulheres com DG apresentavam problemas de regulação da glicose e níveis mais elevados de mensageiros inflamatórios, particularmente de interleucina-6 (IL-6). Vários estudos demonstraram que a IL-6, por promover a inflamação, participa em várias formas de diabetes, onde se inclui a gestacional.

Paralelamente, a análise da microbiota mostrou, nas mulheres com DG, que determinadas comunidades de bactérias tinham sofrido modificações ( (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) ). Havia também menos ácidos gordos de cadeia curta ( (sidenote: Ácidos Gordos de Cadeia Curta (AGCC) Os Ácidos Gordos de Cadeia Curta são uma fonte de energia (carburante) das células do indivíduo, interagem com o sistema imunitário e estão envolvidos na comunicação entre o intestino e o cérebro. Silva YP, Bernardi A, Frozza RL. The Role of Short-Chain Fatty Acids From Gut Microbiota in Gut-Brain Communication. Front Endocrinol (Lausanne). 2020;11:25. ) ), compostos produzidos por bactérias que reduzem a inflamação e melhoram a sensibilidade insulínica (e, portanto, o controlo do açúcar no sangue).

Ao transferirem a microbiota das mulheres com DG para ratos sem microbiota, os investigadores conseguiram reproduzir os sintomas da DG, nomeadamente a inflamação associada a um aumento da IL-6, provando que a disbiose tem de facto participação no desenvolvimento da DG.

A caminho de instrumentos eficazes de previsão precoce?

Por fim, os pesquisadores usaram um modelo de previsão para descobrirem que parâmetros eram os mais relevantes para se poder prever a DG de forma precoce e precisa. Embora os dados da anamnese (peso, altura, historial, açúcar no sangue, etc.) sejam os mais eficazes, os dados da microbiota podem melhorar muito o nível de previsão.

Apesar de ter algumas limitações, este estudo é um passo em frente na compreensão da DG. Ele vem também abrir a porta a métodos de deteção de elevada precisão que permitam prestar uma melhor assistência e diminuir os riscos associados à DG. 

É uma excelente notícia numa altura em que a incidência desta patologia está a aumentar em todo o mundo devido ao recrudescimento dos casos de excesso de peso e de obesidade!

A microbiota intestinal

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Chamada para publicações

É um investigador com uma investigação inovadora e comprovada que mostra uma clara ligação entre a microbiota intestinal e as doenças ou uma ligação entre as perturbações digestivas e a microbiota? Com uma aplicação clínica concreta? Já publicou o seu trabalho e quer partilhá-lo com uma audiência internacional?

Que tal ser publicado numa revista internacional em 5 línguas disponíveis em papel e em versão digital! 

Microbiota Mag, a revista especializada em microbiota, oferece-lhe a oportunidade de publicar um resumo original do seu artigo sobre microbiota intestinal & saúde & doenças.

Atreva-se a candidatar-se!
Favor, certificar-se de consultar as secções "Ficheiro do artigo" e "Critérios" abaixo antes de se candidatar.

Ficheiro do artigo

2.500 palavras (espaços incluídos). Este pequeno artigo deve ser escrito em Inglês. Deve:

  • Ser escrito no campo específico abaixo.
  • Conter interesses concorrentes (sem conflito de interesses...), declaração de disponibilidade de dados... Por favor, forneça detalhes suficientes para evitar atrasos no processamento do seu artigo.
  • Incluir a lista de referências formatada de acordo com o código editorial da Microbiota Mag:

3 autores, et al. Título. Nome do artigo (em itálico). Ano da publicação, volume, edição, número de páginas + link do hipertexto do PubMed.

Critérios
  • A busca para artigos está aberta a todos os médicos, PhD e farmacêuticos que trabalham em gastrenterologia, pediatria, microbiologia, doenças infecciosas, medicina interna
  • Serão consideradas apenas as investigações no campo da microbiota intestinal
  • O objetivo é apoiar investigadores; consideraremos investigadores que recentemente iniciaram suas publicações em revistas científicas indexadas (de 2015 até hoje)
  • Artigos atualmente em submissão não serão considerados (ou publicados em bioRxiv.org)
  • Não existe limitação geográfica para os proponentes. 
  • Todos os artigos serão analisados por comité científico independente de acordo com os seguintes critérios:
    • Seu impacto científico
    • Seu benefício para a saúde humana
    • Sua aplicação clínica concreta
    • Investigação focada apenas na microbiota intestinal

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Patients Stories - testemunhos de pacientes

Em abril de 2023, para assinalar o Mês da Sensibilização para a SII, o Instituto Biocodex Microbiota lançou “Patient Stories”, uma série de testemunhos em vídeo de pacientes que sofrem de SII. Nesta página dedicada pode ficar a conhecer testemunhos de pacientes que sofrem de diversas patologias de alguma forma associadas à microbiota. 

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Síndrome do Intestino Irritável e microbiota: há uma ligação?

