Resistência aos Antimicrobianos (RAM): O Biocodex Microbiota Institute mobiliza-se face a uma crise sanitária silenciosa

Como centro de referência para a divulgação de informações científicas e interveniente fundamental na formação e instrução dos profissionais de saúde e do público em geral sobre a importância da microbiota humana, o Biocodex Microbiota Institute participa, pelo quinto ano consecutivo, na Semana Mundial de Sensibilização para a Resistência aos Antimicrobianos (WAAW), organizada pela OMS de 18 a 24 de novembro. Para esta edição de 2024, a novidade é o lançamento do primeiro “Mural de sensibilização para a resistência aos antibióticos”, densenvolvido por especialistas do Instituto. O objetivo es apresentar os problemas e desafios associados à resistência aos antibióticos de forma divertida e colaborativa para que os doentes tomem consciência e, em última análise, alterem os seus comportamentos.

Uma semana global para alertar sobre os perigos da resistência a antibióticos

A resistência aos antibióticos é uma das maiores ameaças à saúde pública global. De acordo com a OMS, se não forem tomadas medidas urgentes, essa problemática poderá causar mais de 10 milhões de óbitos por ano até 2050.

A utilização excessiva e inadequada de antibióticos – que, quando utilizados corretamente, constituem um grande avanço da medicina – contribui para este fenómeno ao fomentar o aparecimento de bactérias resistentes, o que coloca em risco milhões de vidas. Apesar dessa realidade alarmante, apenas 31% dos franceses consideram estar ao corrente do impacto negativo dos antibióticos na sua microbiota, segundo o Observatório Internacional das Microbiotas, inquérito realizado em 2024 pela Ipsos para o Biocodex Microbiota Institute. Pelo segundo ano consecutivo, o Biocodex Microbiota Institute encomendou à Ipsos a realização de um grande inquérito internacional envolvendo 7.500 pessoas em 11 países, a fim de compreender melhor o nível de conhecimentos e as atitudes das pessoas em relação à sua microbiota.

Perante este cenário preocupante, a Semana Mundial de Sensibilização para a Resistência aos Antimicrobianos (WAAW) é uma oportunidade única para a sensibilização do público e dos profissionais de saúde para a importância da utilização racional dos antibióticos.

Mural de sensibilização para a resistência aos antibióticos: uma abordagem inovadora para engajar pacientes

Desde há cinco anos, o Biocodex Microbiota Institute tem participado ativamente nesta campanha de sensibilização mundial, com diversas iniciativas que promovem a utilização racional dos antibióticos e sensibilizam o público em geral e os profissionais de saúde para o seu impacto na microbiota. Para esta edição de 2024, as equipas do Biocodex Microbiota Institute, em parceria com a Querceo*, conceberam o primeiro “mural de sensibilização para a resistência aos antibióticos.

“O formato escolhido para esta iniciativa es inovador, divertido e colaborativo, permitindo envolver um público diversificado, desde os doentes e profissionais de saúde até aos colaboradores da Biocodex”, explica Olivier Valcke, Diretor do Biocodex Microbiota Institute. “O objetivo deste mural é claro: mobilizar o maior número possível de pessoas para a sensibilização para a resistência aos antibióticos. Através da combinação de jogos de cartas, questionários e, sobretudo, da inteligência coletiva relativamente às soluções a implementar, este mural – o primeiro do género – pretende popularizar as questões relacionadas com a resistência aos antibióticos, ilustrando simultaneamente o papel central desempenhado pela microbiota na saúde humana.”

Olivier Valcke, Diretor do Biocodex Microbiota Institute

Formar 1.700 “Muralistas Biocodex” para liderarem uma comunidade de embaixadores de referência

A campanha arrancou a 14 de novembro com a realização de uma conferência científica intitulada “Resistência aos antibióticos: a microbiota no centro de uma pandemia silenciosa”, com a participação de Vanessa Carter, uma doente que sobreviveu à resistência aos antibióticos e que faz parte do grupo de trabalho da OMS sobre sobre o tema, e do Professor Etienne Ruppé, especialista em resistência aos antibióticos e bacteriologista no hospital Bichat-Claude Bernard, em Paris.

No âmbito desta semana de sensibilização, a Biocodex está também a mobilizar os seus 1.700 colaboradores para participarem na iniciativa. Serão organizados workshops participativos ao longo da semana de 18 a 24 de novembro, com vista a formar os colaboradores quanto à conceção do mural de sensibilização para a resistência aos antibióticos. Estes seminários constituem uma oportunidade de debate e cocriação para fortalecer a sensibilização coletiva sobre o uso responsável dos antibióticos.

Para Catherine Perret, vice-presidente de Recursos Humanos da Biocodex, “a formação dos nossos 1.700 colaboradores na conceção deste mural é un passo fundamental para reforçar o compromiso de todos na luta contra a resistência aos antibióticos. Com essa ação, nossos colaboradores tornar-se-ão embaixadores ativos desta causa, ajudando a divulgar a importância do uso racional de antibióticos.

O Biocodex Microbiota Institute

O Biocodex Microbiota Institute é um centro de conhecimento internacional dedicado à microbiota humana. Disponível em 7 línguas, o Instituto dirige-se tanto aos profissionais de saúde como ao público em geral, com o objetivo de sensibilizar para o papel vital desempenhado na nossa saúde por este órgão. A principal missão do Biocodex Microbiota Institute é de natureza educativa: difundir junto de todos a importância da microbiota.

A Querceo é uma empresa de consultoria que apoia as organizações na sua transição ecológica utilizando uma abordagem colaborativa e sistémica. Graças à criação e difusão de workshops de sensibilização como o Mural da Biodiversidade, o Mural One Health ou ainda o workshop SiNergie, a Querceo ajuda as organizações a tomarem a iniciativa, permitindo que cada elemento compreenda e assuma a sua responsabilidade pelos grandes desafios do futuro.

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Sala de imprensa

Mulheres transgénero: uma flora neovaginal específica

Uma pessoa transgénero ou trans é alguém cujo género atribuído à nascença não corresponde ao género sentido. Embora nem todas as mulheres transgénero optem pela cirurgia, investigadores 1 analisaram a flora vaginal daquelas que optaram pela cirurgia a fim de adotar uma neovagina. O equilíbrio da microbiota neovaginal das mulheres transgénero operadas seria essencial para a saúde delas. Saiba porque... 

A microbiota vaginal A microbiota da pele Saúde feminina

Sentir-se mulher no mais profundo do seu ser, apesar de fisicamente ser dotado de órgãos genitais masculinos e designado como um homem… Uma  (sidenote: Incongruência de género Incoerência marcada e persistente entre o género vivenciado por um indivíduo e o sexo que lhe foi atribuído, podendo levar a um desejo de "transição" através de um tratamento hormonal, de uma cirurgia ou de outros serviços de saúde. WHO, MSD ManualGovernment of Canada ) que algumas mulheres (sidenote: Transgénero Uma pessoa cuja identidade de género, ou seja, a sua experiência íntima e pessoal do seu género, difere do sexo que lhe foi atribuído à nascença.  WHO, MSD ManualGovernment of Canada )  surgcorrigem recorrendo “a uma neovaginoplastia pela inversão da pele peniana”. Com outras palavras, transformando o seu pénis em vagina através da cirurgia. Independentemente da qualidade da cirurgia realizada, a pele desta vagina recém-construída permanece uma combinação de pele do antigo pénis e um enxerto de pele da nova vagina oriunda do  (sidenote: Escroto Pele que protege os testículos do homem. WHO ) e/ou de outras áreas (barriga, virilha…).

0,1% a 1,1% As pessoas transgénero representariam de 0,1 a 1,1% da população mundial. ²

2 vezes A cirurgia mamária (8 a 25%) é duas vezes mais frequente do que a cirurgia dos órgãos genitais (4 a 13%). ³

Quais são as consequências deste procedimento em termos de saúde? A microbiota vaginal é um elemento fundamental para a saúde vaginal das mulheres (sidenote: Cisgénero Pessoa cuja identidade de género é coerente com o sexo que lhe foi atribuído à nascença.  WHO, MSD ManualGovernment of Canada ) . Investigadores americanos interessaram-se pela flora íntima das mulheres transgénero operadas: a composição da microbiota neovaginal poderia explicar alguns problemas, como as perdas vaginais frequentemente relatadas? 

Microbiota vaginal cisgénero versus transgénero Quais são as diferenças?

A pergunta merecia ser colocada e foi então respondida graças a um estudo que comparou a microbiota vaginal de mulheres transgénero submetidas a uma neovaginoplastia com a de mulheres cisgénero. Os resultados? As microbiotas são bem diferentes.

1 homem transgénero em cada 2

A cirurgia de mudança de sexo (confirmação) é mais frequente nos homens transgénero (42% a 54%) do que nas mulheres transgénero (28%). 3

Enquanto a flora vaginal das mulheres cisgénero revelou-se não ser muito diversificada e ser amplamente dominada por lactobacilos que proporcionam um ambiente ácido que repele os agentes patogénicos, a das mulheres transgénero contém menos de 3% destes preciosos aliados e é muito mais diversificada. No que diz respeito à vagina, no entanto, a diversidade não é um sinal de boa saúde - muito pelo contrário. Na verdade, esta diversidade foi constatada em mulheres cisgénero que sofrem de vaginose bacteriana, aumentando o risco de infeções sexualmente transmissíveis (incluindo o VIH-SIDA) e de abortos espontâneos. 

Qual é a origem deste novo ecossistema microbiano?

Ou mais exatamente:que bactérias compõem a microbiota das neovaginas das mulheres transgénero operadas? Sem dúvida nenhuma via a flora da pele (pénis, escroto…) utilizada na cirurgia. Mas isso não é tudo. As transmissões orais-genitais e genitais-genitais também parecem exercer uma influência.

Inclusive, foram observadas espécies bacterianas típicas da pele ou do trato digestivo, mas também da boca na flora neovaginal de mulheres transgénero submetidas a cirurgia. As relações sexuais destas mulheres aumentam a frequência de uma bactéria chamada E. faecalis devido às transferências genitais.

“Transtorno de identidade de género”?

Em maio de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou o "transtorno de identidade de género" do seu manual de diagnóstico oficial, para que reflita os avanços científicos e médicos. A OMS espera que esta reclassificação "reduza a estigmatização", garantindo, ao mesmo tempo, "o acesso às intervenções de saúde necessárias". 2

Por outro lado, enquanto as hormonas explicam o recrudescimento dos lactobacilos protetores nas mulheres cisgénero, o estado hormonal das mulheres transgénero (comparável ao das mulheres cisgénero graças a um tratamento) parecia não se alterar. Serão necessários estudos complementares com um número maior de mulheres transgénero para compreender melhor a sua saúde neovaginal.

