O que os micróbios da sua boca lhe dizem realmente!

E se as doenças gengivais não forem apenas causadas por uma má escovação, mas por produtos químicos tóxicos produzidos por bactérias na sua boca? Novas investigações revelam como estes minúsculos compostos inflamam silenciosamente as suas gengivas, danificam o tecido e podem remodelar a forma como tratamos a nossa saúde bucal.

A microbiota ORL Probióticos

Durante anos, dentistas e investigadores se concentraram nas bactérias “ruins” presentes nanossa boca, como a Porphyromonas gingivalis, consideradas as principais culpadas por doenças gengivais. No entanto, este novo estudo realizado pela Universidade de Kyushu, no Japão, revela que o dano real pode vir não apenas das próprias bactérias, mas dos produtos químicos que produzem. 1

Estes produtos químicos, chamados metabólitos, são pequenos subprodutos que os micróbios liberam à medida que se alimentam e crescem. Pense neles como pegadas químicas. E algumas dessas pegadas são tóxicas. Os investigadores descobriram que, quando esses metabólitos acumulam-se, podem irritar e até danificar as células que revestem as nossas gengivas, desencadeando uma inflamação que contribui para a doença periodontal.

20-50% As doenças periodontais afetam 20–50% da população global, tornando-as um grande problema de saúde pública no mundo todo. ³

O que é a doença periodontal?

A doença periodontal engloba condições inflamatórias que afetam os tecidos ao redor dos dentes. Começa como uma gengivite - gengivas vermelhas e inchadas que podem sangrar - e pode transformar-se em periodontite, levando à recessão gengival, à perda óssea e a uma mobilidade dentária. Os principais culpados incluem bactérias como a Porphyromonas gingivalis e a Treponema denticola. 2

Para além das bactérias: é o que fazem que importa

Para descobrir essas ligações, os investigadores colheram amostras da água utilizada para enxaguar a boca de dois grupos de pessoas: 24 com doenças gengivais e 22 indivíduos saudáveis. Este tipo de amostra fornece um retrato instantâneo do microbioma oral e da sua atividade, semelhante a uma "impressão digital de saliva".

Utilizaram ferramentas avançadas para identificar não apenas quais bactérias eram mais comuns no grupo de pessoas doentes, mas também quais metabólitos estavam presentes. Em seguida, pegaram 20 desses metabólitos e os testaram diretamente em células da gengiva humana no laboratório.

As  (sidenote: Células epiteliais gengivais São as células superficiais que formam o revestimento das gengivas e atuam como a primeira barreira contra a invasão microbiana na cavidade oral. )  são a primeira linha de defesa do hospedeiro no espaço subgengival onde a placa dentária se acumula. São utilizadas para replicar o que está a acontecer na boca.

Esta etapa permitiu que observassem não apenas associações, mas efeitos biológicos reais, oferecendo pistas importantes sobre quais compostos podem estar a alimentar os danos nas gengivas.

Os cientistas descobriram que vários dos metabólitos ligados à doença, especialmente a (sidenote: Homoserina Derivado de aminoácidos não comumente encontrados no metabolismo humano, mas produzido por certas bactérias. Pode ter efeitos pró-inflamatórios ou citotóxicos nos tecidos do hospedeiro, como o epitélio da gengiva. ) , o propionato, o succinato e a citrulina, demonstraram prejudicar o crescimento da célula hospedeira e promover a inflamação, elementos centrais para o desenvolvimento da periodontite. Estas substâncias não apenas instalavam-se ali, mas também retardaram ativamente o crescimento celular e desencadearam a liberação de (sidenote: Interleucina-8 (IL-8) Proteína de sinalização (citocina) liberada pelas células para atrair células imunes como neutrófilos para o local da infeção ou inflamação. Uma IL-8 elevada geralmente indica inflamações teciduais contínuas. ) , uma molécula essencial na resposta inflamatória do corpo.

Quer sabe algo ainda mais inesperado? A homoserina, um composto que não havia sido previamente associado adoenças orais, estava a ser produzido por alguns dos piores agressores bacterianos, incluindo a Prevotella intermedia e a P. gingivalis. Isto significa que estes micróbios não são apenas os "vilões" por associação, mas podem estar a produzir ativamente as toxinas que agravam doenças gengivais. Além disso, a presença destes metabólitos bacterianos é coerente com a (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) da microbiota subgengival, onde um desequilíbrio na placa dentária promove o início da doença.

O que é a microbiota periodontal?

A microbiota periodontal refere-se à comunidade de microrganismos residentes na área subgengival. As gengivas saudáveis hospedam uma mistura equilibrada de bactérias, mas na periodontite, espécies patogénicas como a P. gingivalis, a T. denticola e a Fusobacterium nucleatum predominam, interrompendo esse equilíbrio e promovendo a inflamação. 4

Então, o que tudo isso significa para si e para o seu dentista?

Esta perceção muda a atenção sobre a forma como espécies específicas contribuem para a inflamação oral, não apenas através da colonização, mas também através da atividade metabólica no ambiente dental subgengival. Durante muito tempo, o foco no tratamento de doenças gengivais tem sido bastante simples: encontrar as bactérias ruins e se livrar delas. É por esta razão que os tratamentos geralmente envolvem limpezas profundas, enxágues bucais antissépticos ou antibióticos, para eliminar os germes.

Mas este estudo nos mostra que o verdadeiro problema pode não ser apenas quais bactérias estão presentes na sua boca, mas o que estas bactérias estão a fazer.

Microrganismos: micróbios preciosos para a saúde humana

Saiba mais

Estes micróbios são como pequenas fábricas de produtos químicos. Alguns bombeiam substâncias que irritam e inflamam as gengivas, mesmo se as próprias bactérias não forem numerosas. Este elemento é muito importante. Significa que simplesmente matar as bactérias pode não ser suficiente, talvez seja necessário visar as substâncias nocivas que produzem.

Num futuro próximo, o seu dentista pode precisar não somene verificar se há placa bacteriana nos seus dentes, mas também testar a sua saliva para verificar a presença de tais produtos químicos prejudiciais e adaptar o seu tratamento com base no que foi observado no seu microbioma oral. Uma nova fronteira foi alcançada no atendimento odontológico personalizado com base no microbioma.

Como a periodontite é tratada?

O tratamento envolve a limpeza dentária profissional para remover a placa bacteriana e o tártaro, melhorar a higiene oral e, possivelmente, utilizar antibióticos para casos graves. A restauração de uma microbiota oral saudável pode incluir a toma de probióticos e mudanças no estilo de vida. Visitas regulares ao dentista são cruciais para a monitorização e a manutenção da sua saúde bucal. 5

Por que amostras de saliva e subgengivais são importantes

Embora a água utilizada para enxaguar a boca tenha sido analisada neste estudo, os investigadores observaram que as amostras de placa subgengival fornecem um quadro ainda mais preciso da microbiota nos locais da lesão, especialmente nos casos de periodontite. A combinação da análise microbiana e metabólica da placa subgengival pode, em breve, tornar-se um padrão essencial nos diagnósticos de saúde bucal.

