A análise forense da microbiota pode oferecer um método inovador para rastrear suspeitos de agressão sexual através de assinaturas bacterianas únicas deixadas durante a relação sexual. Estas “pegadas” microbianas podem perdurar ao longo de vários dias, sendo a deteção possível mesmo quando as provas de ADN são escassas. O novo método de identificação pode, por conseguinte, ajudar um grande número de vítimas, especialmente nos casos em que as referidas provas de ADN se encontram ausentes ou degradadas.
Há muitos anos que as investigações forenses nos casos de crimes de agressão sexual se baseiam essencialmente na análise do ADN masculino humano, frequentemente proveniente do esperma, que é encontrado na vítima. Mas isso nem sempre é simples. Obter uma quantidade suficiente de esperma viável pode ser difícil, especialmente se a colheita de amostras ocorrer mais de 48 horas após a agressão. E é neste contexto que a microbiota – a vasta comunidade de micróbios que vivem em nós e sobre nós – surge no cenário forense, oferecendo uma nova possibilidade de deteção e identificação dos agressores na investigação de crimes sexuais.
Este novo estudo 1 baseia-se em trabalhos anteriores que mostraram que as comunidades microbianas diferem entre locais do corpo e de pessoa para pessoa. Se estas assinaturas microbianas únicas forem transferidas durante as relações sexuais, poderão deixar um rasto que os métodos tradicionais de ADN poderão não ser capazes de detetar? Esta é a questão fulcral, centrando-se especificamente no " (sidenote:
Sexoma
O conjunto de assinaturas microbianas trocadas especificamente durante as relações sexuais.
)" – a troca microbiana que ocorre durante as relações sexuais.
A ciência proporciona novas possibilidades de investigação de casos difíceis ou não resolvidos de violência sexual. As vítimas de crimes sexuais poderão beneficiar deste progresso científico.
O ato sexual e a nossa assinatura bacteriana específica
O investigador recrutou 12 casais de homens e mulheres numa relação consentida para participarem neste estudo de carácter científico. Os participantes recolheram amostras das suas áreas genitais antes e depois de uma relação sexual com penetração. As amostras do "antes" foram colhidas após um período de abstinência (pelo menos 2 a 4 dias). As amostras do “depois” foram recolhidas de 3 a 12 horas após a relação, reproduzindo um cenário de obtenção de amostras forenses. Em seguida, foi utilizada a sequenciação completa do (sidenote:
Sequenciação do 16S rRNA
Um método que lê um “código de barras” genético bacteriano para identificar e diferenciar espécies.
) para analisar cada amostra. O gene 16S é visto como um código de barras bacteriano que permite uma resolução ao nível das espécies, o que é absolutamente fundamental para aplicações forenses.
Como era de esperar, as amostras de pele do pénis masculino revelaram-se geralmente mais diversificadas do que as amostras vaginais femininas. Os casais revelaram diferentes níveis de semelhança microbiana após o sexo, consoante os seus perfis de base.
Portanto, o facto de pertencerem a um casal tem um impacto significativo na composição global das bactérias encontradas. Verificou-se também uma evidente disrupção das comunidades microbianas nas amostras masculinas e femininas após a relação sexual.
Alguns tipos de bactérias foram transferidos entre os parceiros. As bactérias tipicamente encontradas na pele masculina (como Corynebacterium, Staphylococcus e Finegoldia) aumentaram nas amostras femininas, enquanto as principais bactérias vaginais (espécies de Lactobacillus) aumentaram nas amostras masculinas.
O mais surpreendente é que, mesmo com o uso de preservativos, as bactérias continuam a transmitir-se, sobretudo da mulher para o homem, deixando atrás de si vestígios microbianos. Bactérias exclusivas e específicas das mulheres permaneceram nos parceiros masculinos durante cinco dias, apesar da higiene, prolongando a deteção forense para além da do ADN do esperma. Além disso, podem surgir novos germes do intestino ou da pele nos órgãos genitais após o sexo, proporcionando potencialmente novas pistas do contacto. Este facto pode conferir novas dimensões aos casos de agressão sexual.
Promessa forense: uma nova ferramenta para a justiça
A principal conclusão é clara: há uma transferência de assinaturas bacterianas específicas durante as relações sexuais. A utilização de técnicas de sequenciação de alta resolução permite aos cientistas forenses uma potencial identificação de tipos bacterianos únicos.
O estudo apresenta provas irrefutáveis de que a análise da microbiota pode constituir uma valiosa ferramenta adicional para a investigação de agressões sexuais, especialmente quando o ADN masculino é escasso ou inexistente. Demonstra igualmente que a troca microscópica de bactérias durante o contacto sexual gera um rasto detetável e de alta resolução – o " (sidenote:
Sexoma
O conjunto de assinaturas microbianas trocadas especificamente durante as relações sexuais.
)" que é extremamente promissor na ajuda aos investigadores forenses na prossecução da justiça.
Afrontamentos, alterações de humor, secura vaginal... Os sintomas da menopausa são bem conhecidos. No entanto, eles são apenas a ponta do iceberg, de acordo com um estudo 1 sobre as ligações entre o declínio das hormonas sexuais e as microbiotas oral, vaginal e intestinal.
Como é que as alterações hormonais da menopausa modificam a composição das microbiotas oral, intestinal e urogenital? Um grupo de investigadores espanhóis analisou mais de 100 estudos sobre o assunto para tentar responder a esta questão.
26 %
das mulheres de todo o mundo têm mais de 50 anos (mais 10% do que em 2011)²
+21 anos
É a esperança média de vida de uma mulher de 60 anos²
Essa sua análise, publicada na revista npj Women Health, 1 demonstra que a diminuição das hormonas sexuais (estrogénio e progesterona) altera significativamente as mucosas e tem múltiplos impactos nas diversas comunidades bacterianas do organismo. E é claro que isso tem consequências para a saúde!
45 a 55 anos
É a idade em que começa a transição menopáusica para a maioria das mulheres³
20 a 25 %
das mulheres pós-menopáusicas sofrem de perturbações graves com impacto na sua qualidade de vida⁴
Microbiota oral
A cavidade oral é uma zona do corpo onde as alterações ligadas à redução dos estrogénios são particularmente visíveis. Para além das alterações da mucosa que desestruturam as comunidades microbianas, verifica-se uma redução da quantidade e da qualidade da saliva, que se torna mais ácida.
Estas duas mutações podem favorecer a inflamação e a colonização da flora oral por bactérias patogénicas. A microbiota, desequilibrada e desregulada, acarreta o risco de lesões e de doenças como a candidíase (proliferação de Candida albicans), a gengivoestomatite (inflamação das gengivas) ou a queilite angular o boqueira (inflamação dos cantos da boca).
A diminuição dos estrogénios tem como consequência a redução do teor de glicogénio das células da parede vaginal, que constitui o alimento preferido dos lactobacilos. Estas bactérias, que ocupam geralmente uma posição dominante na microbiota vaginal, segregam ácido láctico, o qual acidifica a vagina e impede a proliferação de agentes patogénicos.