A microbiota vaginal

Saiba mais
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Noticias

Microbiota do recém-nascido: uma herança que também é paterna

Embora a mãe seja a primeira a semear o trato digestivo do recém-nascido durante o parto vaginal, o pai também desempenha um papel na constituição da microbiota da criança, e isto cada vez mais à medida que os meses passam. Esta dádiva complementar de flora é essencial para as crianças nascidas por cesariana, que são parcialmente privadas da flora da mãe.

Ao nascer, o recém-nascido adquire parte da flora vaginal e fecal da mãe durante o parto. No entanto, na ocorrência de uma cesariana, esta sementeira inicial é comprometida, facilitando a colonização por agentes patogénicos. 

Subsistem muitas interrogações sobre esta primeira flora digestiva: quais são as dinâmicas da sementeira da microbiota digestiva? De onde são provenientes os outros microrganismos, dado que a criança partilha apenas metade da sua microbiota com a mãe?

Por suspeitarem de um envolvimento do pai, uma equipa de cientistas 1 estudou a dinâmica de partilha e transmissão da flora intestinal mãe-filho e pai-filho. Para esse efeito, foram analisados os dados de 53 famílias de crianças nascidas de parto vaginal e 21 de cesariana, da coorte longitudinal finlandesa HELMi 2, bem como de 7 famílias da coorte SECFLOR 3 (crianças nascidas de cesariana que receberam  (sidenote: Transplante de microbiota fecal (FMT) Um procedimento terapêutico para restaurar a microbiota intestinal por meio da transferência de bactérias fecais de um doador saudável para um receptor. Aprofundar: https://www.science.org/doi/10.1126/scitranslmed.abo2750 ) ).

1/4 Atualmente, as cesarianas são responsáveis por mais de um quarto de todos os nascimentos a nível mundial. ¹

Microbiota paterna: estável e complementar

As amostras recolhidas dos bebés, das mães e dos pais sugerem que a transmissão da microbiota intestinal paterna complementa a sementeira materna.

As amostras recolhidas dos bebés, das mães e dos pais sugerem que a transmissão da microbiota intestinal paterna complementa a sementeira materna. Mas, fundamentalmente, enquanto a contribuição materna diminui após a introdução inicial durante o parto ou é interrompida em caso de cesariana, o pai constitui uma fonte estável capaz de semear a microbiota intestinal da criança, independentemente do tipo de parto.

E é uma fonte importante: quando a criança celebra o seu primeiro aniversário, a contribuição do pai é já comparável à da mãe. O estudo revela igualmente que as estirpes maternas e paternas raramente coincidem, sublinhando o papel complementar destas duas fontes na construção da microbiota do bebé nos primeiros meses de vida. 

Estes dados destacam o importante papel do pai como fonte de microrganismos. É um papel tanto mais importante quanto, nos partos por cesariana, apenas as mães recebem profilaxia antibiótica. Aí, a flora do pai, preservada, torna-se primordial.

60% das pessoas interrogadas desconhecem que o método do parto pode ter impacto na microbiota intestinal dos recém-nascidos. ⁴

O TMF fecal é mais eficaz do que o TMF vaginal

Outra constatação é que, embora o transplante da microbiota vaginal materna (que é menos diversificada do que a microbiota intestinal) tenha apresentado anteriormente vantagens limitadas, este estudo realça o valor do TMF da microbiota fecal materna, que compensa os efeitos da cesariana:

  • a riqueza microbiana da microbiota do recém-nascido é recuperada, com um aumento de Bacteroides (B. dorei, B. fragilis B. vulgatus) e Bifidobacterium (B. adolescentis, B. pseudocatenulatum e B. longum)
  • a colonização por agentes patogénicos como Clostridium perfringens, Enterococcus faecalis, Klebsiella oxytoca, Klebsiella pneumoniae é limitada,
  • e os efeitos perduram no tempo (pelo menos 1 ano). 

Foi também observada uma colonização preferencial por bactérias capazes de decompor os açúcares do leite materno. Todas estas estirpes poderão ser desenvolvidas em futuros probióticos para recém-nascidos.

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Noticias Medicina geral Ginecologia Pediatria

Microbiotalk: seminários sobre resistência antimicrobiana

Quebrar o silêncio: uma conversa global sobre a resistência aos antimicrobianos

A resistência aos antimicrobianos (RAM) é uma pandemia silenciosa que ameaça décadas de progresso médico. Esta conferência Microbiotalk pretende lançar luz sobre os múltiplos desafios da RAM, explorando as ligações complexas entre a microbiota intestinal, os fatores ambientais e a saúde pública. Com a presença de especialistas internacionais e representantes de doentes, o evento abordará temas como o impacto dos antibióticos no microbiota intestinal, o aparecimento de resistências na infância, os reservatórios ambientais de bactérias resistentes e o papel crucial do envolvimento dos doentes e do público.

Ao promover o diálogo aberto e partilhar investigação de ponta, esta conferência capacita profissionais de saúde, decisores políticos e cidadãos a agir de forma informada perante uma das mais graves ameaças à saúde da nossa era.

A microbiota intestinal
Photo: Microbiotalk - header AMR (PT)
Microbiotalk - AMR banner - Vanessa Carter

Vanessa Carter

A participação dos pacientes e do público é fundamental para combater a RAM

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Vídeo de Vanessa Carter sobre o papel crucial dos pacientes e do público na luta contra a resistência aos antimicrobianos (RAM).

"La resistência aos antibióticos não é discutida o suficiente com os pacientes, e muitos não entendem o básico. Ao ensinar as pessoas sobre o uso adequado dos antibióticos, podemos capacitá-las a fazer parte da solução."

Biografia de Vanessa Carter

Presidente da Força-Tarefa da OMS para Sobreviventes de RAM. Tornou-se defensora dos pacientes com RAM em 2013, após sobreviver a um grave acidente de carro e a uma reconstrução facial de 10 anos que causou uma infeção por MRSA altamente resistente, contra a qual lutou durante 3 anos

Sobrevivente da AMR: o seu testemunho

Então isso era o que eu chamo de meu... ou qual foi a minha última foto tirada aos 25 anos. Do lado direito está a minha mãe, a foto das nossas três gerações, a minha avó e eu.

Pouco tempo depois, acabei num acidente de viação em Joanesburgo, na África do Sul. Um carro nos ultrapassou no lado errado da estrada. Entramos em um giro violento e batemos em um muro de concreto.

Fui reanimado no local e fui levado para o Hospital Académico Charlotte Maxeke Joanesburgo, onde fui colocado em suporte de vida, e tive múltiplas lesões no abdómen, no pescoço, nas costas e também na pélvis, e muitos ossos partidos no lado direito da face,  e também perdi o olho direito. Então, quando recebi alta, enfrentei uma jornada de nove anos pela frente para reconstruir meu rosto, porque era uma área muito complicada e tinha muitos danos. Portanto, este é basicamente um instantâneo de como foi a minha jornada. Então eu tive que implantar muitas próteses.

Na minha quarta prótese, que precisou ser implantada cerca de seis anos depois, depois de receber alta da cirurgia, saí para fazer compras. Puxei o espelho retrovisor e vi essa descarga saindo do meu rosto. Eu tomei um susto, acabei ligando para o meu cirurgião plástico e ele disse: "isso parece que isso pode ser uma infeção. Precisamos fazer uma cirurgia de emergência", o que fizemos. Tive alta.

Duas semanas depois, a infeção estava de volta. Eles fizeram uma cirurgia muito semelhante. Eles tiveram que limpar a prótese, e eles tiveram que fazer cirurgia reconstrutiva. Tive alta. Mas, duas semanas depois, a infeção voltou novamente, parecendo pior. Fui então internada para uma drenagem sinusal, porque não estava apenas sob os cuidados de um cirurgião plástico, tinha uma equipa multidisciplinar. Tive que me consultar também com o otorrinolaringologista, com o cirurgião maxilofacial, com o cirurgião plástico, com um oftalmologista. Cada um deles estava dando opiniões diferentes e prescrevendo antibióticos entre mim vendo todos eles. E, claro, como eu disse, eu tinha aquelas cirurgias em andamento com a infeção reaparecendo duas semanas de cada vez. Então, eventualmente, eu quase não tinha mais um rosto.

Onze meses desde a primeira vez que vi essa infeção, e tendo essa infeção voltado quatro vezes, ela tinha comido muito tecido e eles tiveram que remover a prótese em emergência. E o meu cirurgião plástico mandou fazer exames. Foi a primeira vez que ouvi essa palavra "teste". Então liguei para os consultórios de patologia e disse: "Por favor, posso ver uma cópia dele para entender o que está acontecendo?" E quando me enviaram, havia muitos R's, havia cerca de quatro ou cinco S's, o que significa que eu estava... Tenho certeza de que a maioria de vocês está trabalhando em microbiologia, você sabe.

 

Isso significava que eu era resistente ou suscetível aos diferentes antibióticos que estavam do lado esquerdo. E eu tinha um MRSA altamente resistente a medicamentos, uma infeção por Staphylococcus aureus resistente à meticilina. Meus médicos já tinham desistido de mim, porque isso talvez fosse muito prejudicado. Além disso, eu também tive o problema da infeção, sendo um paciente de alto risco, com a infeção voltando novamente.

Eu levei meu histórico médico. Devo ter contactado cerca de 25 cirurgiões no estrangeiro, porque em Joanesburgo, na África do Sul, tínhamos falta do tipo de médico de que necessitava. Eu me conectei com um médico do Brigham and Women's Hospital em Boston, que me deu uma chamada de Skype de 30 minutos e orientação do que eu precisava fazer, que era basicamente cortar o osso, evitar mais objetos estranhos. Não podíamos fazer cirurgia plástica. Tivemos que fazer a cirurgia maxilofacial primeiro. Ele disse, agora siga esse conselho e vá procurar um médico em Joanesburgo que imite exatamente o que eu disse, o que eu fiz.

Depois de visitar alguns, encontrei um médico. Você pode vê-lo no canto inferior direito. Seu nome era Professor Reyneke, e ele realizou a cirurgia, e ficou incrível. Não podíamos acreditar que nos livrávamos desse défice. Parecia que valia a pena todo aquele incômodo. Porque foi basicamente um ano desde o momento em que tiraram a prótese até o momento em que conseguimos consertá-la.

Mas, como um caso grave de déjà vu, a infeção voltou. Desta vez, não foi apenas na pele, foi também no osso. Então eu tive osteomielite, e eu também tinha desenvolvido uma alergia ao antibacteriano tópico que eles estavam usando na pele. Neste ponto, você pode imaginar meu coração afundou, eu perdi completamente a esperança, porque eu não estava batendo essa infeção resistente.