Para aumentar o conhecimento sobre a  Síndrome do Intestino Irritável (SII), o Instituto Microbiota dá a palavra a um especialista na matéria, o Pr. Premysl Bercik, clínico e investigador da Universidade McMaster, Canadá.
Quais são os sintomas? Porque é que desenvolvo SII? Está associada à microbiota? Existe um eixo microbiota-cérebro? Todas as suas perguntas respondidas aqui.

A microbiota intestinal A síndrome do intestino irritável (SII) Doenças gastrointestinais funcionais Perturbações de ansiedade Perturbações de humor Gastroenterite infeciosa Doenças hepáticas Probióticos Transplante fecal
SII
IBS and microbiota

52% Apenas 1 em cada 2 pessoas que sofreram de uma patologia digestiva envolvendo a microbiota, associa os dois

O que é a Síndrome do Intestino Irritável (SII) ?

A SII é um distúrbio da interação cérebro-intestino, que se caracteriza por dor abdominal crónica e alteração do hábito intestinal (alterações na frequência ou na forma das fezes), na ausência de qualquer dano tecidual. Os sintomas gastrointestinais não vêm sozinhos, uma vez que a SII é frequentemente acompanhada por perturbações psicológicas (ansiedade, stress ou depressão). 1 

Pr. Premysl Bercik

"Durante a última década, uma atenção aumentada foi dada à microbiota, como fator-chave na SII."

Pr. Premysl Bercik

Quantas pessoas sofrem de SII

Prof. Premysl Bercik: Os dados diferem entre os países mas é estimado que a SII afeta cerca de 5 a 10% da população mundial. 2 A probabilidade da SII nas mulheres é quase duas vezes maior do que nos homens. Também relatam mais fadiga e distúrbios psicológicos. Para homens e mulheres, a SII pode desenvolver-se em qualquer idade, mas o início é, em geral, entre os 20 e 30 anos. 

5 a 10% É estimado que a SII afeta cerca de 5 a 10% da população mundial

2/3 dos pacientes são mulheres

A qualidade de vida de pacientes com SII é fortemente afetada, o que resulta frequentemente em faltas ao trabalho e à escola sua vida quotidiana. 3

Quais os sintomas desencadeantes da SII? Porque é que desenvolvo SII?

P.-B.: A SII é um distúrbio complexo, sendo que a sua origem é provavelmente multifatorial e não está completamente compreendida.  Em geral, resulta de uma interação cérebro-intestino prejudicada, uma comunicação bidirecional entre o trato digestivo e o sistema nervoso central. Existem vários mecanismos periféricos envolvidos na SII, incluindo hipersensibilidade intestinal, motilidade alterada, permeabilidade aumentada e inflamação de baixo grau.  No cérebro, os sinais do intestino são não são corretamente interpretados e aumentados e, então, o cérebro envia sinais erróneos ao intestino.  Durante a última década, uma atenção aumentada foi dada à microbiota intestinal, como fator-chave na SII. 4,5

Quais são as provas científicas para o envolvimento da microbiota intestinal na SII? 

P.-B.: Existem várias linhas de evidência que implicam a microbiota intestinal na SII: 

  • Em primeiro lugar, a infeção intestinal (gastroenterite) é o fator de risco mais forte para a SII, com 11-14% dos doentes a desenvolverem sintomas crónicos após infeção aguda com bactérias patogénicas (Salmonella, E. coli ou Campylobacter). 6 
  • Em segundo lugar, estudos clínicos mostraram que os tratamentos dirigidos para a microbiota afetam os sintomas da SII. De facto, certos antibióticos melhoram os sintomas em alguns doentes com SII, enquanto que em indivíduos assintomáticos, podem desencadear sintomas de SII. Demonstrou-se que probióticos específicos melhoram os sintomas da SII, tais como dor abdominal, diarreia ou inchaço, embora atualmente não haja consenso sobre quais os probióticos a recomendar na prática clínica. 2 
  • Em terceiro lugar, a composição microbiana intestinal e a atividade metabólica diferem entre os pacientes com SII e os indivíduos saudáveis, e associam-se não só com os sintomas intestinais, mas também com a ansiedade e a depressão. Contudo, os resultados dos estudos individuais variam e não parece haver um perfil microbiano único que possa ser atribuído à SII. 7  
  • Finalmente, e mais importante, vários estudos mostraram que a disfunção intestinal e a ansiedade associada podem ser transferidas através de transplante de microbiota de pacientes com SII em ratos estéreis. 8,9,10

Síndrome do Intestino Irritado (SII): qual é o papel da microbiota?

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Falou em interação cérebro-intestino. Existe um eixo microbiota-cérebro? 