Quando a sua abundância diminui, a vagina torna-se menos ácida e a diversidade bacteriana aumenta, fenómeno que é conhecido como o “paradoxo da menopausa”. O desequilíbrio da flora vaginal resultante abre a porta a patologias como inflamações ou infeções recorrentes, como a vaginose bacteriana, e pode contribuir para o cancro do endométrio. Pode também provocar uma secura persistente.
Até à data, os estudos não permitem saber se a diminuição dos estrogénios afeta o equilíbrio da microbiota intestinal. Contudo, sabe-se que as mulheres pós-menopáusicas apresentam uma menor abundância de Ruminococcus, família de bactérias em que parte das quais produz ácidos gordos de cadeia curta ( (sidenote:
Ácidos Gordos de Cadeia Curta (AGCC)
Os Ácidos Gordos de Cadeia Curta são uma fonte de energia (carburante) das células do indivíduo, interagem com o sistema imunitário e estão envolvidos na comunicação entre o intestino e o cérebro.
Silva YP, Bernardi A, Frozza RL. The Role of Short-Chain Fatty Acids From Gut Microbiota in Gut-Brain Communication. Front Endocrinol (Lausanne). 2020;11:25.)). benéficos. Têm também mais Prevotella e Sutterella, que são duas bactérias associadas à obesidade.
Este desequilíbrio da flora intestinal pode contribuir para determinadas perturbações metabólicas, digestivas ou imunitárias. Uma flora intestinal equilibrada parece desempenhar um papel primordial na saúde em geral, inclusivamente na regulação hormonal.
Embora sejam necessários mais estudos para se poder proporcionar às mulheres menopáusicas tratamentos específicos direcionados para os microrganismos do intestino, da vagina e da boca (probióticos adequados a cada flora, modificações alimentares, etc.), nada as impede de cuidar da sua microbiota para limitar os danos.
Uma dieta variada, rica em fibras e em alimentos fermentados, uma atividade física diária, se possível num ambiente natural, o abandono do tabaco e do álcool e a utilização de antibióticos com a menor frequência possível têm efeitos benéficos comprovados sobre a microbiota.
Um estilo de vida saudável e equilibrado é, portanto, a melhor forma de contribuir para o equilíbrio da flora microbiana durante a menopausa.
As microbiotas oral, vaginal e intestinal sofrem alterações significativas durante a menopausa. E isto tem consequências para a saúde das mulheres, diz um novo estudo.
A diminuição dos estrogénios associada à menopausa afeta significativamente a microbiota, com repercussões importantes para a saúde da mulher, segundo um estudo realizado por investigadores espanhóis. 1 Nomeadamente, provoca profundas alterações no epitélio oral (adelgaçamento, ressecamento, etc.), que podem afetar a saúde oral e o ecossistema microbiano que vive na sua superfície.
Esta modificação da microbiota oral é frequentemente acompanhada por uma multiplicidade de sintomas ao nível da boca nas mulheres pós-menopáusicas.
A cavidade oral, um local com mudanças significativas
A saliva torna-se menos abundante e mais ácida, o que não só aumenta o risco de cáries e de doença periodontal, como também destabiliza a microbiota oral. Observa-se ainda uma (sidenote:
Disbiose
A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano.
Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232.) da microbiota oral, suscetível de propiciar a colonização por bactérias patogénicas e o aparecimento de lesões na mucosa, como a “queilite angular”, que é uma inflamação dos cantos da boca.
Dado que as células das glândulas salivares e das gengivas possuem recetores de estrogénio que intervém na imunidade, a flutuação dos níveis hormonais pode conduzir a uma inflamação das mucosas, a qual pode afetar o equilíbrio dos microrganismos e originar doenças como a candidíase, associada à proliferação de Candida albicans, ou a gengivoestomatite, uma inflamação simultânea das gengivas e da mucosa oral.
Ter em conta estas alterações na flora poderá contribuir para melhorar as estratégias de prevenção da saúde oral das mulheres idosas.
O cortisol também age sobre as bactérias orais
O cortisol da saliva, um marcador de stress, é mais elevado nas mulheres na menopausa portadoras de patologias psicossomáticas da cabeça e do pescoço (estomatite aftosa, dor facial atípica, líquen plano, síndrome da boca ardente, boca seca). O cortisol pode alterar diretamente a atividade bacteriana oral e aumentar o risco de doença periodontal. Por exemplo, um estudo demonstrou que, em presença de cortisol, certas bactérias, como a Leptotrichia goodfellowii (associada à gengivite) ou as do filo Fusobacteria, se tornavam mais ativas. Este estudo salienta que tal regulação hormonal da microbiota pode também estender-se ao eixo intestino-cérebro.
É possível que este tipo de perturbações intestinais contribua para as patologias inflamatórias ou neurodigestivas relacionadas com a idade.
Maior diversidade bacteriana na microbiota vaginal
A nível vaginal, a menopausa faz-se acompanhar de uma diminuição da prevalência dos Lactobacilos – os quais normalmente acidificam a vagina e impedem a proliferação de agentes patogénicos e de um aumento da diversidade bacteriana. É o famoso “ (sidenote:
Paradoxo da menopausa
O paradoxo da menopausa é a observação simultânea de uma diminuição da dominância microbiana e um aumento da riqueza microbiana no nicho vaginal, podendo aplicar-se a outras microbiotas do corpo.
).”
Estas alterações aumentam a suscetibilidade à vaginose bacteriana e podem contribuir para doenças como o cancro do endométrio. Além disso, as mulheres pós-menopáusicas que sofrem de sintomas graves de secura vaginal, (sidenote:
Dispareunia
Dor genital recorrente ou persistente que se manifesta durante as relações sexuais.
) (dor durante a relação sexual) e dor vaginal apresentam frequentemente uma maior diversidade bacteriana do que as que não sofrem desses sintomas.
Estrogénios e microbiota: uma relação dinâmica bidirecional
Segundo se crê, determinadas bactérias da microbiota serão capazes de “desconjugar” os estrogénios ligados a proteínas que circulam na corrente sanguínea, tornando desta forma as referidas hormonas biologicamente ativas. É o chamado “estroboloma”. A sua ação poderá influenciar a disponibilidade de estrogénios e, por conseguinte, os processos fisiológicos que lhes estão associados. Mas não só!
Mudanças fisiológicas
Conjunto de mudanças fisiológicas e histológicas no organismo, conduzindo a alterações nas composições e metabolismos da comunidade microbiana residente devido a mudanças hormonais durante o envelhecimento das mulheres.
Se certas bactérias da microbiota gengival e intestinal podem modificar o efeito dos estrogénios degradando-os, as hormonas podem, por sua vez, influenciar diretamente a atividade bacteriana: efeitos bacteriostáticos ou bactericidas, estimulação do crescimento ou da atividade proteolítica, modulação da formação de biofilme, etc.
Podem permitir, assim, intervenções específicas, como a utilização de probióticos para restabelecer a flora protetora.
O conjunto de todas estas dinâmicas bidirecionais entre as hormonas sexuais e as bactérias pode ser completamente subvertido durante a menopausa, com consequências importantes para a saúde da mulher. Tais interações vêm reiterar a importância de uma abordagem sistémica para a compreensão da microbiota.