Mas o professor Reyneke basicamente começou a alternar antibióticos de último recurso. Então ele me colocava em um por duas semanas, por 10 dias, eu tinha que voltar e ele verificava e me colocava em um curso diferente dependendo de como eu estava respondendo a eles.

E três meses depois, depois de fazer isso, começou a limpar novamente. Então, provavelmente cerca de duas semanas depois, acabei no hospital com uma obstrução intestinal adesiva. Meu estômago, acho que de todo o uso desses antibióticos,

Acabei por ter uma secção do meu intestino removida. Eu também tive problemas de aderências, mas é claro que os antibióticos não estavam ajudando a situação. Depois de passar por isso, este é meio que o resultado foi.

Mais uma vez, nove anos, pouco menos de 10 anos de ter que lutar contra tudo isso. E, claro, três anos no total gastos a combater infeções resistentes. Quando estávamos completos com isso, e eu não coloquei todos os meus slides aqui, mas um dos que eu fiquei muito frustrado foi porque não era de conhecimento geral. Porque é que a RAM não estava a ser discutida comigo enquanto doente?

Trabalhei muito desde então. Uma das coisas que fiz mais recentemente foi estabelecer uma instituição de caridade chamada AMR Narrative, que se concentra no desenvolvimento da capacidade de defesa e na conscientização, focada principalmente nos pacientes e no público. E, claro, trabalhamos em quatro sectores diferentes, como os meus colegas acabaram de falar agora, uma perspetiva da saúde.

Este é um exemplo de um dos programas de formação que realizámos recentemente em Bruxelas, em parceria com o Fórum Europeu dos Doentes. Na verdade, estamos ensinando aos pacientes o básico da resistência aos antibióticos, porque essas conversas ainda não estão acontecendo. Esta foto em particular é de 30 jovens defensores de pacientes com condições de saúde de longo prazo que querem começar a defender a RAM em suas próprias regiões. Aqui estão alguns instantâneos, acabei de voltar de... Faço muitos eventos, mas há alguns aqui que foram realizados na Assembleia Geral das Nações Unidas, sobre os quais falarei um pouco no painel de discussão em um minuto, onde fiz a abertura da reunião multissetorial junto com o Vice-Geral das Nações Unidas e o Presidente da Assembleia Geral. Muito, muito importante é essa declaração política em que eles acabaram de trabalhar. Falarei disso em um minuto.

Estas são algumas das nossas ferramentas e recursos da instituição de caridade. Se você acessar nosso site, poderá ver alguns deles. Também criamos um vídeo para os pacientes e o público aprenderem um pouco mais em termos leigos, porque é um tema muito científico. O nosso principal objetivo é torná-lo compreensível para todos. E seria isso. É assim que nos contactaria nas redes sociais.

Muito obrigado.

3 mensagens-chave

  • Luta contra uma infeção resistente: Vanessa Carter partilhou a sua experiência pessoal de combate a uma infeção por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), que exigiu múltiplas cirurgias e tratamentos com antibióticos ao longo de um período de nove anos após um acidente de carro.

  • Importância da sensibilização sobre a resistência aos antibióticos: Ela enfatizou a falta de comunicação e sensibilização sobre a resistência aos antibióticos (RAM) com os pacientes, o que a motivou a criar uma instituição de caridade, a AMR Narrative, para educar e sensibilizar o público e os pacientes sobre esta questão crucial.

  • Colaboração multidisciplinar e internacional: Vanessa destacou a importância da colaboração entre vários especialistas médicos e da procura de aconselhamento internacional para tratar a sua infeção complexa, ilustrando a necessidade de uma abordagem global e coordenada na gestão de infeções resistentes.

Descarregar a sua apresentação (em inglês)

Microbiotalk - AMR banner - Etienne Ruppé

Pr. Etienne Ruppé

A microbiota intestinal e a resistência aos antibióticos

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Vídeo do Pr. Étienne Ruppé explicando a ligação entre o microbiota intestinal e a resistência aos antibiótico

"Os profissionais de saúde devem comunicar claramente a resistência aos antibióticos aos pacientes, pois persistem mal-entendidos. Devemos focar-nos no ambiente mais amplo em vez de culpar a microbiota pela resistência."

Biografia do Prof. Etienne Ruppé

A sua pesquisa foca-se na resistência aos antibióticos, nas interações entre a microbiota e o surgimento de bactérias resistentes, na dinâmica dos genes de resistência aos antibióticos (o resistoma) e no diagnóstico de infeções, com particular ênfase na aplicação de novas ferramentas de sequenciação.

Discurso do Prof. Etienne Ruppé

A microbiota intestinal e a resistência aos antibióticos:

Muito obrigado pelo convite e por esta maravilhosa conferência que estão a organizar hoje. O título da minha palestra está no centro do que você está propondo hoje, a microbiota intestinal está no centro da Resistência aos Antibióticos.

Comecemos por uma representação muito simplista da microbiota intestinal e das bactérias resistentes que esta pode albergar. Você sabe, eu acho, que a microbiota intestinal abriga um grande número de microrganismos diferentes, sendo o dominante as bactérias. Temos centenas de espécies que estimamos, e a maioria delas são bactérias anaeróbias comensais e rigorosas que cultivamos com grande dificuldade em laboratório, e a maioria delas não cultivamos de todo. Então temos os patógenos oportunistas, como enterobacterales, enterococos, e eles são subdominantes na microbiota intestinal por causa do que chamamos de efeito barreira ou resistência à colonização. Esta pressão exercida por bactérias anaeróbias sobre este patógeno oportunista, tem uma propriedade muito importante, e veremos que quando tomamos antibióticos, acabamos por perturbar esse equilíbrio.

Quando carregamos as bactérias resistentes de que vamos falar hoje, elas são até subdominantes em sua população de patógenos oportunistas. Estamos aqui hoje porque a resistência aos antibióticos é um problema importante, e sabemos há alguns anos que mata muitas pessoas no mundo. Estimamos que o número de mortes seja de cerca de um milhão por ano. Se não fizermos nada, se não reagirmos, poderá haver um total de cerca de 40 milhões de mortes nos próximos 30 anos.

Você vê aqui neste gráfico os principais assassinos. O que quero salientar aqui é que principalmente metade deles são enterobacterales, acinetobacter baumannii, pseudomonas aeruginosa, metade deles. Penso que, hoje em dia, a maior parte do problema da resistência aos antibióticos reside nessas bactérias.

Então você pode ver também os pequenos círculos com as cores. Estes são os patógenos para os quais a OMS diz que há uma necessidade crítica, alta ou média de novos antibióticos.

Então temos esses pequenos emojis de cocô aqui, e eles indicam que, antes de causar infeções, essas bactérias estão no intestino. Eles colonizarão a microbiota intestinal antes de causar infeções. É por isso que a microbiota intestinal está realmente no centro da resistência aos antibióticos.

Se conseguirmos controlar, entender o que está acontecendo na microbiota intestinal, então teremos influência no combate às bactérias resistentes. Claro que este é um bom equilíbrio, este efeito de barreira à resistência à colonização.

Mas e se tomarmos antibióticos?

Então rompemos esse equilíbrio, passamos de uma microbiota rica e diversificada para algo menos diversificado, menos rico. É claro que nem todos os antibióticos exercem o mesmo efeito na microbiota. Depende de quanto eles são excretados no intestino, quão amplo é o seu espectro. E de acordo com essas variáveis, então você tem uma rutura da microbiota.

Se você já está carregando bactérias resistentes, elas se expandirão. Também favorecem a implantação e colonização de novas bactérias resistentes. E isso tem consequências.

Então, novamente, o que acontece em seu intestino tem consequências externas. E nós e outros mostramos que quanto mais bactérias resistentes você carrega no intestino, mais em risco você estará de infeções causadas por essas bactérias resistentes, como infeções do trato urinário, translocação bacteriana, especialmente em pacientes neutropênicos.

Você vai se espalhar mais no meio ambiente, e isso é importante. Se você estiver em uma estrutura de saúde, isso promoverá transmissões cruzadas para outros pacientes. Você vai carregá-lo por mais tempo, está até ligado a pneumonia. Existe uma ligação entre o intestino e a pneumonia em doentes nos cuidados intensivos, onde a pneumonia acaba por ser colonizada na garganta por bactérias resistentes do intestino.

Aqueles comensais que tivemos com bactérias anaeróbias, não são desprovidos de genes resistentes a antibióticos (ARG). Eles são apenas diferentes dos genes resistentes transportados pelos patógenos.

Então, há alguns anos, quando eu estava no IAME, perto de Paris, caracterizamos essa resistência humana do intestino. E você verá que é altamente diversificado com mais de 6.000 genes resistentes. Nós, todos nesta sala, carregamos em média 1000 genes resistentes em nosso intestino. Eles têm uma identidade muito baixa com os genes resistentes que conhecemos de patógenos. São maioritariamente cromossómicos. E com tudo isso, todos esses argumentos, estávamos começando a pensar que talvez eles não fossem tão ruins, porque é realmente difícil para eles serem transferidos para patógenos. E quero dizer, queremos que as nossas bactérias comensais sejam resistentes aos antibióticos. Portanto, talvez a resistência aos antibióticos não seja tão má, dependendo do tipo de bactérias que são.

Esta foi a minha breve apresentação introduzindo alguns tópicos para hoje. O que eu queria enfatizar é que a microbiota intestinal é feita principalmente de bactérias anaeróbias onde os patógenos oportunistas são subdominantes. A maioria das bactérias que causam o maior problema em termos de resistência aos antibióticos tem um reservatório intestinal antes de causar infeções. Quando tomamos antibióticos, promovemos a expansão desta bactéria no intestino, e isso leva a consequências clínicas. Não esqueceremos as nossas boas bactérias, os nossos bons comensais. Eles têm muitos genes resistentes e não são amplamente transferidos para patógenos bacterianos.

Então, com isso, muito obrigado

3 mensagens-chave

  • Papel da Microbiota Intestinal na Resistência aos Antibióticos: A microbiota intestinal, que inclui uma vasta gama de microrganismos, desempenha um papel crucial ao abrigar tanto bactérias comensais quanto patogénicas oportunistas. O equilíbrio dentro desta microbiota é essencial para prevenir o crescimento excessivo de bactérias resistentes.

  • Impacto dos Antibióticos na Microbiota e na Resistência: O uso de antibióticos perturba o equilíbrio da microbiota intestinal, reduzindo a sua diversidade e permitindo que bactérias resistentes proliferem. Esta perturbação pode levar a um aumento do risco de infeções, disseminação ambiental e transmissão cruzada em ambientes de saúde.