P.-B.: O eixo cérebro-intestino envolve sinalização imunológica, neural e hormonal e evidências crescentes sugerem que a microbiota intestinal desempenha um papel fundamental nesta comunicação. Embora a maioria dos dados tenha sido obtida a partir de estudos com animais, muitos estudos clínicos apoiam este conceito. 11 Apenas para mencionar algumas, mudanças súbitas de comportamento foram descritas em doentes tratados com antibióticos. Um estudo populacional recente descobriu que o uso de antibióticos na primeira infância está associado a um risco acrescido de desenvolvimento de distúrbios da saúde mental numa vida posterior. O caso mais óbvio vem de pacientes com doença hepática em fase terminal (cirrose), diagnosticada com (sidenote: Hepatic encephalopathy (HE) Hepatic encephalopathy (HE) refers to changes in the brain that occur in patients with advanced, acute (sudden) or chronic (long-term) liver disease. It is one of the major complications of cirrhosis. https://britishlivertrust.org.uk/information-and-support/living-with-a-liver-condition/liver-conditions/hepatic-encephalopathy/ ) . Estes pacientes apresentam comportamento e cognição  alterados que melhoram rápida e dramaticamente após a administração de antibióticos ou laxantes, ou ainda transplante de microbiota fecal . 12  E vários estudos constataram que os perfis microbianos diferem entre pacientes com distúrbios psiquiátricos e indivíduos saudáveis. 13

5 mensagens para levar para casa sobre a Síndrome do Intestino Irritável (SII):

  1. A SII é caracterizada por dor abdominal e alteração dos hábitos intestinais. 
     
  2. A sua prevalência é de cerca de 5 a 10%, afetando predominantemente as mulheres com um impacto sócioeconómico significativo
     
  3. A sua fisiopatologia não é totalmente compreendida e é considerada como um distúrbio da interação entre o intestino e o cérebro.
     
  4. Os dados clínicos e animais acumulados sugerem que as bactérias intestinais estão envolvidas na cognição, no comportamento e nas perturbações do humor (depressão, ansiedade...)
     
  5. Várias linhas de evidência implicam a microbiota intestinal na SII:
  • A gastroenterite bacteriana é o fator de risco mais importante para a SII
  • Tratamentos dirigidos à Microbiota (antibióticos, probióticos) podem melhorar os sintomas da SII 
  • Os perfis e o metabolismo da microbiota diferem em doentes com SII e indivíduos saudáveis
  • A transferência da microbiota de pacientes com SII induz disfunções intestinais e altera o comportamento em ratos estéreis

Podemos modular a microbiota intestinal para melhorar a saúde mental? 

P.-B.: Em modelos animais, certos probióticos mostraram efeitos benéficos no comportamento e na química cerebral, sugerindo que poderiam ser utilizados terapeuticamente em distúrbios mentais. Os resultados dos poucos estudos clínicos concluídos até agora sugerem que os probióticos, se usados como tratamento adjuvante, melhoram os sintomas em pacientes com transtorno depressivo importante.13 E o nosso recente estudo piloto descobriu que o tratamento probiótico melhorou as pontuações de depressão e os sintomas intestinais em pacientes com SII, e alterou os seus padrões de ativação cerebral.  14 No conjunto, isto sugere que alguns probióticos poderiam ser úteis não só para pacientes com distúrbios intestinais funcionais, mas também para aqueles com problemas de saúde mental. No entanto, isto precisa de ser confirmado por estudos clínicos mais rigorosos. 

Imagem

BMI-23.14

Ter em atenção

O objetivo do Instituto Biocodex Microbiota é instruir o público geral e os profissionais de saúde sobre a microbiota humana. Isto não fornece aconselhamento médico. Consulte um profissional de saúde para quaisquer questões ou dúvidas que tenha.

Sources

1. Lacy BE, Pimentel M, Brenner DM, et al. ACG Clinical Guideline: Management of Irritable Bowel Syndrome. Am J Gastroenterol. 2021;116(1):17-44.

2. Ford AC, Sperber AD, Corsetti M, et al. Irritable bowel syndrome. Lancet. 2020 Nov 21;396(10263):1675-1688.

3. Black CJ, Ford AC. Global burden of irritable bowel syndrome: trends, predictions and risk factors. Nat Rev Gastroenterol Hepatol 2020; 17: 473-86.

4. Simrén, M., Tack, J. New treatments and therapeutic targets for IBS and other functional bowel disorders. Nat Rev Gastroenterol Hepatol 15, 589–605 (2018).

5. Moayyedi P, Mearin F, Azpiroz F, et al. Irritable bowel syndrome diagnosis and management: A simplified algorithm for clinical practice. United European Gastroenterol J. 2017;5(6):773-788.

6. Barbara G, Grover M, Bercik P, et al. Rome Foundation Working Team Report on Post-Infection Irritable Bowel Syndrome. Gastroenterology. 2019;156(1):46-58.e7.

7. Pittayanon R, Lau JT, Yuan Y. Gut Microbiota in Patients With Irritable Bowel Syndrome-A Systematic Review. Gastroenterology. 2019;157(1):97-108.