Rumo a uma melhor assistência às mulheres pós-menopáusicas
Segundo os investigadores, existem ainda numerosas incógnitas quanto às interações entre as hormonas sexuais e as microbiotas oral, intestinal e urogenital. Mas a ciência continua a avançar e novos estudos deverão em breve fornecer pistas terapêuticas até agora inexploradas (modificações alimentares, probióticos, intervenções personalizadas, etc.).
Objetivo: aliviar os sintomas da menopausa e melhorar a saúde geral das mulheres. A acompanhar!
É um duplo flagelo: algumas mulheres sofrem não só de dor pélvica crónica, mas também de dor excessiva. E se algumas bactérias explicassem o facto de essas bexigas, vaginas ou retos serem tão sensíveis?
Nem sempre se sabe, mas todos os órgãos que estabelecem interação com o mundo exterior, incluindo a bexiga (e não, claro que a urina não é estéril!) e a vagina vagina (onde vivem os lactobacilos), possuem uma microbiota residente que contribui para o seu bom funcionamento... ou, em caso de disbiose, para um estado patológico, incluindo a sensação de dor
Para apurarem mais informações, os investigadores examinaram 30 mulheres que sofriam de (sidenote:
Dolor pélvico crónico
Dolor persistente, sin relación con el ciclo menstrual, en estructuras relacionadas con la pelvis, que dura más de seis meses. En muchos casos no se identifica una causa específica y puede considerarse un síndrome de dolor regional crónico o un síndrome somático funcional. Suele asociarse a otros síndromes de dolor somático funcional (por ejemplo, síndrome del intestino irritable, síndrome de fatiga crónica inespecífico), así como a trastornos mentales (estrés postraumático o depresión).
Aprofundar:Speer LM, Mushkbar S, Erbele T. Chronic Pelvic Pain in Women. Am Fam Physician…) (DPC), metade das quais apresentando (sidenote:
Hipersensibilização pélvica
Diminuição dos limiares nociceptivos corticais que provoca desconforto ou dor perante estímulos normalmente indolores, como a repleção da bexiga, a perceção exagerada do funcionamento do sistema digestivo, o ardor vulvar ao contacto e uma dor anormalmente intensa perante estímulos normalmente dolorosos.
Aprofundar:CHU Dijon), o simples roçar da roupa interior ou a bexiga cheia desencadeavam dores. 1
26%
A dor pélvica crónica afeta cerca de 26% das mulheres no mundo inteiro. ²
3 meses
dor crónica é uma dor que persiste por mais de 3 meses. ³
4% a 16%
das mulheres, é a prevalência da DPC. É semelhante à da enxaqueca ou da asma. ⁴
Microbiotas em más condições
As mulheres que sofrem de DPC com hipersensibilidade apresentam limiares de perceção da dor muito baixos: uma pressão muito ligeira na bexiga, por exemplo, é suficiente para desencadear dor. Mas isso não é tudo: a dor que sentem não apenas é mais intensa, também é mais prolongada no tempo. Por outras palavras, tudo contribui para aumentar o sofrimento.
Estas mulheres apresentam uma alteração nas suas microbiotas intestinal, urinária (bexiga) e vaginal, geralmente com um declínio dos lactobacilos benéficos: menos Lactobacillus no intestino; uma microbiota vaginal mais diversificada (o que não é bom indício), enriquecida em Streptococcus e Prevotella e abandonada por outros grupos bacterianos; e uma microbiota urinária mais diversificada (o que também não é bom), com Clostridium sensu stricto 1 em destaque.
Um olhar mais atento sobre as doenças associadas à dor pélvica crónica:
A dor pélvica crónica, que atinge cerca de 26% das mulheres em todo o mundo, surge frequentemente associada a outras doenças, como:
∙ Endometriose, uma doença ginecológica em que tecido semelhante ao endométrio se desenvolve fora do útero, causando dor e infertilidade.
∙ SCI (síndrome do cólon irritável), uma perturbação do intestino marcada por dores abdominais, inchaço, diarreia ou obstipação e frequentemente agravada por disbiose intestinal.
∙ Outras síndromes de dor crónica ou perturbações mentais (stress pós-traumático, depressão, etc.).
Em todos estes casos, a microbiota — intestinal, vaginal ou urinária — desempenha um potencial papel que merece atenção especial, em conexão com a evolução dessas doenças.
Um perfil bacteriano específico como marcador de dor
Ainda mais preocupante: algumas dessas bactérias sobre ou sub-representadas nas mulheres hipersensíveis estão diretamente associadas a sintomas clínicos. Por exemplo, menos Akkermansia ou Faecalibacterium no intestino significa mais dor retal. Menos L.jensenii na vagina indica menstruações mais dolorosas e menor capacidade da bexiga. Menos Lactobacillus na bexiga faz com que ela seja menos eficiente.
No final, os investigadores conseguiram determinar perfis bacterianos marcadores de sensibilidade, a partir de bactérias da flora intestinal, vaginal e urinária.
Serão elas a causa ou uma consequência da dor? Ainda não é possível dizer. Mas o que é possível dizer é que isto revela eventuais caminhos promissores: os probióticos poderão ser, no futuro, uma solução terapêutica para estas mulheres, tal como os prebióticos, os simbióticos ou as abordagens nutricionais. Ao se agir sobre a microbiota, poder-se-á assim aliviar certas formas de dor.
E se reequilibrar essas microbiotas com probióticos permitisse não só aliviar a dor, mas também intervir nas causas subjacentes da doença?
Foram identificadas assinaturas microbianas intestinais, vaginais e urinárias, biomarcadores - ou talvez mesmo corresponsáveis? - da hipersensibilidade dos órgãos pélvicos na dor pélvica crónica. 1
É sabido que a microbiota intestinal, mediante a produção de metabolitos bacterianos, contribui para a hipersensibilidade visceral. Mas e quanto a outros órgãos e outras microbiotas? As microbiotas urinária ou vaginal também poderão contribuir para a sensibilidade à dor da bexiga ou da vagina? Para aprofundarem esta questão, investigadores estudaram 30 pacientes que sofriam de (sidenote:
Dolor pélvico crónico
Dolor persistente, sin relación con el ciclo menstrual, en estructuras relacionadas con la pelvis, que dura más de seis meses. En muchos casos no se identifica una causa específica y puede considerarse un síndrome de dolor regional crónico o un síndrome somático funcional. Suele asociarse a otros síndromes de dolor somático funcional (por ejemplo, síndrome del intestino irritable, síndrome de fatiga crónica inespecífico), así como a trastornos mentales (estrés postraumático o depresión).
Aprofundar:Speer LM, Mushkbar S, Erbele T. Chronic Pelvic Pain in Women. Am Fam Physician…) (DPC) ou CPP em inglês (Chronic Pelvic Pain), metade das quais apresentando também (sidenote:
Hipersensibilização pélvica
Diminuição dos limiares nociceptivos corticais que provoca desconforto ou dor perante estímulos normalmente indolores, como a repleção da bexiga, a perceção exagerada do funcionamento do sistema digestivo, o ardor vulvar ao contacto e uma dor anormalmente intensa perante estímulos normalmente dolorosos.
Aprofundar:CHU Dijon) de um órgão pélvico.