A microbiota ORL

Saiba mais
Summary
Off
Sidebar
On
Migrated content
Désactivé
Updated content
Désactivé
Hide image
Off
Noticias

Observatório Internacional das Microbiotas 2025 - Comunicado de imprensa

Momento microbiota: conscientizar e agir

CP_The International Microbiota Observatory 2025 PT

A microbiota é composta por biliões de microrganismos como bactérias, vírus, fungos, arqueias etc. Vive no nosso trato digestivo, na nossa pele, na nossa boca, no nosso nariz e nos nossos pulmões. Estes organismos desempenham um papel crucial no nosso bem-estar, ajudando a digestão, estimulando o nosso sistema imunitário e protegendo-nos contra doenças infeciosas. Mas além destas funções, a microbiota também influencia o nosso humor, o nosso metabolismo e até mesmo a nossa longevidade. Um desequilíbrio da microbiota, muitas vezes causado por fatores como dietas, o estilo de vida ou medicações, pode levar a grandes problemas de saúde, de distúrbios digestivos a problemas cardiovasculares e depressão. Manter uma microbiota saudável no nosso corpo é, portanto, essencial para a nossa saúde e bem-estar geral.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Biocodex Microbiota Institute encomendou à Ipsos a realização de um inquérito internacional sobre a microbiota: o Observatório Internacional das Microbiotas. Quais são as tendências na conscientização sobre a microbiota? Os indivíduos adotaram mais comportamentos para proteger e preservar a sua microbiota este ano? Qual é a função dos profissionais de saúde na educação dos pacientes? Qual é a opinião das pessoas sobre o teste da microbiota? 

Este grande inquérito foi realizado pela Ipsos com 7500 pessoas em 11 países (EUA, Brasil, México, França, Alemanha, Itália, Portugal, Polónia, Finlândia, China e Vietname). Em cada país, foi entrevistada uma amostra representativa da população com 18 anos ou mais. A representatividade foi assegurada pelo método de quotas aplicado ao género, idade, região e ocupação do inquirido. O inquérito foi realizado online, no período de 21 de janeiro a 28 de fevereiro de 2025. 

Os resultados foram apresentados no dia 27 de junho de 2025, por ocasião do Dia Mundial do Microbioma.

Resultados de 2025: Observatório Internacional de Microbiotas

Saiba mais

"A conscientização sobre a microbiota é apenas o começo. Tomar medidas para preservar seu equilíbrio é o passo seguinte. Este ano, o Biocodex Microbiota Institute deu um passo adiante, transformando dados em ação. Em parceria com o Le French Gut, estamos traduzindo o conhecimento em engajamento público, capacitando cidadãos, pesquisadores e profissionais de saúde a trabalharem lado a lado para melhorar a saúde."

Olivier Valcke, Diretor - Biocodex Microbiota Institute

Sobre o Biocodex Microbiota Institute

O Biocodex Microbiota Institute é um centro internacional de conhecimento dedicado à microbiota. Este Instituto educa o público leigo e os profissionais de saúde sobre a importância da microbiota nos cuidados de saúde e bem-estar.

Contacto para imprensa do Biocodex Microbiota Institute

Olivier Valcke

Diretor do Biocodex Microbiota Institute
Comunicação Global Microbiota 
+33 6 43 61 32 58
o.valcke@biocodex.com 

Contacto para imprensa da Ipsos

Etienne Mercier

Diretor de Opinião e Saúde – Ipsos Public Affairs
+33 6 23 05 05 17
etienne.mercier@ipsos.com  

BMI-25.20
Summary
Off
Sidebar
Off
Migrated content
Désactivé
Updated content
Désactivé
Hide image
Off
Sala de imprensa

Observatório Internacional das Microbiotas 2025 - Comunicado de imprensa

Momento microbiota: conscientizar e agir

CP_The International Microbiota Observatory 2025 PT

A microbiota é composta por biliões de microrganismos como bactérias, vírus, fungos, arqueias etc. Vive no nosso trato digestivo, na nossa pele, na nossa boca, no nosso nariz e nos nossos pulmões. Estes organismos desempenham um papel crucial no nosso bem-estar, ajudando a digestão, estimulando o nosso sistema imunitário e protegendo-nos contra doenças infeciosas. Mas além destas funções, a microbiota também influencia o nosso humor, o nosso metabolismo e até mesmo a nossa longevidade. Um desequilíbrio da microbiota, muitas vezes causado por fatores como dietas, o estilo de vida ou medicações, pode levar a grandes problemas de saúde, de distúrbios digestivos a problemas cardiovasculares e depressão. Manter uma microbiota saudável no nosso corpo é, portanto, essencial para a nossa saúde e bem-estar geral.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Biocodex Microbiota Institute encomendou à Ipsos a realização de um inquérito internacional sobre a microbiota: o Observatório Internacional das Microbiotas. Quais são as tendências na conscientização sobre a microbiota? Os indivíduos adotaram mais comportamentos para proteger e preservar a sua microbiota este ano? Qual é a função dos profissionais de saúde na educação dos pacientes? Qual é a opinião das pessoas sobre o teste da microbiota? 

Este grande inquérito foi realizado pela Ipsos com 7500 pessoas em 11 países (EUA, Brasil, México, França, Alemanha, Itália, Portugal, Polónia, Finlândia, China e Vietname). Em cada país, foi entrevistada uma amostra representativa da população com 18 anos ou mais. A representatividade foi assegurada pelo método de quotas aplicado ao género, idade, região e ocupação do inquirido. O inquérito foi realizado online, no período de 21 de janeiro a 28 de fevereiro de 2025. 

Os resultados foram apresentados no dia 27 de junho de 2025, por ocasião do Dia Mundial do Microbioma.

Resultados de 2025: Observatório Internacional de Microbiotas

Saiba mais

"A conscientização sobre a microbiota é apenas o começo. Tomar medidas para preservar seu equilíbrio é o passo seguinte. Este ano, o Biocodex Microbiota Institute deu um passo adiante, transformando dados em ação. Em parceria com o Le French Gut, estamos traduzindo o conhecimento em engajamento público, capacitando cidadãos, pesquisadores e profissionais de saúde a trabalharem lado a lado para melhorar a saúde."

Olivier Valcke, Diretor - Biocodex Microbiota Institute

Sobre o Biocodex Microbiota Institute

O Biocodex Microbiota Institute é um centro internacional de conhecimento dedicado à microbiota. Este Instituto educa o público leigo e os profissionais de saúde sobre a importância da microbiota nos cuidados de saúde e bem-estar.

Contacto para imprensa do Biocodex Microbiota Institute

Olivier Valcke

Diretor do Biocodex Microbiota Institute
Comunicação Global Microbiota 
+33 6 43 61 32 58
o.valcke@biocodex.com 

Contacto para imprensa da Ipsos

Etienne Mercier

Diretor de Opinião e Saúde – Ipsos Public Affairs
+33 6 23 05 05 17
etienne.mercier@ipsos.com  

BMI-25.20
Summary
Off
Sidebar
Off
Migrated content
Désactivé
Updated content
Désactivé
Hide image
Off
Sala de imprensa

Manuais de avaliação diagnóstica

Identifique rapidamente a síndrome do intestino irritável (SII) ou a dispepsia funcional (DF) com as nossas listas de verificação clínicas, desenvolvidas e validadas por profissionais de saúde reconhecidos. Estas ferramentas práticas, concebidas por especialistas, apoiam os profissionais de saúde a realizar diagnósticos precisos e eficazes, com base em critérios diagnósticos chave.

Summary
Off
Sidebar
Off
Migrated content
Désactivé
Updated content
Désactivé
Hide image
Off
Artigo Gastroenterologia Medicina geral

Rumo a um exposoma mais favorável

Há ainda um longo caminho a percorrer para se compreender e avaliar o impacto de todas as exposições ambientais na saúde humana.