8. De Palma G, Lynch MD, Lu J, et al. Transplantation of fecal microbiota from patients with irritable bowel syndrome alters gut function and behavior in recipient mice. Sci Transl Med 2017;9(379):eaaf6397.

9. Constante M, De Palma G, Lu J, . Saccharomyces boulardii CNCM I-745 modulates the microbiota-gut-brain axis in a humanized mouse model of Irritable Bowel Syndrome. Neurogastroenterol Motil 2021;33(3):e13985.

10. De Palma G, Shimbori C, Reed DE, et al. Histamine production by the gut microbiota induces visceral hyperalgesia through histamine 4 receptor signaling in mice. Sci Transl Med. 2022;14(655):eabj1895.

11. Morais LH, Schreiber HL 4th, Mazmanian SK. The gut microbiota-brain axis in behaviour and brain disorders. Nat Rev Microbiol. 2021;19(4):241-255.

12. Acharya C, Bajaj JS. Chronic Liver Diseases and the Microbiome-Translating Our Knowledge of Gut Microbiota to Management of Chronic Liver Disease. Gastroenterology 2021;160(2):556-572.

13. Nikolova VL, Cleare AJ, Young AH, et al. Updated Review and Meta-Analysis of Probiotics for the Treatment of Clinical Depression: Adjunctive vs. Stand-Alone Treatment. J Clin Med 2021;10(4):647.

14. Pinto-Sanchez MI, et al. Probiotic Bifidobacterium longum NCC3001 Reduces Depression Scores and Alters Brain Activity: A Pilot Study in Patients With Irritable Bowel Syndrome. Gastroenterology 2017;153(2):448-459.

 

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Ligações comprovadas entre a microbiota intestinal e a enxaqueca

As vítimas de enxaquecas apresentam disbiose intestinal, que varia de acordo com o tipo de enxaqueca (episódica ou crónica). E há determinadas bactérias que parecem estar relacionadas com a frequência e a duração das cefaleias. 1

Des liens avérés entre microbiote intestinal et migraine

Foi já relatada uma modificação da composição da microbiota intestinal nas perturbações metabólicas, cardiovasculares, oncológicas, neurológicaspsiquiátricas. Uma longa lista à qual teremos de acrescentar a enxaqueca, tendo em conta os resultados publicados no início de 2023 por uma equipa sul-coreana. Na prática, os investigadores estudaram as fezes de 42 pacientes com enxaqueca episódica, 45 pacientes com enxaqueca (sidenote: Enxaqueca crónica Mais de 15 dias por mês com cefaleias, incluindo mais de 8 dias com características de enxaqueca (aumento da sensibilidade à luz, aos sons ou aos cheiros, náuseas, vómitos, etc.), e isso por mais de 3 meses. Weatherall MW. The diagnosis and treatment of chronic migraine. Ther Adv Chronic Dis. 2015 May;6(3):115-23. ) e 43 controlos saudáveis, com idades compreendidas entre os 19 e os 65 anos. Foram excluídos quaisquer pacientes sob tratamento médico ou psiquiátrico, salvo para ansiedade, depressão e fibromialgia, os que tinham alterado profundamente os seus hábitos alimentares nos últimos 6 meses, e os que tinham consumido probióticos ou antibióticos durante o ano anterior.

No entanto, todos os pacientes incluídos faziam tratamentos em caso de crise e 60% estavam a fazer tratamentos de fundo (antiepiléticos, betabloqueadores, etc.), o que pode representar um enviesamento (impacto na microbiota) e foi tido em conta na análise dos resultados.

Prevalência

  • As enxaquecas afetam 15% da população mundial. 2

  • As enxaquecas afetam 20% das mulheres. 3

  • As enxaquecas afetam 10% dos homens.

  • A enxaqueca é 2 vezes mais frequente em mulheres do que em homens devido a influências hormonais. 4

Microbiota varies according to the study group

Nenhuma diferença significativa foi observada entre os três grupos em termos de diversidade (sidenote: Diversidade α Uma medida que indica a diversidade de uma única amostra, ou seja, o número de diferentes espécies presentes num indivíduo. Hamady M, Lozupone C, Knight R. Fast UniFrac: facilitating high-throughput phylogenetic analyses of microbial communities including analysis of pyrosequencing and PhyloChip data. ISME J. 2010;4:17-27. https://www.nature.com/articles/ismej200997 ) (sidenote: diversidade β Uma medida que indica a diversidade de espécies entre amostras, permite avaliar a variabilidade da diversidade de microbiota entre sujeitos. Hamady M, Lozupone C, Knight R. Fast UniFrac: facilitating high-throughput phylogenetic analyses of microbial communities including analysis of pyrosequencing and PhyloChip data. ISME J. 2010;4:17-27. https://www.nature.com/articles/ismej20099 ) da microbiota intestinal. Em contrapartida, a composição da microbiota intestinal diferia significativamente:

  • entre os 87 pacientes com enxaqueca e os 43 controlos: a classe das Tissierellia e a ordem das Tissierellales surgiram sobrerrepresentadas nos primeiros. Ao nível de géneros, Roseburia, Eubacterium_g4, Agathobacter, PAC000195_g e Catenibacterium apresentaram-se em maior abundância.
  • e entre os tipos de enxaqueca: a classe dos bacilos e as ordens das Selenomonadales e Lactobacillales surgiram menos abundantes na enxaqueca crónica, tal como as classes das Selenomonadaceae e Prevotellaceae. Quanto a géneros, a bactéria PAC001212_g assumiu predominância nos portadores de enxaqueca crónica, enquanto Prevotella, Holdemanella, Olsenella, Adlercreutzia e Coprococcus caracterizavam a enxaqueca episódica.

Aproximadamente 2,5% das pessoas com enxaqueca episódica desenvolvem enxaqueca crónica.

1 a 2% A enxaqueca crónica afeta 1 a 2% da população mundial.

Bactérias relacionadas com a frequência e a intensidade das cefaleias

Outras análises mostraram uma ligação entre certos géneros bacterianos e as características clínicas da enxaqueca: quanto mais rica a microbiota intestinal se encontrava em PAC000195_g, mais baixa era a frequência das dores de cabeça; e quanto mais rica a microbiota intestinal se apresentava em Agathobacter, menos intensidade possuíam as cefaleias graves.
Embora estes resultados forneçam evidências de disbiose intestinal nas pessoas que sofrem de enxaqueca, apenas estudos longitudinais permitirão perceber melhor a relação entre microbiota intestinal e enxaqueca (qual é a causa e a consequência) e, em última instância, que se pondere um possível tratamento profilático da enxaqueca através da microbiota intestinal.

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Noticias Gastroenterologia Medicina geral

Quando a enxaqueca se torna visceral

A enxaqueca não afeta apenas a cabeça: age também sobre os intestinos, uma vez que a microbiota intestinal de quem sofre de enxaqueca difere da dos controlos saudáveis. Determinadas bactérias parecem até permitir prever a intensidade e a frequência das cefaleias. Debrucemo-nos sobre a essência do eixo intestino-cérebro. 1

A microbiota intestinal
Quand la migraine prend aux tripes

Já se sabia que as pessoas com enxaquecas tinham maior propensão para perturbações intestinais como diarreias, obstipação e refluxo gastroesofágico. Um estudo sul-coreano publicado no início de 2023 mostra que esses pacientes também apresentam uma alteração na sua microbiota intestinal.

O que é a enxaqueca?

A enxaqueca é uma cefaleia ou dor de cabeça de intensidade variável, mas frequentemente grave (fala-se nesse caso de ataques de enxaqueca), que surge durante a puberdade. Os ataques podem durar de algumas horas a 2 ou 3 dias, e quanto à frequência podem ocorrer desde uma vez por semana atá uma vez por ano. As crises são por vezes acompanhadas de náuseas ou de intolerância ao ruído e à luz. É uma doença que pode se tornar crónica e que altera a qualidade de vida dos pacientes. 2

Prevalência
  • As enxaquecas afetam 15% da população mundial. 3

  • As enxaquecas afetam 20% das mulheres. 4

  • As enxaquecas afetam 10% dos homens.

  • A enxaqueca é 2 vezes mais frequente em mulheres do que em homens devido a influências hormonais. 5

Flora intestinal modificada em quem padece de enxaquecas

Ao analisarem as bactérias presentes nas fezes de 87 pacientes com enxaqueca (42 com enxaqueca episódica e 45 com enxaqueca (sidenote: Enxaqueca crónica Mais de 15 dias por mês com cefaleias, incluindo mais de 8 dias com características de enxaqueca (aumento da sensibilidade à luz, aos sons ou aos cheiros, náuseas, vómitos, etc.), e isso por mais de 3 meses. Weatherall MW. The diagnosis and treatment of chronic migraine. Ther Adv Chronic Dis. 2015 May;6(3):115-23. ) ) e de 43 controlos saudáveis, os investigadores observaram, de facto, diferenças na composição da microbiota intestinal: em quem sofria de enxaquecas, as bactérias dos géneros Roseburia, Eubacterium, Agathobacter, PAC000195 (uma bactéria até agora não descrita) e Catenibacterium apresentavam-se mais abundantes que nas pessoas livres dessa doença. Certas bactérias da flora intestinal também diferiram de acordo com o tipo de enxaqueca (episódica ou crónica): as bactérias PAC001212 assumiram predominância nas enxaquecas crónicas, enquanto as Prevotella, Holdemanella, Olsenella, Adlercreutzia e Coprococcus surgiram associadas à enxaqueca episódica.

Aproximadamente 2,5% das pessoas com enxaqueca episódica desenvolvem enxaqueca crónica.