Microbiotas alteradas em caso de hipersensibilidade
Os limiares de dor por pressão são muito mais baixos nas mulheres com DPC com hipersensibilidade na vagina, reto, bexiga e períneo em comparação com as mulheres com DPC sem hipersensibilidade associada. Após estimulação, essas mulheres sentem dores nos músculos perineais e na bexiga que são não só mais intensas, mas também mais prolongadas.
26%
A dor pélvica crónica afeta cerca de 26% das mulheres no mundo inteiro. ²
50%-90%
Verifica-se a existência de dor e de disfunção músculo-esquelética em 50 a 90% das pacientes que sofrem de DPC. ²
No que diz respeito à microbiota, as mulheres hipersensíveis apresentam indícios de disbiose, nomeadamente uma diminuição dos lactobacilos benéficos: a microbiota digestiva encontra-se empobrecida em Lactobacillus; a microbiota vaginal é mais diversificada (embora a flora vaginal ideal seja geralmente pouco diversificada), consideravelmente enriquecida em Streptococcus e Prevotella e empobrecida em Lactobacillus jensenii e Gardnerella vaginalis; e a microbiota urinária é também mais diversificada e enriquecida em Clostridium sensustricto 1.
Aprofundar:
Nas doentes com endometriose, esta disbiose pode ser exacerbada, contribuindo para a intensificação dos sintomas dolorosos, nomeadamente durante a menstruação.
Disbioses relacionadas com características clínicas
Sobretudo, a abundância relativa de certas bactérias no caso de pessoas hipersensíveis está associada a caraterísticas clínicas e a uma maior sensibilidade dos órgãos:
a escassa abundância intestinal de Akkermansia, Desulfovibrio, Faecalibacterium e CAG-352 encontra-se associada a um aumento da intensidade da dor rectal;
a carência de Lactobacillus jensenii vaginal está associada a mais dismenorreia e a uma perda de capacidade vesical; e o aumento da prevalência de duas espécies de Prevotella com o aparecimento de dismenorreia;
na microbiota urinária, a menor abundância de Lactobacillus é correlacionada com a perda de capacidade da bexiga e com uma pior qualidade de vida.
Aprofundar:
Há também alterações na microbiota em outras patologias ginecológicas, como a endometriose, e em doenças gastroenterológicas, como a SCI (síndrome do cólon irritável), em que a disbiose é um fator fisiopatológico reconhecido.
40%
A dor pélvica crónica é responsável por 40% das laparoscopias e 12% das histerectomias realizadas todos os anos nos Estados Unidos, embora não seja de origem ginecológica em 80% das doentes. ²
Um perfil bacteriano específico como marcador de sensibilidade
Ao mesmo tempo, os investigadores identificaram assinaturas bacterianas intestinais, vaginais e urinárias que representam biomarcadores de hipersensibilidade pélvica nas mulheres que sofrem de dor pélvica crónica.
Será que são essas bactérias a causa da doença? Serão necessários modelos pré-clínicos animais para se validar uma possível relação de causa e efeito. Contudo, este trabalho abre igualmente caminho a abordagens nutricionais e, também, terapêuticas: será que os prebióticos, probióticos, e simbióticos que visam as diferentes microbiotas urogenitais podem melhorar a sensibilização nas mulheres com DPC?
Em pacientes com doença celíaca, um ano de dieta sem glúten certamente melhora o bem-estar, mas empobrece a microbiota. 1 em cada 3 pacientes continua a sofrer de sintomas gastrointestinais. E se a gente associasse os prebióticos e os simbióticos?
Quando se tem (sidenote:
Doença celíaca
Distúrbio autoimune que afeta principalmente o intestino delgado. É desencadeada pela ingestão de glúten em indivíduos geneticamente predispostos.
), o tratamento é categórico: (sidenote:
Glúten
(do latim glue que significa cola): substância azotada viscosa formada após a hidratação da farinha, a partir de certas proteínas (gluteninas e gliadinas) dos cereais, principalmente do trigo.
). Mas o que acontece realmente nos intestinos dos pacientes após um ano de dieta sem glúten? Que impacto essa dieta exerce na microbiota intestinal? Os sintomas permanecem? Um estudo britânico recente 1 debruçou-se sobre esta questão.
1%
A prevalência da doença celíaca na população em geral varia de 0,5% a 2%, com uma média de cerca de 1%. ²
2 ou 3
Tal como acontece com outras doenças autoimunes, a doença celíaca é mais comum nas mulheres, que são 2 a 3 vezes mais afetadas do que os homens. ³
Antes de adotar uma alimentação sem glúten, os pacientes e os intestinos sofrem
Antes de iniciarem a sua dieta sem glúten, as pessoas que sofrem de doença celíaca já apresentam diferenças notáveis: tristeza, sintomas digestivos, fezes menos hidratadas quando o teor de água no intestino delgado é excessivo e, sobretudo, um trânsito intestinal muito mais lento. A causa? Lesões na parede intestinal que alteram a absorção e a secreção de água, mas provavelmente também uma inflamação crónica e um desequilíbrio de certas hormonas digestivas.
Uma boa notícia! Após um ano de dieta sem glúten, os pacientes sentiam-se melhor em geral, estavam menos ansiosos e o seu trânsito intestinal havia acelerado ligeiramente. Mas não foi uma revolução: o seu bem-estar continua a ser inferior ao das pessoas sem doença celíaca e alguns dos pacientes continuam a ter sintomas relacionados com a doença.
O facto é que esta dieta sobrecarrega a microbiota, ou seja, todas as bactérias que habitam os nossos intestinos. A evicção do trigo na alimentação - e de todos os seus derivados, desde o pão às bolachas e massas - não elimina somente o glúten, mas também a fibra proveniente deste cereal e, com ela, as bifidobactérias benéficas que gostavam desta fibra. Por outro lado, a dieta parece aumentar as bactérias ligadas à degradação de proteínas que poderíamos ter dispensado, como a E. coli ou a Peptostreptococcus.
Gluten
Na Europa, o consumo médio de glúten situa-se entre 10 g e 20 g por dia, com alguns membros da população em geral a consumir até 50 g por dia, ou mais. 4
Os cereais que contêm glúten (trigo, centeio, cevada, aveia, espelta, kamut ou as suas estirpes hibridizadas) e os produtos à base destes cereais figuram na lista dos 14 alergénios considerados importantes pela regulamentação europeia em matéria de rotulagem dos géneros alimentícios. 5
30% dos pacientes com doença celíaca apresentaram sintomas persistentes ou agravados após um ano de dieta sem glúten. 1
Doença celíaca, alergia ao trigo, hipersensibilidade ao glúten: não confunda! 6,7
O glúten não é "tóxico" para os seres humanos: é bem tolerado pela maioria dos consumidores. No entanto, está envolvido em duas doenças muito diferentes:
na doença celíaca, uma doença autoimune (o corpo ataca a si próprio) que ocorre durante várias semanas ou anos após a exposição ao glúten e se manifesta como lesões na parede do intestino delgado. O seu diagnóstico é confirmado pela presença de (sidenote:
Anticorpos
De acordo com o estudo, os anticorpos são descritos como marcadores biológicos, fundamentais para o diagnóstico e monitorização da doença celíaca.