  • Importância de Compreender e Preservar as Bactérias Comensais: Embora as bactérias comensais no intestino carreguem muitos genes de resistência aos antibióticos, esses genes não são facilmente transferidos para patógenos. Manter uma população saudável dessas bactérias comensais é vital, pois desempenham um papel protetor e a sua resistência geralmente não é prejudicial.

Descarregar a sua apresentação (em inglês)

Microbiotalk - AMR banner - Søren Johannes Sørensen

Pr. Søren Johannes Sørensen

Resistência aos antibióticos e a microbiota intestinal infantil

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Vídeo do Pr. Søren Johannes Sørensen sobre resistência aos antibióticos e o microbiota intestinal do recém-nascido

"As crianças tratadas frequentemente com antibióticos desde tenra idade carregam mais genes de resistência aos antibióticos, especialmente E. coli, com a resistência influenciada pelos antibióticos tomados pelas suas mães, afetando a saúde a longo prazo."

Biografia do Prof. Søren Johannes Sørensen

Relacionando o resistoma da primeira infância e a maturação da microbiota. A sua pesquisa foca-se nas interações sociais em populações microbianas e avalia a extensão do fluxo genético dentro de comunidades naturais e a sua resposta a perturbações ambientais

Discurso do Prof. Søren Johannes Sørensen

Resistência aos antibióticos e a microbiota intestinal infantil:

Muito obrigado por essa introdução e por ter tido a oportunidade de falar convosco aqui hoje.

Penso que estamos a retomar, na verdade, a nossa investigação está a seguir em grande medida o que acabámos de ouvir, porque temos estado a estudar uma coorte de crianças dinamarquesas.

Na verdade, não tanto para o início desta pesquisa para entender a resistência aos antibióticos, mas estávamos interessados em entender como o microbioma no início da vida, na verdade, molda a saúde mais tarde, e especificamente neste caso, olhando para a asma, alergia e esses tipos de doenças.

Nós já estávamos estudando o microbioma no início da vida, e então estávamos vendo resultados saindo, que muita resistência a antibióticos está realmente em um reservatório no microbioma intestinal de adultos.

Estávamos curiosos para perguntar: quão cedo isso vai realmente ser estabelecido?

É algo que adquirimos tarde na vida?

Ou se já olharmos para estas crianças?

Na verdade, estávamos acompanhando essas crianças desde o nascimento. Os dados que estávamos olhando eram de quando as crianças tinham 1 ano de idade, que é o que vou apresentar.

A pergunta que tínhamos era: já existem crianças dinamarquesas resistentes aos antibióticos quando têm um ano de idade? E a resposta triste e curta é sim.

Já há muita coisa nessa época. O que descobrimos, que nos surpreendeu, é que na parte inferior do gráfico, você vê a distribuição das crianças e quantos genes de resistência a antibióticos elas têm. Assim, algumas crianças não têm muitos genes resistentes aos antibióticos, quando, na verdade, outra população de crianças tem muito. E não só tinham muitos tipos diferentes de genes resistentes aos antibióticos, como também os tinham em maior abundância.

As crianças foram divididas em dois grupos. Por isso, tivemos curiosidade em tentar perceber o que é realmente determinante na criança tão cedo, se tinha muita resistência aos antibióticos ou não. Uma vez que temos acompanhado esta coorte com muito, muito cuidado com muitos dados, poderíamos realmente tentar analisar algumas dessas coisas.

Então, o círculo em torno de lá é uma espécie de todos esses metadados que temos, e um deles pode ser a causa. O que não nos surpreende é que, se as crianças fossem inscritas com antibióticos para tratamento, muitas vezes no início da vida, para o tratamento de doenças das vias respiratórias, por exemplo, então elas tinham um risco muito maior de estar no grupo de crianças que tinham muita resistência aos antibióticos. Havia ali uma ligação muito clara. O que também descobrimos foi que, se as mães durante a gravidez, estas crianças têm agora um ano de idade, se estavam a tomar antibióticos, então a criança, um ano depois, tinha muito mais probabilidade de ter muita resistência aos antibióticos do que não tantos.

Mesmo as mães que tomam antibióticos durante a gravidez parecem ser muito importantes para isso. Também fomos encontrando outras correlações que talvez sejam menos evidentes. As pessoas que vivem numa zona urbana têm mais risco de ter resistência aos antibióticos do que as pessoas que vivem numa zona rural.

Se você tem um animal de estimação em sua casa, você tem menos risco de ter resistência aos antibióticos, então há muitos fatores. Está a tornar-se mais complicado, mas vimos uma coisa muito clara, não tão surpreendente.

Se tomar antibióticos, o seu filho tem um risco muito maior. Na verdade, vemos que muitos antibióticos são prescritos a crianças. No entanto, se olharmos para o lado direito, vemos um diagrama que mostra a que antibióticos são resistentes. Os vermelhos são os antibióticos realmente prescritos à mãe ou à criança. Mas vemos os dois dominantes, os que encontramos mais resistência, nunca foram prescritos, nem à criança nem à mãe.

Isso é para mostrar que essas coisas são menos simples de entender do que muitas vezes vemos.
Então estávamos tentando investigar mais isso. Pensámos que uma explicação para isso poderia ser o facto de termos co-selecção. O que sabemos muitas vezes é que a resistência aos antibióticos não está sozinha. Na verdade, está no genoma juntamente com outras resistências aos antibióticos.

Começámos a analisar se estamos a ver co-selecção. É isso que este gráfico mostra. É muito difícil para você provavelmente ver aqui, mas o que descobrimos muito claramente foi que os dois genes de resistência a antibióticos muito abundantes estão co-localizados com a resistência aos antibióticos com a qual são tratados. O que estamos vendo aqui é que, quando damos um antibiótico, e na verdade não importa qual, isso fez com que todo um pacote de genes resistentes a antibióticos se juntasse.

Quando olhámos mais para a co-selecção para ver não só que antibióticos resistentes foram encontrados em conjunto, mas também porque é que também estavam em conjunto com outros genes, o que descobrimos foi que estavam muitas vezes com genes virulentos. Na verdade, quando você está selecionando a resistência aos antibióticos com antibióticos, não só as bactérias estão se tornando resistentes aos antibióticos, mas também estão se tornando um patógeno pior. Na verdade, eles estão, ao mesmo tempo, adquirindo genes que os tornam um patógeno mais persistente e virulento. Finalmente, o que estávamos vendo era que eles também estavam co-localizados com genes móveis.

O que as bactérias podem fazer, o que é fantástico quando se pensa nisso, é que podem trocar genes entre si. Se uma bactéria encontra outra bactéria e diz, "oh, eu gosto da cor dos seus olhos", então eles podem mudá-la, e então eles têm a mesma cor.

É claro que não têm olhos, mas têm genes resistentes aos antibióticos, pelo que podem trocar uma característica de uma bactéria para outra. E esses são, muitas vezes, um elemento genético móvel. E o que mostrámos muito claramente aqui é que a resistência aos antibióticos está sentada nestas crianças juntas em grandes pacotes em elementos genéticos móveis para que possam trocá-la no intestino entre uma ou outra bactéria.

Então, mesmo que talvez não seja uma bactéria potencialmente patogênica no intestino das crianças, talvez se elas obtiverem bactérias patogênicas, elas podem adquiri-las lá. Mas não só isso, quero dizer, quando estamos pensando sobre a probabilidade, e se for uma bactéria das vias aéreas, talvez nunca esteja entrando no intestino. A questão é, no entanto, que uma bactéria intestinal nem sempre está no intestino.

Todos nós, também crianças, vamos à casa de banho várias vezes por dia. Assim, as bactérias intestinais estão realmente deixando o intestino. Eles são descarregados no vaso sanitário. E esse é realmente um fenômeno importante que também precisamos investigar.

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  • Estabelecimento Precoce da Resistência aos Antibióticos em Crianças: Pesquisas sobre crianças dinamarquesas mostram que a resistência aos antibióticos pode ser estabelecida já aos um ano de idade. Crianças expostas a antibióticos no início da vida, ou cujas mães tomaram antibióticos durante a gravidez, têm maior probabilidade de carregar um grande número de genes de resistência aos antibióticos.

  • Fatores que Influenciam a Resistência aos Antibióticos: Vários fatores influenciam a presença de resistência aos antibióticos em crianças, incluindo viver em áreas urbanas, uso de antibióticos e até mesmo ter animais de estimação. O estudo descobriu que crianças em áreas urbanas tinham maior resistência, enquanto viver no campo ou ter animais de estimação estava associado a menor resistência.

  • Co-seleção e Troca de Genes Entre Bactérias: Os genes de resistência aos antibióticos estão frequentemente co-localizados com outros genes de resistência e virulência em elementos genéticos móveis. Isso permite que as bactérias troquem esses genes, aumentando o risco de disseminação da resistência e tornando os patógenos mais virulentos

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Antibióticos: que impacto na microbiota e na saúde?

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Elitsa Penkova

Resistência aos antimicrobianos nos rios - um risco para a saúde pública?

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Vídeo de Elitsa Penkova sobre a presença de resistências aos antimicrobianos nos rios e seus impactos potenciais na saúde pública.

"Antibiotics we take end up in waste, polluting rivers with resistant bacteria, affecting public health, like wild swimmers."

Biografia de Elitsa Penkova

Elitsa Penkova é doutoranda na Universidade de Exeter, focando-se na avaliação dos riscos para a saúde relacionados com a exposição à resistência aos antimicrobianos (RAM) em ambientes de água doce. A sua pesquisa investiga especificamente como os nadadores em rios podem ser expostos a bactérias e genes resistentes aos antibióticos, com o objetivo de compreender as potenciais implicações para a saúde pública da transmissão de RAM através de ambientes naturais de água doce.

Discurso de Elitsa Penkova

Resistência aos antimicrobianos nos rios - um risco para a saúde pública?: 

Obrigada pela introdução e obrigado por me receber. Agora, você deve estar se perguntando, o que a resistência antimicrobiana tem a ver com os rios? Isso é uma questão hospitalar, certo? Mas para pessoas como eu que estudam a resistência aos antibióticos, estes ambientes são particularmente interessantes porque já contêm, todos os componentes necessários, para a evolução da resistência, para se reunirem num só lugar, como alguns dos nossos oradores já referiram.

Então, primeiro, nos rios, temos bactérias ambientais, e a maioria delas não é considerada nociva à saúde pública. Alguns podem estar, é claro, mas a maioria está envolvida em coisas como ciclagem de nutrientes, e eles são apenas uma parte normal do ecossistema ambiental.