1 a 2% A enxaqueca crónica afeta 1 a 2% da população mundial.

As bactérias como marcadores da gravidade das cefaleias

Mas isso não é tudo: a presença de certas bactérias parece permitir prever as principais caraterísticas da enxaqueca. Assim, quanto mais rica a microbiota intestinal se manifestava em PAC000195, mais baixa era a frequência das dores de cabeça; e quanto mais rica a microbiota intestinal se apresentava em Agathobacter, menos intensidade possuíam as cefaleias graves.

A microbiota intestinal

Saiba mais

Microbiota e enxaqueca: a história da galinha ou do ovo…

Mas atenção: não se pode concluir que determinadas bactérias nos protegem contra as enxaquecas e a sua recorrência, ou que outras as exacerbam. Os resultados do estudo apenas comprovam a existência de disbiose intestinal nos pacientes com enxaqueca. Não é possível dizer se o desequilíbrio observado é a causa ou uma consequência da enxaqueca. A única forma de isso ser determinado é a realização de estudos longitudinais que acompanhem estes pacientes ao longo do tempo e permitam investigar se as modificações na microbiota precedem ou se sucedem aos ataques de enxaqueca, no sentido de apurar qual o fator que desencadeia o outro. Tais estudos poderão permitir que se espere que, na sua sequência, se descubram tratamentos para se superar a doença.

"Isto é tão verdadeiro. Acho que sempre o soube. Obrigada por este artigo." Theresa LaSalle (Da My health, my microbiota)


"Muito boa informação." David Shepherdson (Da My health, my microbiota)

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Binge drinking : a disbiose intestinal ligada ao álcool promoverá a dependência

A microbiota intestinal dos jovens entusiastas do “binge drinking” ou “pedradas rápidas” apresenta alterações que acelerarão a transição para uma futura dependência alcoólica, sugere um estudo publicado em The Lancet e BioMedicine. Numa altura em que o seu papel no desenvolvimento das perturbações relacionadas com o consumo de álcool se torna mais claro, será que é possível modulá-la para reduzir o risco de dependência?

Binge drinking : une dysbiose intestinale liée à l’alcool favoriserait l’addiction

Perturbações do eixo intestino-cérebro abrirão caminho para o alcoolismo?

Foram detetadas disbioses intestinais e aumento dos marcadores inflamatórios nos alcoólicos crónicos, especialmente em casos de SDA grave e de consumo compulsivo de álcool. Pensa-se que isso cause neuroinflamação, o que conduz a distúrbios cognitivos e comportamentais, incluindo problemas sociais. 
Ora, têm sido detetados déficits na cognição social em jovens bebedores compulsivos. Estas disbioses e estas perturbações do eixo intestino-cérebro poderão assim estar envolvidas na transição para o alcoolismo.

O « Binge drinking »

O "binge drinking” ou “pedradas rápidas” é um tipo de consumo de álcool frequentemente adotado por adolescentes, e define-se como uma intoxicação repetida com grandes quantidades de álcool num curto período de tempo, atingindo-se um nível de alcoolémia de pelo menos 0,8 g/l. Afetando 1 em cada 3 jovens nos países ocidentais, tem sido associado a alterações anatómicas e cognitivas do cérebro e a um aumento do risco de psicopatologias e de Síndrome de Dependência Alcoólica (SDA) ou Perturbação de Uso de Álcool, vulgarmente designada por alcoolismo, mais tarde durante a vida.

Uma equipa irlandesa realizou um estudo abrangendo 71 jovens não dependentes de álcool com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos (37 mulheres e 34 homens), a fim de identificar sinais precoces de SDA nos praticantes de “binge drinking”. Os investigadores exploraram as ligações entre disbiose intestinal, inflamação, consumo compulsivo de álcool e défices de sociabilidade e impulsividade, um traço cognitivo conhecido por acelerar a transição para o alcoolismo. Para o efeito, realizaram avaliações neuropsicológicas, mediram marcadores inflamatórios em amostras biológicas (sangue, saliva, etc.) e, por fim, procederam à sequenciação metagenómica de amostras fecais dos participantes. Ao longo dos 3 meses de acompanhamento, os participantes registaram seu consumo de álcool e seus desejos compulsivos de álcool (cravings).

Disbioses associadas ao consumo excessivo de álcool e a perturbações cognitivas

Os investigadores observaram que o “binge drinking” era acompanhado de desequilíbrios taxonómicos e funcionais específicos na microbiota intestinal, que por sua vez estavam associados a distúrbios da gestão emocional. As análises estatísticas demonstraram que a alteração do reconhecimento das emoções estava relacionada com uma diminuição nas espécies de Clostridium, Flavonifractor plautii e Eggerthella lenta e com um aumento de Coprococcus. A impulsividade pode ser associada a uma diminuição das Collinsella e a um aumento das Roseburia e das Parabacteroides. Os desejos compulsivos de álcool foram também relacionados com uma redução de Ruthenibacterium lactiformans e com um aumento da libertação de interleucinas, indicador de sobre-estimulação imunitária. Finalmente, um número maior de episódios de consumo excessivo foi associado uma redução da produção do ácido gordo de cadeia curta isovalerato e a uma maior impulsividade.