) no sangue;
na alergia ao trigo que ocorre minutos ou horas após o contacto com o glúten ou outras proteínas do trigo. Desencadeia uma resposta imunológica no organismo e a libertação de histamina. Dependendo do estudo, a sua prevalência varia de 0,5% a 9% nas crianças e de 0,4% a 1% nos adultos.
Hypersensitivity to gluten
Para além da alergia ao trigo e da doença celíaca, existem casos de reação ao glúten que não são nem alergia nem doença celíaca em termos dos mecanismos envolvidos e que ocorrem nas horas ou dias seguintes à exposição.
Estas reações são atualmente designadas por uma "sensibilidade ao glúten não celíaca" ou uma "sensibilidade ao glúten" ou, em França, uma "hipersensibilidade ao glúten" ou "intolerância ao glúten". A sua existência continua a ser objeto de debate e controvérsia, sobretudo porque não existem biomarcadores de diagnóstico.
Na ausência de um diagnóstico destas doenças e de uma recomendação médica, não se recomenda eliminar o glúten da alimentação.
E se a dieta não for suficiente?
Outra descoberta importante: 1 em cada 3 pacientes relata sintomas gastrointestinais persistentes ou mesmo agravados, apesar da evicção do glúten. Certos ácidos gordos específicos e a presença de determinadas bactérias na microbiota intestinal poderiam explicar esta persistência dos sintomas.
A eliminação do glúten na dieta alimentar é essencial nos casos de doença celíaca. Mas quais são as consequências de um ano a fazer esta dieta para a microbiota e o seu funcionamento? Este estudo britânico nos ajuda a entender.Quando diagnosticados comQuando diagnosticados com1
Quando diagnosticados com (sidenote:
Doença celíaca
Distúrbio autoimune que afeta principalmente o intestino delgado. É desencadeada pela ingestão de glúten em indivíduos geneticamente predispostos.
), os pacientes são obrigados a seguir uma dieta sem (sidenote:
Glúten
(do latim glue que significa cola): substância azotada viscosa formada após a hidratação da farinha, a partir de certas proteínas (gluteninas e gliadinas) dos cereais, principalmente do trigo.
) para o resto da vida. No entanto, pouco se sabe sobre as consequências desta dieta para o funcionamento do intestino e da sua microbiota. O que explica o interesse deste estudo observacional que avaliou a função intestinal e a microbiota de 36 pacientes celíacos antes e depois de um ano de dieta sem glúten, em comparação com 36 participantes saudáveis com uma dieta normal.
2 ou 3
Tal como acontece com outras doenças autoimunes, a doença celíaca é mais comum nas mulheres, que são 2 a 3 vezes mais afetadas do que os homens. ²
Antes da dieta sem glúten
Os pacientes recém-diagnosticados - que ainda não tinham iniciado a sua dieta sem glúten - diferiam dos voluntários saudáveis por terem mais somatização, depressão, ansiedade, sintomas gastrointestinais e menos água nas fezes (-5%). A equipa também relata:
um teor de água significativamente mais elevado no conteúdo do intestino delgado (+57%), que pode estar relacionado com o efeito combinado de uma absorção deficiente (atrofia das vilosidades), de um aumento das secreções (hiperplasia das criptas) e de uma diminuição da motricidade intestinal;
e um trânsito mais lento (+83%), o que poderia ser explicado por lesões da mucosa, inflamação que afeta a motilidade, má absorção e um desequilíbrio das hormonas intestinais.
A equipa não conseguiu identificar uma assinatura específica da microbiota intestinal na doença celíaca, mas pôde mostrar diferenças em certos táxons bacterianos, alguns dos quais poderiam ser explicados por uma alteração da função intestinal: a menor abundância da espécie Blautia poderia, por exemplo, estar ligada a um trânsito lento e a volumes cólicos elevados.
95%
A predisposição genética desempenha um papel fundamental na doença celíaca, que está fortemente associada a genes específicos do sistema HLA (sistema de autorreconhecimento imunológico).. A maioria dos pacientes com doença celíaca (cerca de 95%) expressa genes que codificam a proteína de classe II do complexo principal de histocompatibilidade (MHC), HLA-DQ2. 3
20%
A origem autoimune da doença celíaca é confirmada pela presença de autoanticorpos séricos e pela associação frequente com outras doenças autoimunes encontradas em 20% dos pacientes (dermatite herpetiforme, tiroidite, diabetes de tipo 1, cirrose biliar primária etc.). 4
Uma dieta que sobrecarrega a microbiota
Após 12 meses de evicção do glúten, o bem-estar dos pacientes parece ter melhorado (menos somatização, menos ansiedade, ligeira melhoria do trânsito intestinal, diminuição dos sintomas etc.), mas isso não lhes permitiu voltar a níveis comparáveis aos dos pacientes sem doença celíaca. Esta constatação sugere que a eliminação do glúten, embora importante, não é um tratamento suficiente por si só.
Um ano de dieta sem trigo, mas também sem as suas fibras (amido resistente e arabinoxilanos), tem um impacto negativo na microbiota e nas vias metabólicas: menor abundância de bifidobactérias e, portanto, de enzimas envolvidas na decomposição do amido e dos arabinoxilanos; maior presença de E. coli, Enterobacter e Peptostreptococcus induzindo um aumento das funções proteolíticas associadas.
Estes desequilíbrios persistem apesar de uma boa adesão à dieta, evidenciada na maioria dos pacientes pela normalização dos anticorpos anti-transglutaminase. Esta observação foi feita apesar do fato de a maioria dos pacientes ter aderido rigorosamente à dieta, o que foi confirmado pela normalização dos anticorpos anti-transglutaminase, sinal de uma resposta imunitária eficaz.
30%
30% dos pacientes apresentaram sintomas persistentes ou agravados após a adoção de uma dieta sem glúten. 1
14
Os cereais que contêm glúten (trigo, centeio, cevada, aveia, espelta, kamut ou as suas estirpes hibridizadas) e os produtos à base destes cereais figuram na lista dos 14 alergénios considerados importantes pela regulamentação europeia em matéria de rotulagem dos géneros alimentícios. 5
Persistência dos sintomas
Porém, acima de tudo, 1 em cada 3 pacientes relata sintomas gastrointestinais persistentes ou mesmo agravados após a dieta sem glúten.
Estes sintomas persistentes poderiam estar ligados a alterações específicas da microbiota intestinal, independentemente da resposta imunitária ao glúten.
Os (sidenote:
Ácidos gordos de cadeia ramificada
Àcidos gordos geralmente saturados com uma (ou mais) ramificações de metilo na cadeia de carbono. Componentes importantes das membranas bacterianas de muitos géneros e espécies, estes ácidos gordos ramificados são raros nos tecidos humanos internos, mas estão presentes em concentrações elevadas na pele e no vérnix (substância branca cerosa) dos recém-nascidos. Nos Estados Unidos, o regime alimentar, nomeadamente o queijo e os produtos à base de carne bovina, conduziria a uma ingestão de cerca de 500 mg/dia desses ácidos.
) parecem estar correlacionados com os sintomas, e a composição da microbiota (particularmente os géneros Bifidobacterium, Alistipes e Ruminococcus) com a sua persistência.
Embora seja o único tratamento atualmente disponível para a doença celíaca, a dieta sem glúten altera a microbiota e não corrige todos os sintomas. Por conseguinte, os autores consideram a sua combinação com prebióticos e/ou simbióticos específicos para combater os efeitos negativos.