A microbiota intestinal Perturbações de ansiedade

No entanto, os estudos preliminares sugerem que a microbiota, enquanto interface entre o nosso corpo e o mundo exterior, poderá desempenhar um papel fundamental. Eles mostram que:

  • A modernização dos nossos estilos de vida exerce impacto tanto sobre os ecossistemas como sobre a nossa saúde e a das nossas microbiotas; 
  • Um ambiente rico em micróbios diversificados desempenha um papel protetor;
  • Existe, logo no início da vida, uma janela de oportunidade onde a natureza das exposições pode predispor o organismo a doenças crónicas ou, pelo contrário, protegê-lo;
  • Existem formas simples (alimentação pouco processada e à base de vegetais, atividade física, sono de boa qualidade, contacto com a natureza, redução da utilização de produtos químicos e medicamentos, etc.) de se avançar para um exposoma que seja melhor para a nossa saúde.

Na prática

Embora não tenhamos controlo sobre a totalidade dos fatores aos quais nosso organismo se encontra exposto, algumas ações e hábitos simples podem ajudar a mitigar exposições nocivas e dar mais espaço às que nos protegem.

Alimentação 

  • Preferir alimentos crus, biológicos e da época (frutas, legumes, leguminosas, cereais integrais, etc.), ricos em fibras, vitaminas e sais minerais, e reduzir a quota de alimentos ultraprocessados (refeições prontas, carnes transformadas, bolachas de aperitivo, bolos industriais, doces, etc.).
  • Optar pelas aves de capoeira e limitar as outras carnes (porco, vaca, vitela, carneiro, borrego, miudezas) a 500 g por semana; alternar com alimentos que forneçam mais proteínas vegetais, por exemplo, leguminosas ou produtos de cereais integrais ou semi-integrais.

 

  • Evitar as águas engarrafadas, que são suscetíveis de conter microplásticos; preferir a água filtrada por um cartucho de carvão ativado ou por um sistema de osmose inversa, que parecem ser atualmente os mais eficazes para eliminar os “poluentes eternos” (PFAS) 1 .
  • Limitar a utilização de embalagens de plástico e de películas aderentes e utilizar produtos a granel e invólucros Bee Wrap (tecido revestido com cera de abelha) para cobrir as sobras e embrulhar os lanches.
  • Utilizar recipientes de vidro ou Pyrex (inertes) em vez de plástico, especialmente quando se aquece alimentos no micro-ondas. 
     

Microplásticos: atenção aos recipientes das refeições “pronto a comer” e ao seu impacto na microbiota!

Saiba mais

Higiene

Utilizar produtos o mais possível simples e sem perfume: óleos vegetais, hidrolatos, sabões naturais, cremes à base de produtos naturais com número limitado de ingredientes, etc. Existem aplicações (Yuka, INCI Beauty, QuelProduit, etc.) que permitem analisar os produtos e identificar os que contêm menos substâncias problemáticas. 

Saúde

  • Evitar a automedicação, principalmente no que respeita a antibióticos.
  • Devolver os medicamentos não utilizados à farmácia (evitar descartá-los no caixote do lixo ou no lava-loiças).

Antibióticos: que impacto na microbiota e na saúde?

Saiba mais

Casa

  • Para a limpeza, utilizar os produtos tradicionais (sabão de Marselha, vinagre, cristais de soda, etc.) e evitar os detergentes agressivos e perfumados e os amaciadores de roupa. 
  • Evitar a caça aos micróbios, excluindo a utilização de lixívia e de quaisquer produtos antimicrobianos em casa. 
  • Evitar as velas perfumadas, os ambientadores, os sprays, etc.
  • Evitar os móveis de aglomerado, os vernizes e as tintas, fontes de compostos orgânicos voláteis (COV), sobretudo nos quartos de bebé e de criança. 
  • Arejar os compartimentos 10 minutos por dia.

A minha família, os que vivem comigo, os meus vizinhos… e a minha microbiota

Saiba mais

Lazer, atividade física, gestão do stress

 

  • Limitar a utilização de ecrãs em favor de atividades de lazer artísticas, criativas e partilhadas (jogos, música, pintura, etc.)
  • Limitar o sedentarismo, integrando a atividade física na rotina diária: andar a pé, de bicicleta ou de patins mais vezes do que em transportes motorizados, subir as escadas em vez de usar o elevador, etc.
  • Optar por férias respeitadoras do ambiente, tanto em termos de actividades realizadas como de transporte.
  • Cuidar da saúde mental praticando técnicas de gestão do stress (meditação, respiração, coerência cardíaca) e aprendendo a abrandar, a ouvir-se a si próprio, a contemplar, a comunicar...

Microbiota e desporto: microrganismos de competição

Saiba mais

Atividade profissional

  • Informar-se sobre a exposição ocupacional a substâncias químicas (emissões de motores a gasóleo, sílica cristalina, amianto, etc.), agentes biológicos (bactérias, vírus ou bolores suscetíveis de provocar infeções, alergias ou intoxicações), agentes físicos (ruído, calor, frio, radiações, etc.) e stress (horário de trabalho, ritmo de trabalho, falta de recursos, tensões interpessoais, etc.);
  • Respeitar os conselhos de prevenção ocupacional.

Leia outro artigo

Prepare-se para o seu regresso ao trabalho através da sua microbiota

Saiba mais

Voltar para a página anterior

Summary
On
Sidebar
On
Migrated content
Désactivé
Updated content
Désactivé
Hide image
Off
Noticias

Do nascimento à morte, um exposoma com consequências diferentes para a nossa saúde

A nossa sensibilidade ao ambiente muda ao longo da vida. Desde a gestação, o expossoma molda a imunidade, influencia a microbiota do bebê e afeta seu risco futuro de desenvolver asma ou alergias. Na adolescência, ele impacta a saúde mental e da pele. Na vida adulta, interfere na inflamação e no bem-estar geral. Já entre os idosos, pode tanto preservar quanto comprometer a longevidade — como mostram os estudos sobre a microbiota de centenários.


Descubra como cada fase da vida interage com o expossoma

A microbiota intestinal Acne e microbiota Perturbações de humor Alergias alimentares

Primeiros 1.000 dias

Já há alguns anos que se sabe que os microrganismos da microbiota intestinal são essenciais para o desenvolvimento do sistema imunitário. Mas há outros mecanismos ligados à exposição precoce do feto e do bebé a fatores ambientais que poderão também estar envolvidos 1

Período perinatal

  • Gravidez: a microbiota materna (intestinal, cutânea, pulmonar e potencialmente placentária) parece ter efeitos significativos na maturação da função imunitária dos filhos. Um estudo, por exemplo, demonstrou que a exposição das mulheres grávidas a bactérias provenientes de estábulos reduzia o risco de os seus filhos sofrerem futuramente de asma. Existe também uma microbiota placentária, mais semelhante à microbiota oral da mãe do que à sua microbiota vaginal ou intestinal, que poderá desempenhar um papel neste processo de maturação.
  • Parto: os bebés nascidos por via vaginal são colonizados por micróbios semelhantes aos presentes na vagina da mãe. Têm também uma microbiota intestinal mais rica e diversificada do que as crianças nascidas de cesariana, o que implica um menor risco de asma.
  • Amamentação

Pensa-se que outros fatores do exposoma perinatal (tratamentos com antibióticos, amamentação, práticas alimentares, etc.) também estão envolvidos.
 