Modular a microbiota intestinal no período vulnerável da adolescência

Este estudo não só destaca o papel da microbiota intestinal na regulação da cognição social e do impulso para o consumo, mas também demonstra que o “binge drinking” está associado a alterações na microbiota intestinal presentes mesmo antes do início da dependência do álcool. Isso poderá abrir o caminho para novas intervenções dietéticas ou pré/probióticas visando melhorar a disbiose relacionada com o álcool durante o período crítico de desenvolvimento da adolescência.

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As pedradas rápidas não são brinde à microbiota intestinal dos jovens

Beber uma grande quantidade de álcool para se ficar bêbado no espaço mínimo de tempo: é isso o “binge drinking”, a forma preferida de consumo de álcool pelos adolescentes. Mas a microbiota intestinal dos seus adeptos infelizmente não participa na festa: o seu desequilíbrio contribuirá até para uma transição para o alcoolismo mais tarde na vida, revela um estudo 1.

A microbiota intestinal
Avec le « binge drinking », le microbiote intestinal des jeunes trinque

O “Investigadores irlandeses decidiram explorar as ligações entre disbiose, inflamação, consumo compulsivo de álcool e défices de controlo emocional em jovens praticantes de “binge drinking”. Para isso, reuniram 71 pessoas de ambos os sexos entre os 18 e os 25 anos, não dependentes de álcool. Realizaram avaliações neuropsicológicas dos participantes e recolheram amostras dos seus fluidos biológicos para detetarem marcadores de inflamação, e também das suas fezes, o que possibilitou a análise das suas microbiotas intestinais. Ao longo 3 meses, os participantes registaram seu consumo de álcool e seus desejos compulsivos de o beberem.”, que se traduz em Portugal por “intoxicação alcoólica aguda” ou mais vulgarmente “pedrada rápida” corresponde a um estado de embriaguez agudo. É praticado principalmente por jovens entre os 15 e os 25 anos de idade, e acarreta consequências nefastas para a saúde na adolescência, uma vez que o organismo ainda se encontra em plena construção. Praticado repetidamente, o “binge drinking” altera a estrutura e o funcionamento do cérebro, ao mesmo tempo em que aumenta o risco de futuras perturbações relacionadas com o consumo de álcool, vulgarmente designadas “alcoolismo”.

O que é o “binge-drinking”?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um episódio de binge drinking define-se como a ingestão de pelo menos 60 g de álcool puro (cerca de 6 latas de cerveja) levando a um nível de alcoolemia de pelo menos 0,8 g por litro de sangue 2 .

Encontram-se nos alcoólicos crónicos desequilíbrios na microbiota intestinal, ou disbioses, tão acentuados quanto a respetiva necessidade compulsiva de consumirem álcool. Pensa-se que provocarão inflamação no cérebro, levando a problemas de gestão emocional e de (sidenote: Cognição social Capacidade de compreender e gerir as interações sociais. Beaudoin C, Beauchamp MH. Social cognition. Handb Clin Neurol. 2020;173:255-264. ) . Mas há atualmente estudos que sugerem que a disbiose e perturbações do eixo intestino-cérebro poderão também estar envolvidas na transição para a dependência do álcool.

Identificar sinais de vulnerabilidade ao alcoolismo em jovens praticantes das “pedradas rápidfas”?

Investigadores irlandeses decidiram explorar as ligações entre disbiose, inflamação, consumo compulsivo de álcool e défices de controlo emocional em jovens praticantes de “binge drinking”. Para isso, reuniram 71 pessoas de ambos os sexos entre os 18 e os 25 anos, não dependentes de álcool. Realizaram avaliações neuropsicológicas dos participantes e recolheram amostras dos seus fluidos biológicos para detetarem marcadores de inflamação, e também das suas fezes, o que possibilitou a análise das suas microbiotas intestinais. Ao longo 3 meses, os participantes registaram seu consumo de álcool e seus desejos compulsivos de o beberem.