Quantos doentes com desconforto gastrointestinal superior persistente vê por semana? Quantos não são diagnosticados com Dispepsia Funcional (DF)?
A DF afecta cerca de 7% dos adultos3 mas é frequentemente mal diagnosticada devido à sobreposição de sintomas com refluxo, gastroparesia e SII. Sendo uma perturbação da interação intestino-cérebro, envolve alterações da motilidade, desequilíbrios da microbiota e factores psicológicos, o que torna o diagnóstico difícil.
Para ajudar, a Prof.ª Maura Corsetti, o Prof. Nicholas Talley e o Prof. Lucas Wauters, em colaboração com o Biocodex Microbiota Institute, desenvolveram uma lista de verificação para o diagnóstico da dispepsia funcional. Esta ferramenta ajuda a um diagnóstico mais exato e a uma comunicação mais clara com o doente, melhorando a gestão e os cuidados.
Muitas vezes referida como indigestão, é um distúrbio da interação intestino-cérebro (DIIC) caracterizado por sintomas abdominais superiores persistentes sem evidência de doença estrutural.
A dispepsia funcional é uma doença crónica e remitente com origem na região gastroduodenal superior, caracterizada por um ou mais dos seguintes sintomas2:
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Legend
DOR EPIGASTRICA
"É como ser esfaqueado de dentro para fora."
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Legend
ARDOR EPIGASTRICO
"O meu estômago arde como se estivesse a queimar."
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Legend
SACIEDADE PRECOCE
(incapacidade de terminar uma refeição)
"Sinto-me cheio mesmo que não coma muito".
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Legend
SACIEDADE PÓS-PRANDIAL
(após uma refeição de tamanho normal)
"Sinto-me como se tivesse uma pedra no estômago."
A dispepsia funcional é um DIIC altamente prevalente com base em critérios rigorosos de Roma IV:
7% da população mundial
é afetada pela dispepsia funcional
No entanto, as estimativas de prevalência variam consoante os critérios de diagnóstico e as regiões geográficas.
A dispepsia funcional é ligeiramente mais comum nas mulheres do que nos homens e pode afetar indivíduos de todas as idades. A doença é frequentemente subdiagnosticada, uma vez que os sintomas podem sobrepor-se a outras perturbações gastrointestinais, como a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e a síndrome do intestino irritável (SII). Apesar da sua elevada prevalência, a dispepsia funcional continua a ser uma doença difícil de gerir devido à sua fisiopatologia complexa e multifatorial.
O que é um distúrbio da interação intestino-cérebro (DIIC) ?
O estômago e o intestino falam com o cérebro e o cérebro fala com o intestino.
Um distúrbio da interação intestino-cérebro (DGBI)1 significa que a sinalização é perturbada, dando origem a sintomas. Um exemplo comum de um DIIC é a dispepsia funcional (DF).
Na dispepsia funcional, o cérebro recebe demasiados sinais do estômago que são normalmente filtrados.
O que dizer sobre a dispepsia funcional?
A plenitude recorrente (frequentemente designada por inchaço), a dor ou ardor epigástrico e a dificuldade em terminar uma refeição normal (saciedade precoce) caracterizam esta perturbação sintomática designada por DF.
A dispepsia funcional é um distúrbio da interação intestino-cérebro, em que os dois órgãos não comunicam corretamente um com o outro.
A DF é uma perturbação baseada nos sintomas, sem danos nos tecidos.
Os sintomas gastrointestinais não surgem isoladamente, a DF é frequentemente acompanhada por níveis mais elevados de perturbação psicológica, como ansiedade, stress e depressão.
Síndrome da dor epigástrica (SDE)
Síndrome do desconforto pós-prandial (SDP), que é a forma mais comum
Estes 2 subtipos de dispepsia, por vezes, sobrepõem-se
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Explicações
Na ausência de um biomarcador, o diagnóstico baseia-se em critérios de sintomas, dos quais os critérios de Roma IV são os mais recentes e os mais bem validados. Os critérios de Roma VI classificam os doentes em dois subgrupos de dispepsia funcional:
Síndrome do desconforto pós-prandial (SDP), que se caracteriza por sintomas induzidos pela refeição,
Síndrome da dor epigástrica (SPE), que se refere à dor epigástrica ou ao ardor epigástrico que não ocorre exclusivamente no período pós-prandial e que pode até melhorar com a ingestão de refeições
Embora os mecanismos fisiopatológicos exactos subjacentes à dispepsia funcional ainda não sejam totalmente compreendidos e a etiologia exacta da doença permaneça indefinida, dados recentes identificaram os seguintes mecanismos fisiopatológicos1:
Factores psicológicos: Interação intestino-cérebro alterada: incluindo o stress e a ansiedade, influenciam a função intestinal e podem exacerbar os sintomas
Hipersensibilidade e dismotilidade do estômago: O aumento da sensibilidade dos neurónios sensoriais gástricos e duodenais leva a um exagero da dor e do desconforto em resposta a estímulos normais; perturbações da motilidade gástrica, como o atraso no esvaziamento gástrico, e uma acomodação fúndica prejudicada
Ativação imunitária intestinal: A inflamação de baixo grau, particularmente o aumento dos mastócitos e dos eosinófilos no duodeno, contribui para os sintomas
Alteração da barreira intestinal: Uma rutura da barreira intestinal permite que os antigénios alimentares e os produtos microbianos penetrem na mucosa, desencadeando potencialmente a ativação imunitária
Microbiota duodenal alterada: As alterações da microbiota intestinal podem contribuir para a ativação imunitária, a hipersensibilidade visceral e a alteração da motilidade
Estes mecanismos interagem de forma complexa, tornando a dispepsia funcional uma doença multifacetada que requer uma abordagem personalizada do tratamento.
O que dizer ao doente?
O que é a microbiota?
As comunidades microbianas que vivem no interior do intestino são chamadas microbiota.
Uma microbiota duodenal desequilibrada, ou disbiose, é uma alteração da composição e das funções dos microrganismos que vivem no intestino.
Os alimentos, as bactérias ou as substâncias presentes no intestino podem, por vezes, causar o mau funcionamento do intestino e desencadear sintomas.
Como fazer a gestão dos sintomas da dispepsia funcional?
A dispepsia funcional é uma doença crónica cujos sintomas podem ser controlados através de mudanças no estilo de vida, terapia dietética, medicamentos e terapias psicológicas.
Encontrar-nos-emos a cada 2-3 meses para acompanhar a eficácia do tratamento/estratégia.
Como fazer um diagnóstico confiável?
O diagnóstico é baseado nos sintomas de acordo com os critérios de Roma2:
Pergunta a fazer: Quando começaram os sintomas?
Presença de pelo menos um sintoma suficientemente grave para afetar as atividades habituaisnos últimos 3 meses tendo começado 6 meses antes do diagnóstico
e nenhuma evidência de doença estrutural (incluindo na endoscopia digestiva alta) suscetível de explicar os sintomas.
Utilização de certos analgésicos como a aspirina e o ibuprofeno
Tabagismo
Ansiedade ou depressão
Histórico de abuso físico ou sexual na infância3
Quais são os sinais de alerta a excluir?