Imagem
O infográfico a seguir mostra como e quando a microbiota intestinal e o sistema imunológico são desenvolvidos e se tornam maduros

Bactérias minúsculas, grandes riscos: Como os micróbios vaginais influenciam a saúde na gravidez

Saiba mais

Primeira infância

Desde meados do século passado, a transição para estilos de vida mais abastados e para habitações mais modernas e “higiénicas” veio alterar a exposição humana aos micróbios. Essas alterações poderão predispor as crianças para doenças inflamatórias crónicas.


De facto, há fortes evidências de que a exposição precoce a populações microbianas ricas e diversificadas desempenha um papel protetor, desde que ocorra no início da vida. Fala-se de uma “janela de oportunidade”. 

Vários estudos demonstraram que, de forma contraintuitiva, a presença de animais de estimação, roedores, fungos ou bactérias no ambiente em que vivem os bebés e as crianças pequenas melhora a diversidade bacteriana da sua microbiota e pode protegê-los da asma

Cães e a microbiota da poeira na prevenção da asma: um golpe de mestre?

Saiba mais

Infância e adolescência 

O mérito da abordagem exposómica foi salientado por um estudo de 504 crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 9 anos, que foram seguidas durante 8 anos. Os investigadores estudaram o impacto de várias exposições (alimentação, atividade física, sono, poluição atmosférica e estatuto socioeconómico) nos marcadores sanguíneos (metabolitos).

Pontuação do expossoma

Para cada criança, os investigadores calcularam uma “pontuação do exposoma” que reflecte o impacto global das várias exposições na saúde.

Os resultados revelam que esta pontuação está associada a 31 metabolitos, 12 dos quais não relacionados com qualquer exposição individual. Isto indica que as exposições ao ambiente e ligadas ao estilo de vida não exercem os seus efeitos fisiológicos de forma isolada.

Pelo contrário, há uma interação complexa entre as exposições externas e as respostas fisiológicas internas associadas.

Adicionalmente, uma pontuação mais elevada do exposoma encontra-se associada a níveis mais baixos de acetato, um (sidenote: Ácidos Gordos de Cadeia Curta (AGCC) Os Ácidos Gordos de Cadeia Curta são uma fonte de energia (carburante) das células do indivíduo, interagem com o sistema imunitário e estão envolvidos na comunicação entre o intestino e o cérebro. Silva YP, Bernardi A, Frozza RL. The Role of Short-Chain Fatty Acids From Gut Microbiota in Gut-Brain Communication. Front Endocrinol (Lausanne). 2020;11:25. ) que é produzido pela microbiota intestinal. E há estudos que sugerem que o acetato poderá desempenhar uma função benéfica na saúde metabólica, cardiovascular e neurológica.

A final, comer o catarro do irmão mais velho talvez não seja uma má ideia

Saiba mais

Acne

Um outro estudo, desta vez realizado com adolescentes, mostrou que numerosos fatores ligados ao estilo de vida (o consumo de leite desnatado e de suplementos de proteínas de soro de leite, como a proteína whey, o stress, os poluentes, a medicação, os fatores climáticos, etc.) tinham um impacto evidente no aparecimento e na gravidade da acne e na eficácia dos tratamentos.

Os produtos de cuidados da pele e os cosméticos, que integram o exposoma externo, são suscetíveis de ativar a inflamação e provocar o aparecimento da acne, alterando a barreira cutânea e o equilíbrio da microbiota da pele, promovendo a secreção sebácea, modificando os micróbios e ativando o sistema imunitário inato 3.  

Saúde mental

Sabe-se igualmente que, durante a adolescência, o stress, frequentemente muito mais intenso do que em outros períodos da vida – e o aumento da produção de androgénios (como a testosterona) podem modificar a microbiota e, por conseguinte, o eixo intestino-cérebro.

Existem estudos que sugerem que estas alterações no exposoma interno têm um potencial contributo para o aparecimento de doenças psiquiátricas, muitas das quais se manifestam pela primeira vez durante a adolescência 3.  

Imagem

Eixo intestino-cérebro: Qual é o papel da microbiota?

Saiba mais

Idade adulta  

É cada vez mais evidente que a microbiota intestinal tem participação em vários aspetos do bem-estar físico e mental. E que a sua estrutura e função dependem em grande parte dos estilos de vida. 

Embora o impacto do exposoma seja crucial no início da vida, sabe-se que seus efeitos nefastos podem prolongar-se pela idade adulta. Os hábitos alimentares ocidentais (carentes de frutas, legumes e cereais integrais e ricos em produtos de origem animal e alimentos ultraprocessados) podem, por exemplo, levar à degradação do biofilme e da barreira intestinal, tornando o intestino mais permeável. 

Isto, por sua vez, permite que pedaços de bactérias (endotoxinas ou lipopolissacáridos) entrem na corrente sanguínea, provocando uma inflamação crónica de baixo grau que pode ter consequências metabólicas e comportamentais negativas. Pelo contrário, uma dieta rica em fibras e fitoquímicos de plantas pode promover a diversidade microbiana e reduzir o stress oxidativo, bem como a carga inflamatória. 

Uma alimentação desequilibrada, associada ao stress, à falta de contacto com a natureza, a um ambiente pobre em micróbios e à falta de atividade física ao ar livre, pode também conduzir a uma alteração da diversidade microbiana das microbiotas intestinal e cutânea. Ora uma microbiota menos diversificada significa disfunções imunitárias e inflamações crónicas, que podem afetar todos os nossos órgãos e constituir um terreno fértil para as doenças crónicas.  

Como manter uma microbiota saudável?

Saiba mais

Nos idosos

O avanço na idade está geralmente associado a uma alteração da microbiota intestinal. Com o passar do tempo, esta tende a perder sua diversidade e equilíbrio (disbiose), contribuindo assim para uma acentuação dos processos inflamatórios e para um aumento da suscetibilidade às doenças que fragilizam os idosos. 

Imagem

Pelo contrário, a manutenção de uma microbiota equilibrada ao longo do tempo contribui para o bom funcionamento do metabolismo e do sistema imunitário, bem como para a manutenção da saúde cardíaca, óssea e cognitiva

 

Embora as causas das alterações da microbiota com o avançar da idade ainda estejam a ser investigadas, o estudo da microbiota de centenários indica-nos que certos fatores do exposoma podem estar em jogo. 

Os hábitos alimentares, em particular a adoção da dieta mediterrânica (rica em fibras e antioxidantes), apresentam, por exemplo, correlação com as espécies microbianas intestinais associadas à longevidade 8,7.  Manter a atividade física, não fumar e dispor de condições de trabalho satisfatórias também pode desempenhar um papel.

Leia o restante do artigo

Rumo a um exposoma mais favorável

Continue lendo

Voltar para a página anterior

Summary
On
Sidebar
On
Migrated content
Désactivé
Updated content
Désactivé
Hide image
Off
Noticias

Microbiota under pressure: how the exposome promotes chronic disease

O nosso ambiente influencia profundamente a nossa saúde… ao agir sobre a nossa microbiota. Desreguladores endócrinos, microplásticos, medicamentos e alimentos ultraprocessados são todos componentes do expossoma que enfraquecem o nosso ecossistema intestinal e favorecem o desenvolvimento de doenças crônicas.

A microbiota intestinal A microbiota da pele A microbiota pulmonar Saúde mental Asma e microbiota Cancro do estômago A síndrome do intestino irritável (SII)
Exposure to air pollution disturbs the microbiota of babies

Perturbações psiquiátricas

Vários estudos indicam que a exposição da microbiota intestinal aos fatores ambientais tem consequências para a saúde mental:

Além disso, um desequilíbrio na microbiota pode expor o cérebro a perturbações por via do eixo intestino-cérebro. Por exemplo, a disbiose intestinal pode ser responsável por um primeiro episódio psicótico. 