Mas a razão pela qual eles são tão interessantes é porque eles carregam diversos mecanismos de resistência. Isto porque, ao longo de um milénio, tiveram tempo para coexistir com vários tipos de microrganismos que produzem moléculas de antibióticos. E os micróbios produzem essas moléculas para se comunicarem entre si ou para lutarem entre si. Para poderem coexistir com estes micróbios que produzem moléculas de antibióticos, as bactérias ambientais tiveram de se adaptar e desenvolver várias estratégias de enfrentamento ou mecanismos de resistência.

A verdadeira questão aqui é quando esses mecanismos de resistência se tornam transferíveis, porque, ao contrário dos seres humanos, que só podem transmitir genes de um pai para nossos descendentes, as bactérias podem realmente compartilhar genes entre espécies relacionadas e não relacionadas.

 Embora seja realmente fascinante ver como eles podem literalmente compartilhar um gene de uma célula para a outra na conversa anterior, isso também é realmente aterrorizante porque significa que, uma vez que um mecanismo de resistência emergiu e se tornou transferível, então isso tem o potencial de se espalhar muito rapidamente dentro e entre populações bacterianas.

E é também assim que as bactérias são capazes de acumular vários genes resistentes ao mesmo tempo, que é como passamos de uma bactéria resistente para o que chamamos de superbactéria. E aqui eu incluí um exemplo da capacidade de compartilhar genes entre bactérias ambientais e patógenos clinicamente importantes.

O exemplo aqui é sobre beta-lactâmicos. Desculpe, resistência beta-lactâmica. Os beta-lactâmicos são uma classe de antibióticos que são mais comumente usados globalmente no mecanismo de resistência, que as bactérias usam para superar a toxicidade desses antibióticos, ou seja, a resistência aos betalactâmicos. A resistência aos betalactâmicos são enzimas que se ligam ao antibiótico e o degradam, essencialmente. Mas considera-se que os genes que codificam estas enzimas evoluíram originalmente em bactérias ambientais e só mais tarde se transferiram para agentes patogénicos clinicamente importantes.

E isso é apenas para ilustrar que, embora as bactérias ambientais não sejam necessariamente uma ameaça à saúde pública, elas podem servir como reservatório para patógenos clinicamente importantes, que, aliás, também são encontrados nos rios. Assim, com os nossos resíduos, estamos continuamente a enriquecer rios noutros ambientes naturais de água doce com bactérias associadas tanto a humanos como a animais, mas também com vários compostos antimicrobianos, incluindo antibióticos, claro.

Quando tomamos antibióticos, não os metabolizamos totalmente, e a maioria pode ser excretada diretamente em nossos banheiros e, a partir daí, drenada para nossos sistemas de tratamento de águas residuais. Existem diferentes formas de processar os resíduos, mas nenhuma delas foi concebida especificamente para remover genes resistentes a antibióticos ou compostos antimicrobianos. Assim, alguns deles acabarão por acabar em rios.

E, além disso, é claro, ouvimos com mais frequência agora que os planos de tratamento de águas residuais são realmente autorizados a descartar esgoto não tratado ou parcialmente tratado diretamente nos rios durante chuvas intensas. Isto é para evitar que fiquem sobrecarregados e evitar que as águas residuais cheguem às casas das pessoas, o que é bastante justo. Mas realmente não sabemos o que isso significa para a crescente comunidade de nadadores selvagens, que é o foco da minha pesquisa.

E, na verdade, há muito pouco foco em como a exposição à resistência antimicrobiana nesses ambientes está afetando a saúde pública.

Sabemos de trabalhos anteriores na Noruega, a partir de um estudo caso-controle, que a natação em água doce foi identificada como um fator de risco independente para adquirir infeções resistentes, infeções resistentes do trato urinário.

Também sabemos por um estudo na Noruega, que estimou que a natação em água doce foi responsável por cerca de 6% da aquisição de casos resistentes na comunidade durante os meses de verão.

Sabemos por um estudo sobre nadadores costeiros do Reino Unido, portanto, não nadadores de água doce, mas nadadores costeiros. Descobriu-se que os surfistas têm quatro vezes mais probabilidade de transportar bactérias resistentes a antibióticos do que as pessoas que não entram na água.

E semelhante a esse estudo, agora estou trabalhando para entender se os nadadores de água doce estão em alto risco de carregar bactérias resistentes em seus intestinos. Mas como ainda estou coletando minhas amostras, ainda não posso falar sobre minhas descobertas, mas fico feliz em tirar qualquer dúvida se você as tiver.

Obrigada.

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  • Rios como Reservatórios de Resistência aos Antibióticos: Os rios contêm bactérias ambientais que desenvolveram diversos mecanismos de resistência ao longo de milénios. Estas bactérias podem transferir genes de resistência para patógenos clinicamente importantes, tornando os rios reservatórios significativos de resistência aos antibióticos.

  • Impacto das Águas Residuais na Microbiota dos Rios: Resíduos humanos e animais, juntamente com compostos antimicrobianos, são continuamente introduzidos nos rios através das águas residuais. As estações de tratamento de águas residuais não são projetadas para remover genes de resistência aos antibióticos, levando ao enriquecimento dos rios com esses genes, especialmente durante chuvas intensas quando esgotos não tratados são descarregados.

  • Riscos para a Saúde Pública para Nadadores em Águas Doces: A exposição a bactérias resistentes aos antibióticos nos rios representa um risco para a saúde pública, particularmente para nadadores em águas doces. Estudos têm mostrado que nadar em águas doces pode aumentar o risco de adquirir infeções resistentes, destacando a necessidade de mais pesquisas sobre o impacto da resistência aos antimicrobianos em ambientes naturais de água.

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Edith Odeh

Ampiclox e contraceção, sensibilizar sobre a RAM

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Vídeo de Edith Odeh sobre o uso de Ampiclox como contraceptivo e os desafios de conscientização sobre resistência aos antimicrobianos.

"Sensibilizar sobre a saúde reprodutiva é fundamental em comunidades onde muitas mulheres estão mal informadas. O conhecimento capacita e melhora a sociedade."

Biografia de Edith Odeh

Farmacêutica apaixonada e comprometida na Nigéria. Fundadora da Kings Heritage Pharmaceutical Limited, Asaba, Nigéria.

Ela abriu um centro de saúde que reúne farmacêuticos, médicos e voluntários para fornecer informações confiáveis sobre métodos contraceptivos e alertar as mulheres sobre as consequências a longo prazo do abuso de antibióticos, como a disbiose da microbiota e a RAM.

Esta ambição valeu-lhe o primeiro prémio Henri Boulard em 2021.

O seu projeto: sensibilização sobre a RAM, a utilização do Ampiclox e a contraceção

Quero começar por partilhar a minha inspiração e motivação precoces. Em 2015, no início da minha carreira como farmacêutico comunitário, num dia fatídico, um pai trouxe o seu filho de 13 anos que sofria de diarreia grave.

Então, depois de uma revisão completa da história médica do paciente, decidi iniciar o tratamento com probiótico. Uma hora depois de iniciar este tratamento, o adolescente que tinha chegado carregando um balde de lixo conseguiu sair da farmácia confortavelmente usando apenas a fralda. Esta experiência maravilhosa despertou meu interesse no compromisso da Biocodex com a medicina baseada em evidências, inspirando-me a desenvolver um projeto de subvenção intitulado estabelecendo uma instalação de saúde reprodutiva para abordar métodos contracetivos seguros e para dissipar os mitos em torno do uso da cápsula Ampiclox como contracetivo feminino na Nigéria.

E você pode estar se perguntando, qual é a correlação entre Saccharomyces e contraceção? Tendo demonstrado tal nível de honestidade e padrão, eu estava convencido de que este instituto tem um propósito sincero, e se eu merecer este prêmio, eu iria ganhar.

Agora, chegando ao escopo do meu projeto e da implementação. O projeto, que se concentrou principalmente na saúde reprodutiva e métodos contracetivos seguros, alcançou sete comunidades, envolvendo uma média de 20% da população em cada comunidade. Distribuímos gratuitamente materiais educativos contracetivos e anti-helmínticos e livros inspiradores, para fornecer a essas comunidades conhecimento reprodutivo preciso e uso racional de antibióticos. Agora, reconhecendo a sensibilidade cultural do projeto, colaboramos estreitamente com chefes de comunidade, líderes religiosos e profissionais de saúde para pilotar nossa abordagem.

Isto levou a uma participação impressionante de 20% em todas as comunidades. Através deste projeto, conseguimos reduzir o número de gravidezes indesejadas, melhorar o uso responsável de antibióticos e promover práticas comunitárias de saúde, alavancando a parceria local. Conseguimos ceder, obter o resultado do projeto e atender a uma necessidade específica da comunidade. Numa comunidade onde cerca de 50% da população feminina está mal informada e é ingénua sobre a sua saúde reprodutiva, foi um fardo enorme.

Mas, como resultado deste projeto, conseguimos sensibilizá-los, e eles estão agora mais bem equipados com conhecimento reprodutivo. Eles têm um controle melhor. Portanto, estas são algumas das imagens da divulgação.

A King's Heritage Pharma Limited planeja treinar representantes locais em cada comunidade que servirão como educadores permanentes e defensores da saúde reprodutiva. Também pretendemos alargar o nosso alcance a mais comunidades e construir uma parceria mais forte com os profissionais de saúde. Também pretendemos potencializar a iniciativa, colaborando mais com influenciadores locais.

Nossa unidade de saúde reprodutiva, estrategicamente localizada em Agbaroto-Otor, Ughelli, no estado do Delta do Norte, servirá como um centro de apoio e educação. Agora, à medida que continuamos a expandir nosso alcance e construir parcerias com profissionais de saúde para um impacto sustentável, convidamos todos os profissionais de saúde, líderes comunitários e educadores a se juntarem a nós no avanço da saúde reprodutiva e do uso racional de antibióticos.

Com o seu apoio e colaboração, podemos capacitar mais defensores, dissipar mitos nocivos e fornecer recursos que mudam a vida. Juntos, podemos criar uma comunidade mais saudável, informada e resiliente.

Obrigado.

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  • Inspiração e Compromisso com a Medicina Baseada em Evidências: A experiência inicial de Edith como farmacêutica comunitária, tratando com sucesso uma criança com diarreia grave usando probióticos, inspirou o seu compromisso com a medicina baseada em evidências e levou-a a desenvolver um projeto de subsídio focado na saúde reprodutiva e métodos de contraceção seguros na Nigéria.

  • Alcance e Educação Comunitária: O projeto alcançou sete comunidades, envolvendo 20% da população em cada uma, e forneceu materiais educativos sobre contraceção e antibióticos. Ao colaborar com líderes comunitários e profissionais de saúde, o projeto conseguiu reduzir gravidezes indesejadas e melhorar o uso responsável de antibióticos.