Lista de sinais de alerta a investigar para confirmar o diagnóstico
Idade > 55 anos* com dispepsia iniciada recentemente.
Evidência de hemorragia gastrointestinal excessiva, incluindo melena ou hematémese
Disfagia, especialmente se for progressiva, ou odinofagia
Vómitos persistentes
Perda de peso não intencional
Histórico familiar de cancro gástrico ou do esófago
Massa abdominal ou epigástrica palpável ou adenopatia anormal
Evidência de anemia por deficiência de ferro após análise ao sangue5
*Em regiões com uma elevada taxa de prevalência de cancro gástrico, como o Sudeste Asiático, deve ser considerado um limiar de idade mais baixo.
No caso de um SIM, deve ser considerada uma avaliação adicional
Encaminhar para o gastroenterologista para análise
Que investigações são necessárias?
Recomenda-se efetuar testes de rotina:
O teste de H. pylori é recomendado como o primeiro a ser efetuado: antigénio das fezes, teste respiratório da ureia
Avaliação dos sintomas gastrointestinais inferiores, uma vez que a SII se sobrepõe frequentemente à dispepsia funcional; essencial para avaliar a doença celíaca
Avaliação do histórico de drogas (particularmente sobre opióides e cannabis)
Considerar em casos específicos:
Endoscopia para pacientes cujos sintomas iniciaram recentemente, apresentam perda de peso e têm mais de 55 anos de idade; a biópsia deve ser feita se o status da H. pylori for desconhecido na endoscopia
Esvaziamento gástrico (preferencialmente cintigrafia) em caso de náuseas/vómitos
Não é útil como teste de rotina:
Análises ao sangue
Gestão geral
O tratamento da dispepsia funcional segue uma abordagem multifacetada que visa o alívio dos sintomas e a melhoria da qualidade de vida3,6,7
Quais são os conceitos gerais de gestão dos sintomas?
1- Conselhos sobre o estilo de vida
Lifestyle modifications, including:
Dietary adjustments for limiting the intakes of potential dietary triggers (caffeine, spicy food…)
A regular physical activity
Good sleep habits
And, probiotics intake
could help in reducing the symptoms.
Modificações do estilo de vida, incluindo:
Uma dieta saudável para limitar a ingestão de potenciais gatilhos alimentares (cafeína, alimentos condimentados...)
Uma atividade física regular
Bons hábitos de sono
E a ingestão de probióticos
podem ajudar a reduzir os sintomas.
2-Tratamento à base de medicamentos
Privilegia-se uma abordagem medicamentosa com supressores de ácidos (inibidores da bomba de protões, IBP, vulgarmente utilizados) e procinéticos.
3-Neuromoduladores
Os neuromoduladores, como os antidepressivos tricíclicos, são utilizados para modular a hipersensibilidade visceral, alterar a perceção da dor e melhorar os sintomas em casos refractários
4-Terapia comportamental cognitiva, hipnoterapia, gestão do stress
A terapia cognitivo-comportamental, a hipnoterapia e a gestão do stress podem desempenhar um papel fundamental no controlo dos sintomas a longo prazo
O que dizer ao doente?
Perguntas mais frequentes sobre a dispepsia funcional:
Existe cura? Esta doença é crónica/permanente?
A dispepsia funcional pode ser tratada, mas não curada. É possível uma recuperação voluntária.
É provável que venha a desenvolver cancro?
A dispepsia funcional não parece ser suscetível de levar o utente a desenvolver qualquer tipo de cancro
O que causa a dispepsia funcional?
A dispepsia funcional é uma doença multifatorial causada por alterações da sensibilidade intestinal, da motilidade, da microbiota e da comunicação entre o intestino e o cérebro
A dieta pode ajudar a reduzir os sintomas?
A alimentação é relevante e constitui um forte aliado
Beber água ajuda na dispepsia?
A água não melhora a dispepsia funcional
Posso morrer de FD?
A dispepsia funcional não aumenta o risco de morte
Como acompanhar o utente?
A abordagem de acompanhamento depende da resposta ao tratamento (muitos não respondem)
2-3 meses é um bom intervalo para o acompanhamento, com intervalos maiores em caso de resposta ao tratamento
Será que temos uma visão da microbiota vaginal que é demasiado bacteriocêntrica e etnocêntrica? É esta a ideia que subjaz a um artigo de opinião 1 da autoria de investigadores de renome, que defendem a necessidade de mais investigação sobre a diversidade da microbiota vaginal em todos os países do mundo e sublinham o papel fundamental desempenhado por esta microbiota na saúde das mulheres, bem como o seu papel na prevenção de determinadas infeções.
A microbiota vaginal é essencial para a saúde ginecológica. Com uma particularidade: embora um grande número de microbiotas seja considerado saudável quando elas são diversificadas, uma grande predominância de Lactobacilos é (por enquanto) considerada o “padrão de ouro” da flora vaginal saudável.
Esta predominância dos Lactobacilos, em particular de L. crispatus, está hoje em dia associada a uma maior proteção contra certas infeções, em particular contra as infeções sexualmente transmissíveis, bem como a um menor risco de complicações durante a gravidez. o que pode explicar por que razão a sua maior presença é atualmente utilizada como referência para definir uma microbiota vaginal saudável.
Contudo, como salientam várias sumidades internacionais num artigo de opinião sobre a saúde vaginal, a atual classificação em 5 (sidenote:
5 CST, tipos de estado da comunidade
- CST I dominada por Lactobacillus crispatus,
- CST II por L. gasseri,
- CST III por L. iners
- CST V por L. jensenii
- e CST IV, mais diversificado, que não é dominado por Lactobacillus, mas por um conjunto de bactérias anaeróbias, como Gardnerella, Atopobium, Prevotella e Finegoldia.
) apresenta limitações: ela não reflete a biologia e a funcionalidade completas da microbiota vaginal. Os autores citam o estudo belga Isala, no qual 10,4% das participantes apresentavam codominância de L. crispatus (CST I) e L. iners (CST III), o que revela a possibilidade de coexistência de CST em determinadas mulheres. Outra limitação é o facto de o papel dos fungos, eucariotas, archaea e vírus estar amplamente subexplorado.Dados principalmente oriundos de países ricos
Para ilustrarem o seu raciocínio, os autores debruçam-se novamente sobre a vaginose bacteriana, diagnosticada através da (sidenote:
Escore de Nugent
Sistema de pontuação diagnóstico utilizado para avaliar vaginoses bacterianas com base na presença e nas proporções de certas bactérias numa amostra vaginal com coloração de Gram.
) ou dos (sidenote:
Critérios de Amsel
Diagnóstico clínico baseado em quatro indicadores: pH das secreções vaginais superior a 4,5, teste de odor positivo (odor a peixe após adição de hidróxido de potássio (KOH) a 10%), presença de células “indicadoras” (grandes células epiteliais revestidas de bactérias) e corrimento vaginal anormal. Pelo menos três destes indicadores têm de estar presentes para que a VB seja diagnosticada.
), Este diagnóstico é afetado por uma série de preconceitos, especialmente geográficos.
A vaginose bacteriana é causa muito frequente de corrimento vaginal nas mulheres em idade fértil.