Eixo intestino-cérebro: Qual é o papel da microbiota?

Saiba mais

Asma e doenças alérgicas

O número de pessoas afetadas por doenças alérgicas continua a aumentar em todo o mundo. E este aumento das alergias pode muito bem ter as suas origens no exposoma.

Cada vez mais estudos sugerem que a exposição a substâncias ambientais (poluição atmosférica, detergentes, microplásticos, nanopartículas, alimentos transformados, emulsionantes, etc.), bem como a diminuição da biodiversidade e a degradação do ambiente, são responsáveis por alterações que propiciam estas doenças imunitárias:

1 pessoa em cada 4 Este é o número de europeus que sofrem de alergias.

50 % dos habitantes dos países industrializados sofrerão de alergias em 2050.

10 a 30 % da população mundial sofre de pelo menos uma doença alérgica.

A nível intestinal, foi demonstrado que certos fatores de exposição provocam lesões nas barreiras epiteliais, resultando em disbiose e num aumento da permeabilidade. Será isto o que estará na origem de uma perda dos efeitos “imunomoduladores” (protetores contra as alergias) das bactérias da microbiota 7

Microbiota desequilibrada com 1 ano, alergia aos 5 anos?

Saiba mais

Cancros e doenças intestinais

São cada vez mais os cancros que surgem em jovens e o cancro do intestino é um deles. Nas últimas três décadas, este aumentou cerca de 50% entre as pessoas dos 25 aos 49 anos nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e em vários países europeus. 

2,4 vezes maior É esta a magnitude do risco de cancro do cólon para as pessoas nascidas em 1990 em comparação com as nascidas em 1950.24

30 % É a percentagem dos alimentos ultraprocessados na ingestão diária de calorias dos franceses (até 60% para os britânicos e americanos). ,

Diversos fatores ambientais

Se a ausência de fibras, o consumo de carnes vermelhas e de alimentos transformados e a exposição a poluentes são apontados como culpados, suspeita-se também de um conjunto de outros fatores ambientais: alimentos, bebidas, medicamentos, poluentes atmosféricos, produtos químicos, etc., cujos efeitos individuais nas nossas células e nas nossas microbiotas estão a começar a ser compreendidos 10

O mesmo sucede com doenças inflamatórias crónicas do intestino (DICI), cuja maior incidência se verifica nos países mais industrializados, como o noroeste da Europa e os Estados Unidos, e que se torna mais frequente à medida que aumenta o desenvolvimento socioeconómico. 

Embora as causas das DICI permaneçam mal identificadas, sabe-se que a disbiose terá um papel importante 11.   

Segundo uma equipa de investigadores franceses, há cada vez mais provas de que os alimentos ultraprocessados (UPF), em particular os aditivos alimentares, estão ligados às DICI, ao cancro colorretal e à síndrome do cólon irritável. Nomeadamente, sabe-se que os emulsionantes, os edulcorantes, os corantes, os microplásticos e as nanopartículas têm repercussões na microbiota intestinal, na permeabilidade intestinal e na inflamação intestinal, o que pode influir significativamente no risco de doenças intestinais 30

Leia o restante do artigo

Do nascimento à morte, um exposoma com consequências diferentes para a nossa saúde

Continue lendo

Voltar para a página anterior

Referências

1. Kimmel MC, Verosky B, Chen HJ, et al. The Maternal Microbiome as a Map to Understanding the Impact of Prenatal Stress on Offspring Psychiatric Health. Biol Psychiatry. 2024 Feb 15;95(4):300-309.

2. Madison AA, Bailey MT. Stressed to the Core: Inflammation and Intestinal Permeability Link Stress-Related Gut Microbiota Shifts to Mental Health Outcomes. Biol Psychiatry. 2024 Feb 15;95(4):339-347. 

3. Ross FC, Mayer DE, Gupta A, et al. Existing and Future Strategies to Manipulate the Gut Microbiota With Diet as a Potential Adjuvant Treatment for Psychiatric Disorders. Biol Psychiatry. 2024 Feb 15;95(4):348-360.

4. Fond G. Bien manger pour ne plus déprimer, Odile Jacob, 2022.

5. Institut Pasteur, Tackling allergies, avril 2018

6. Shin YH, Hwang J, Kwon R, et al. Global, regional, and national burden of allergic disorders and their risk factors in 204 countries and territories, from 1990 to 2019: A systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. Allergy. 2023 Aug;78(8):2232-2254.

7. Losol P, Sokolowska M, Hwang YK, et al. Epithelial Barrier Theory: The Role of Exposome, Microbiome, and Barrier Function in Allergic Diseases. Allergy Asthma Immunol Res. 2023 Nov;15(6):705-724.

8. PROSPECT Study

9. Salomé M, Arrazat L, Wang J, et al. Contrary to ultra-processed foods, the consumption of unprocessed or minimally processed foods is associated with favorable patterns of protein intake, diet quality and lower cardiometabolic risk in French adults (INCA3). Eur J Nutr. 2021

10. Inrae, juin 2022.

11. Inserm

12. Whelan K, Bancil AS, Lindsay JO, Chassaing B. Ultra-processed foods and food additives in gut health and disease. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2024 Jun;21(6):406-427.

Summary
On
Sidebar
On
Migrated content
Désactivé
Updated content
Désactivé
Hide image
Off
Noticias

Microbiota e exposoma: um diálogo no seio da nossa saúde

Tudo o que comemos, respiramos ou aplicamos no nosso corpo entra em contacto com as nossas microbiotas, o que exerce um impacto significativo na nossa saúde. 

A microbiota intestinal A microbiota vaginal A microbiota pulmonar A microbiota da pele A microbiota ORL

O problema é que há muitos fatores do exposoma externo (dietas pobres em fibras ou ricas em gorduras, emulsionantes, metais pesados, ftalatos, microplásticos, partículas finas no ar, pesticidas, poluentes ambientais, stress, etc.) que podem perturbar o equilíbrio do nosso microbiota e provocar disbiose.

Sabe-se que esta se encontra ligada a numerosas doenças crónicas: obesidade, diabetes de tipo 2, asma, doença inflamatória crónica do intestino, doenças autoimunes, depressão, perturbações do desenvolvimento cerebral 1, etc. 

Declínio da biodiversidade = microbiotas e saúde em risco

Trata-se de uma verdadeira bomba-relógio, confirmada pelo grupo internacional de peritos IPBES : a nível mundial, a biodiversidade está “a diminuir mais rapidamente do que em qualquer outro momento da história da humanidade” 3 . Este colapso resulta do aquecimento global, da excessiva exploração dos solos... e da poluição. 

E isso é um problema para a nossa microbiota, porque menos espécies animais e vegetais significa também menos diversidade microbiana nos ecossistemas e, por conseguinte, maior alteração dos circuitos imunomoduladores mediados pela microbiota e mais alergias e doenças autoimunes. 

Microbiota: uma rede bem conectada que influencia a saúde

Saiba mais

Segundo a World Allergy Organization, “a perda de biodiversidade provoca uma redução da interação entre a microbiota ambiental e a humana, o que pode originar disfunções imunitárias e alterações nos mecanismos de tolerância” 5

Ora, sabe-se desde 2005 que, pelo contrário, os ambientes ricos em micróbios (vida no campo, contacto estreito com a natureza, etc.) estão associados a uma proteção contra as doenças imunitárias. 