  • Impacto Sustentável e Planos Futuros: A instalação de saúde reprodutiva no Estado do Delta do Norte, construída graças ao subsídio recebido, servirá como um centro de apoio e educação, com o objetivo de construir parcerias mais fortes e capacitar as comunidades com conhecimento preciso sobre saúde reprodutiva.

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Microbiotalk - AMR banner - Greatman Adiela

Greatman Adiela Owhor

O projeto dos "100 administradores da RAM"

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Vídeo de Greatman Adiela Owhor apresentando o projeto dos 100 stewards contra a resistência aos antimicrobianos (RAM)

"Este projeto visava capacitar profissionais e cuidadores, e implementar iniciativas robustas de gestão de antibióticos em ambientes de saúde."

Biografia de Greatman Adiela Owhor

Greatman Adiela Owhor é um farmacêutico dedicado e criador de conteúdo de saúde com uma sólida formação em pesquisa, gestão de projetos e promoção da saúde. Ele é um pesquisador emergente com crescente expertise, tendo já publicado em revistas respeitadas como The Lancet e International Journal of Health Planning and Management. Seu trabalho recebeu mais de 150 citações e um índice H de 3, refletindo seu impacto na área.

O compromisso de Greatman com a saúde pública tem sido amplamente reconhecido. Em 2021, ele recebeu o prestigioso Prêmio Diana do Reino Unido, uma honra concedida a jovens que fazem contribuições significativas para suas comunidades. Além disso, ele foi nomeado 'Farmacêutico do Ano' no Estado de Rivers em 2020 e 'Promotor de Saúde Pública do Ano' em 2021. Seu trabalho foi ainda celebrado com uma menção no Dia Mundial do Voluntariado na Nigéria (2020) por suas contribuições à saúde pública.

Em 2023, Greatman fundou a CommCase, uma plataforma inovadora que conecta farmacêuticos comunitários globalmente para resolver casos desafiadores encontrados na prática. A CommCase facilitou a resolução de mais de 1.000 casos em seu primeiro ano, ganhando amplo reconhecimento em toda a África. Pelo seu trabalho com a CommCase, Greatman foi nomeado 'Principal Inovador em Farmácia da Nigéria de 2023' pela Mega We Care Pharmaceuticals.

Os esforços de Greatman para combater a resistência antimicrobiana (RAM) alcançaram novos patamares em 2023, quando ele recebeu o Prêmio de Saúde Pública Henri Boulard. Com este prêmio, ele lançou uma campanha nacional de conscientização sobre RAM que envolveu milhares de indivíduos tanto online quanto offline, alcançando um aumento de 50% na conscientização nas áreas alvo.

Com um seguimento ativo de mais de 70.000 no X (anteriormente Twitter), Greatman continua a defender a saúde pública e a gestão da RAM. Olhando para o futuro, ele pretende aproveitar a promoção da saúde e a tecnologia para impactar significativamente a saúde e o bem-estar da comunidade

O seu projeto dos "100 administradores da RAM"

Meu nome é Greatman Adiela, e sou o líder da equipe do 100 AMR Stewards Project. Este projeto foi concebido principalmente para capacitar 100 indivíduos para realizarem projetos locais de resistência antimicrobiana na sua região.

Este projeto foi possível graças ao apoio da Fundação Biocodex.

Por isso, começámos com uma campanha online de quatro meses, onde chegámos a mais de 600 000 nigerianos e envolvêmo-los sobre questões relacionadas com a resistência antimicrobiana na sua região.

Aproveitamos plataformas como Facebook, TikTok, Instagram, X e LinkedIn para realizar esse engajamento.

Isto foi rapidamente seguido por procura de stewards, 100 deles, treinando-os, ajudando-os a entender a resistência antimicrobiana e as questões peculiares ao seu ambiente, e também apoiando-os na execução de um projeto local.

A Nigéria está dividida em seis zonas geopolíticas, por isso temos o cuidado de garantir que os nossos 100 comissários estão espalhados por essas zonas.

Ficamos emocionados depois de dois meses porque os comissários superaram o projeto deles. Estamos satisfeitos por ter feito projetos em matadouros, mercados, escolas e até mesmo nas ruas.

Garantimos que estes projetos eram mensuráveis. Por conseguinte, os comissários tiveram de fazer alguma forma de avaliação para obter números ou números sobre a compreensão da RAM na sua região ou sobre questões relacionadas com a RAM.

E depois de suas campanhas ou projetos, eles também foram obrigados a reavaliar as mesmas métricas que foram avaliadas anteriormente para ver se houve uma melhoria. E congratulamo-nos com o facto de algumas regiões terem registado um aumento de mais de 70% no seu conhecimento sobre a resistência antimicrobiana.

Estamos entusiasmados com o que fizemos nos últimos meses e ainda mais entusiasmados em fazer mais no futuro.

Em nome de todos os comissários e minha equipe, quero agradecer à Biocodex Microbiota Foundation por apoiar parcialmente este projeto e realizar todos os nossos sonhos.

Obrigado

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  • Empoderamento e Formação dos Administradores de RAM: O Projeto dos "100 Administradores da RAM" visava capacitar 100 indivíduos nas seis zonas geopolíticas da Nigéria para realizar projetos locais de resistência antimicrobiana (RAM). Esses administradores foram treinados para entender as questões de RAM específicas das suas regiões e apoiados na execução de projetos locais mensuráveis.

  • Engajamento Online Extensivo: O projeto começou com uma campanha online de quatro meses que alcançou mais de 600.000 nigerianos através de plataformas como Facebook, TikTok, Instagram, X e LinkedIn. Esta campanha aumentou a conscientização sobre a RAM e envolveu o público em questões relacionadas.

  • Impacto Significativo e Planos Futuros: Os projetos dos administradores levaram a um aumento de mais de 70% no conhecimento sobre RAM em algumas regiões. O sucesso dessas iniciativas motivou a equipe a continuar expandindo seus esforços, com planos de treinar mais representantes locais e construir parcerias mais fortes para um impacto sustentável.

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O seu microbioma vaginal tem vontade própria - Veja aqui como muda todos os dias

O seu microbioma vaginal está constantemente a mudar em resposta às hormonas, ao estilo de vida e muito mais. Novas descobertas revelam como estas alterações afetam a sua saúde, permitindo-lhe fazer escolhas pequenas, porém eficazes para apoiar o bem-estar que se alinha com a sua biologia específica.

A microbiota vaginal Saúde feminina Probióticos Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal

Acha que a sua saúde vaginal é imutável? Pense bem. Uma nova e revolucionária investigação 1 revela que o microbioma vaginal - uma comunidade dinâmica de bactérias exclusivas a cada mulher - está em constante movimento, adaptando-se diariamente a tudo: das alterações hormonais aos hábitos de vida, incluindo até os momentos íntimos.

Essas mudanças diárias não apenas afetam o conforto feminino, mas exercem também um impacto durável na saúde geral, o que faz com que esta descoberta represente uma revolução para as mulheres que buscam obter o controlo do seu bem-estar de uma forma verdadeiramente personalizada.

48% Menos de uma em cada duas mulheres já ouviu falar do microbioma vaginal ²

88% das mulheres gostariam de ter mais informações sobre a importância do microbioma vaginal e o respetivo impacto na saúde? ²

Os quatro estados de espírito do seu microbioma

Durante anos, cientistas basearam-se em métodos como o (sidenote: Escore de Nugent Sistema de pontuação diagnóstico utilizado para avaliar vaginoses bacterianas com base na presença e nas proporções de certas bactérias numa amostra vaginal com coloração de Gram. ) 3 e os Tipos de estado comunitário (TEC ou CST para a sigla em inglês) 4 para avaliar a saúde vaginal. O escore de Nugent observa a bactéria sob um microscópio e busca identificar um “desequilíbrio” ou uma vaginose bacteriana caso faltem bactérias benéficas. Os tipos de estado comunitário ou CST, por outro lado, são como "instantâneos" do microbioma, agrupados em cinco tipos principais com base numa única amostra.

No entanto, os investigadores descobriram recentemente que estes instantâneos de um momento particular não contam a história completa. Um novo método 1 chamado Dinâmica da comunidade vaginal (DCV ou VCD para a sigla em inglês) vai mais fundo, acompanhando as alterações diárias do microbioma ao longo de um ciclo menstrual completo, descobrindo como o microbioma de cada mulher reage ao seu ambiente interno e externo específico.

Então, o que encontraram?

Utilizando amostras diárias de 49 mulheres, os investigadores descobriram quatro "modos" distintos ou padrões de comportamento do microbioma vaginal:

  • Eubiótico constante: Este modo é estável e resistente, dominado por bactérias (sidenote: Lactobacillus Grupo de bactérias benéficas normalmente encontrado no microbioma vaginal. Produzem ácido lático, ajudando a manter um pH baixo para proteger contra infeções. ) benéficas durante todo o ciclo. As mulheres com este padrão possuem um microbioma equilibrado que não se altera muito, mesmo com fatores externos como a menstruação ou a atividade sexual.
  • Disbiótico constante: Neste modo, o microbioma permanece desequilibrado com a ausência da proteção típica do Lactobacillus mostrando frequentemente mais altos níveis de bactérias ligadas à vaginose bacteriana. Isto pode torná-lo mais suscetível a infeções.
  • Disbiótico relacionado com a menstruação: Aqui, o microbioma passa para um estado desequilibrado apenas durante a menstruação, mas volta ao normal depois. As hormonas e os sangramentos menstruais podem afetar o pH e os níveis de nutrientes, levando a alterações temporárias na composição bacteriana.
  • Disbiótico instável: As mulheres com este padrão vivenciam mudanças frequentes entre um microbioma equilibrado e desequilibrado, muitas vezes em resposta a eventos como a menstruação ou o sexo desprotegido. Esse modo mostra um microbioma que não é tão resiliente e pode se alterar rapidamente, aumentando o risco de desconforto ou infeção.

Período menstrual e microbiota vaginal: o progresso da ciência...

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Dicas para apoiar o seu microbioma vaginal

Quer saber como pode manter o seu microbioma equilibrado e saudável? Veja aqui algumas recomendações científicas:

  • Acrescente probióticos: Procure probióticos com estirpes de Lactobacillus ou alimentos ricos em probióticos, como iogurte e kimchi.
  • Utilize produtos de higiene íntima suaves: Dê preferência a sabonetes sem perfume e evite duchas higiénicas para proteger o equilíbrio do seu microbioma.
  • Escolha produtos menstruais com sabedoria: Muitas mulheres consideram que os tampões menstruais orgânicos sem perfume ou os copos menstruais de silicone são mais suaves.
  • Alimente-se de forma equilibrada: As dietas  ricas em fibras e com baixo teor de açúcar apoiam os microbiomas intestinais e vaginais.
  • Pratique sexo seguro: Os preservativos podem ajudar a manter o microbioma vaginal estável, limitando a exposição a novas bactérias.