A prevalência da vaginose bacteriana varia consoante os países e os grupos populacionais, mas situa-se entre 23% e 29%, de acordo com uma recente análise sistemática e meta-análise da prevalência mundial nas mulheres em idade fértil. A vaginose bacteriana aumenta o risco de se contrair e transmitir infeções como o VIH e outras IST e, se não for tratada, pode ter efeitos nefastos durante a gravidez 2
Em 2024, a OMS publicou o documento intitulado Recomendações para o tratamento de Trichomonas vaginalis, Mycoplasma genitalium, Candida albicans, vaginose bacteriana e papilomavírus humano 3 (verrugas anogenitais), com o objetivo de fornecer recomendações clínicas e práticas atualizadas e baseadas em provas para o tratamento da vaginose bacteriana.
A menor presença de lactobacilos e a maior frequência de vaginose entre as mulheres negras e latino-americanas (em comparação com as mulheres de origem asiática ou europeia) que vivem nos Estados Unidos é real ou deve-se a limitações metodológicas? Poderão as desigualdades socioeconómicas entre as populações explicar algumas das diferenças? E quanto a comportamentos diferentes, como a lavagem vaginal, um fator de risco reconhecido para a disbiose vaginal? E o que dizer das muitas mulheres americanas catalogadas como afro-americanas, apesar de (mais de) metade dos seus antepassados serem europeus caucasianos?
Afinal, o que é que realmente sabemos sobre a composição da microbiota vaginal “saudável” e equilibrada de mulheres de diferentes origens geográficas e étnicas?
Os autores salientam a falta de estudos em países de rendimentos médios e reduzidos, apesar de um número crescente de iniciativas que tentam colmatar esta lacuna:
O Vaginal Human Microbiome Project (VaHMP) mapeia dados sobre a flora vaginal de mulheres de diferentes origens étnicas residentes nos Estados Unidos;
A base de dados VIRGO complementa os dados dos EUA com dados oriundos de seis países de vários continentes;
A Vaginal Microbial Genome Collection (VMGC) contém os dados de 14 países;
O Vaginal Microbiome Research Consortium comporta uma parte específica para a África e o Bangladesh.
Outra abordagem é a ciência cidadã (contributo dos cidadãos para a investigação relativa à microbiota vaginal em todo o mundo, numa abordagem ascendente e local), à semelhança do projeto Isala dos mesmos autores sobre a flora vaginal. Na sequência do seu sucesso na Bélgica (mais de 6000 candidaturas para 200 mulheres pretendidas), a iniciativa foi alargada a uma rede mundial de parceiros em vários continentes (América, África, Ásia e Europa), incentivando a colaboração entre equipas.
Todas estas são iniciativas que os autores consideram serem necessárias para uma compreensão mais exaustiva de uma microbiota vaginal “saudável”.
Estes avanços poderão também permitir uma melhor compreensão das condições que propiciam o equilíbrio desta microbiota, nomeadamente através da investigação do papel protetor de certas espécies, como o Lactobacillus crispatus, e da avaliação rigorosa da importância dos probióticos nesta dinâmica.
Refrigerantes e outras bebidas açucaradas podem alterar a nossa flora intestinal e, indiretamente, aumentar o nosso risco de diabetes? Esta é a conclusão de investigadores 1 que analisaram a microbiota intestinal de latinos e hispano-americanos.
Os refrigerantes e outras bebidas açucaradas são o grande vilão das políticas de saúde pública. Entre os efeitos deletérios associados ao seu consumo excessivo: a (sidenote:
Diabetes
Doença crónica que ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o organismo é incapaz de utilizar eficazmente a insulina que produz. Com o tempo, a diabetes pode causar danos vasculares no coração, olhos, rins e nervos.
), e mais especificamente a type 2 diabetes. Como? Presumivelmente via um aumento de peso, o estabelecimento de uma (sidenote:
Resistência à insulina
Uma resposta alterada das células à acção da insulina (uma hormona que ajuda o corpo a utilizar o açúcar para fins energéticos), a resistência à insulina resulta numa má regulação dos níveis de açúcar no sangue.
Fontes: Inserm. La résistance à l’insuline, une histoire de communication. 2018. Centers for disease control and prevention. Diabetes - Resources and Publications -Glossary) inflamações e dislipidemia. Mas as investigações efetuadas em latinos e hispano-americanos mostram que a nossa microbiota intestinal também desempenha um papel importante.
422 milhões
O número de diabéticos passou de 108 milhões em 1980 para 422 milhões em 2014. Somente em 2012, 1,5 milhões de mortes foram diretamente atribuídas à diabetes. ²
10 043
mortes por diabetes foram associadas ao consumo de bebidas açucaradas entre adultos americanos em 2012, representando 14,8% das mortes por diabetes relacionadas a uma dieta não otimizada. ¹
Mais refrigerantes, mais bactérias ruins
A preferência por bebidas açucaradas (especialmente se o consumo for superior a 2 copos por dia) pode ter consequências graves para a microbiota intestinal. De facto, o consumo regular destes alimentos parece reduzir o número de diferentes bactérias consideradas benéficas, pois produzem (sidenote:
Ácidos Gordos de Cadeia Curta (AGCC)
Os Ácidos Gordos de Cadeia Curta são uma fonte de energia (carburante) das células do indivíduo, interagem com o sistema imunitário e estão envolvidos na comunicação entre o intestino e o cérebro.
Silva YP, Bernardi A, Frozza RL. The Role of Short-Chain Fatty Acids From Gut Microbiota in Gut-Brain Communication. Front Endocrinol (Lausanne). 2020;11:25.)(AGCC) conhecidos pelos seus efeitos protetores.
Por exemplo, as Bacteroides pectinophilus, que se alimentam de pectina, mas não sabem o que fazer com os açúcares dos refrigerantes, diminuem quando os refrigerantes são consumidos. A desgraça de uns é a sorte de outros, e as bactérias que gostam de frutose e glucose, dois açúcares encontrados em doses elevadas nas bebidas açucaradas, alastram-se como um rastro de pólvora.
WHO recommends
WHO recommends that if people do consume free sugars, they keep their intake below 10% of their total energy needs, and reduce it to less than 5% for additional health benefits. This is equivalent to less than a single serving (250 ml) of commonly consumed sugary drinks per day. 2
Nota: o excesso de peso pode exercer um papel importante nesta história. Parte da ligação entre bebidas açucaradas, os metabolitos e a diabetes parece ser os quilos a mais.
Aumentar o consumo diário de bebidas açucaradas (refrigerantes ou sumos de fruta) em 110 ml (meio copo) durante 4 anos aumenta o risco de diabetes tipo 2 em 16% nos 4 anos seguintes (em comparação com pessoas com consumo estável ao longo do tempo). 3
Diminuir o consumo de refrigerantes
Estes resultados sugerem um papel potencial da microbiota intestinal e dos metabolitos bacterianos na ligação entre o consumo de bebidas açucaradas e o aumento do risco de diabetes. Naturalmente, são ainda necessários mais estudos noutras populações para compreender melhor esta ligação. Mas, enquanto aguardamos, este estudo deve ser visto como mais uma razão para não beber refrigerantes! Em vez disso, que tal um copo de horchata, que fortalece as bactérias benéficas?