Efeitos benéficos do exposoma

É frequente associar “fatores ambientais” a “riscos para a saúde”. Não nos devemos esquecer, no entanto, de que parte do exposoma é benéfica para o nosso organismo. De acordo com uma equipa de investigadores americanos e alemães, a exposição à luz do dia, aos espaços verdes, à biodiversidade, à atividade física, ao apoio social e emocional e a uma dieta mediterrânica são fatores comprovados de resistência ao stress, de equilíbrio imunitário e de boa sincronia circadiana (relógio interno) 6.  

O exposoma fúngico, regulador da resposta imunitária

A microbiota, tanto intestinal como vaginal, pulmonar ou cutânea, é composta não só por bactérias, mas também por vírus, arqueias... e fungos. Estes últimos constituem a “micobiota”, essencial para o equilíbrio e estabilidade da microbiota humana. Vários estudos realizados em bebés revelaram que a composição fúngica da microbiota está em correlação com o risco de desenvolvimento de doenças alérgicas. 

Explosão da alergia ao amendoim: a culpa será do clima?

Nos Estados Unidos, a alergia ao amendoim nas crianças aumentou 21% entre 2010 e 2017 7.  

A culpa será das alterações climáticas? É bem possível que assim seja, se acreditarmos vários estudos que revelam que ao aumento do CO2 e da temperatura estão associadas alterações fisiológicas nas plantas do amendoim. Estas produziriam sementes com um perfil antigénico diferente, mais suscetível de provocar alergias 8 .   

Sabe-se agora que a micobiota depende em grande parte do exposoma fúngico. A análise dos taxa mostra que os fungos mais frequentemente encontrados nos intestinos, na boca, nos pulmões e na pele são os mesmos que se podem encontrar no ambiente, quer interior (paredes, mobiliário, ar interior, etc.) quer exterior (alimentos, água, solo, etc.) 9 .   

A omnipresença de fungos no ambiente poderá, portanto, estar na origem de um contacto constante com o organismo, modulando a resposta imunitária nos seres humanos.

Rinite e asma: e se os fungos do nariz tivessem um papel a desempenhar?

Saiba mais

Medicamentos, exposoma e microbiota: um equilíbrio delicado 

Os medicamentos, enquanto parte do nosso exposoma, interagem de forma complexa com a microbiota intestinal, influenciando tanto a sua composição como as suas funções. 

Vejamos o exemplo de certos tratamentos correntes, como os inibidores da bomba de protões (IBP), utilizados para tratar o refluxo gástrico. Os IBPs alteram o ambiente ácido do estômago, permitindo que as bactérias orais cheguem ao intestino. Isso pode influenciar o ecossistema microbiano, incentivando a proliferação de determinadas estirpes. Essas alterações, que estão associadas a riscos acrescidos de infeções como a do Clostridium difficile, são controláveis através de uma utilização adequada (evitando, sempre que possível, tratamentos de longa duração) e do acompanhamento médico 20 .  

A microbiota não funciona como mero espetador: desempenha um papel ativo na transformação dos medicamentos.

Por exemplo, as bactérias intestinais podem aumentar a eficácia da metformina, um tratamento antidiabético, ao estimularem a produção de (sidenote: Ácidos Gordos de Cadeia Curta (AGCC) Os Ácidos Gordos de Cadeia Curta são uma fonte de energia (carburante) das células do indivíduo, interagem com o sistema imunitário e estão envolvidos na comunicação entre o intestino e o cérebro. Silva YP, Bernardi A, Frozza RL. The Role of Short-Chain Fatty Acids From Gut Microbiota in Gut-Brain Communication. Front Endocrinol (Lausanne). 2020;11:25. ) (AGCC) benéficos para a saúde.

Inversamente, em alguns casos raros, a microbiota pode transformar moléculas ativas em compostos tóxicos, como no caso da brivudina, um antiviral anti zóster atualmente proibido, que pode ser convertido pelos microrganismos intestinais em bromoviniluracilo, tóxico para o fígado.

Imagem
microbiote-antibiotique-focus1_EN

These interactions highlight the importance of better understanding the relationships between drugs,  microbiota, and exposome. By taking these mechanisms into account, we can optimize treatments and develop therapeutic strategies that respect and support the fragile balance of our gut ecosystem.

Essas interações realçam a importância de se compreender melhor as relações entre os medicamentos, a microbiota e o exposoma. Ao serem tidos em conta estes mecanismos, é possível otimizar os tratamentos e desenvolver estratégias terapêuticas que respeitem e promovam o frágil equilíbrio do nosso ecossistema intestinal.

Leia o restante do artigo

Microbiota sob pressão: como o exposoma promove as doenças crónicas

Continue lendo

Voltar para a página anterior

Referências

1. Lionel Cavicchioli. Un organe sensible aux pollutions, Le Figaro Santé, avril-mai-juin 2024.

2. Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services (IPBES)

3. IPBES. Nature’s Dangerous Decline ‘Unprecedented’; Species Extinction Rates ‘Accelerating’. Press Release, 6 May 2019.

4. Ray C, Ming X. Climate Change and Human Health: A Review of Allergies, Autoimmunity and the Microbiome. Int J Environ Res Public Health. 2020 Jul 4;17(13):4814.

5. Haahtela T, Holgate S, Pawankar R, et al. WAO Special Committee on Climate Change and Biodiversity. The biodiversity hypothesis and allergic disease: world allergy organization position statement. World Allergy Organ J. 2013 Jan 31;6(1):3.

6. Hahad O, Al-Kindi S, Lelieveld J, et al. Supporting and implementing the beneficial parts of the exposome: The environment can be the problem, but it can also be the solution. Int J Hyg Environ Health. 2024 Jan;255:114290.

7. Gupta, R., Warren C., Blumenstock J. et al. OR078 The prevalence of childhood food allergy in the United States: an update. Annals of Allergy, Asthma & Immunology, Volume 119, Issue 5, S11, November 2017.

8. Beggs, P.J., Walczyk, N.E. Impacts of climate change on plant food allergens: a previously unrecognized threat to human health. Air Qual Atmos Health 1, 119–123 (2008).

9. Vitte J, Michel M, Malinovschi A, et al. Fungal exposome, human health, and unmet needs: A 2022 update with special focus on allergy. Allergy. 2022 Nov;77(11):3199-3216.

10. Weersma RK, Zhernakova A, Fu J. Interaction between drugs and the gut microbiome. Gut. 2020 Aug;69(8):1510-1519.

Summary
On
Sidebar
On
Migrated content
Désactivé
Updated content
Désactivé
Hide image
Off
Noticias

Exposoma: microbiota exposta, saúde em risco

Já repararam que algumas pessoas parecem adoecer com mais frequência do que outras? Por trás dessa aparente desigualdade, há um conceito que é tão holístico quanto revolucionário: o exposoma. Trata-se do conjunto de fatores ambientais a que estamos expostos ao longo das nossas vidas e que influencia a nossa saúde de uma forma bastante mais profunda do que pensamos. E a microbiota pode também desempenhar um papel fulcral. Explicações.  

A microbiota intestinal A microbiota da pele A microbiota vaginal A microbiota pulmonar

Os alimentos que ingerimos, a água que bebemos, o ar que respiramos, mas também o local onde vivemos, o nosso ambiente de trabalho... Em que medida os fatores a que estamos expostos desde o nascimento até à morte podem ser determinantes na progressão inexorável das doenças crónicas? Esta pergunta é uma verdadeira "armadilha" colocada à comunidade científica. 