Um jovem em cada três Também designado em português “intoxicação alcoólica aguda” ou mais vulgarmente “pedrada rápida”, o “binge drinking” é o distúrbio da ingestão de álcool mais comum nos países ocidentais: um em cada três jovens europeus e norte-americanos pratica-o regular

(sidenote: Missão interministerial francesa de luta contra as drogas e os comportamentos aditivos: o binge drinking https://www.drogues.gouv.fr/le-binge-drinking )

Perturbações cognitivas e transição para a dependência alcoólica

No final do estudo, os investigadores constataram que os jovens praticantes das “pedradas rápidas” desenvolviam disbioses especificamente relacionadas com problemas cognitivos. A alteração do (sidenote: Reconhecimento das emoções Capacidade de identificar e descrever os estados emocionais próprios e alheios. Cabé N, Laniepce A, Boudehent C et al : Repérage des troubles cognitifs liés à l’alcool, La Revue du Praticien, 20/10/2019, 69(8);904-8 ) e a impulsividade surgiram ambas associadas a uma modificação da presença de grupos bacterianos específicos. Os desejos irresistíveis de consumir álcool foram também associados a uma redução noutra espécie bacteriana e a um aumento dos marcadores de inflamação. Como os investigadores esperavam, mais episódios de consumo excessivo de álcool aumentaram a impulsividade, que se sabe acelerar a transição para o alcoolismo.

A conclusão é que o “binge drinking” é acompanhado por alterações na microbiota intestinal que estão presentes mesmo antes do início da dependência do álcool. De um ponto de vista de copo meio cheio, os investigadores acreditam que as suas descobertas poderão contribuir para o desenvolvimento de novas intervenções dietéticas ou pré/probióticas para melhorar a disbiose relacionada com o álcool nos adolescentes.

A microbiota intestinal

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O abuso do álcool é perigoso para a sua saúde, consuma com moderação.

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O eixo intestino-cérebro no stress associado à discriminação

Uma equipa americana propõe um modelo que destaca a influência da discriminação na sinalização bidirecional entre o cérebro e a microbiota intestinal. A inflamação seria o mediador.

L’axe intestin-cerveau dans le stress lié à la discrimination

Se é relativamente sabido que a discriminação representa um fator de risco para os distúrbios mentais e psíquicos, os mecanismos envolvidos permanecem obscuros. O eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal tem sido frequentemente implicado. Entretanto, alguns especialistas voltam-se, hoje, para a microbiota intestinal devido ao facto da sua sensibilidade ao stress, do seu papel na inflamação e na saúde a longo prazo e dos recentes resultados sobre o eixo intestino-cérebro. Assim, um trabalho publicado no final de 2022 estudou os efeitos da discriminação na desregulação do eixo intestino-cérebro.

Alterações de certas conexões cerebrais

Dos 154 participantes no estudo, 80 sentiam uma discriminação forte e 74 uma discriminação fraca associadas à cor da pele (participantes afro-americanos, hispânicos e asiáticos) ou ao sexo e à idade (caucasianos). Uma discriminação elevada correspondia a níveis mais altos de ansiedade, depressão, sensibilidade visceral,... Com as diferenças segundo as origens: as pessoas afro-americanas não mostravam nenhuma correspondência entre a discriminação e a saúde mental.

Psicologicamente, as ressonâncias magnéticas (IRM) dos participantes mostram que a discriminação está associada a alterações das vias cerebrais do stress, variáveis segundo a origem: por exemplo, observa-se uma estimulação aumentada de uma área cerebral associada ao tratamento intercetivo autónomo, sensorial, motor e de recompensa nos asiáticos, uma conectividade “caótica” de numerosas redes nervosas nas pessoas caucasianas; etc.

Disbiose da microbiota intestinal

Além destas alterações das redes cerebrais, a discriminação também aparece associada a uma disbiose intestinal e a níveis aumentados da bactéria pró-inflamatória Prevotella copri nos afro-americanos e hispânicos, em comparação com as pessoas caucasianas. Os metabólitos bacterianos também são influenciados pelas variações de acordo com a população: concentração menor de um subproduto da síntese da carnitina (anti-inflamatório) nos afro-americanos; aumento dos metabólitos implicados no metabolismo dos lipídios nos asiáticos; etc.

Uma discriminação com consequências variáveis de acordo com a origem ?

Segundo os autores, a discriminação alteraria o eixo intestino-cérebro, com consequências que variam de uma comunidade para a outra.

  • Nos afro-americanos, ela está associada ao aumento dos biomarcadores inflamatórios mas esta população parece estar menos sujeita à ansiedade e mostra pontuações de resiliência mais elevados.
  • Nos hispânicos, a discriminação está associada à inflamação mas com melhores estratégicas de adaptação.
  • Na população asiática, os resultados sugerem uma compensação do stress através de alimentos gordurosos.
  • Nas pessoas caucasianas, as perturbações cerebrais observadas poderiam refletir dificuldade em enfrentar.

"Vale a pena ler o artigo sobre discriminação étnica/racial... " Syeda Safia Hashmi (Do Biocodex Microbiota Institute em X)

"Este é um artigo interessante. Portanto, a discriminação não afecta apenas o cérebro, mas também influencia o equilíbrio das bactérias intestinais de uma pessoa. Diferentes grupos étnicos apresentam resultados diferentes. O próximo estudo deve utilizar uma amostra maior para verificar se estes resultados são consistentes." -Greenleaf (Do Biocodex Microbiota Institute em X)

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