Compreender os ritmos diários do seu microbioma vaginal dá-lhe o poder de assumir o controlo da sua saúde de novas formas. Ao integrar estas recomendações, pode fazer escolhas simples para apoiar o seu corpo naturalmente e abraçar o bem-estar que está verdadeiramente em sincronia consigo.

A microbiota vaginal

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Novas descobertas sobre a dinâmica do microbioma vaginal: Uma revolução para a saúde das mulheres

Uma nova investigação 1 sobre a dinâmica do microbioma vaginal revela que o seu estado flutua ao longo do tempo, oferecendo uma visão mais profunda do que aquela fornecida pelos tradicionais instantâneos. Esta descoberta poderá transformar a forma como avaliamos e gerimos a saúde da mulher, especialmente doenças como a vaginose bacteriana.

Como avaliar a saúde vaginal?

Investigações recentes revelaram uma nova camada de complexidade na compreensão do microbioma vaginal, constatando que o seu estado não é absolutamente estático. Tradicionalmente, os cientistas têm utilizado o escore de Nugent 2 e os Tipos de estado comunitário (TEC ou CST para a sigla em inglês) 3 para classificar os microbiomas vaginais.

O critério ou escore de Nugent avalia a saúde do microbioma através da microscopia, calculando uma pontuação baseada na abundância de morfotipos bacterianos associados a uma microbiota "saudável" ou associados à vaginose bacteriana (VB). Entretanto, os CSTs classificam os microbiomas vaginais em cinco tipos com base na dominância bacteriana, indicando estados "eubióticos" dominados por Lactobacillus ou estados diversos e pobres em Lactobacillus associados à disbiose.

Contudo, uma nova abordagem conhecida como Dinâmicas da comunidade vaginal (DCV ou VCD para a sigla em inglês) capta as flutuações do microbioma ao longo do tempo, mostrando que estas classificações podem representar apenas instantâneos e não a real estabilidade do microbioma. Esta nova perspetiva tem implicações profundas para a saúde da mulher, desde o diagnóstico de rotina à gestão personalizada de doenças como a vaginose bacteriana (VB).

Mapeamento da dinâmica do microbioma com DCV

O recente estudo 1 dirigido pelo Dr. Ina Schuppe‑Koistinen e pela Profª Henriette Svarre Nielsen do Karolinska Institute observou as transições diárias do microbioma em 49 mulheres jovens ao longo de um ciclo menstrual completo, descobrindo quatro DCV distintas: o eubiótico constante (Lactobacillus dominante estável), o disbiótico constante (disbiose persistente), o disbiótico relacionado com a menstruação (domínio de Lactobacillus interrompido apenas durante a menstruação) e o disbiótico instável (mudanças frequentes na composição microbiana).

Estas DCV realçam a estabilidade ou a instabilidade microbiana específica de cada mulher em reação a fatores externos como a menstruação e a atividade sexual - fatores frequentemente ignorados pelos CSTs e pelo escore de Nugent.

Vaginose bacteriana: transmissão sexual e conhecimentos genómicos

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Fagos e bacteriocinas: Principais intervenientes na estabilidade do microbioma vaginal

O estudo concluiu também que os bacteriófagos e as bacteriocinas podem influenciar a dinâmica do microbioma. Foi observada uma atividade fágica mais elevada em DCV instáveis, o que sugere um papel potencial na redução seletiva das populações de Lactobacillus. Além disso, algumas estirpes de Gardnerella nas DCV disbióticas continham genes de bacteriocinas, que podem inibir os lactobacilos benéficos e contribuir para a instabilidade do microbioma. Estas descobertas poderiam conduzir a novas terapias destinadas a estabilizar o microbioma vaginal, visando os fagos ou as bacteriocinas.

Porque as DCV podem transformar as práticas clínicas

A transição da classificação estática para a classificação dinâmica é muito promissora para aplicações clínicas. Enquanto os escores de Nugent e os CSTs podem indicar estados "saudáveis" ou "disbióticos" a partir de amostras individuais, as DCV oferecem informações sobre a resiliência do microbioma, revelando a frequência com a qual o microbioma de um indivíduo muda para a disbiose. Por exemplo, as DCV poderiam permitir aos médicos identificarem pacientes com propensão a perturbações frequentes do microbioma e ajudá-las a conceber intervenções preventivas mais direcionadas.

Tal abordagem pode transformar a forma como administramos condições como a VB na qual as flutuações do microbioma são comuns e melhorar resultados pela personalização de cuidados para a estabilidade do microbioma considerando as particularidades de cada paciente.

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Noticias Ginecologia

A romã para restabelecer as microbiotas cutâneas alteradas

A romã contém substâncias que podem ajudar a reequilibrar as populações de microrganismos que vivem na superfície da nossa pele. Investigadores demonstraram que o extrato da casca da romãzeira enfraquece as bactérias patogénicas e fortalece as bactérias benéficas.

A microbiota da pele Psoríase e microbiota Acne e microbiota Eczema alérgico Doenças de pele

Um produto natural, não tóxico, ecorresponsável, que melhora o equilíbrio da microbiota cutânea e ajuda a combater as doenças da pele: parece um sonho! Uma equipa de investigadores italianos conseguiu esta proeza... utilizando cascas de romã destinadas a serem deitadas no lixo! 1

Esta parte não comestível representa 50 % da fruta. Durante o fabrico do sumo e dos extratos de romã, as cascas normalmente acabam no caixote do lixo. Portanto, contêm a maior parte dos preciosos polifenóis da romã, alguns dos quais têm propriedades antibacterianas benéficas. 

Os investigadores italianos quiseram descobrir se, ao extraírem os valiosos compostos da casca, seria possível desenvolver um produto capaz de restabelecer o equilíbrio do sistema imunitário da microbiota cutânea e melhorar a saúde da pele.

Bactérias boas vs. bactérias más: a batalha

dysbiose  da microbiota cutânea, caracterizada pela proliferação de bactérias patogénicas em detrimento das bactérias benéficas, foi considerada responsável por vários problemas de pele, como o acne, a psoríase e a dermatite atópica.

Doenças de pele

Saiba mais

Os investigadores recolheram primeiramente amostras da microbiota cutânea de 9 jovens voluntários, 3 dos quais sofriam de problemas de pele relacionados à dermatite atópica. Destas amostras, extraíram:

  • Staphylococcus aureus, as bactérias patogénicas responsáveis pela disbiose cutânea e
  • Staphylococcus epidermidis, conhecidas pelos seus efeitos benéficos e pela sua capacidade de restaurar a integridade da barreira cutânea

Paralelamente, os cientistas prepararam um extrato da casca da romã (Punica granatum L.) utilizando métodos de extração energeticamente eficazes e solventes recicláveis. 

Depois de terem verificado que não era tóxico, colocaram o produto em contacto com bactérias recolhidas na pele dos voluntários.

O duplo efeito da romã

Resultado: o extrato de romã apresenta uma ação antimicrobiana notável sobre os S. aureus patógenos e uma ação protetora sobre os S. epidermidis benéficos 

Segundo os investigadores, estes efeitos estão muito provavelmente ligados aos compostos fenólicos da romã: catequina, quercetina, ácido gálico etc. Estes compostos teriam uma ação direcionada, impedindo, por um lado, que as bactérias patogénicas adiram à pele e formem biofilmes protetores e, por outro lado, estimulando a capacidade das bactérias benéficas de sintetizarem estes biofilmes. 

Neutralizar o inimigo: uma forma de arte!

Todos possuímos os malvados Staphyloccus aureus na superfície da nossa pele. Porém, a maior parte do tempo, não se proliferam.

Porquê? Porque as bactérias "boas" da microbiota cutânea produzem um arsenal ultrassofisticado de pequenas moléculas formidáveis (bacteriocinas, antibióticos, ácidos gordos de cadeia curta, péptidos antimicrobianos...) capazes de bloquear a multiplicação das Staphylococcus aureus e obstruir a sua proliferação.

Além disso, ao regularem a resposta inflamatória, favorecerem a homeostasia das células da pele e manterem a integridade da camada epidérmica, as bactérias boas contribuem para o equilíbrio microbiano. Amigáveis, porém fortes!

Ensaios clínicos deverão ser realizados para confirmar a capacidade que este extrato possui de prevenir, reduzir ou curar as doenças da pele, nomeadamente aquelas ligadas às bactérias resistentes aos antimicrobianos

Se os resultados forem positivos, constituirão mais uma prova de que é possível integrar a saúde dos ecossistemas à saúde dos seres humanos, numa abordagem "One health": “Uma única saúde“. 2

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Noticias

As microbiotas humanas, reservatórios de péptidos antimicrobianos

As microbiotas humanas são vistas como reservatórios de péptidos antimicrobianos que são tão eficazes como alguns dos antibióticos atualmente utilizados. Alguns deles não afectam as bactérias comensais. 1 

“Uma das ameaças mais graves para a saúde mundial, a segurança alimentar e o desenvolvimento.” Estas são as palavras utilizadas pela OMS 2 para descrever a resistência aos antibióticos. Os  (sidenote: Péptidos antimicrobianos (AMPs) Os péptidos antimicrobianos (AMPs) são sequências curtas de aminoácidos largamente presentes nos mais diversos organismos, incluindo bactérias, plantas, anfíbios, insetos, peixes e mamíferos. Têm a capacidade de comprometer o crescimento microbiano, normalmente ao interferirem com a integridade da parede celular. Aprofundar: https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/antim… ) são vistos como uma resposta promissora para a enfrentar. No entanto, são ainda muito poucos.

  • bacitracina produzida por Bacillus licheniformis para tratar as infeções oculares e cutâneas
  • colistina produzida por Paenibacillus polymyxa var. collistinus para tratar a pneumonia em doentes com fibrose quística
  • polimixina B produzida por Paenibacillus polymyxa para tratar infeções tópicas

Daí os estudos de investigação para identificar novos candidatos, com base em 1.773 genomas da microbiota humana da pele, boca, sistema digestivo e vagina de 263 mulheres saudáveis do NIH Human Microbiome Project. 3

323 candidatos potenciais

A equipa identificou 323 candidatos potenciais a que chamou “SEP” (smORF-encoded peptides, péptidos codificados por  (sidenote: SmORF (Small open reading frames) Sequências curtas que codificam pequenos péptidos com menos de 100 aminoácidos que podem, no entanto, mediar funções fisiológicas essenciais em seres humanos e nos animais. Aprofundar: Couso JP, Patraquim P. Classification and function of small open reading frames… ) ).