350 000 Este é o número das diferentes substâncias químicas sintéticas artificiais atualmente em circulação no mundo.

9 millions É o número de pessoas que morrem prematuramente todos os anos devido aos efeitos acumulados das exposições ambientais (12,6 milhões de acordo com a OMS ).

24 % É a percentagem de óbitos no mundo devidos a fatores ambientais (28% da mortalidade nas crianças com menos de 5 anos).

De facto, e muito embora os cientistas tentem há muitos anos avaliar o impacto de cada um destes fatores na saúde, temos de reconhecer que ainda se sabe muito pouco sobre as perturbações fisiológicas que provocam quando são combinados e se vão acumulando ao longo dos anos.

Há alguns que atuam em sinergia (o que é conhecido por “efeito de cocktail”), outros que se compensam mutuamente e outros ainda que têm um impacto numa fase da vida, mas não noutra, ou que simplesmente vão variando as consequências em função do tempo de exposição 5.  

Natureza e microbiota: quais os efeitos para a sua saúde?

Saiba mais

Exposoma: uma abordagem holística da saúde

Urbanização, stress, alterações climáticas, alimentação moderna, produtos tóxicos... Em 2005, motivado pela necessidade de compreender melhor a exposição, muitas vezes complexa, a esta multiplicidade de fatores ambientais, o epidemiologista britânico Christopher P. Wild (atualmente diretor do IARC, a Agência Internacional de Investigação do Cancro) propôs o conceito de “exposoma”. Define-o como: “a totalidade das exposições a que uma pessoa é sujeita desde a conceção até a morte”. 

Segundo ele, o exposoma é “uma representação complexa e dinâmica das exposições a que a pessoa está sujeita ao longo da sua vida, integrando os ambientes químico, microbiológico, físico, recreativo e medicamentoso, o estilo de vida, a alimentação e as infeções. " 

O genoma e o exposoma são complementares

Cuidado com atalhos, e com o facilitismo! que opõem o genoma e o exposoma. Pelo contrário, eles completam-se. O exposoma, que evoca o conceito de genoma, reúne todos os fatores não genéticos que influenciam a nossa saúde. Vem complementar a abordagem centrada no genoma, que, ao limitar-se aos genes e aos cromossomas, oferece apenas uma compreensão parcial do aparecimento das doenças.

Para Christopher P. Wild, as doenças crónicas podem ser explicadas pelas interações entre os nossos genes e o ambiente, donde a necessidade de ferramentas metodológicas para se desenvolver e melhorar as ciências da exposição, que ainda não são suficientemente tidas em conta. 

Respirar, lavar-se, vestir-se, comer, trabalhar, ir para a cama não são, portanto, ações assim tão inócuas.  Elas expõem-nos a fontes de micropartículas, substâncias químicas, poluentes, metais pesados, stress, ruído, radiações, etc., que são potencialmente nocivas para o nosso organismo e para a nossa microbiota.

Do exposoma ao conceito “One Health”: atuar de forma global

Não é segredo para ninguém que a nossa saúde está intimamente ligada à dos animais, plantas e microrganismos que vivem na Terra. 

Todos pertencemos ao mesmo ecossistema, e as interações entre os seres humanos, a vida selvagem e o seu ambiente condicionam a nossa saúde coletiva. Estamos todos expostos aos mesmos contaminantes, de facto, sejam eles poluentes químicos, agentes patogénicos ou consequências das alterações climáticas.


Por conseguinte, o conceito de exposoma enquadra-se naturalmente numa abordagem global como a de “One Health”. Esta iniciativa, reconhecida pela OMS, pela FAO e pela OIE (Organização Mundial da Saúde Animal), põe em evidência a interdependência entre a saúde humana, a saúde animal e a saúde ambiental. 

Uma melhor compreensão do exposoma, ou seja, das exposições a que estamos sujeitos ao longo da nossa vida, é, por conseguinte, essencial para podermos reduzir o risco de doenças e adotar comportamentos corretos na nossa vida quotidiana. E a microbiota no meio disto tudo? 

Microbiota e exposoma: um diálogo no seio da nossa saúde  

E se a nossa saúde dependesse do diálogo entre o nosso ambiente e os bilhões de microrganismos que habitam o nosso corpo? Poluentes, alimentação, estresse, natureza... o expossoma interage constantemente com a nossa microbiota e pode influenciar seu equilíbrio frágil. Um elo pouco conhecido, mas central, especialmente na prevenção de doenças crônicas. O impacto da natureza sobre a nossa microbiota, e o da urbanização, é uma prova disso.


Descubra como essa troca silenciosa molda a nossa saúde.
 

Microbiota e exposoma: um diálogo no seio da nossa saúde 

Leia mais

Microbiota sob pressão: como o exposoma promove as doenças crónicas

O nosso ambiente tem uma influência profunda sobre a nossa saúde... ao afetar a nossa microbiota. Desreguladores endócrinos, microplásticos, medicamentos, alimentos ultraprocessados: todos esses elementos fazem parte do expossoma e contribuem para fragilizar o ecossistema intestinal, favorecendo o surgimento de doenças crônicas. A ciência começa a revelar como esses distúrbios podem levar à obesidade, depressão, doenças inflamatórias intestinais (DII) e alergias. Entre os exemplos mais recentes: o expossoma fúngico e a resistência bacteriana.


Explore as conexões entre meio ambiente, disbiose e doenças modernas.
 

Microbiota sob pressão: como o exposoma promove as doenças crónicas

Explore este tema!

Do nascimento à morte, um exposoma com consequências diferentes para a nossa saúde

Do nascimento à morte, um expossoma com diferentes impactos sobre a nossa saúde. A nossa sensibilidade ao ambiente evolui com a idade. Desde a gestação, o expossoma modula a imunidade, molda a microbiota do bebê e influencia o risco futuro de asma ou alergias. Na adolescência, ele afeta a saúde mental e da pele. Na idade adulta, determina o nível de inflamação e o bem-estar geral. Já nos idosos, pode tanto preservar quanto comprometer a longevidade, como mostra o estudo sobre a microbiota de centenários.


Descubra como cada etapa da vida interage com o expossoma.

Do nascimento à morte, um exposoma com consequências diferentes para a nossa saúde

Leia mais

Rumo a um exposoma mais favorável 

Talvez não tenhamos controle sobre tudo, mas podemos agir! Um expossoma benéfico é possível: uma alimentação rica em fibras, atividade física, contato com a natureza, higiene suave, redução dos desreguladores... são ações simples que ajudam a proteger a nossa microbiota e prevenir doenças. A dieta mediterrânea e um ambiente rico em microrganismos são provas vivas disso.

23 % Esta é a percentagem de redução da mortalidade nas mulheres cuja alimentação mais se aproxima da dieta mediterrânica, em comparação com as que mais se afastam dela.

25 % É a percentagem de redução do risco de cancro entre as pessoas que seguem uma dieta biológica (-34% para o risco de cancro da mama).

Descubra maneiras concretas de cultivar um ambiente saudável.

Rumo a um exposoma mais favorável

Explore este tema!

As microbiotas são sentinelas do nosso ambiente. Interfaces vivas entre o nosso corpo e o mundo exterior, as microbiotas refletem fielmente o ambiente em que vivemos. Compreender o expossoma é identificar os mecanismos que nos permitem viver melhor, envelhecer com mais saúde e prevenir as doenças do futuro. A abordagem expossômica lança uma nova luz sobre a nossa relação com a saúde pública, a ecologia e os comportamentos do dia a dia.

Summary
Off
Sidebar
Off
Migrated content
Désactivé
Updated content
Désactivé
Hide image
Off
Artigo

O Índice de HACK: identificar as espécies-chave do intestino para obter melhores resultados para os pacientes

A definição de um microbioma intestinal saudável é um desafio devido à variabilidade individual. O Índice de HACK classifica 201 bactérias intestinais por prevalência, estabilidade e ligações a doenças, proporcionando aos médicos uma ferramenta robusta e reprodutível para avaliar e otimizar a saúde intestinal. Este artigo integra um esforço mais amplo para definir o microbioma intestinal humano e apoiar os profissionais de saúde com ferramentas práticas e baseadas em dados.

Se está a ler este artigo, provavelmente sabe que o microbioma é fundamental para a saúde em muitos sistemas, desde o metabolismo à imunidade e até à cognição. Mas definir o que é um intestino verdadeiramente "saudável" - que não esteja apenas presente, mas resiliente e ligado ao bem-estar - tem sido um enorme desafio, dada a sua incrível variabilidade entre pessoas e lugares.

Um novo estudo publicado na Cell Reports 1 apresenta uma nova perspectiva com o Índice de Hack - A espécie-chave associada à saúde (Health-Associated Core Keystone, HACK). Não se trata apenas de mais uma lista de micróbios: é uma classificação única e sólida de 201 espécies-chave de bactérias intestinais com base na sua associação consistente com aspetos cruciais da saúde do hospedeiro e do microbioma.

Descodificar o Índice de HACK: O que faz uma espécie-chave?

Os investigadores construíram esta nova classificação utilizando um conjunto de dados impressionante com mais de 45 000 microbiomas intestinais de 141 coortes de estudo em 42 países e abrangendo 28 categorias de doenças diferentes. Classificaram 201 taxa intestinais comuns e micróbios, classificando-os em três propriedades críticas:

  1. Associação principal: mostra a prevalência e a consistência associadas à composição da comunidade de um táxon em indivíduos não doentes. Esta avaliação foi feita utilizando uma nova abordagem "Remover-Renormalizar-Relacionar (3R)" em mais de 18 000 amostras não doentes.
     
  2. Estabilidade longitudinal: determina o quanto a abundância de um táxon está associada a uma menor alteração do microbioma ao longo do tempo nos indivíduos. Este estudo utilizou dados de mais de 9000 amostras longitudinais.
     
  3. Associação de saúde: a consistência com a qual um táxon é negativamente associado à doença em várias categorias. Isto envolveu a análise de mais de 18 000 amostras de coortes de controlo de doenças que abrangem 28 patologias.

Estas três pontuações foram combinadas no Índice de HACK final para cada táxon. A análise confirmou a robustez deste índice em todas as técnicas de sequenciação e estilos de vida. A classificação de HACK manteve-se coerente independentemente da tecnologia de sequenciação utilizada (WGS versus 16S) e entre populações industrializadas e não industrializadas, tendo sido validada em 14 coortes independentes. Esta robustez sugere que o índice capta algo fundamentalmente ligado à saúde, transcendendo diferenças geográficas e técnicas.

Nem todos os membros do núcleo são iguais

O estudo revelou várias descobertas surpreendentes que desafiam os pressupostos comuns na investigação do microbioma.

Talvez o mais surpreendente seja a descoberta de que alguns taxa consistentemente identificados como associados ao núcleo - ou seja, prevalentes e estreitamente ligados à comunidade em intestinos não doentes - também estavam previamente ligados a múltiplas doenças. A análise baseada em tabelas revelou que o Collinsella aerofaciens é um desses exemplos. Esta descoberta vem ressaltar que o simples facto de ser um residente comum não garante um benefício para a saúde e reforça a importância de combinar a associação da comunidade com a estabilidade da abundância e a associação de doenças - como faz o (sidenote: Índice de HACK Classificação composta de 201 espécies de bactérias intestinais com base na prevalência/associação comunitária, estabilidade e associações de doenças. ) .

Clinical resource spotlight: International Microbiota Observatory

A microbiota intestinal de HACK não é a única ferramenta centrada em dados que ajuda a enriquecer o conhecimento da microbiota intestinal.

O Observatório Internacional da Microbiota fornece dados globais de mais de 30 países, acompanhando a evolução do microbioma intestinal humano em populações e estados de doenças.

Os médicos podem utilizar este recurso juntamente com o Índice de HACK para contextualizar a análise do microbioma dos doentes em diversas regiões.

Da dieta à terapêutaic

Então, o que isto significa para a prática clínica? O Índice de HACK constitui uma nova e poderosa ferramenta.

O estudo mostrou que uma pontuação simples derivada da abundância média classificada dos primeiros 17 táxons de HACK (HACK-top-17-score) teve um desempenho comparável ou melhor do que os índices de saúde de microbiota/microbioma existentes na distinção entre estados de doentes e não doentes, bem como microbiomas estáveis e instáveis. 

Além disso, a análise mostrou que foi observada uma correlação positiva significativa entre o Índice de HACK de um táxon e sua associação com uma resposta positiva à terapia com inibidor do ponto de verificação imunológico (ICT). Isto sugere que o Índice de HACK pode potencialmente ajudar a identificar os micróbios intestinais mais suscetíveis de apoiar o sucesso terapêutico em oncologia e para além.

Além disso, o índice também relaciona os padrões microbianos à dieta. As pontuações mais elevadas de HACK correlacionaram-se com micróbios mais reativos a intervenções alimentares de estilo mediterrânico, indicando um potencial terapêutico baseado na dieta.

A dieta não é apenas um fator modificável, mas também uma lente de diagnóstico para compreender a resposta do microbioma a padrões alimentares específicos.

Dieta mediterrânica verde: que ligações entre a saúde cardiometabólica e a microbiota intestinal?

Saiba mais

Este artigo lança uma nova luz sobre a intrincada interação entre a microbiota humana e a saúde. O Índice de HACK marca um passo significativo para uma definição funcional e clinicamente aplicável de um intestino saudável. E embora seja necessário realizar mais trabalhos, especialmente na análise ao nível da estirpe, esta estrutura de análise robusta e reprodutível já abre novos caminhos para ferramentas de diagnóstico e alvos terapêuticos - especialmente quando integrada com padrões alimentares humanos e respostas a intervenções médicas.

A análise de tais ferramentas e índices através de dados do microbioma em grande escala e tabelas de aplicações clínicas é agora essencial para o avanço da medicina personalizada. À medida que a investigação sobre o intestino evolui, ferramentas como o Índice de HACK podem orientar intervenções baseadas não apenas na presença microbiana, mas também na estabilidade funcional - de estratégias baseadas na alimentação a tratamentos baseados no sistema imunitário.

Caixa de ferramentas profissional: explorar mais recursos clínicos

Precisa de apoio para aplicar estes conceitos na prática? O Biocodex Microbiota Institute oferece uma caixa de ferramentas dedicada aos profissionais com visões gerais acessíveis, vídeos, infografias e ferramentas de diagnóstico. Todos os conteúdos educativos possuem base científica. Dê uma olhadela!

Summary
Off
Sidebar
On
Migrated content
Désactivé
Updated content
Désactivé
Hide image
Off
Noticias Medicina geral Gastroenterologia