Destes, foram selecionados 78 com base em 3 critérios (potencial antimicrobiano, diversidade de famílias representadas, facilidade de síntese), sendo sintetizados e depois testados contra:

  • 11 estirpes de agentes patogénicos clinicamente relevantes (Acinetobacter baumannii, E. coli, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium)
  • e 13 das bactérias comensais mais representadas no trato digestivo (pertencentes a 4 filos: Verrucomicrobia, Bacteroidetes, Actinobacteria, et Firmicutes)

Efetivamente, ao contrário das AMP, os SEP podem também visar espécies comensais.

70,5% demonstram atividade antimicrobiana

No total, 55 dos 78 SEP sintetizados (70,5%) apresentaram atividade antimicrobiana in vitro contra pelo menos uma bactéria patogénica ou comensal:

  • 33 dos 78 SEP destruíram pelo menos um dos 11 agentes patogénicos testados; S. aureus foi o único agente patogénico que resistiu a qualquer dos SEP sintetizados;
  • 45 dos 78 SEP demonstraram uma atividade antibacteriana ligeira contra comensais.

Os 5 SEP mais promissores (elevada atividade antipatogénica, baixa atividade contra comensais) são codificados por (sidenote: Bactérias cutâneas e digestivas Faecalibacticina-3 (Faecalibacterium prausnitzii), fusobacticina-2 (Fusobacterium nucleatum), keratinobacina-1 (Keratinibaculum paraultunense), staphylococcina-2 (Staphylococcus capitis) e prevotellina-2 (Prevotella copri) ) . As ações dos diferentes SEP revelaram-se, muitas vezes, sinérgicas.

O melhor candidato in vivo (modelo murino), a prevotelina-2 (P. copri), revelou-se tão eficaz como o antibiótico de referência (polimixina B) no que diz respeito à redução da carga bacteriana, sem toxicidade significativa para os ratinhos infetados com A. baumannii.

6 coisas a saber sobre os antibióticos

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A membrana citoplasmática na linha de tiro

Com o objetivo de se determinar os seus mecanismos de ação, os SEP com propriedades antimicrobianas foram estudados sob todos os ângulos. A sua ação antimicrobiana parece visar a membrana citoplasmática das bactérias que eles despolarizam (enquanto os AMPs e os péptidos codificados convencionais atacam geralmente a membrana externa).

3 tipos de antagonismo

Por último, os distintos SEP atuam através de 3 tipos de antagonismo:

• Intraespécie (de modo a combater a concorrência de outras estirpes)
• Interespécies no mesmo local (por exemplo, a fecalibacticina-3 produzida pela bactéria intestinal Faecalibacterium prausnitzii do filo Firmicutes tem como alvo várias bactérias do filo Bacteroidetes)
• Interespécies visando bactérias de outro local (a estafilococina-2 produzida pela bactéria cutânea Staphylococcus capitis demonstrou ser altamente ativa contra vários filos de bactérias intestinais)

Para além de combaterem os agentes patogénicos, os SEP poderão assim remodelar a microbiota.

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Dos intestinos aos ossos: como a microbiota afeta o risco de fratura por fragilidade óssea

Será em breve possível reduzir o risco de fraturas por fragilidade graças à microbiota intestinal? É o que sugerem os resultados de um estudo 1 que associa este risco à composição da flora digestiva

O aumento do número de fraturas ósseas ligado ao envelhecimento da população é atualmente uma questão de saúde pública: 1 em cada 2 mulheres e 1 em cada 4 homens sofrerão futuramente uma fratura osteoporótica. Estas fraturas por fragilidade resultam, na maioria das vezes, da perda de massa óssea que é difícil de prevenir. Estudos anteriores mostraram uma ligação entre a microbiota intestinal e a massa óssea em ratos e em seres humanos. Um novo estudo revela que ela também influencia o risco de fraturas por fragilidade.

178 milhões

Em 2019, registaram-se 178 milhões de fraturas em todo o mundo, um aumento de 33,4 % desde 1990, parcialmente devido ao aumento demográfico e ao envelhecimento da população. 2

A composição da microbiota, um indicador de risco de fratura

Os investigadores utilizaram os dados da coorte FINRISK, 2 composta por 7.043 finlandeses seguidos durante 18 anos. A sequenciação do metagenoma das bactérias intestinais dos participantes revela que uma maior (sidenote: Diversidade alfa Número de espécies coexistentes num determinado meio )  da microbiota intestinal está associada a um menor risco de fraturas.

De entre os dez filos mais abundantes na microbiota humana, dois parecem estar particularmente ligados à fragilidade óssea:

  • As Proteobactérias (incluindo, em particular, os agentes patogénicos Escherichia, Shigella e Klebsiella), já associadas a diversas doenças (síndrome do cólon irritável, etc.), que estarão associadas a um risco acrescido de fraturas; 
  • E os Tenericutes (nomeadamente os géneros Parabacteroides e Lachnoclostridium, e as 3 espécies, Oscillibacter sp. ER4, Parabacteroides distasonis e Dorea longicatena), aparentemente conotados com a redução desse risco.

A pista da inflamação

Relativamente aos mecanismos em causa, várias vias metabólicas poderão estar envolvidas. Considera-se que as Proteobactérias estão associadas a uma redução da síntese de aminoácidos ramificados benéficos para a saúde óssea e a um aumento da produção de lipopolissacarídeos microbianos pró-inflamatórios. Por sua vez, supõe-se que os Tenericutes estejam envolvidos na biossíntese de  (sidenote: Ácidos Gordos de Cadeia Curta (AGCC) Os Ácidos Gordos de Cadeia Curta são uma fonte de energia (carburante) das células do indivíduo, interagem com o sistema imunitário e estão envolvidos na comunicação entre o intestino e o cérebro. Silva YP, Bernardi A, Frozza RL. The Role of Short-Chain Fatty Acids From Gut Microbiota in Gut-Brain Communication. Front Endocrinol (Lausanne). 2020;11:25. ) , como o butirato. Portanto, as Proteobactérias e os Tenericutes poderão modular a inflamação e, com ela, a reabsorção óssea.

25,8 milhões À nível mundial, as fraturas foram responsáveis por 25,8 milhões de anos de invalidez em 2019, o que representa um aumento de 65,3% no número absoluto de anos de invalidez desde 1990. ³

+27% Nos 5 maiores países da União Europeia juntamente com a Suécia, prevê-se que as despesas anuais relacionadas com fraturas por fragilidade aumentem 27% até 2030. ³

Rumo a novas estratégias de prevenção de fraturas?

Embora estes resultados sejam promissores, são baseados em análises de correlação numa população certamente ampla, mas não muito diversificada (europeus do Norte) e apenas nos filos maioritários da microbiota intestinal (com o risco de não se notar o efeito de filos raros). Por conseguinte, é necessária mais investigação para se estabelecer uma relação de causa e efeito entre a microbiota e o risco de fratura, bem como para compreender os respetivos mecanismos subjacentes.

No entanto, se estes resultados se confirmarem, tratamentos destinados a combater os desequilíbrios da microbiota poderão, no futuro, prevenir a osteoporose e, assim, reduzir o risco de fraturas por fragilidade.

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Noticias Medicina geral Gastroenterologia Geriátrico

Fragilidade óssea: será que está tudo relacionado com a nossa microbiota intestinal?

E se a saúde dos nossos ossos dependesse da nossa microbiota intestinal? É possível, de acordo com os resultados de um estudo 1 que estabelece uma relação entre o risco de fraturas por fragilidade e as bactérias presentes no nosso sistema digestivo. 

A microbiota intestinal

O risco de (sidenote: Fratura por fragilidade As fraturas por fragilidade resultam de traumatismos por baixa energia (uma força mecânica que normalmente não causaria uma fratura), como as quedas de uma posição ereta ou de uma altura reduzida. Estas fraturas são a principal consequência clínica da osteoporose, embora possam ocorrer em mulheres na pós-menopausa, mesmo na ausência de osteoporose. ) (sem traumatismo grave), em grande parte ligadas à osteoporose, aumenta com a idade, e 1 em cada 2 mulheres e 1 em cada 4 homens sofrerão na vida uma fratura osteoporótica: fraturas do colo do fémur após pequenas quedas, fraturas do pulso na sequência de traumatismos ligeiros, compressão vertebral, etc.

De facto, os ossos, que estão em constante renovação, tendem a destruir-se mais rapidamente do que a reconstruir-se a partir dos 45 anos. Paralelamente aos métodos tradicionais de prevenção óssea, como uma dieta saudável e o exercício físico, surge uma nova pista: a microbiota intestinal, já associada à saúde óssea e ao risco de osteoporose. Há um novo estudo que demonstra agora que a nossa flora intestinal prediz o risco de acabarmos engessados.

178 milhões

Em 2019, registaram-se 178 milhões de fraturas em todo o mundo, um aumento de 33,4% desde 1990, parcialmente devido ao aumento demográfico e ao envelhecimento da população. 2

Bactérias intestinais, aliadas ou inimigas dos nossos ossos?

Uma microbiota intestinal saudável baseia-se numa grande variedade de bactérias intestinais. E essa diversidade também tem repercussões na resistência dos ossos, como revelaram os investigadores que analisaram a microbiota de mais de 7.000 finlandeses. Concluíram que quanto mais diversificada for a microbiota, menor é o risco de fratura.

É mais provável a ocorrência de fratura nos idosos, especialmente nas mulheres. 2

Como é que explica esta associação? De entre as inúmeras bactérias que colonizam os nossos intestinos, estima-se que algumas tenham um efeito benéfico, enquanto outras poderão fragilizar os nossos ossos. Com efeito, as Proteobactérias, que já surgem associadas a um certo número de doenças inflamatórias crónicas do intestino e à síndrome do cólon irritável, poderão igualmente propiciar uma inflamação mais generalizada no organismo, conduzindo à fragilidade óssea.

Por outro lado, os Tenericutes produzem pequenos ácidos gordos, incluindo butirato, que têm um efeito anti-inflamatório de proteção.

Uma microbiota equilibrada para se ter ossos fortes?

O futuro da prevenção das fraturas por fragilidade pode, portanto, passar também pelo reequilíbrio da flora intestinal. Para além da ingestão de cálcio e vitamina D em quantidades suficientes, será necessário também cuidarmos das bactérias “boas” para podermos manter os ossos saudáveis.

Como prevenir as fraturas por fragilidade? ²

• Melhorar a alimentação e a nutrição

Praticar atividade física regular

• Realizar a desabituação tabágica 

• Limitar o consumo de álcool

• Tratar a osteoporose

• Prevenir as quedas

Despite these promising results, considerable work is still required to confirm a causal relationship between bacteria and fractures, and to understand how gut bacteria act to protect or weaken bones. In the meantime, for strong bones into old age, make sure to mind your gut.

A microbiota intestinal

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